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ESPAÇO, Inc.

 

15 de Novembro 2002 - Os tempos mudaram desde os dias de Sputnik e Apollo. Até então, os únicos "jogadores” no jogo espacial eram os Estados Unidos e a União Soviética (actual Rússia). Era necessário ser uma super-potência para apostar no espaço.
 

Hoje em dia, todos podem fazê-lo.

 

Agora pode comprar material numa dúzia de companhias que oferecem serviços espaciais no mercado. Baseados em países como Japão, Austrália e França, estas companhias lançarão para órbita uma carga paga por si ou, se quiser entrar em órbita você próprio, eles reservarão um lugar para si num "avião espacial" futurista.

 

Acima: Aviões espaciais como o presente nesta visão de uma artista poderão em breve levar passageiros sortudos a dar uma volta pelo espaço – por um preço.


Uma indústria viável de turismo espacial está, contudo, a décadas de distância. Entretanto, há anos que há companhias que lançam comercialmente cargas pagas por si - já são notícias antigas. A verdadeira novidade da comercialização espacial actualmente está na terceira frente chamada “sensores remotos”.

 

Satélites de sensores remotos orbitando a Terra olham fixamente a Terra usando sensores cientificamente calibrados que documentam todos os tipos de fenómenos importantes - por exemplo: urbanização, poluição das águas e erosão das costas. Os dados que eles recolhem revolucionaram o modo como a investigação ligada às ciências geológicas é realizada e oferecem novas perspectivas para os tomadores de decisões fazerem face a problemas globais como a desflorestação e alterações climáticas.

 

Esquerda: Acredite ou não, esta imagem do radiotelescópio em Arecibo, Porto Rico foi tirada de uma distância de mais de 644 km (cerca de 400 milhas)! O satélite espacial fotográfico IKONOS tirou a fotografia com 1 m de resolução.

 

O trabalho de construir, lançar e operar estes satélites tem tradicionalmente sido responsabilidade de agências governamentais como a NASA e ESA. Agora, todavia, a NASA está a auxiliar companhias privadas a entrar no esquema.

"O acto do espaço comercial de 1998 encorajou a NASA comprar dados de sensores remotos de companhias privadas sempre que os dados fossem de encontro às necessidades da agência,” diz Vicki Zanoni, um engenheiro do Stennis Space Center da NASA no Mississipi que conduz os esforços do centro para entender a qualidade dos dados de satélites comerciais.
 

Por outras palavras, as companhias podem entrar no mercado de  remoto sensorial comercial sabendo que há pelo menos clientes do governo com quem competir; é dito pela lei. A ideia é dar à indústria um empurrão e assim passar esta fronteira da comercialização espacial.

 

Mas como em qualquer mercado aberto, os compradores só adquirirão produtos que correspondam às suas necessidades. Quando a NASA for comprar dados, ela deve ser capaz de “espremer bem o sumo que lhe interessa”, por assim dizer. Precisa de ter a certeza que não está a obter dados falsos.

 

"O governo está a comprar dados comerciais para apoiar potencialmente decisões de mudança global, decisões inteligentes e decisões de segurança nacional," diz Zanoni. "Assim, nós queremos certificar-nos que os dados que compramos são precisos. E a melhor forma de fazer isso é o governo verificá-lo independentemente."

 

Direita: Grandes toldos são empregues pelo Stennis Space Center para testar a precisão dos satélites de sensores remotos comerciais. Usando meias, de modo a certificarem-se que não rasuram ou marcam os toldos, os trabalhadores do centro usam ventoinhas eléctricas para limpar os resíduos.

 

É por isso que a NASA está a combinar os seus talentos com a United States Geological Survey (USGS) e National Imagery and Mapping Agency (NIMA) para testar os dados comerciais. A colaboração é conhecida como Joint Agency Commercial Imagery Evaluation team (JACIE).

 

Os membros da JACIE testam os dados de muitas maneiras. Por exemplo quando um satélite comercial de interesse passa sob o Stennis Space Center –  os cientistas que iniciaram e participam na JACIE colocam grandes toldos em campo aberto. Estes toldos reflectem uma quantidade específica e conhecida de luz. Assim, olhar para eles nas imagens resultantes do satélite diz aos cientistas a precisão com que os medidores do satélite reflectiram a luz solar – uma variável importante na climatologia.

Outros testes envolvem colocar alvos com 2,44 metros de diâmetro num modelo de grelha num campo e usando Global Positioning System (GPS) para indicar a sua latitude e longitude dentro de poucos centímetros. Estes depois aparecem nas imagens de satélite como pontos de referência que os cientistas podem usar para verificar a precisão da posição geográfica do satélite.

 

Esquerda: Os cientistas usam alvos com 2,44 m de diâmetro como este em locais precisos para ajudarem a testar a precisão dos satélites comerciais de sensores remotos.
 

Depois de os testes serem realizados, "nós podemos dizer com confiança que os nossos cientistas podem usar os dados comerciais na forma como eles pretendem, ou podemos aconselhá-los como usar melhor os seus dados," diz Zanoni.

 

A confiança, que é vital para fazer investigação científica credível, assegura que estas agências governamentais continuarão a recorrer à indústria de sensores remotos comerciais ainda embrionária para satisfazer as suas necessidades de informação. E isso, por sua vez, conduz a comercialização do espaço a dar um salto de gigante em frente!
 

LINKS

 

NASA's Earth Science Applications Directorate dedicado a perceber o sistema Terra no seu todo e os efeitos das mudanças naturais e as induzidas pelos humanos no ambiente global no Stennis Space Center da NASA.

Commercial Space Act texto completo da secção relevante à lei mencionada neste artigo da Ames Research Center da NASA.

Quem faz isso? JACIE é uma cooperação entre a NASA, NIMA e USGS. Cada um contribui com algo diferente para as questões-chave da verificação da informação.
 

     1. Você consegue identificar com certeza objectos no chão nas imagens? NIMA, um ramo das Forças Armadas Americanas, tem experiência nesta área, conhecida como “extracção de características”. Ela trata destes testes.

     2. A posição destas características está correcta? Se a imagem está ligeiramente curvada ou distorcida, a posição aparente de rios, edifícios e montanhas vai aparecer algo errada. A USGS tem uma longa história de representação em mapas muito precisos do relevo do solo, por isso verifica a sua precisão geoposicional.

     3. Os pixels na imagem representam a superfície da Terra com que exactidão? A luminosidade dos pixels revela uma medida adequada à quantidade de luz solar que é reflectida pela terra ou água? A NASA, com o seu considerável conhecimento dos próprios satélites, responde a questões como estas.

 

Remote Sensing uma introdução extensiva à ciência e tecnologia dos sensores remotos, do Observatório terrestre da NASA.

Satélites de sensores remotos comerciais: IKONOS, da Space Imaging; QuickBird-2, da DigitalGlobe; SPOT 5, da Spot Image (France); OrbView-3, da OrbImage.

How Space Tourism Works  muita informação e links acerca do turismo espacial HowStuffWorks.

Tractors, Satellites, and Pickup Trucks da Science@NASA. Os instrumentos da agricultura estão a mudar à medida que surgem experiências  com  técnicas da era espacial chamadas “cultivar com precisão”.

EO-1: It's not just a good idea, it's the law! da Science@NASA. Não é apenas uma boa ideia, é a lei! Da Science@NASA. Um satélite da NASA é pioneiro em tecnologias de última geração que cortam no custo e no peso, tornando os satélites mais baratos para construir e lançar.

 

 

 

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