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O que provoca a Poluição Luminosa ?
A poluição luminosa é provocada por diversos agentes, de várias ordens e origens. Podemos pensar nela, assim como em qualquer tipo de poluição, como sendo um mal com origem profunda no progresso do Mundo Moderno.

O progresso das tecnologias, é em muitos casos de louvar e é bom para o Mundo, pois permite às pessoas obter melhor qualidade de vida, mas traz alguns senãos, como sendo as diversas formas de poluição.

Este tipo de poluição, a luminosa, que abordamos aqui, deve-se à necessidade de iluminação nocturna existente nas nossas cidades e vilas. Em todo o lado, é necessário iluminar as ruas, passeios e avenidas, de forma a que, à noite, possamos andar descansados pelas nossas cidades e vilas. Apesar de tudo, isso por si só não chega, mas não é isso que interessa falar aqui. Esta necessidade legítima e premente do mundo moderno, provoca que a luminosidade artificial das cidades seja altamente elevada, provocando a chamada poluição luminosa, como aliás já vimos.

O problema é que a iluminação nocturna é realmente necessária, por motivos de segurança e bem-estar. Até em termos estéticos e urbanísticosé importante. Se assim é, não podemos, nem de modo algum queremos, acabar com a iluminação nocturna, pois precisamos dela. Não se pretende com isto, acabar com todas as luzes nocturnas, mas sim alertar que este problema pode ser controlado de uma forma fácil, com grandes retornos, pois a poluição luminosa é um tremendo desperdício energético, logo tem repercussões económicas. Assim, menos poluição luminosa, menos gastos energéticos. Existem várias soluções, que abordarei mais à frente.

O problema inerente à iluminação é que ela é mal feita e mal pensada, daí que essas sejam as principais razões para ser denominada poluição. As nossas cidades têm dispositivos de iluminação que fazem de tudo, desde apontar para todo o lado menos para o chão, até estarem apontados literalmente para os passarinhos. Desta forma o céu fica poluído de luz, tapando as maravilhas que tem para oferecer.

A poluição luminosa é por isso, provocada pela má utilização dos dispositivos de iluminação ou pela utilização de dispositivos errados, ou ainda por motivos estéticos discutíveis. Toda a luz que se perde na iluminação nocturna, escapando-se para o céu, vai acabar por dar uma luminosidade extra ao céu, tornando-o mais claro, escondendo as constelações e as estrelas. Muitas das nossas crianças, hoje em dia, nunca viram a Via Lactea...Isto é uma perda enorme cultural para a sociedade.

Vejamos o caso dos monumentos. Quase na sua generalidade, são iluminados de baixo para cima, muitas vezes com projectores de potências muito elevadas. Parte da luz enviada fica-se pelo objectivo esperado, que é iluminar o monumento, mas uma grande parte perde-se para o espaço, desperdiçando-se. Depois há as pontes, painéis de publicidade, árvores, jardins, enfim, um sem número de coisas e locais em que se aplicam iluminações “estúpidas” que desperdiçam energia e poluem o céu. Existem vários tipos de lâmpada, e uns são piores que os outros, o que ainda agrava mais a situação, para além das potências que variam desde os 70W até aos 400W ou mais.

Nas nossas estradas, é onde podemos ver mais exemplos de má iluminação. Ele há iluminação insuficiente por falta de potência, ele há iluminação insuficiente por mau direccionamento, ele há candeeiros encandeantes. Mas nos jardins públicos, quantos deles não têm aquelas luzes redondas no chão, que iluminam a 90º ? Ou aqueles lampiões esféricos que iluminam para todos os lados? Ou aqueles que só iluminam para cima? Só exemplos de desperdício e poluição. Há ainda o problema que é causado pela iluminação mal direccionada. Usam-se potências elevadas, para iluminar mais, mas como a direcção não é a melhor, vem luz directamente para os nossos olhos, fazendo a pupila dos olhos fechar-se, o que origina uma visão mais deficiente. E se toda essa luz estivesse direccionada para o solo, onde realmente é necessária?

O problema é causado pela má escolha de equipamentos de iluminação urbana e pela má escolha das lâmpadas que os equipam. Temos 3 tipos principais de lâmpadas que são usadas hoje em dia, na iluminação pública: as lâmpadas de vapores de mercúrio (que dão aquela luz branca), as lâmpadas de vapores de sódio a alta pressão e as de baixa pressão (que dão aquela luz alaranjada, tão comum nos dias que correm). As lâmpadas de emissão contínua, como as incandescentes, emitem em todo o espectro luminoso (do infravermelho ao ultra-violeta) e as parcialmente contínuas, como as de vapores de mercúrio e vapores de sódio a alta pressão, são sem dúvidas as piores. Depois existem as de vapores de sódio a baixa pressão, que são de emissão discreta, só emitindo em algumas linhas das cores do espectro, estas sem dúvida, são as melhores.

Mas acontece que a maioria das lâmpadas usadas hoje em dia, é de vapores de mercúrio (muito poluentes) e de sódio de alta pressão (também bastante poluentes, embora menos que as de mercúrio), que quando em conjunto, o seu efeito poluente combinado é desastroso. Depois existem candeeiros inclinados, redondos, ovais, com lâmpadas expostas, enfim, uma miríade de coisas mal feitas e mal pensadas, que contribuem para uma iluminação não inteligente, ou seja, estúpida.

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