Mapa 1:
Mapa
que mostra o plano geral do trajecto da
sombra lunar sobre a superfície terrestre.
Este eclipse solar total de 29 de Março de
2006 faz parte do ciclo Saros 139
† . Cortesia de
Fred Espenak.
Na
data de 29 de Março de 2006, como se poderá
constatar no mapa 3, a umbra lunar tocará na
superfície terrestre a partir das 8 h 36 min
UT, proporcionando um eclipse que será
visível a partir do nascer do Sol, no
Nordeste do Brasil, mais propriamente, nas
proximidades da cidade de Natal, Rio Grande
do Norte. Rapidamente, a
uma velocidade média de 9 km/s, a umbra lunar
deslocar-se-á pelo Atlântico, e chegará ao
continente africano por volta das 9 h 8 min
UT, junto à costa do Gana. Assim que chega a
África, a velocidade da umbra lunar começa a
decrescer. Países como Togo,
Benim, Nigéria, Níger, Chade, Líbia e Egipto
serão os contemplados pela passagem da umbra
lunar... Quando o eclipse estiver na costa
africana, Portugal Continental desfrutará do
eclipse parcial do Sol a partir das 9 h 10
min UT, conforme as localidades consideradas.
Entretanto, o instante do máximo eclipse ocorrerá às 10
h 11 min 18 s UT nas coordenadas
latitude de 23º
9' 6,0'' N e longitude de 16º 44'
54,0'' E o
que corresponde a um local inóspito líbio
junto da fronteira Líbia-Chade a cerca de
120 km a Sudeste dos montes líbios Tibesti.
Figura 1:
Visibilidade de local próximo do ponto
máximo do eclipse ( 23º
9' 6'' N e 16º 44' 54'' E ).
Fotografia tirada no ponto 23° 9' 2,0" N 16°
50' 42,3" E ou seja, a Este do local do
máximo do eclipse. O ponto do máximo eclipse
solar total estará mais deslocado para o
lado da colina em primeiro plano (o que
equivale a dizer à sua esquerda no canto
inferior esquerdo). Em segundo plano,
grosseiramente a meio da fotografia temos a
direcção Norte. Do ponto do máximo eclipse
solar total destaca-se para Norte a colina
vista na fotografia em questão. É neste
local que a totalidade durará 4 min 7 s. Terreno
minado; e proibido pelas autoridades líbias.
Cortesia de
Xavier M. Jubier.
A partir daqui a velocidade da umbra lunar
irá aumentar gradualmente, passando pelo Mar
Mediterrâneo após ter saído do país que
conheceu uma das maiores civilizações da
história humana - Egipto - e
então o eclipse continuará o seu caminho na
direcção de um
dos países que mais civilizações conheceu na
sua história: a Turquia. Passará pela famosa
Capadócia e curiosamente passados 2591 anos,
Kerkenes regressa de novo à assistência de
mais um eclipse solar total, só que desta
feita num momento de paz. Num ápice, o eixo
do cone da umbra lunar atravessará o Mar
Negro passando pela Georgia cruzando as
montanhas do Cáucaso que constituem as
cordilheiras mais altas da Europa fazendo
uma brevíssima passagem pela Rússia. O mar
Cáspio será também testemunha da passagem da
umbra lunar antes de passar pelo Cazaquistão.
Ao final da tarde, já quase no crepúsculo, a
umbra lunar, com uma velocidade da ordem dos
cinco quilometros por segundo,
atingirá de novo a Rússia e antes de deixar
a sua "marca" penumbral na Terra passará na
extremidade Norte da Mongólia ao pôr
do Sol.
Mapa 2:
Visualização de todo o trajecto do eclipse
solar total atravessando três continentes,
um oceano e três mares. É possível aceder a um
ficheiro *.kmz do
Google Earth elaborado pela
CalSKY no qual poderá apreciar todo o
trajecto do eclipse solar total de 2006.
Em Portugal Continental, o eclipse será parcial
com magnitudes
††
variando entre 0,20 a 0,40, o
que merece todo o cuidado na observação do
Sol. Para o Brasil, além de uma pequena
faixa da totalidade incidente no estado
federal Rio Grande do Norte, no restante
país haverá eclipse parcial com magnitudes
††
desde 0,01 a 0,99 como nos casos da Brasília
com 0,077 e Recife com 0,960.
Há, contudo, sempre
possibilidade de seguir o eclipse solar
total através de
ligações da net como:
Expedição ao eclipse total
de Manual
digital (Tabatinga, BRASIL);
High Moon webcast
de Olivier Staiger
(As Sallum, EGIPTO);
Eclipse in a different light da NASA
(Side, TURQUIA);
Live! Eclipse 2006 (Waw Al Namus, LÍBIA;
As Sallum, EGIPTO; Antalya, TURQUIA);
Eclipse Live
do
TÜBİTAK National Observatory (Antalya,
TURQUIA);
Live from Turkey de Exploratorium
(Antalya-Side, TURQUIA).
Mapa 3:
Conjunto de mapas que ilustram o trajecto do
eclipse solar total para o
Brasil,
África,
Turquia e
parte de Ásia. O traço a vermelho
corresponde à faixa central do eclipse
solar total. Entre os dois traços azulados é
possível ainda presenciar a totalidade mas
com a lua descentrada em relação ao centro
do Sol com a agravante de a totalidade durar
menos tempo nessas zonas em relação à linha
central do eclipse. Exteriormente a esses
limites azulados só é possível observar o
eclipse parcial, como acontecerá para
Portugal e a maior parte do Brasil.
Nota
importante:
Os valores
supracitados no mapa correspondem ao máximo
do eclipse e são indicados em
Tempo Universal - UT (Universal Time)
pelo que deve subtrair três horas a fim de
obter a hora local para o Brasil; somar três
horas para obter a hora local para o caso da Turquia.
Para os países Benim, Nigéria, Níger e Chade
deve adicionar mais uma hora ao tempo UT.
Aos países mais requisitados pelos caçadores
de eclipses - Líbia e Egipto - basta
adicionar mais duas horas para ter a hora
local. Cazaquistão terá a sua hora local
aumentada de 6 horas, e a parte da Rússia a
Este de Cazaquistão, por 7 horas. Apenas
para Gana e Togo se mantém a hora estipulada
já que o tempo local coincide com o tempo
UT. O autor teve em linha de conta a hora de
Verão (Daylight Saving Time)
para os tempos supracitados.
|
|
Mapa 4:
Mapa detalhado do Brasil no qual a linha
central está representada a azul. Um dos melhores
pontos acessíveis para observação do eclipse
solar total de 29 de Março de 2006 em
território brasileiro reside na Tabatinga,
ligeiramente a Norte da linha central do
eclipse. A faixa da totalidade abarca neste
caso cerca de 65 km para Norte e Sul na
perpendicular a essa linha. Contudo,
obviamente, afastando da linha central o
tempo de duração da totalidade diminuirá. A cerca de 30 km
para Noroeste de Tabatinga situa-se a cidade
de Natal que também será palco de um eclipse
solar total. À esquerda poderá aceder a mapa
da Turquia no qual o traço avermelhado
representa a linha central (onde terá
acesso ao máximo de tempo possível do
eclipse e com o disco geométrico da Lua a
coincidir com o disco geométrico do Sol no
máximo de eclipse). A faixa da
totalidade na Turquia abarca em média 85 km
para Oeste e Este em relação à perpendicular
da linha central representada a vermelho. No
caso da Turquia o melhor ponto possível terá
lugar em Side.
Poderá aceder a um
ficheiro *.kmz
do
Google Earth
no qual consta o
trajecto da linha central do eclipse para o
Nordeste brasileiro.
Nota
importante:
O ficheiro
original do mapa da Turquia é bastante grande: 14,57 MB.
Cortesia de
TÜBİTAK National Observatory.
Até esperarmos que venha
o eclipse solar total em 2026, as alternativas além de
29 de Março de 2006, não são muito
acessíveis ou práticas, pelo menos para os
portugueses... Vejamos a seguinte
tabela que expressa resumidamente as razões:
Eclipses solares totais
até 2026
Data |
Localidades
geográficas da
visibilidade do
eclipse |
Duração central |
1 Agosto 2008 |
Gronelândia,
Árctico, Sibéria,
Mongólia,
China |
2 min 27 s |
22 Julho 2009 |
Índia,
Nepal, China, Pacífico |
6 min 39 s |
11 Julho 2010 |
Pacífico,
ilha da Páscoa, Chile, Argentina |
5 min 20 s |
13 Novembro 2012 |
Austrália |
4 min 2 s |
3 Novembro 2013 |
África
central |
1 min 40 s |
20 Março 2015 |
Árctico |
2 min 47 s |
9 Março 2016 |
Indonésia,
Pacífico |
4 min 9 s |
21 Agosto 2017 |
Pacífico,
Estados Unidos da
América |
2 min 40 s |
2 Julho 2019 |
Pacífico,
Chile, Argentina |
4 min 33 s |
14 Dezembro 2020 |
Pacífico,
Chile, Argentina,
Atlântico |
2 min 10 s |
4 Dezembro 2021 |
Antárctico |
1 min 54 s |
20 Abril 2023 |
Pacífico |
1 min 16 s |
8 Abril 2024 |
México,
Estados Unidos da
América |
4 min 28 s |
12 Agosto 2026 |
PORTUGAL
CONTINENTAL |
2 min 18 s |
|
|
Tabela I:
Eclipses solares totais até 2026.
Datas estabelecidas segundo calendário gregoriano.
Na última coluna está expresso o tempo de
totalidade para quem esteja na faixa
central. |
|
|
Em Portugal
Continental, o próximo eclipse solar total terá lugar
apenas a 12 de Agosto de 2026 por
terras transmontanas e depois, para quem
descobrir a paciência e o elixir, e puder
estar no Algarve a 17 de Julho de 2205
recomenda-se.... Por curiosidade, no Brasil,
o próximo eclipse solar total será apenas a 12 de Agosto de 2045, uma vez
mais no Norte; passado quase um ano,
decorrerá
a 2 de Agosto 2046. Haverá um curto
interregno e a 11 de Maio de 2059 e
finalmente a 30 de Abril de 2060 (este
passará quase a rente à costa) ocorrerão
mais dois eclipses. Para entender a mecânica
subjacente aos eclipses é
imprescindível a leitura da
seguinte
página veiculada no
Portal do Astrónomo. Depois de se
inteirar da mecânica dos eclipses,
comece por analisar com mais
pormenor sobre a dinâmica dos
contactos Sol-Lua e a tabela com os
tempos de contacto para as
diferentes localidades dentro ou
próximo da faixa central.
|
|
Figura 2:
A imagem da esquerda representa a orientação da eclíptica e do plano orbital
da Lua para o dia 29 de Março de 2006. O
nodo representa o ponto de intersecção do
plano da eclíptica, no qual a maioria dos
planetas do Sistema Solar orbitam, com o
plano da órbita da Lua. O eclipse ocorrerá
no nodo ascendente já que a Lua passará para
Norte da eclíptica. A
imagem da direita ilustra a sequência dos contactos numa situação de uma
localidade que esteja
precisamente na
faixa central
(quase próximo do meio dessa faixa central). A fase da totalidade
inicia no contacto II e termina no contacto
III. O contacto I inicia quando o bordo
Oeste da Lua "toca" no limbo Oeste
do Sol (note que o Sol está cerca de 400
vezes mais distante de nós do que a Lua, e
que por coincidência, o seu diâmetro também
é 400 vezes maior, o que faz com que, para
um observador na Terra, os diâmetros
aparentes dos dois astros sejam tão
semelhantes). O
contacto II sucede quando todo o disco solar
está sob o disco lunar e o bordo Oeste da
Lua "toca" no limbo Este do Sol.
Depois no máximo, o centro do disco da Lua
poderá coincidir ou não com o centro do
disco do Sol (no caso ideal,
isso acontece precisamente no meio da faixa
central do eclipse.) No contacto III, o bordo
Este da
Lua toca no limbo Oeste do Sol; no final do
eclipse, o bordo Este da Lua contacta com o
limbo Este do Sol.
Nota
importante:
A Lua, da imagem à direita, nos contactos II
e III e no máximo foi propositadamente
tornada transparente para se ver o disco
do Sol que está ATRÁS do disco
lunar. Nos contactos II e III sobressai um
pouco do disco lunar para a direita no
contacto II, e para a esquerda no contacto
III. No máximo o disco lunar sobressai um
pouco mais em torno do disco solar que está
em segundo plano. A convenção usada para as
direcções da Lua foi a estipulada pela IAU
em 1961.
Esquemas da autoria de Jorge
Almeida.
|
Contacto I |
Contacto II |
Máximo
|
Contacto III |
Contacto IV |
Natal
Brasil
(-3h
UT) |
-
- |
5 h 35
min 2 s
5 h 34 min 57 s |
5 h 35
min 48 s
5 h 35 min 46 s |
5 h 36
min 34 s
5 h 36 min 33 s |
6 h 34 min 32 s
6 h 34 min 30 s |
Jalu
Líbia
(+2h
UT) |
11 h 10 min 6 s
11 h 10 min 3 s |
12 h 28
min 29 s
12 h 28 min 25 s |
12 h 30
min 6 s
12 h 30 min 4 s |
12 h 31
min 43 s
12 h 31 min 42 s |
13 h 51 min 12 s
13 h 51 min 10 s |
Musaid
Líbia
(+2h
UT) |
11 h 20 min 3 s
11 h 20 min 2 s |
12 h 38
min 0 s
12 h 37 min 56 s |
12 h 39
min 58 s
12 h 39 min 57 s |
12 h 41 min 57 s
12 h 41 min 58 s |
13 h 59 min 52 s
13 h 59 min 50 s |
Bardiyah
Líbia
(+2h
UT) |
11 h 20 min 28 s
11 h 20 min 25 s |
12 h 38
min 21 s
12 h 38 min 17 s |
12 h 40
min 20 s
12 h 40 min 17 s |
12 h 42 min 19 s
12 h 42 min 19 s |
14 h 0 min 9 s
14 h 0 min 7 s |
As Sallum
Egipto
(+2h UT) |
11 h 20 min 10 s
11 h 20 min 7 s |
12 h 38
min 9 s
12 h 38 min 4 s |
12 h 40
min 7 s
12 h 40 min 4 s |
12 h 42
min 4 s
12 h 42 min 4 s |
13 h 59 min 59 s
13 h 59 min 57 s |
Sidi
Barrani
Egipto
(+2h UT) |
11 h 21 min 23 s
11 h 21 min 20 s |
12 h 40
min 4 s
12 h 39 min 57 s |
12 h 41
min 23 s
12 h 41 min 21 s |
12 h 42
min 43 s
12 h 42 min 45 s |
14 h 1 min 9 s
14 h 1 min 7 s |
Antalya
Turquia (+3h UT) |
12 h 37 min 33 s
12 h 37 min 31 s |
13 h 54
min 24 s
13 h 54 min 20 s |
13 h 56
min 0 s
13 h 55 min 57 s |
13 h 57
min 35 s
13 h 57 min 34 s |
15 h 12 min 47 s
15 h 12 min 45 s |
Side
Turquia (+3h UT) |
12 h 38 min 22 s |
13 h 54 min 59 s |
13 h 56 min 52 s |
13 h 58 min 44 s |
15 h 13 min 34 s |
Manavgat
Turquia (+3h UT) |
12 h 38 min 28 s
12 h 38 min 26 s |
13 h 55 min 5s
13 h 55 min 1 s |
13 h 56 min 57 s
13 h 56 min 56 s |
13 h 58 min 50 s
13 h 58 min 50 s |
15 h 13 min 39 s
15 h 13 min 37 s |
Konya
Turquia (+3h UT) |
12 h 41 min 44 s
12 h 41 min 38 s |
13 h 57 min 58 s
12 h 57 min 51 s |
13 h 59
min 46 s
13 h 59 min 41 s |
14 h 1
min 33 s
14 h 1 min 30 s |
15 h 15 min 46 s
15 h 15 min 41 s |
Aksaray
Turquia (+3h UT) |
12 h 44 min 45 s
12 h 44 min 42 s |
14 h 0 min 45 s
14 h 0 min 40 s |
14 h 2
min 30 s
14 h 2 min 28 s |
14 h 4
min 16 s
14 h 4 min 16 s |
15 h 17 min 56 s
15 h 17 min 54 s |
Kayseri
Turquia (+3h UT) |
12 h 47 min 23 s
12 h 47 min 20 s |
14 h 4 min 2 s
14 h 3 min 53 s |
14 h 4
min 54 s
14 h 4 min 51 s |
14 h 5
min 45 s
14 h 5 min 49 s |
15 h 19 min 49 s
15 h 19 min 47 s |
Sivas
Turquia (+3h UT) |
12 h 51 min 0 s
12 h 50 min 54 s |
14 h 6 min 48 s
14 h 6 min 40 s |
14 h 7
min 56 s
14 h 7 min 52 s |
14 h 9
min 4 s
14 h 9 min 3 s |
15 h 22 min 3 s
15 h 21 min 59 s |
Arkalyk
Cazaquistão (+6h UT) |
16 h 33 min 21 s
16 h 33 min 22 s |
17 h 38 min 4 s
17 h 38 min 2 s |
17 h 39 min 20 s
17 h 39 min 20 s |
17 h 40
min 36 s
17 h 40 min 37 s |
18 h 41 min 17 s
18 h 41 min 15 s |
Kyzyl
Rússia (+7h UT) |
17 h 48 min 55 s
17 h 48 min 52 s |
18 h 45 min 53 s
18 h 45 min 50 s |
18 h 46
min 51 s
18 h 46 min 49 s |
18 h 47
min 49 s
18 h 47 min 49 s |
-
- |
Tabela II:
Tempos de contacto para diferentes
localidades na faixa da totalidade segundo FRED ESPENAK -
NASA
e outros tempos segundo
PATRICK
ROCHER -
IMCCE. Os valores
supracitados são indicados na
hora local. São valores sujeitos a
margem de erro no que respeita aos segundos.
†††
As diferenças de valores, entre Fred Espenak
e Patrick Rocher, residem no facto de
provirem de diferenças entre os parâmetros
usados para o cálculo das previsões dos
tempos de contacto. Os valores para Side
foram baseados no
TÜBİTAK National Observatory.
Para todos os outros pontos, inclusive as
localidades portuguesas onde decorrerá
apenas o eclipse parcial e para parte do
Brasil que também será contemplado pelo
eclipse parcial consulte:
NASA por Fred Espenak,
IMCCE por Patrick Rocher e
TÜBİTAK National Observatory.
No entanto, para maior facilidade recomendo
vivamente a consulta da
calculadora de tempos de
contacto para o eclipse solar,
de Xavier Jubier.
É costume dizer-se, entre
tantos que já presenciaram um eclipse solar
total, que todos os humanos deveriam
experimentar e marcar presença, pelo menos
uma vez durante a sua existência, perante a
eminência de um espectáculo natural que é o
eclipse solar total. Mas que tem tanto de
especial um eclipse desta natureza? Por
variadas razões... Para perceber o alcance
de um eclipse solar total, tente acompanhar
a ordem de acontecimentos que decorre antes
da anunciação da totalidade. Mas leia
igualmente com atenção TODO o
manual de segurança de
observação do eclipse solar total.
Figura 3:
Ordem de acontecimentos de um eclipse solar
total momentos antes do contacto I e após o
contacto IV.
Nota
importante: Há alguma
controvérsia sobre a ordem das contas de
Baily e do anel de diamante. No entanto,
dependendo da configuração do anel de
diamante,
que varia de
eclipse para eclipse, mesmo perante uma
fotografia duas pessoas podem ter percepções
diferentes sobre como se parece um anel de
diamante. Parece que tudo depende de qual
seja o instrumento usado (olho nu - com o
devido uso de óculos de protecção especial,
binóculos e telescópio - ambos com filtro
solar) poder resolver as contas de Baily. Se
há apenas uma conta de Baily, ou se todas as
contas de Baily surgem como apenas uma
devido ao intenso brilho do Sol, ou se o Sol
é ainda um fino decrescente (antes do
contacto II) ou crescente (após contacto
III) as pessoas podem interpretar como
estando perante um anel de diamante.
Contudo, as contas de Baily são um fenómeno
mais objectivo, isto é, se consegue resolver
múltiplas contas, sem margem para dúvidas,
estará a olhar para as contas de Baily. O
anel de diamante é mais subjectivo e depende
da forma como vê o eclipse. Daí não se
admire em ver noutras páginas sobre o
eclipse uma ordem distinta da apresentada.
A queda de luminosidade
antecede a totalidade e prossegue durante a
dita, o mesmo acontecendo com a temperatura.
O vento de eclipse ocorre normalmente depois
da totalidade. A visualização da umbra lunar
precede a totalidade e prossegue após o fim
da mesma. A visão de planetas e estrelas,
bem como possibilidade de visualização de
cometas e/ou asteróides terá ocorrência
apenas na faixa da totalidade (salvo raras
excepções). Poderá haver a hipótese de não
se verem as contas de Baily bem como o anel
de diamante dependendo do rebordo lunar. É
provável que a coroa solar, dado que o Sol
está no mínimo solar, não tenha uma dimensão
angular apreciável. Panfleto da autoria de
Jorge Almeida. Para ver melhor o
panfleto, veja
aqui.
A totalidade
corresponde ao intervalo de tempo que
decorre desde o início do contacto II até ao
contacto III. A duração máxima teórica de um
eclipse solar total na totalidade é de 7 min
31 s. O eclipse de 29 de Março de 2006 terá
no máximo 4 min 7 s de totalidade na Líbia
(ponto 23º
9' 6,0'' N e 16º 44'
54,0'' E).
Para o Brasil, a duração máxima ocorrerá
próximo de Tabatinga, Rio Grande do Norte
com 1 min 57 min s. No Noroeste do Egipto
chegará próximo dos 4 minutos e na Turquia
andará nos 3 minutos em média. Um
acontecimento muito curioso, que ocorre
alguns minutos antes do contacto II e após o
contacto III, reside na formação de
bandas de sombra. Notam-se bandas
alternadas de luz difusa com zonas mais
sombrias em superfícies claras e planas. Daí
aconselha-se o uso de folhas ou de toalhas
brancas estendidas ou então a observação de
paredes alvas. De notar que estas bandas,
numa fase inicial, manifestam-se de forma
aleatória as quais, à medida que se aproxima
o segundo contacto, se vão organizando e
tornando lineares bem como devidamente
alinhadas. Acompanhando estas mudanças, à
medida que o segundo contacto se avizinha,
nota-se invariavelmente um incremento de
contraste, ao contrário do espaçamento entre
as bandas que vai decrescendo. As
bandas de sombra são a expressão da
cintilação do Sol, que não são vistas no
dia-a-dia dado o considerável diâmetro
aparente da estrela Sol assim como o intenso
brilho que emana.
Ao contrário do que se vê
em muitos livros, as bandas de sombra
ainda carecem de um modelo científico que as
explique satisfatoriamente, embora já se
saiba que são afectadas pela turbulência da
atmosfera, entre outros factores. Também é
falso afirmar que um céu limpo é sinónimo de
garantia de visibilidade destas bandas. Uma
boa estabilidade atmosférica, a inexistência
de ventos até 2 km de altura bem como ventos
fortes impossibilita ou, pelo menos,
dificulta sobremaneira a visualização de
bandas de sombra.
Figura 4:
Animação das bandas de sombra visíveis 18
segundos antes do contacto II. Gravado por
Andreas Dahm. Poderá apreciar aqui uma
animação em Quick TIME
(552 kB) do movimento das bandas de sombra.
Para mais informações sobre as bandas de
sombra visite "Shadow
bands during a total solar eclipse".
Cortesia de Wolfgang
Strickling.
Como nota
curiosa, a formação destas bandas é mais
favorável em eclipses longos relativamente a
eclipses de curta duração temporal.
Adicionalmente à formação destas
bandas de sombra, aquando a
aproximação do eclipse solar total é
impressionante a quebra de luminosidade
que também se traduz por um decréscimo
considerável de temperatura podendo
chegar até aos 20 ºC ou apenas descer cerca
de 2 ºC, ou seja, há grande variação de
eclipse para eclipse. A par destes
parâmetros, também a
humidade relativa sofre perturbação, e
normalmente o seu valor incrementa durante a
totalidade, dado que a temperatura baixa; no
entanto, a humidade atmosférica não é
afectada.
Até
quinze minutos antes do segundo contacto é
possível notar algo de especial que é a percepção do
movimento da umbra lunar.
††††
Durante este movimento também se aconselha a
apreciação da mudança gradual de cores desde
o horizonte até ao zénite à medida que a
totalidade se vai aproximando.
Figura 5:
A umbra lunar é percepetível na fotografia.
Para aceder à animação do movimento da umbra
lunar veja o seguinte vídeo em Quick TIME
(796 kB). Avisa-se o facto de o vídeo
repetir duas vezes o evento para realçar o
efeito.
Veja a descrição exaustiva do movimento da
umbra lunar aqui.
††††
Cortesia de David Makepeace (eclipseguy.com)
e
fotografia de Olivier Staiger (klipsi.com).
A par de todos os
eventos já descritos, assim que está
iminente o segundo contacto, acontece algo
de único... surge uma "[...]
jóia de luz maior que o próprio mundo [...]",
ou seja, forma-se o anel de diamante.
A observação do anel de diamante a olho nu
sem uso de filtros adequados - óculos de
protecção especial - deve ser considerada
perigosa já que estamos a ver luz vinda da
fotosfera do Sol que emite radiação
ultravioleta e infravermelha nocivas para a
retina do olho (lembre-se que a queimadura
da retina é indolor). As
dimensões do anel de diamante variam
consoante o perfil do limbo lunar, podendo
ser possível destacar desde um grande anel a
um pequeno ou mesmo suceder a não
visualização do anel. Mas
antes
deste último suspiro dos
raios do Sol tocarem no limbo lunar -
anel de diamante - geram-se
as famosas contas de Baily que
não são mais que o resultado de
irregularidades no relevo lunar nas quais as
montanhas bloqueiam a luz vinda do Sol e os
vales lunares deixam passar os raios
luminosos formando então pequenas esferas de
luz intercaladas vistas aqui da Terra.
Conforme o perfil do bordo da Lua, podem
destacar-se
muitas ou poucas contas de Baily. Assim que
fica somente uma conta de Baily, forma-se o
anel de diamante.
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Figura 6:
O anel de diamante no seu maior fulgor, do
lado esquerdo. Do lado direito, destacam-se
algumas contas de Baily e a cromosfera com
as protuberâncias rosadas. Cortesia de
Miloslav Druckmüller.
Após desaparecer o anel de
diamante, neste
instante, dá-se o contacto II e entra-se na fase da
totalidade. Só a
partir deste contacto, é perfeitamente seguro olhar
para o Sol sem óculos de protecção especial
(logo
depois
de desaparecer o anel de diamante e as
contas de Baily).
E se já imaginava estar na apoteose final,
desengane-se pois em redor da Lua
diferencia-se a famosa coroa solar
que tem um brilho aparente
similar ao da Lua cheia, a qual faz vibrar
mesmo o mais impassível ser humano. A coroa
solar começará a emergir um minuto antes da
totalidade (obviamente
a coroa solar está sempre presente, no
entanto, o forte brilho do Sol impede a
visualização da pálida coroa solar no
dia-a-dia, e que só emergirá visivelmente
aquando um eclipse solar total)
e tornar-se-á invisível poucos segundos após
a mesma. Contudo, aconselha-se apenas a
apreciá-la entre o contacto II e o contacto
III, uma vez que ainda fora desse intervalo
da totalidade é visível a fotosfera cuja
observação a olho nu reveste-se de grande
perigo para a retina.
Figura 7:
A coluna à esquerda representa imagens da
coroa solar, durante o mínimo solar, das
quais se destacam majestosas flâmulas
retentoras ("helmet streamers").
À sua direita destacam-se dois exemplos da
coroa solar durante o máximo solar com
várias flâmulas
retentoras. Normalmente próximo do
mínimo solar, a coroa é elongada ao nível do
equador do Sol e no máximo solar tem um
aspecto mais simétrico. Espera-se que o aspecto
da coroa solar de 29 de Março de 2006 seja
similar às imagens da coluna da esquerda, já
que nos encontramos a caminho do mínimo
solar terminando assim o ciclo solar 23 no
final do ano 2006. A partir daí a actividade
solar vai intensificando dando início ao
ciclo seguinte. O ciclo solar 24 terá
provavelmente o seu pico de actividade
máxima em 2010. A coroa solar é sempre a
imagem de marca de um eclipse, ou seja,
basta olhar para a coroa para identificar
qual o eclipse em questão. Deixo agora um
desafio ao leitor: no atinente à coluna da
esquerda tente averiguar qual o equador
solar... Cortesia de
Miloslav
Druckmüller.
Como estamos no
mínimo solar, é provável que a coroa solar
tenha apenas poucas flâmulas
retentoras (livre tradução do termo
"helmet streamers") que partem
do equador solar. A forma da coroa é
dependente da distribuição dos campos
magnéticos os quais variam com a actividade
do Sol. O movimento da coroa será
imperceptível a olho nu, podendo, no
entanto, notar-se algum dinamismo com
binóculo e telescópio (só e apenas na
totalidade para os usar sem filtro). Ao olhar para a coroa
solar estará a ver uma parte do plasma do
Sol em que iões (protões, electrões, núcleos
de hélio) são conduzidos por intensos campos
magnéticos. Não se esgota aqui tudo o que o
eclipse solar total tem para oferecer sendo
ainda possível ver na totalidade, a
cromosfera - parte da atmosfera
solar entre a fotosfera e coroa solar - a
qual se apresenta com as proeminências
ou protuberâncias que são
normalmente de cor avermelhada ou rosada.
Figura 8:
Colossais proeminências vistas no eclipse
solar total de Angola em 2001 nas duas
imagens à esquerda, e observadas em França
em 1999 na imagem à direita. Cortesia de
Miloslav
Druckmüller.
Para acrescentar ainda mais sobre o
desenrolar do eclipse, dado que há um
obscurecimento considerável irá ser possível
ver, durante a totalidade, a olho nu os
planetas e estrelas, bem como possibilidade
de cometas e asteróides com binóculo e
telescópio. Há quem faça também estimativa
da magnitude aparente de estrelas variáveis.
Há a remota hipótese de poder conseguir
detectar, durante a totalidade, satélites
artificiais. Em cada local da faixa central
do eclipse central separado de algumas
centenas de quilometros, verá um céu
diferente. O Sol no dia 29 de Março de 2006
encontra-se projectado sobre a constelação
Pisces (Peixes). Do lado Oeste, na
eclíptica, tem-se a constelação Aquarius
(Aquário) e do lado Este a constelação
Aries (Carneiro). São constelações com
estrelas de brilho pálido e não tão fáceis
de reconhecer como a famosa constelação de
Orion (Orionte). A visibilidade de
determinadas estrelas bem como planetas
depende em grande medida da altura do Sol na
totalidade, das condições atmosféricas e
adicionalmente do local de observação
considerado (vide figura 9). Contudo com os
acontecimentos diversos do eclipse solar
total, tente ver, por exemplo, outros pormenores bem mais
interessantes junto da coroa solar e outros
indicados na figura 3 acima.
Figura 9:
Possíveis cenários do céu durante o instante
do máximo do eclipse indicado abaixo da
localização geográfica. O tempo de duração
da totalidade é apresentado no canto
superior direito. Contudo, o realismo do
obscurecimento total não corresponderá à
verdade nestes cenários. Será muito mais
claro. Note-se que é impossível mimetizar o
verdadeiro cenário de um eclipse solar
total. Fotocomposições
feitas por Jorge Almeida a partir do
programa
Starry Night 5.0 .
Assim que a totalidade está
prestes a terminar com início do contacto
III (
Nota
importante: Aconselha-se
vivamente a colocar os óculos de protecção
especial alguns segundos antes do contacto
III )
todo o eclipse solar total segue a
inversão dos acontecimentos, acrescentando
um fenómeno que ocorre quase sempre a seguir
à totalidade: vento de eclipse.
Outros aspectos meteorológicos do eclipse
relacionam-se com as nuvens... Normalmente
as nuvens cumulus desaparecem durante
um eclipse porque a superfície terrestre
arrefece, no entanto, nuvens stratus
desenvolver-se-ão mais uma vez que há
arrefecimento da atmosfera. Nuvens espessas
bem como tempestades dificilmente sofrerão
qualquer mudança mesmo na eminência de um
eclipse solar total. A meteorologia ligada
ao eclipse é complexa e as mudanças dependem
do tipo de clima, da situação meteorológica
do dia, localização na Terra, duração do
eclipse bem como a altura do dia em que se
dá o eclipse. É importante realçar que sendo
o eclipse um fenómeno dinâmico é verdadeira
a afirmação "cada eclipse é único". É
frequente notar que muitos eventos ligados
ao eclipse sucedem em simultâneo. Use de bom
senso e tome as providências necessárias
para os cuidados a ter, em especial nos
contactos II e III. Acima de
tudo, saboreie cada momento que o eclipse
solar total oferece e junte-se aos "[...]
milhões de gritos e aplausos na apoteose
final[...]".
Manual de segurança da
observação do eclipse solar
total
NOTA
IMPORTANTE: Em
circunstância alguma,
NUNCA
aponte binóculo e telescópio sem
filtro apropriado para o Sol, sob grave
perigo de ficar
irreversivelmente com cegueira
absoluta. Para sua
própria segurança
LEIA TODAS
as regras abaixo indicadas.
O
autor não se responsabiliza por
quaisquer problemas que advenham
da má utilização das regras
deste manual.
1ª regra: NUNCA
observar sem óculos de protecção
especial antes do contacto II e
logo imediatamente ao contacto
III. Só é absolutamente seguro
ver o eclipse solar total a olho
nu durante a totalidade
que corresponde ao tempo que
decorre entre o contacto II e o
contacto III. Aconselha-se
vivamente a colocar os óculos de
protecção especial uns segundos
antes da totalidade terminar, ou
seja, antes de se dar o contacto
III.
2ª regra: NUNCA
ver as contas de Baily e o
anel de diamante sem os óculos
de protecção especial, ou
filtros solares próprios,
já que são manifestações de
eclipse parcial sendo, portanto,
visível a fotosfera a qual
constitui fonte de emissão
de radiação infravermelha e
ultravioleta que acarretam
perigo para a visão.
3ª regra: NUNCA
usar óculos escuros, vidros
negros de fumo, películas para
fotografias a cores, negativos
de fotografias, radiografias,
disquetes, CDs, DVDs, filtros de
gelatina, polaróides, filtros
Wratten, folhas de alumínio
em quaisquer ocasiões e
circunstâncias na observação do
Sol. Evite os filtros Mylar.
Não é recomendável o uso de
quaisquer filtros de soldador,
mesmo o de #14.
4ª regra: NUNCA usar
os óculos especiais de protecção
ocular*
combinados com binóculos,
câmaras fotográficas,
telescópios ou outros
instrumentos ópticos. Os óculos
especiais com a norma europeia
supracitada apenas SÓ devem ser
usados para observação ocular
directa. E deve-se fazer
intervalos frequentes para
descanso a fim de o olho não
aquecer demasiado.
5ª regra: NUNCA utilizar os
filtros solares**
para serem colocados na ocular
do instrumento óptico, ou seja,
a lente onde se encosta o olho
para ver.
6ª regra:
NUNCA fazer uso de
óculos especiais de protecção
ocular que já tenham sido
utilizados ou que estejam
guardados, porque podem ter microfuros, arranhões ou
imperfeições que deixem passar
mais radiação do que a
permitida. Lembre-se que a
queimadura do olho é indolor e o
perigo é demasiado para arriscar
com óculos especiais de
protecção ocular pouco fiáveis
seja de onde for a sua origem (o
mesmo para os filtros solares).
Importante testar a segurança do
óculo especial de protecção
ocular olhando com eles
colocados para uma fonte de luz
bem forte em casa e procurar por
falhas, imperfeições no filtro
do óculo.
7ª regra:
NUNCA exceder
observação contínua com óculo de
protecção especial por períodos
de mais 30 segundos, fazendo
sempre intervalos de 2 minutos
de descanso. Evita-se, desta
forma, a acumulação de calor na
retina. IMPORTANTE lembrar que o
aquecimento da retina não é
sentido por nós como sentimos o
aquecimento da pele, UMA VEZ que
a queimadura da retina, derivado
do aquecimento desta, é
INDOLOR! Se prolongar
demasiado a observação, a retina
começa a aquecer e não nos
apercebemos desse aquecimento,
podendo ocorrer lesões
irreversíveis - a cegueira
parcial ou total. Além disso
evita-se que o filtro aqueça em
demasia, reduzindo assim a
possibilidade de deteriorar o
óculo de protecção especial.
* Os óculos
especiais de protecção ocular
são vendidos nas farmácias, e
devem ter marca CE obrigatória,
que cumprem a Norma Europeia EN 169/1992 e a Directiva
Europeia CEE 89/686).
**
Os filtros solares para
binóculos e telescópios devem
ser comprados em
lojas especializadas de
Astronomia.
†
O
ciclo de Saros nada mais é do que uma
família de movimentos lunares, que no
decorrer de 18 anos, 11 dias e 8 horas, com
a repetição da posição da relação Sol - Lua
- Terra, verifica-se o mesmo padrão das
mesmas sombras lunares sobre a superfície
terrestre. Cada eclipse é, de facto,
único.
Nunca há dois eclipses iguais. Para mais
pormenores sobre o ciclo de Saros veja
Saros, que saros? e
O ciclo de Saros.
††
A magnitude de um eclipse é a fracção do
diâmetro do Sol oculta pela Lua. É
estritamente
uma razão de diâmetros e
não deve
confundir
com obscurecimento do eclipse, o qual é uma
medida da área superficial ocultada pela
Lua. A magnitude de um eclipse pode ser
expressa tanto por percentagem como por
fracção decimal (exempli gratia - com
o Sol oculto em metade do seu comprimento, a
magnitude do eclipse será 50% ou 0,5). A
magnitude no ponto máximo do eclipse
(coordenadas geográficas: 23º
9' 6'' N e 16º 44' 54'' E) é de
1,052, o que significa que a Lua além de
ocultar os 100% do diâmetro aparente do
disco do Sol, oculta mais cerca de 5,2% do
diâmetro aparente do disco do Sol.
†††
Os
dados de Fred Espenak não têm em linha de
conta com a refracção atmosférica, nem com a
elevação da localidade, bem como com
correcções do limbo lunar. A fonte principal
para as coordenadas, usada por Espenak, foi
The New International Atlas (U.S
Department of Commerce, 1972). No que
consigna aos dados de Patrick Rocher, para
as coordenadas geográficas baseou-se sobre
GEOnet Names Server (GNS) e Institut
Géographique National (IGN). Neste mundo
onde a política muda constantemente faz com
que seja difícil determinar o nome correcto
de localidades daí que os nomes possam ter
incorrecções. Como consequência advém que os
nomes dos locais apresentados não são
peremptórios e apenas deverão ser vistos
como auxílio para localização.
††††
A intersecção
do cone de umbra lunar com a superfície da
Terra ainda estará muito longe do local onde
está situado (suponhamos que na Antalya,
Turquia e a cerca de 15 minutos da
totalidade) a Sudoeste. A umbra lunar, nesta
ocasião, desloca-se aproximadamente a 1
km/s. Não vemos nada de notável. Então a
umbra lunar começa a surgir, na forma de um
sensível obscurecimento do azul no céu,
especificamente, junto ao horizonte
Sudoeste. Esse é o céu da totalidade, que já
está a ser testemunhada por observadores (um
grupo num cruzeiro ou iate cruzando o Mar
Mediterrâneo) não tão distantes de si. Do
lado oposto, o horizonte Nordeste está tão
claro quanto o restante do céu (dado que lá
não há ainda qualquer cone de umbra). Cerca
de cinco minutos antes da totalidade, o cone
já é visto mais próximo do local onde se
situa, como uma faixa bem mais escura, e
elevada em relação ao horizonte Sudoeste.
Essa região sombria a Sudoeste torna-se cada
vez mais escura, e vai expandindo-se e tomar
conta do céu acima de si, circundando o
disco solar num cerco cada vez mais estreito
- e então, dado o segundo contacto, a borda
do cone alcança o local. O céu está agora
escuro, mas podemos consciencializar de que
é apenas um efeito local: em todos os
azimutes, o horizonte está alaranjado. Só na
zona Sul da Turquia, ao longo da faixa
central, estará escuro. Dado o terceiro
contacto, tudo volta a acontecer
analogamente, isto é, os fenómenos ocorrem
na ordem inversa, mas sempre de Sudoeste
para Nordeste: o lado Sudoeste do céu
clareia, mas a Nordeste permanece
escurecido, e até cinco minutos após a
totalidade a faixa alaranjada permanece no
horizonte Nordeste - a porção escura vai
descendo continuamente, rumo ao Nordeste - é
a totalidade a alcançar os observadores na
Capadócia. Passados cerca de 15 minutos, o
cone viajou longe demais para podermos
notá-lo. Atravessou o Mar Negro...
LINKS |
Documentação importante atinente ao eclipse
solar total:
Eclipse solar total 29 Março
2006 : baixa resolução
- documento pdf com 5 MB, de Fred Espenak e
Jay Anderson.
Eclipse solar total 29 Março
2006 : elevada resolução
- documento pdf com 26,7 MB, de Fred Espenak
e Jay Anderson.
Eclipse solar
total com listagem de
conteúdos, de
imagens e de
tabelas - documentos html, de Fred
Espenak e Jay Anderson.
Curso sobre eclipse solar total -
documento html, de Patrick Rocher.
Calculadora de tempos de
contacto para o eclipse solar
- documento html, de Xavier Jubier.
Tabela detalhada de coordenadas geográficas
da linha central do eclipse -
documento html, de Fred Espenak.
Páginas
de associações / grupos / instituições de Astronomia:
http://www.geocities.com/lunissolar2003/Mar06/PO_REA.htm
- da REA Brasil.
http://www.tug.tubitak.gov.tr/tutulma/english/main.html
- do
TÜBİTAK National Observatory.
http://www.zenite.nu/07/sol02a.php
- de Astronomia no zênite.
Páginas
individuais de astrónomos amadores / outros:
http://geocities.yahoo.com.br/agustoni/eclipse_solar_natal_2006/eclipse_natal_2006.htm
- de José Agustoni.
Páginas
de instituições ligadas à saúde pública:
http://www.dgsaude.pt
- da
Direcção-Geral da Saúde.
http://www.spoftalmologia.pt -
da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.
http://whqlibdoc.who.int/publications/2005/9241580364_chap5.pdf
-
disposições recomendadas pela
Organização Mundial de Saúde para
viajantes.
Páginas
de língua inglesa:
http://sunearth.gsfc.nasa.gov/eclipse/SEmono/TSE2006/TSE2006.html
- de Fred Espenak.
Um dos melhores sites de informação
sobre o eclipse solar total de 29 de
Março de 2006.
http://www.clocktower.demon.co.uk/eclipse2006t
- de Sheridan
Williams. Especial destaque para as
imagens que ilustram os cruzamentos de
eclipses recentes com o do eclipse solar
total de 29 de Março de 2006.
http://eclipse.span.ch/eclipse2006.htm
- de Olivier Staiger. Algumas
notas sobre o eclipse solar total no
Egipto.
http://www.hermit.org/Eclipse/2006-03-29
- de Ian Smith. Explicação
detalhada do percurso da umbra lunar.
Acesso a página sobre os cuidados a ter
na observação do eclipse solar.
http://home.cc.umanitoba.ca/~jander/tot2006/2006totintro.html
- de Jay Anderson. Inclusão de bons
mapas de todos os países pelo qual o
eclipse solar total irá decorrer.
Previsões meteorológicas para os países
pelo qual a umbra lunar passará bem como
mapa ilustrativo da quantidade média de
nuvens para o mês de Março.
http://members.aol.com/eclsat3/ecl2006.htm
- de Andrew
Sinclair. Animação do eclipse solar
total de
29 de Março de 2006.
http://www.shadowandsubstance.com -
de Larry Koehn. Simulação do eclipse
solar total de 29 de Março de 2006.
http://xjubier.free.fr/en/site_pages/libya/TSE_2006_pg01.html
- de Xavier Juvier. Excelente página e
de referência ímpar sobre o eclipse
solar total. Realce sobre o eclipse
solar total na Líbia.
Páginas
de previsão meteorológica:
http://www.inmet.gov.br
- do Instituto Nacional de Meteorologia.
A previsão do tempo para o Brasil que
será palco do eclipse solar total no
Nordeste brasileiro pode ser vista em
http://tinyurl.com/dk7ml e as
respectivas imagens satélite da América
do Sul nesta página -
http://tinyurl.com/2gn9f
.
http://tinyurl.com/7766d
- do
Meteosat. Percorra os sectores 2, 3, 4 e
5 para se inteirar com mais pormenor das
actuais condições meteorológicas para os
países que serão alvo de um eclipse
solar.
http://www.sat.dundee.ac.uk/pdus
- da Universidade de Dundee. Um
excelente recurso para imagens satélite
a nível global que são actualizadas
periodicamente. Solicita, no entanto, um
nome de utilizador (username) e
uma palavra-chave (password).
Aparecerá uma janela à qual basta clicar
em "Cancel" e depois faz-se o respectivo
registo que é gratuito.
http://www.wunderground.com -
de Jeff Masters. Boa cobertura de
previsão meteorológica a nível mundial.
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