A espectro-heliografia consiste em construir de forma indirecta uma imagem do sol a partir de um comprimento de onda específico.
O meu espectro-heliógrafo é composto por uma luneta de 85mm, f600mm, diafragmada a f/10, um espectrógrafo Littrow com rede de difracção de 2400 linhas por milímetro, 2 webcams e uma montagem equatorial.
O método é simples: deixar passar o Sol perpendicularmente à frente da fenda do espectrógrafo, parando o seguimento da montagem, enquanto se captura um AVI. Com o programa Iris decompõe-se o AVI em frames. Seguidamente escolhe-se a coluna de pixeis correspondente ao comprimento de onda que se quer ver e executa-se o comando SCAN2PIC. A imagem resultante sofre de deformação devido ao facto de a velocidade de captura ser diferente da velocidade sideral (não é um verdadeiro drift scan), pelo que correcções geométricas são necessárias. Embora este método dificilmente permita imagens de grande perfeição, deixa ao nosso dispor a possibilidade de estudarmos o Sol em todos os comprimentos de onda no visível. A figura à esquerda mostra como se constrói a imagem solar a partir dos vários frames. A linha em questão é a de CaH, e a risca negra horizontal no espectro corresponde, neste frame, à mancha solar.
A imagem à direita mostra a linha de Ha devida à cromosfera. Esta linha parece de absorção no disco solar mas de emissão no limbo, onde se vê uma protuberância. No entanto, a linha de absorção deve-se essencialmente à camada exterior da fotosfera, mais fria. Sendo a cromosfera mais quente que a fotosfera, existe emissão em Ha, mais ténue, sobreposta à linha de absorção. Esta parte de frame pertence à primeira imagem da galeria, e corresponde à protuberância que se vê às 8h.