Caros amigos/as, na semana passada,
quarta-feira, dia 22 de Janeiro
2003 quando este vosso eterno adorador do
Universo, pelas 19 h 30 min UT (mais ou
menos) foi a Pulo do Lobo (próximo de
Serpa) ficou pasmado com o cone de luz que
irrompia pelo horizonte Sudoeste (mais
próximo de Oeste) até próximo do zénite
percorrendo a eclíptica. Era a reflexão
dos raios solares sobre a poeira
interplanetária. Era magnífica a imagem
resultante do afunilamento entre Via
Láctea e a luz zodiacal. Pareciam dois
braços a abraçar o céu. O leite deixado
por Hera acompanhado da difusa luz solar.
O Universo dá-nos tudo o que a alma
anseia. Cada um de vós tem a sua forma de
inebriar e apreciar o céu. Uns avidamente
tiram instantâneos aos vagabundos
celestes, planetas, e depois processam as
suas imagens e compartilham-nas; outros a
cada dia que passa perseguem as manchas da
anã amarela que nos dirige o nosso
movimento em seu torno; outros anseiam por
seguir
os rastos de luz que cospem línguas de
gelo e poeiras; outros maravilham-se com o
fogo-de-artifício que parece partir de
todas direcções do céu; outros divulgam o
céu; outros vão em busca do saber dos
céus como a minha pessoa mas há um pendor
comum a todos nós: o céu é algo de
inestimável! O património do Universo é
isto: o céu. O céu que perpassa sobre as
nossas cabeças. O nosso céu é uma pequena
janela para outras paragens, outros
caminhos que um dia a Humanidade poderá
vir a alcançar. Nesse dia em que os
terrestres olharem para o "local" que
deixaram para trás, dirão: "Foi ali que
tudo iniciou, que começou o sonho de
conquistar o céu, de alcançar aqueles
borrões de luz que se viam nos primitivos
instrumentos que utilizavam, que o Homem
se sobrelevou pelo seu espírito
empreendedor". Acreditem que me veio uma
lágrima ao canto do olho. Podem julgar o
que quiserem, mas eu sinto algo de muito
especial pelo céu. Tento exprimir isso e
partilhar esse verdadeiro fascínio, mas as
palavras que o Homem inventou apenas o
conseguem fazer tangencialmente.
Também vos quero partilhar que
quando o bom amigo José Matos leu num
curso a que assisti sobre uma frase do
saudoso Carl Sagan me vieram lágrimas
literalmente. Não contei na altura pois
pareceu-me uma tolice. Mas quando começou
a ler uma das páginas "O ponto azul
claro", que é uma das obras-primas de
Sagan (a
meu ver), sobre o sentimento de Sagan
imaginando a partir da sonda Voyager a
olhar para a Terra, não consegui
evitar verter lágrimas (literalmente!). A
frase era mais ou menos do género: "É
ali que estão todos os políticos, os
charlatães, os esfomeados, os vigaristas,
os pobres de espírito, os génios, os
infelizes, os criminosos, os salvadores,
os guerreiros, os pecadores..." etc, etc.
A cada palavra que ele lia mais tomava
noção do quanto pequeno somos nós.
Consciência da nossa pequenez, da nossa
limitação, do ridículo das guerras, do
efémero. Das 6 mil milhões de pessoas que
estão neste mundo a tentar sobreviver e
umas poucas só a terem verdadeira
consciência do nosso verdadeiro lugar no
Universo. Das 6 mil milhões de pessoas que
viverão somente um efémero sopro do tempo
cósmico e ninguém presenciar o apagar do
Universo... das 6 mil milhões de pessoas
que não sabem o porquê de estarmos aqui,
mas acredito que estamos aqui por mero
acaso. Aconteceu apenas, nada mais. Tudo o
que tivermos feito NAS NOSSAS VIDAS vai
deixar de ter significado! Tudo será
votado ao esquecimento! Espero que estejam
a perceber o alcance destas afirmações.
Desculpem, hoje excedi mas não
consegui conter estes pensamentos. Espero
ter conseguido passar a mensagem. Estou
certo que se a entenderam, a irão
comentar. De um rapaz de 27 anos que pouco
significado tem nesta vida.
Um grande abraço universal a todos/as,
|