UMA
DESCOBERTA SUPER GALÁCTICA
20 de Novembro 2002 -
Pela
primeira vez, os cientistas encontraram
provas de dois buracos negros supermaciços
juntos na mesma galáxia. Estes buracos
negros estão a orbitar mutuamente e
fundir-se-ão dentro de várias centenas de
milhões de anos. O evento libertará radiação
intensa e ondas gravitacionais e deixará
atrás de si um buraco negro ainda maior do
que os anteriores.
O
observatório Chandra de raios-X da NASA
localizou os dois buracos negros na galáxia
NGC 6240. O observatório conseguiu "vê-los"
porque os buracos negros estão rodeados por
vórtices giratórios de matéria quente
chamados discos de acreção. Tais discos são
fontes imensas de raios-X.
Acima:
Uma concepção
artística de dois buracos negros (envoltos
por discos de acreção quentes) prestes a
fundirem.
"A revelação
surgiu com a capacidade de Chandra de
distinguir claramente os dois núcleos e
medir os detalhes da sua radiação-X" disse
Guenter Hasinger do Max Planck Institute for
Extraterrestrial Physics na Alemanha. Ele é
co-autor de um artigo prestes a ser
publicado na revista Astrophysical Journal
Letters descrevendo a investigação.
A uma
distância cerca de 400 milhões de anos-luz,
NGC 6240 é um excelente exemplo de uma
galáxia de explosão de estrelas. Isto é, uma
galáxia na qual as estrelas estão a
formar-se a uma taxa excepcionalmente rápida
devido à recente colisão e subsequente fusão
das duas galáxias mais pequenas. Por causa
da grande quantidade de poeira e gás em tais
galáxias, é difícil espreitar para as suas
regiões centrais. As observações ópticas,
rádio, e infravermelhas tinham anteriormente
revelado dois núcleos brilhantes, mas a sua
natureza era um mistério.
Os raios-X,
contudo, podem penetrar no véu de gás e
poeira. "Com o Chandra, esperamos determinar
qual deles, se algum, dos núcleos foi um
buraco negro supermaciço activo," diz
Stefanie Komossa, também do Max Planck
Institute, autora principal do artigo sobre
a NGC 6240. "Para nossa surpresa,
descobrimos que ambos eram dois buracos
negros activos!"
Esquerda:
Uma
fotocomposição óptica (Hubble) e de raios-X
(Chandra) das regiões interiores da galáxia
NGC 6240. Os raios-X vindos dos dois buracos
negros supermaciços aparecem como azuis
nesta imagem de cor falsa.
"A detecção
de um buraco negro binário apoia a ideia de
que os buracos negros podem crescer até
massas enormes nos centros de galáxias ao
fundirem-se com outros buracos negros," diz
Komossa. "Isto é importante para entender
como as galáxias se formam e evoluem,"
afirma a cientista.
No decurso
das próximas centenas de milhões de anos, os
dois buracos negros em NGC 6240, que estão
afastados cerca de 3000 anos-luz,
deslocar-se-ão um em direcção ao outro e
fundir-se-ão para formar um buraco negro
supermaciço ainda maior. No final deste
processo será produzida uma enorme explosão
de ondas gravitacionais.
Estas ondas
gravitacionais espalhar-se-ão pelo Universo
e produzirão ondulações na matriz do espaço,
que deverão aparecer como alterações
pequenas na distância entre quaisquer dois
pontos. O detector espacial baseado no
espaço planeado pela NASA, Laser
Interferemoter Space Antenna (LISA),
irá procurar ondas gravitacionais de buracos
negros maciços em fusão. Estima-se que estes
eventos que ocorram várias vezes cada ano no
Universo observável.
"Esta é a
primeira vez que nós vemos um buraco negro
em acção, o rastilho de algo que se irá
tornar uma enorme explosão da onda
gravitacional no futuro," diz Hasinger.
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