ECLIPSE LUNAR
28 de
Maio 2105 -
A porta
abriu-se e Jack pisou a Lua.
O piso poeirento estava brilhante,
reflectindo a luz do Sol. Pestanejando para
observar melhor, Jack analisou
cuidadosamente o horizonte encurvado. E aí:
uma mancha ao longe. "Perfeito," pensou
enquanto caminhava em direcção a ela, com
pulos de coelho ao estilo do Apollo.
"OK, Jack," ouviu-se a partir do rádio
passado algum tempo. "É melhor parares e
preparares-te. O eclipse começa daqui a
poucos minutos."
"Pai...
eu sei o que estou a fazer," respondeu de
imediato o jovem de 14 anos, resmungando.
Para o provar tal, ele deu mais um salto - e
então parou. O Jack não queria perder nada.
Resmungando, ele colocou
as mãos atrás das costas, tentando alcançar
algo - o que não é muito fácil com um facto
espacial pressurizado - e agarrou algumas
fitas Velcro. Mais um gesto e ele conseguiu:
a cadeira de campismo do seu bisavô. Quase
com 100 anos, feito de tela verde e tubos de
alumínio, aquele velho objecto era estimado
pela família de Jack como um tesouro.
Jack
enterrou a cadeira na poeira lunar e
pressionando um botão na sua luva, enviou
uma corrente eléctrica que percorreu o seu
visor e o escureceu como os vidros de
soldador. "Adoro estes materiais da
vanguarda," sorriu satisfeito. Olhando
directamente para o Sol, os seus olhos
sentiam-se seguros.
Durante a próxima hora, ele esperou
pacientemente, olhando para o disco do Sol a
"deslizar" por trás algo grande e escuro: a
Terra. Da Lua, a Terra parecia três vezes e
meia maior do que o Sol. Algumas vezes a
Terra era maravilhosamente brilhante, azul e
branca da cor das nuvens. Hoje, no entanto,
o lado escuro do planeta estava virado para
a Lua.
Finalmente, o Sol
desapareceu. Isto é pelo que ele esperava...
Iluminada por detrás, a atmosfera da Terra
começou a brilhar nos seus bordos, criando
um anel em torno do planeta com todas as
cores de um pôr-do-sol. E de lá surgiu a
coroa do Sol, branca pálida.
Jack limpou o seu visor
para apreciar a vista.
O chão à volta dele já não
era brilhante. Era vermelho pálido e
profundo – que tinha brilhado com a luz
solar filtrada através do bordo da atmosfera
da terra. Todo um pôr-do-sol estava a
brilhar sobre o Jack.
"Aposto que ele adoraria ver isto," disse
Jack. Estava a pensar no seu bisavô Don, o
oficial de ciência da primeira International
Space Station há um século.
Don adorava ver os pores-do-sol e o bordo
vermelho da atmosfera terrestre em órbita a
bordo da ISS. Quando a sua viagem espacial
terminou, ele costumava sentar-se na sua
velha cadeira perto de uma fogueira e
contava aos seus filhos tudo sobre o seu
trabalho, pelo menos era o que o pai do Jack
dizia.
O rádio deu sinais de si
outra vez: "Jack, estás a ver isto?"
"Claro que sim, pai,
obrigado." Ele esquecera-se completamente de
ser resmungão.
12 de
Maio 2003 -
A Astronomia
na história acima é real. No entanto,
tudo o resto é ficção - pelo menos, por
agora.
Um dia, colonizadores lunares deslocar-se-ão
para fora para apreciar tais eclipses. Eles
acontecem cerca de duas vezes por ano sempre
que a Terra passa directamente entre o Sol e
a Lua. A sombra do planeta Terra escurece a
Lua, ao passo que a luz solar filtrada
através da atmosfera terrestre torna-se
vermelha.
Direita:
O fotógrafo canadiano
Dominic Cantin captou esta imagem da Lua
no interior da sombra da terra a 20 de
Janeiro de 2000.
Aqui na Terra nós chamamos a
esse fenómeno eclipses lunares - e
está prestes a suceder um. A 15 e 16 de Maio
a Lua passará através da sombra da Terra
pela primeira vez neste ano.
O eclipse inicia às 22 h 00 min
EDT (19 h 00 min
PDT) na noite de Quinta, dia 15 Maio
2003, ou às 2 h 00 min
UT na madrugada de Sexta, dia 16 Maio
2003.
Ao princípio, a Lua parecerá pálida e
brilhante, como é habitual. Durante a hora
que se seguirá, contudo, mergulhará na parte
mais escura da sombra do planeta Terra - uma
região que os astrónomos designam "umbra".
Jack estava no interior da umbra quando ele
viu o anel vermelho do pôr-do-sol em torno
da Terra. A 15 de Maio, a Lua estará dentro
da umbra durante 52 minutos, das 23 h 14 min
às 0 h 6 min. EDT (20 h 14 min às 21 h 6 min
PDT) ou das 3 h 14 min às 4 h 6 min UT, a 16
de Maio.
O quão escura e
vermelha a lua parecerá durante aquele
intervalo depende daquilo que está a pairar
na atmosfera da Terra. Tempestades de
poeiras e erupções vulcânicas podem
preencher o ar com partículas que tornarão
os pores-do-sol, tal como os eclipses, mais
vermelhos. Algumas vezes a Lua fica tão
escura que é quase invisível. Outras vezes
fica com um adorável tom acobreado
brilhante.
Acima:
Mapa da visibilidade do eclipse lunar
total de 15/16 de Maio de 2003.
Os observadores do céu na América do Norte e
América do Sul serão favorecidos, à excepção
do Alasca e algumas áreas remotas no Canadá,
o eclipse será visível em todas as partes
daqueles dois continentes. Na Europa e
Africa, os estágios iniciais do eclipse
serão visíveis um pouco antes do crepúsculo
de 16 de Maio.
O eclipse não
será visível na Austrália e maioria da Ásia.
Ou da Lua, mas isso só acontece porque não
está lá ninguém para o ver... ainda não.
LINKS |
Links do eclipse lunar de 15/16 Maio
2003:
da
NASA; da
Sky & Telescope;
de
Celestial Delights;
de
Jack Stargazer.
Agradecemos
a
Francis Reddy por criar a animação
que aparece nesta história do Sol a
mover-se por atrás da terra como visto
da Lua.
A
Total Eclipse of the Sun ... on the Moon
da Science@NASA.
Porque é que a lua não fica totalmente
escura quando a Terra fica entre aquela
e o Sol? Por causa da atmosfera da
Terra. (continua abaixo)
A luz branca do Sol é uma mistura de
todas as cores do arco-íris. Quando um
raio de luz solar "branca" passa "a
raspar" através da atmosfera terrestre,
as moléculas e aerossóis no ar dispersam
a luz azul em todas as direcções (a
razão pela qual o céu é azul -
relacionada com a dispersão de Rayleigh).
A luz vermelha remanescente é desviada
(refractada) para a
zona de sombra (umbra) da Terra,
dando à Lua eclipsada o aspecto
acobreado.
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