Noite Marciana

 

 

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Ambiente do local onde decorreu a primeira parte do evento

 

 

 

No passado dia 15 de Dezembro de 2007, eu, Joaquim Gomes e mais um grupo de astrónomos amadores em colaboração com a escola EB 2/3 de Olival, realizamos um evento de divulgação cientifica na área da astronomia, esta incidiu sobre o planeta Marte e tinha como objectivo dar a conhecer a todos os interessados, desde aos alunos da escola até ao público em geral, o planeta Marte desvendando alguns dos seus segredos.

As actividades tiveram inicio às 20h30 divididas em duas partes, a primeira pode-se considerar como sendo teórica e teve lugar no salão polivalente da escola, consistia na exposição de imagens e cartografia do planeta onde os participantes tiveram oportunidade de conhecer ao pormenor alguns acidentes topográficos da sua superfície, apreciar as paisagens marcianas obtidas pelas sondas norte americanas que poisaram no planeta, conhecer as formações montanhosas e vulcânicas mais elevadas que se conhecem no sistema solar, descobrir os seus minúsculos satélites naturais, Deimos e Phobos, que mais se parecem com asteróides, observaram imagens tridimensionais de paisagens marcianas com a ajuda de uns óculos especiais (método anaglífico), analisaram um mapa topográfico de todo o planeta de grandes dimensões e alta resolução e tiveram oportunidade de girar e explorar um pequeno globo do planeta. Após esta visita guiada a Marte foi exibido o 5º episódio da série “COSMOS” do malogrado cientista norte americano Carl Sagan, O filme tem o titulo de “Blues para um planeta vermelho”, Carl Sagan leva-nos ao observatório de que Percival Lowell construiu no Arizona para estudar os “canais”de Marte, os quais acreditava terem sido construídos por uma civilização moribunda. Nos nossos tempos, naves espaciais construídas pelo homem já pousaram na superfície do planeta. O Dr. Sagan mostra-nos o pesquisador Viking e exibe o mecanismo maravilhoso que enviou milhares de fotografias e outros dados para a Terra. Ao explorar as espantosas paisagens do planeta vermelho, o Viking não encontrou quaisquer canais, nem artefactos, nem marcianos inteligentes. Permanece em aberto a questão da vida microbiana, passada ou presente. Mas algum dia o ser humano poderá vir a desvendar a água gelada nas calotes polares. Então, talvez haja visitantes marcianos e eventualmente nativos do planeta Terra.

 

 

 

 

 

Topo

Imagem obtida na sessão de observação comparada com uma imagem obtida por um simulador informático, em baixo vemos a mesma imagem e a identificação de alguns locais de Marte.

A segunda parte deste evento teve início pelas 22h e consistia numa actividade mais pratica, com a ajuda de instrumentos ópticos, telescópios, foi realizada uma observação astronómica. O primeiro alvo foi a Lua, esta já se encontrava a oeste pronta a se esconder por de trás do horizonte, encontrava-se perto da fase de quarto crescente o que lhe confere uma beleza extraordinária quando observada por telescópios, as sombras produzidas junto à linha que divide a zona escura da zona clara, terminador, provocadas pelos acidentes geológicos da superfície lunar são mais pronunciados evidenciando muito mais os seus pormenores. Marte, então já bem alto no céu, foi o senhor que se segue, a cerca de 88 milhões de quilómetros da Terra e com o seu diâmetro equatorial com pouco mais de 6 mil quilómetros o seu disco visto da Terra era do tamanho da mais pequena cratera que se consegue observar na Lua, é o mesmo que observar uma esfera de 1 cm de diâmetro a 142 metros de distância. Com a ajuda de telescópios podemos então observar o planeta como um minúsculo disco cor de ferrugem e distinguia-se ligeiras manchas escuras na sua superfície. Depois de tudo alinhado foi acoplado a um telescópio uma câmara para a captura de imagens de Marte para poder mostrar aos participantes como se faz imagens de alta resolução planetária a partir da Terra com instrumentos relativamente modestos.

Como resultado obtivemos o trabalho que é exibido na imagem da direita, esta imagem é o resultado da captura e processamento de cerca de 1000 imagens adquiridas em continuo em forma de vídeo com o objectivo de aumentar ao máximo a relação sinal/ruído da imagem, como se pode ver é possível identificar os pormenores de maior dimensão da superfície de Marte, entre eles posso destacar a calote polar norte onde vê-se gelo (mancha esbranquiçada) e Hellas Planitia no outro extremo, que é uma enorme cratera de impacto com mais de 2400 km de diâmetro e 7 km de profundidade.

 

M42, nebulosa de Orion, esta é uma nebulosa de emissão e consiste em matéria cujos seus átomos estão a ser ionizados pelas estrelas que estão no seu interior, estas estrelas são muito jovens e recém formadas a partir da condensação da matéria existente na nebulosa, podemos afirmar que se trata de uma “maternidade estrelar”, esta foto foi obtida na noite da observação com uma câmara fotográfica tipo reflex digital acoplada a um telescópio e com uma exposição de 1 minuto.

A noite era fria e o vento acentuava a desagradável sensação de frio, naturalmente as pessoas abandonavam o local, mas para os resistentes foi possível contemplar outras maravilhas que o universo nos reserva, até perto da meia noite voltamos os instrumentos para galáxias e nebulosas que se observam nas constelações que caracterizam os céus dos nossos Invernos.

Com a ajuda de uma máquina fotográfica acoplada a um telescópio obtivemos fotos de astros longínquos como esta nebulosa de emissão que se encontra a cerca de 1600 anos luz de nós, ou seja, se quiséssemos ir até lá e viajássemos à velocidade da luz que é de 300 000 Km por segundo, demoraríamos cerca de 1600 anos a lá chegar.

Para finalizar resta-me agradecer a todos aqueles que fizeram com que este evento se tornasse possível, nomeadamente quero agradecer ao Henrique Alves e Fernando Correia na qualidade de astrónomos amadores, à escola EB 2/3 de Olival, ao director do conselho directivo Prof. Carlos Silva e à Profª Rosário Sousa que mediou todo este processo e finalmente ao funcionário Raul Marques.

Durante este ano teremos novos motivos de interesse para a realização de mais eventos deste género nomeadamente a observação de um eclipse total da Lua no dia 21 de Fevereiro com o máximo às 3h 25m da madrugada (Hora um pouco imprópria atendendo que se trata de uma quinta feira), mas em Março temos o planeta Saturno, o mais fotogénico devido aos seus anéis e segue-se a Astronomia no Verão com outro eclipse lunar, este a horas mais convidativas mas apenas parcial.

 

Por Joaquim Gomes

 

Observação astronómica realizada a 15 de Dezembro de 2007

Na Escola EB 2/3 de Olival