EM ROTA PARA MARTE, A
LUA
18
de Março 2005 -
A NASA tem
uma nova visão para a exploração espacial:
nas próximas décadas, os homens aterrarão em
Marte e explorarão o planeta vermelho.
Visitas breves levarão a estadias longas e,
conduzirão a estadias mais duradouras e,
talvez um dia, a colónias.
No entanto, primeiro
teremos de regressar à Lua.
Porquê a Lua antes de
Marte?
"A Lua é o primeiro
passo natural," explica
Philip
Metzger, um
físico no Kennedy Space Center da NASA.
"Está próxima. Podemos praticar, viver,
trabalhar e fazer ciência lá antes de
realizar viagens mais longas e de maior
risco a Marte."
Direita:
A Lua,
um mundo estranho nas proximidades da Terra.
A Lua e Marte
têm muito em comum. A Lua tem apenas um
sexto da gravidade da Terra; Marte apenas um
terço. A Lua não tem atmosfera; a atmosfera
marciana é altamente rarefeita. A Lua pode
ficar muito fria, tão fria como -240 ºC nas
zonas não iluminadas pelo Sol; as
temperaturas em Marte variam entre - 20 ºC e
- 100 ºC.
Ainda mais
importante, ambos os planetas são cobertos
com poeira fina de lama seca, chamada
rególito. O rególito lunar foi criado pelo bombardeamento incessante de
micrometeoritos, raios cósmicos e partículas
do vento solar desfazendo as rochas durante
milhares de milhões de anos. O rególito
marciano resultou de impactos de meteoritos
mais maciços e mesmo de asteróides, além das
eras de erosão diária pela água e pelo
vento. Há locais em ambos os planetas onde o
rególito tem mais de 10 metros de
profundidade.
Operar
equipamento mecânico na presença de tanta
poeira é um desafio formidável. No último
mês
[N.T.:
Em Fevereiro
de 2005.]
Metzger co-dirigiu um encontro sobre o
tópico: "Materiais granulares na exploração
lunar e marciana," ocorrido no Kennedy Space
Center. Os participantes prenderam-se com
questões desde o transporte básico (Que tipo
de pneus necessita um veículo em Marte?) à
mineração (Até que profundidade se pode
cavar antes de o buraco colapsar?) e às
tempestades de poeiras - naturais ou
artificiais (Quanta poeira levantará um
foguete de aterragem?).
Responder a
estas questões na Terra não é fácil. Poeira
lunar e poeira marciana é tão... estranho.
Tente isto:
passe o dedo sobre o visor do computador.
Ficará com um ligeiro resíduo de poeira
pegado à ponta do dedo. É tão suave e difuso
- é poeira da Terra.
A poeira
lunar é diferente: "É quase como fragmento
de vidro ou coral - formas invulgares que
podem ser cortantes e interligadas," diz Metzger. (veja
uma imagem de poeira lunar.)
"Mesmo após
curtos passeios na Lua, os astronautas da
Apollo 17 descobriram que as partículas de
poeira tinham bloqueado as juntas do ombro
dos seus fatos espaciais," diz Masami
Nakagawa, professor associado em Engenharia
de Minas na
Colorado
School of Mines. "A poeira lunar penetrou
nas válvulas de fecho, levando à perda de
alguma pressão de ar nos fatos espaciais."
Acima:
Poeira voa
dos pneus de um veículo lunar, conduzido
pelo astronauta Gene Cernan da Apollo 17. Estas esteiras de poeira causaram problemas
que os astronautas resolveram usando uma
placa deflectora.
Nas áreas
banhadas pelo Sol, acrescenta Nakagawa, a
poeira fina levitava acima dos joelhos dos
astronautas e mesmo acima das suas cabeças,
porque as partículas individuais eram
carregadas electrostaticamente pela luz
ultravioleta do Sol. Tais partículas de
poeira, quando entradas no habitáculo em que
os astronautas iriam
descolar, irritava-lhes os olhos e os
pulmões. "É um problema potencialmente
sério."
A poeira
também é ubíqua em Marte, embora a poeira de
Marte provavelmente não seja tão abrasiva
como a poeira lunar. A meteorização alisa os
contornos. Além disso, as tempestades de
poeiras marcianas projectam estas partículas
a 50 m/s, esfregando e desgastando toda a
superfície exposta. Os veículos Spirit e
Opportunity revelaram que a poeira marciana,
como a da Lua, é provavelmente
electricamente carregada. Agarra-se aos
painéis solares, bloqueia a luz solar e
reduz a quantidade de energia que pode ser
gerada para uma missão na superfície.
Por estas
razões, a NASA está a financiar o Project
Dust de Nakagawa, um estudo de 4 anos
dedicado a descobrir formas de mitigar os
efeitos de poeira na exploração humana e
robótica, variando desde desenhos de filtros
de ar a revestimentos de películas finas que
repelem a poeira de fatos espaciais e
maquinaria.
A Lua é
também um bom local de testes para os que
planeadores da missão chamam "utilização de
recursos in-situ" também conhecido como
"viver dos recursos locais". Os astronautas
em Marte irão querer extrair certas matérias
primas localmente: oxigénio para respirar,
água para beber e combustível para o foguete
para a viagem de regresso (essencialmente
hidrogénio e oxigénio.) "Nós podemos tentar
primeiro isto na Lua," diz Metzger.
Direita:
Um astronauta
da Apollo 17 cava uma vala para estudar o comportamento mecânico da poeira lunar.
Tanto na Lua
como Marte pensa-se terem água no estado
sólido no subsolo. A evidência para tal é
indirecta. Sondas da NASA e da ESA
detectaram hidrogénio - presumivelmente
hidrogénio na água - no solo marciano.
Possíveis depósitos de gelo espalham-se desde os pólos marcianos até quase ao equador. O gelo lunar, por
outro lado, está localizado próximo dos
pólos Norte e Sul a grande profundidade no
interior das crateras onde o Sol nunca
brilha, segundo dados similares das sondas
Prospector e Clementine, que mapearam a Lua
em meados da década de 90.
Se este gelo
puder ser escavado, derretido e separado em
hidrogénio e oxigénio... Voilà!
Fornecimentos instantâneos. O Lunar
Reconnaissance Orbiter
da NASA, com
lançamento previsto em 2008, usará sensores
recentes para procurar depósitos e localizar
possíveis locais de mineração.
"Os pólos
lunares são um local frio, portanto nós
temos estado a trabalhar com pessoas que se
especializaram em locais frios para ver como
aterrar nos solos gelados e como escavar no
permafrost para extrair água," diz Metzger.
Proeminentes entre os parceiros da NASA
estão os investigadores da
Army Corps of Engineers' Cold Regions
Research and Engineering Laboratory.
Os desafios chave incluem formas de aterrar
foguetões ou construir habitats em solos
ricos em gelo sem que o seu calor derreta a
superfície e ele colapse sob o seu peso.
Testar toda
esta tecnologia na Lua, que está a 2 a 3
dias da Terra, é muito mais fácil do que
testá-la em Marte, a 6 meses de distância.
Portanto...
para Marte! Mas primeiro, a Lua .
LINKS |
Granular Materials in Lunar and Martian
Exploration, um workshop
co-financiado pela NASA e U.S. Army
Research Office, está a discutir como os
astronautas podem usar os recursos
locais na Lua e em Marte para produzir
ar, combustível e para outros fins.
The Sands of Mars da Science@NASA.
Conduzir, escavar, minar: são estas as
coisas que os astronautas farão um dia
nas areias de Marte. Não é tão simples
como parece.
Apollo 17 Soil Mechanics Experiment
- A NASA aflorou o problema da poeira
lunar, há 35 anos.
Acima:
Imagens em grande plano de poeira lunar
trazidas para a Terra pelos astronautas
da Apollo.
The Army Corps of Engineers' Cold
Regions Research and Engineering
Laboratory da CRREL.
Lunar Dust and Duct Tape -
Para os astronautas da Apollo e o seu
equipamento, a poeira fina, invasiva,
arenosa da Lua era definitivamente um
problema.
NASA Selects Investigations for Lunar
Reconnaissance Orbiter
Ice on the Moon - Um sumário
do actual conhecimento.
A
informação sobre poeira carregada
electricamente na Lua e Marte -
incluindo as "fontes" de peoira na Lua -
aparecem em inúmeros artigos na web,
sendo dois dos mais recentes sumários: "Impact
of Lunar Dust on the Exploration
Initiative" de T. J. Stubbs et al. e
"A
Dynamic Fountain Model for Lunar Dust"
de T. J. Stubbs et al.
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