Página inicial  Questões  Iniciado  >  Atlas e mapas celestes. Como escolher?

 

 

Um telescópio de abertura média, do ponto de vista da situação da maioria dos portugueses, é um reflector de Newton de 114 mm (4,25 polegadas). A magnitude limite para um telescópio desses é da ordem de 12, dependendo da transparência atmosférica, da poluição luminosa, da amplificação utilizada (se for maior vêem-se estrelas de magnitude ligeiramente superior) e ainda do bom uso da visão lateral. Sendo assim não se pode estar à espera de um atlas em (papel) que tenha representadas todas as estrelas que se conseguem ver através do telescópio.

Nos mapas gerados por programas (software) de Astronomia (por exemplo: o SkyMap, o Sky, o Starry Night, ou o Megastar) podem representar-se estrelas até magnitudes muito mais elevadas, por exemplo 15, mas isso só o consegue fazer em condições capazes (viáveis) quando se faz zoom em pequenas extensões do céu (digamos 1º x 1º). Se se quiser fazer isso num campo mais extenso (por exemplo 20º x 20º) aparece um imenso amontoado de pontos, e o computador pode bloquear devido ao elevadíssimo número de estrelas que vai ter de manipular. Se quiser visualizar legendas, nestas condições, nada feito: amontoam-se umas sobre as outras e não se descortina que legenda corresponde a quê. Conclui-se assim que os mapas dos atlas celestes mais detalhados só se podem legendar se se visualizar uma pequena porção de céu de cada vez.

A designação "Atlas" designa obras constituídas por conjuntos de mapas, cujo nível de pormenor varia de caso para caso. Nos atlas em papel, cada mapa tem um "zoom obviamente fixo", que não se pode mudar. Por isso quanto maior for a magnitude limite maior tem de ser a escala de cada mapa. Os mapas dos atlas celestes menos detalhados (por exemplo os que só vão até à magnitude limite 5 ou 6) contém menos estrelas e poucos objectos do céu profundo representados. Por isso podem incluir no mesmo mapa extensões de céu relativamente grandes e as constelações são facilmente reconhecíveis. As legendas são feitas com letras de bom tamanho, bem legíveis. Nestes mapas é usual manter os traços a ligar as estrelas mais óbvias de cada constelação, e cada mapa pode conter uma ou mais constelações.

Nos mapas dos atlas mais elaborados, as legendas têm de ser feitas em letras minúsculas, quase microscópicas, que desorientam os menos experientes. Mesmo assim, os Atlas mais elaborados, devido à elevada densidade de "pontos pretos" ou de "pontos brancos" têm poucas legendas de estrelas: são pontos e mais pontos não identificados, a não ser uma ou outra estrela já relativamente brilhante.

O Cambridge Star Atlas (Cambridge University Press) vai até à magnitude estelar 6,5. É um livro fácil de manipular, com 20 mapas. Só tem os mapas e listas de objectos: nada de conselhos de observação. Não representa "traços de ligação" entre as estrelas mais brilhantes de cada constelação. O preço ronda os 30 €.

O ATLAS do céu profundo incluído no nosso livro OBSERVAR O CÉU PROFUNDO (Plátano Edições Técnicas, Lisboa) vai até à magnitude 7,5 e tem bastantes legendas de estrelas (com as notações de Bayer ou as de Flamsteed ) incorporadas para mais fácil identificação de estrelas que possam servir para ajudar a localizar objectos do céu profundo. Tem 70 mapas de página inteira, em grande escala, e as fotografias da maior parte dos objectos do céu profundo nele incluídos, além de diversas informações sobre cada um desses objectos. Incluem-se ainda, como é natural, as técnicas, recomendações, conselhos, "dicas" e procedimentos para a localização e observação dos objectos do céu profundo. O preço do livro com o atlas ronda os 32 €.

O Sky Atlas 2000, de Wil Tirion e Roger W. Sinnott, publica-se em várias versões. Vai até à magnitude 9 e  tem o tamanho do tampo de uma pequena mesa: a maior dimensão da capa mede mais de 50 cm. Custa em média cerca de 60 € , e só tem os mapas... Nada de conselhos de observação. As versões mais económicas custam cerca de 35 € e são de folhas soltas, cada uma de 34 cm x 48 cm (sem encadernação nem  brochura). Não representa "traços de ligação" entre as estrelas mais brilhantes de cada constelação.

A Uranometria, de Wil Tirion e outros, ocupa dois grossos volumes e vai até à magnitude 9, contendo mais de 500 mapas, cada um de página inteira. É claro que cada mapa cobre uma pequena área de céu. Cada um deles cobre uma pequena extensão de céu e as figuras ou padrões familiares das constelações são irreconhecíveis. Um utilizador que não conheça o céu muito bem ficará completamente perdido nestes mapas. Mesmo constelações relativamente pequenas, como a Cassiopeia espalham-se por vários mapas e só se vê um pedacinho em cada um. Como é óbvio, este atlas não representa "traços de ligação" entre as estrelas mais brilhantes de cada constelação. O seu preço ronda os 100 €.

O Millenium Star Atlas vai até à magnitude 11. O resultado são três grossos volumes,  8 kg de massa e mais de 1500 mapas, cada um de página inteira. No seu todo custam 300 €. Cada um deles cobre uma extensão muito pequena de céu e as figuras ou padrões familiares das constelações são irreconhecíveis. Um utilizador que não conheça o céu muito bem ficará completamente perdido nestes mapas. Mesmo constelações relativamente pequenas, como a Cassiopeia espalham-se por vários mapas e só se vê um pedacinho em cada um (sem os "traços de ligação entre estrelas" a que algumas pessoas estão habituadas). Por isso, este atlas só serve para observadores com muita experiência, e carteira bem fornecida.

As magnitudes limite indicadas para os atlas referem-se a estrelas. No caso dos objectos do céu profundo vai-se, em geral mais longe, por exemplo até à magnitude 14.

Recomenda-se que cada pessoa escolha um atlas de acordo com a sua experiência, mais propriamente de acordo com o nível de conhecimento do céu que possui. É bom começar por um atlas onde as constelações se reconheçam com relativa facilidade, e que inclua conselhos e técnicas de observação. Mais tarde passa-se para outro atlas mais elaborado e detalhado. Não há perdas de tempo nem sequer do investimento feito, pois os utilizadores de atlas mais avançados recorrem a atlas mais básicos para terem uma panorâmica alargada, de modo a situar bem a região do céu que querem sondar. Por isso, os atlas de diferentes níveis complementam-se.

 

Texto da autoria de GUILHERME DE ALMEIDA

 

 

 

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