DESAFIANDO
EINSTEIN
28
de Março 2005 -
Este ano
marca o centésimo aniversário de uma
revolução nas nossas noções de tempo e
espaço.
Antes de 1905, quando
Albert Einstein publicou a teoria da
relatividade restrita, muitas pessoas
acreditavam que o espaço e tempo fossem como
Sir Isaac Newon os tinha descrito no passado
século XVII: o espaço era um palco fixo,
imutável sobre o qual o grande drama cósmico
se desenrolava, e o tempo era o "relógio no
céu" misterioso, universal.
Ainda hoje, as
pessoas assumem que esta noção intuitiva de
espaço e tempo é correcta. Mas não é.
Acima: O
espaço fixo de Newton versus o espaço
flexível de Einstein, do filme "Testar o
Universo de Einstein" de Norbert Bartel.
Mas os
cientistas hoje têm razões para pensar que
mesmo a teoria de Einstein não é uma teoria
completa; outra revolução parece inevitável.
A razão para
a dúvida reside no facto de a teoria de
Einstein ser incompatível com a Mecânica
Quântica, outro pilar da Física actual que descreve o mundo estranho das partículas subatómicas. Quando as
teorias são usadas em conjunto, por vezes,
as suas equações combinadas levam a
disparates. Isto levou os cientistas a
acreditar que as actuais teorias irão ser
substituídas por uma teoria única, elegante
que explica todos os fenómenos físicos desde
o subatómico ao cósmico, a conhecida "Teoria
do Tudo".
Quando
rebentarão os primeiros foguetes desta desta
revolução da Física? Talvez quando se provar
que Einstein errou, como Newton antes dele -
ou pelo menos que não está totalmente certo.
Para caçar
falhas nas teorias de Einstein, os
cientistas estão a criar experiências que possam medir as previsões da relatividade
com elevada precisão. Uma dessas
experiências é a sonda Gravity Probe-B da
NASA.
Direita:
A sonda Gravity Probe-B a
orbitar a Terra.
Segundo
Einstein, a Terra faz uma depressão no
espaço-tempo circundante - algo como uma
bola de bowling pousada numa folha de
Spandex. Dado que a Terra gira sob si
própria, esta "depressão" é torcida num
ligeiro vórtice. A sonda Gravity Probe-B
está a orbitar nesta altura (Março 2005) em torno da Terra, à procura
destas distorções.
A sonda
Gravity Probe-B detecta a distorção do
espaço-tempo em torno do nosso planeta
usando giroscópios. (Há quatro a bordo da
sonda.) Francis Everitt, principal
investigador da missão Gravity Probe-B e
professor da Universidade de Stanford,
explica:
"Os
giroscópios movendo-se através do
espaço-tempo curvado mudarão gradualmente a
direcção do eixo de rotação (isto é, a sua inclinação) relativamente às estrelas. A sonda Gravity Probe-B
medirá esse movimento de inclinação com
precisão extraordinária e a partir dessa
medição podemos calcular a estrutura do
espaço próximo da Terra."
Everitt fará
uma palestra sobre a sonda Gravity Probe-B
em Abril 2005 na conferência "Physics
for the Third Millennium: II" apoiada
pelo Marshall Space Flight
Center da NASA em Huntsville, Alabama.
A conferência constitui parte do Ano Mundial
da Física 2005, uma série de eventos
aprovados pelas Nações Unidas a fim de
reconhecer o centésimo aniversário do
trabalho produtivo de Einstein e para chamar
a atenção pública para as grandes questões
da Física moderna.
Além de fazer
o ponto da situação sobre a Gravity Probe-B
(em resumo: até aqui, tudo bem), Everitt
planeia explicar como é que Gravity Probe-B
medirá "gamma", uma importante variável
física usada pelos cientistas na sua
tentativa de ir além na sua busca além da relatividade de Einstein. Genericamente falando, "gamma"
corresponde à curvatura do espaço
tridimensional.
Se a teoria
de Einstein encaixar perfeitamente, "gamma"
será precisamente igual a um. Medindo um
valor para "gamma" ainda que ligeiramente
diferente de um seria o "primeiro tiro" pelo
qual os físicos têm esperado.
"Gamma é a
forma mais sensível de medir qualquer desvio
de Einstein porque é sensível a qualquer
tipo de campo desconhecido,"
diz Thibault
Damour, um professor do Institut des Hautes
Etudes Scientifiques, França, e um
especialista em teorias que podem substituir a relatividade.
Na
experiência Gravity Probe-B, "gamma"
contribui para a ligeira inclinação dos
eixos de rotação dos giroscópios, os quais
se esperam desviar cerca de 6,6 segundos de
arco (0,00183º) durante a fase da missão de
recolha de dados ao longo de um ano. Este
desvio deve permitir aos cientistas medir "gamma" dentro de 0,01% do seu verdadeiro valor - e talvez
tão preciso quanto 0,001%, diz Everitt.
Acima:
Einstein,
ainda aparece em cabeçalhos de jornais.
Se por sua
vez "gamma" for ligeiramente menor que um,
apoiaria a ideia de que um novo campo de
forças existe, parecido com a gravidade mas
muito mais fraco. Os físicos chamam-no de
"campo escalar." Este novo campo é uma
característica de algumas candidatas teorias
de tudo, incluindo a teoria das cordas. A teoria das cordas é popular por
causa da sua elegância em explicar todos os
fenómenos físicos, desde o subatómico ao
cósmico. O problema é que a teoria das
cordas é muito difícil de testar na
realidade, e não há qualquer prova
experimental das previsões únicas da teoria
de cordas que tenha sido encontrada.
"Descobrir
que "gamma" é ligeiramente menor que 1
apoiaria a ideia de um campo escalar, e
assim desta forma forneceria a primeira
prova experimental para a teoria das
cordas," diz Thibault.
Se "gamma"
por sua vez for maior que um, contudo, seria
um "regresso ao quadro" para os teóricos. Nenhuma teoria existente prevê que "gamma"
seja maior que um e os físicos não teriam a
mínima ideia de como explicar tal
descoberta. "Digamos que de cada vez que
pergunto aos teóricos o que significaria "gamma"
ser maior que um, eles mudam de assunto,"
ri-se Everitt, ele próprio um cientista
experimental.
Gravity
Probe-B pode também descobrir que, dentro
dos limites de precisão da experiência, "gamma"
é igual a um - tal como Einstein previu. O
que isso significaria? Talvez a falha, a
existir, seja menor que a capacidade de
detecção da sonda. Ou talvez que os
primeiros tiros da revolução soarão noutro lado. Ninguém sabe.
A sonda
Gravity Probe-B está a meio caminho ao longo
da sua missão de um ano. 100 anos, 6 meses
já lá vão. Mantenha-se atento às respostas.
LINKS |
Cutting Edge Physics for Us All
da Science@NASA. Todas as pessoas são
convidadas para se juntar aos laureados
do Nobel e outros cientistas topo num
conferência única, 5 Abril a 7 Abril de
2005, para discutir os mistérios da
Física actual. Este encontro servirá
para celebrar o 100º aniversário do ano
do milagre de Einstein.
Was Einstein a Space Alien? da
Science@NASA.
Há 100 anos, Albert Einstein espantou os
físicos com as suas
ideias únicas.
Gravity Probe B da Stanford
University. A página oficial da missão
Gravity
Probe-B.
Direita:
Os giroscópios a bordo da sonda Gravity
Probe-B oscilarão lenta e ligeiramente
enquanto giram no espaço-tempo
encurvado em torno do nosso planeta.
In Search of Gravitomagnetism
da Science@NASA.
A sonda
deixou o planeta Terra para medir uma
força subtil da Natureza há muito
procurada.
A Pocket of Near Perfection da
Science@NASA.
Agora a orbitar a Terra, a Gravity
robeP-B é um salto tecnológico.
The "Official" String Theory Website
Aprenda sobre a teoria das cordas a um
nível básico ou a um n~ivel avançado.
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