Saber para que lado está o Norte, na
observação telescópica, é bem simples. A
descrição pormenorizada encontra-se no nosso
livro "Observar o Céu Profundo" (Plátano
Edições Técnicas) nas páginas 45 a 49.
Independentemente da orientação que o
telescópio e os seus acessórios derem às
imagens, o procedimento seguinte resulta
sempre:
1. Com o telescópio imóvel (desligue
o motor, se o tiver), centrado num planeta
ou numa estrela, vê-se o astro a desfilar
lentamente, até sair do campo de visão. Este
efeito é tanto mais rápido quanto maior for
a amplificação utilizada. Pois bem, as
estrelas, ao desfilarem no campo da ocular,
seguem a direcção Este-Oeste e o seu sentido
é PARA OESTE. Se o astro começar por estar
no centro do campo, o lado por onde ele
desaparece é o ponto Oeste do campo visual.
Conhecida a direcção Este-Oeste, a direcção
Norte-Sul é perpendicular à anteriormente
determinada, como é óbvio. Para decidir qual
dos sentidos é que é para Norte faça o teste
indicado em 2.
2. Rode o comando de movimentos
lentos (em declinação) do seu telescópio, de
modo a que o tubo se mova LIGEIRAMENTE para
Norte, isto é, para o lado da estrela Polar
(também pode destravar o bloqueamento em
declinação e mover a frente do tubo, à mão
LIGEIRAMENTE para norte. O lado por onde
entram novas estrelas no campo é o lado
Norte do campo visual.
3. Os ensaios 1. e 2.
também podem ser feitos com um planeta, por
exemplo, Saturno. Pare o telescópio. Saturno
"foge" para Oeste. Tendo Saturno bem no
centro do campo, mova o telescópio
LIGEIRAMENTE para Norte (muito pouco, para
que se veja para que lado é que o planeta
foge, mas sem o deixar sair todo fora do
campo), o lado do campo para onde ele "foge"
é para Sul, e entram novas estrelas no
campo, pelo lado Norte.
CONCLUSÃO: em vez de estar a tentar
"adivinhar" para que lado (ou lados) é que o
telescópio está a inverter as imagens (isto
é, se elas são direitas, invertidas ou em
espelho), aplique os procedimentos
indicados. Vai ver que resulta. E também
resulta num telescópio montado em montagem
altazimutal, mesmo num telescópio dobsoniano.
Nesse caso, a direcção Este-Oeste
determina-se do mesmo modo; a direcção
Norte-Sul determina-se dando um LIGEIRO
deslocamento no sentido como se fosse para a
Polar (não é crítico se a direcção não for
rigorosamente certa, pois já tem a direcção
Norte-Sul determinada pela perpendicular à
linha que determinou antes). Agora só tem de
decidir qual dos lados é Norte e qual é Sul.
Faça como no caso 2. , deslocando o
tubo à mão (porque o telescópio dobsoniano
não tem eixo de declinação nem eixo polar).
Texto da autoria de GUILHERME DE ALMEIDA
|