Página inicial  Questões  Iniciado  >  Qual é o telescópio ideal?

 

 

O conceito de ideal é demasiado difuso. Quem é que no dia-a-dia tem o carro ideal, o computador ideal, a casa ideal, a aparelhagem hi-fi  ideal, etc. Quem? Porque é que o telescópio que utilizamos deveria ser o ideal?

Cada pessoa terá a sua noção particular de "ideal", que deverá ser o compromisso entre abertura, habitação (tipo e local), viatura utilizada, duração dos tempos livres, liberdade de acção, disponibilidade económica, etc. Uma velha máxima, ditada pela experiência, diz que a probabilidade de que um telescópio venha a ser utilizado (poucas semanas após a compra) é inversamente proporcional à sua abertura ("abertura" é o diâmetro útil da objectiva do telescópio).

A qualidade é o factor mais importante. Mais vale um bom telescópio de 150 mm de abertura que um de 200 mm de qualidade medíocre, ou um de 250 mm de má qualidade. Independentemente do facto de se adquirir um refractor, um reflector ou um catadióptrico, o que é importante é que o instrumento de observação tenha boa óptica e uma mecânica suave, firme e robusta. Devem evitar-se os telescópios-brinquedo. Qualquer telescópio (completo) que se compre, novo, por menos de 400 € é um convite à decepção. E um binóculo, devidamente utilizado, nas mãos de quem conhece o céu, presta grandes serviços.

Um mau binóculo é muitíssimo mais útil que um mau telescópio. Podem crer. 

O "melhor telescópio" é o que se pode utilizar mais vezes, com satisfação, sem nos estarmos sempre a desculpar com o cansaço, condições adversas de uso, ou outras desculpas. Por isso, o "ideal" é o que está mais de acordo com as condições particulares de cada um, e não é nada agradável andar com um Megatelescópio às costas. O ideal para uns pode não ser o ideal para outros, e isso deve ser considerado. Alguns telescópios têm componentes pesados e a sua montagem e desmontagem exigem duas pessoas. Tudo isso tem de ser ponderado. A maior parte das pessoas dão-se quase por satisfeitas com telescópio de abertura entre 80 mm e 200 mm.

No meu caso pessoal, este compromisso conduziu a um telescópio Maksutov-Cassegrain de 150 mm. É claro que, se vivesse num meio rural, gostaria de ter um telescópio maior. Porém, essa opção não se adequa às minhas condições de vida. Se não resistisse à "febre da abertura", podia ter feito uma escolha de impulso, irreflectida, e optado por um Newton de 300 mm, na mesma montagem (Vixen GP-DX). Nesse caso só muito raramente poderia utilizar esse telescópio, que terminaria os seus dias na arrecadação, a apanhar pó. Quem é que quer um telescópio para o utilizar raramente, ou nunca ?

Nem todos têm a tal casinha num local rural e remoto (quem a tiver, pode optar por um telescópio de Newton de 300 mm, ou mais, como dizemos na página 29 do nosso livro "Observar o Céu Profundo".) A maioria das pessoas não tem essas condições.

 

Texto da autoria de GUILHERME DE ALMEIDA

 

 

 

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