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Pode-se fazer algo por este problema ?

Claro que sim! É só uma questão de se abrirem os olhos, por assim dizer. Como já vimos anteriormente, os problemas da poluição luminosa extendem-se por vários campos, não dizendo respeito somente aos astrónomos. Vimos que afecta o meio-ambiente de várias formas, desde a poluição inerentes ao aumento da necessidade de maior produção energética, aos desequilíbrios que provoca nos habitats dos animais nocturnos. Todos sabemos que iluminar as cidades é preciso, mas é preciso iluminar as cidades à noite e não a noite das cidades, o que é uma coisa completamente diferente.


Nos dias que correm, os recursos energéticos são cada vez menos abundantes, por isso estaria na altura de se começar a pensar em alternativas viáveis, úteis, inteligentes e eficientes. Um ponto de partida seria a economização de recursos, viabilizando assim, uma melhor gestão de recursos energéticos.

Para iluminar as ruas, não é necessário iluminar os aviões ou os passarinhos. Com menores potências, lâmpadas mais económicas e equipamentos de iluminação mais inteligentes, a factura anual das autarquias e do estado, logo também a dos contribuintes e munícipes, baixaria. E tudo isto sem perda, até com ganho de qualidade de iluminação nas ruas das nossas cidades.

Para aqueles que dizem ser incomportável a substituição do parque de equipamentos urbanos de iluminação, tenho algumas respostas para eles. Seria incomportável, sim, se não houvesse retorno do investimento. Com a troca, os consumos baixariam e o gasto de energia, em euros, baixaria. Logo aí, estaríamos a ter retorno do investimento. Mas ainda há mais...Não é necessário substituir todos os equipamentos urbanos. Há vários “upgrades” que se podem fazer nos actuais equipamentos, que para além de serem muito baratos para se efectuarem, são muito eficientes. Em alguns casos bastam umas palas e a troca de uma lâmpada, para se passar a ter um lampião “inteligente”. Já agora, a UEFA pediu a Portugal, 6 (seis) estádios para a realização do Europeu de futebol em 2004. O nosso país disse que não senhor, que iríamos apresentar 10 (dez) estádios...Esse dinheiro, dos 4 estádios extra, vai ter retorno? Mesmo que tenha, não teria sido melhor aplicado no melhoramento das iluminações urbanas, de modo a baixar a factura anual de electricidade e melhorando o meio ambiente? Ainda há outros focos de problema onde esse dinheiro deveria ter sido aplicado, mas esses estão fora do âmbito deste texto.

As autarquias têm muitas culpas a apresentar no cartório, mas nós, o cidadão comum também temos a nossa quota parte de culpas. Porquê? É fácil. Basta pensar que muitas vezes vamos na estrada, à noite e somos encandeados por lampiões mal direccionados, esbanjadores e estúpidos, que enviam luz em todas as direcções, prestando um péssimo serviço a quem é seu utente (neste caso, os condutores), e nunca nos preocupámos com isso...Seguimos viagem e rapidamente esquecemos o facto. Se todos reclamassemos dessas situações, de certo acabariam por ser revistas. Há vários casos assim, que viram as suas reclamações atendidas. Basta que se seja pertinente e educado, perseverante e muitas vezes conseguem-se coisas interessantes.

Depois, há as nossas casas. Os jardins, à noite são interessantes iluminados, ou até mesmo as nossas casas. É verdade, mas o efeito é meramente estético. Porque não fazer ao contrário? Iluminar as nossa moradias, sim senhor, mas de cima para baixo? O efeito estético está lá, se calhar até melhorado. Ou então, desligar as luzes a partir de uma certa hora...A solução ideal seria iluminar de cima, e desligar as luzes a partir de uma dada hora. Este principio deveria ser utilizado na iluminação pública de monumentos, pontes, etc. Pelas razões que já foram expostas aqui neste texto.

Por outro lado, uma melhor orientação de base, aplicada à sociedade, poderia vir também ajudara diminuir este problema. Se nas escolas, fossem transmitidos aos alunos, futuros cidadãos deste Mundo, o que é a poluição luminosa e quais são os seus malefícios, o seu impacto ambiental e cultural, de certo que se iriam formar pessoas com uma consciência mais alargada para este tipo de problema, e com vontade de o combater. Os futuros ministros e presidentes de câmara, estão hoje nas escolas, e um dia chegarão lá. As escolas, assim como os pais, são importantíssimos na preparação das pessoas para a cidadania...Desta forma, poderia ser uma arma, aliás deveria ser, uma arma contra não só a poluição luminosa, mas também contra todos os males sociais de hoje em dia. É difícil, mas sinto que se faz muito pouco.

No nosso país, muito pouco se houve falar de acções contra a poluição luminosa. Por isso espero que consiga dar uma pedrada no charco com este texto. Espero conseguir avivar a vontade das pessoas em combater este tipo de coisa, em tornarem-se activos cidadãos que zelam pelos seus interesses, atentos ao que os rodeia.

Mas voltando às soluções...Podemos abordar alguns pontos distintos, que servirão de solução ou melhoramento deste problema:

1. Substituição de equipamentos de iluminação;
2. Conversão/aproveitamento dos equipamentos actuais;
3. Melhor gestão do sistema de iluminação pública;
4. Revisão dos conceitos paisagísticos e urbanos, que levam muitas vezes a escolhas erradas de equipamentos;
5. Sensibilização do público em geral para esta problemática;
6. ...

Se todos nós fizermos um pouco, outros virão fazer mais um pouco. Se todos estes “poucos” se juntarem farão um “muito”. Se muitos remassem contra a maré da mesma forma, as opiniões e ideias ganhariam mais força e talvez se começasse a assistir a mudanças neste panorama.

Estarei a ser um pouco lírico, ou até utópico, mas é a melhor forma que eu encontrei de vos motivar para esta problemática. Claro que cada um é livre de fazer o que bem entender, e que possa estar a colocar em saco roto, mas ainda assim faço-o. Sabem porquê? Porque acredito que vale a pena lutar pelas convicções. Se mais não posso fazer, exponho as minhas opiniões e ideias e espero que outros gostem delas e que comecem a fazer o mesmo, se assim não for, ao menos sei que fiz a minha parte.

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