Astronomia e Astrofotografia por Luís Ramalho  
 
 













 

 


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© Luís Ramalho
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SISTEMA DE DECLINAÇÃO DO MEADE LX 200 10"

Motor de declinação do MEADE LX 200

 

AFINAÇÃO DO SISTEMA DE DECLINAÇÃO

Imagem 1. Clique para ver uma imagem maior.


O modelo Meade LX 200 10" f10 que possuo veio de fábrica com dois problemas no sistema de declinação que sempre me provocaram algumas dúvidas sobre se não afectariam o bom funcionamento do telescópio, nomeadamente na precisão do "pointing".


A imagem 1 mostra o lado direito da montagem de garfo do LX 200 onde se encontra instalado o motor de declinação. Na parte central vê-se o parafuso de declinação, o qual deve estar apertado quando o telescópio está em funcionamento.



Os problemas referidos diziam respeito, primeiro, ao movimento muito preso do tubo do telescópio em declinação e, segundo, à existência de folgas que originavam movimento do tubo mesmo após o aperto do parafuso de declinação. É provável que estas folgas provocassem a perda de precisão do telescópio quando se apontasse aos objectos celestes.

Imagem 2. Clique para ver uma imagem maior.

Na imagem 2 é possível ver, depois de ter sido retirada a tampa, o motor de declinação e a roda dentada que transmite o movimento do motor ao eixo e ao tubo do telescópio. Sempre que o parafuso central se encontra apertado, a roda dentada, a qual está sempre em contacto com o sem-fim do motor de declinação, fica solidária com o eixo e o movimento do motor transmite-se ao tubo.

Pode ver aqui um vídeo em formato AVI (446 Kb) mostrando o motor de declinação em pleno funcionamento.

 


Como se pode ver, o aperto do parafuso de declinação faz-se sobre uma roda de metal que se encontra simultaneamente sobre a roda dentada e o eixo de rotação do tubo, que não é visível na imagem por estar por baixo.

Imagem 3. Clique para ver uma imagem maior.A roda de metal está montada em dois pequenos veios -que se vêem claramente na imagem 3- e que se encontram solidários com o eixo de rotação do tubo.

O primeiro problema enunciado, isto é, o movimento muito preso do tubo do telescópio estava relacionado com o aperto excessivo daquela roda de metal sobre a roda dentada (veio assim de fábrica). Mesmo desapertando totalmente o parafuso de declinação, a roda de metal não aliviava a pressão sobre a roda dentada, o que originava um movimento pouco leve do tubo e exigia um certo esforço na sua movimentação. Provocava, também, dificuldades acrescidas no momento em que se pretendia apontar o telescópio manualmente aos objectos celestes.

Bastou apenas uma pequena chave de fendas e umas leves pancadas, para fazer deslocar para fora sobre aqueles pequenos veios a roda de metal central, aliviando a pressão sobre o eixo de rotação do tubo e a roda dentada. O movimento do tubo em declinação passou logo a funcionar de um modo muito leve e "fluido".


Imagem 4. Clique para ver uma imagem maior.
O segundo problema, consubstanciado na existência de folgas em declinação, mesmo após o aperto total do parafuso de declinação, não estava ainda resolvido.

Continuei a deslocar para fora sobre os dois veios a roda central de modo retirá-la completamente. Nesta fase já não sabia
o que poderia acontecer a seguir. O pior desenlace possível era deixar cair o tubo do telescópio ao chão e, provavelmente, encomendar um novo.

Resolvi arriscar!



Imagem 5. Clique para ver uma imagem maior.



Com muito cuidado, e fazendo levantar a roda de metal central com pequenas pancadas em toda à volta, finalmente ficava visível o eixo de rotação do tubo.

Como se pode ver nas imagens 4 e 5, o eixo, para além dos dois pequenos veios onde encaixa a roda central, tem ainda dois parafusos de cabeça sextavada. Constatei logo que estes dois parafusos estavam desapertados (mais uma falha de montagem).

 

 


Este facto originava a existência de folgas no movimento em declinação do tubo, apesar do parafuso de declinação estar totalmente apertado. Este parafuso aperta a roda de metal central, que por sua vez aperta a roda dentada (solidária com o motor de declinação) e o eixo de rotação do tubo. Ora, como os dois parafusos sextavados existentes no eixo não se estavam apertados, o tubo não se encontrava totalmente solidário com o respectivo eixo. Daí as folgas em declinação do tubo do telescópio.

Imagem 6. Clique para ver uma imagem maior.Bastou apertar (imagem 6, ao lado) os dois parafusos para resolver o problema !

Agora o telescópio funciona de maneira absolutamente inexcedível. Tem um movimento em declinação suave e preciso e sem qualquer folga.

Com este pequeno arranjo, evitei concerteza muitos meses de inactividade que poderia resultar se eventualmente acabasse por decidir enviar o telescópio à fábrica.


Moral da história: Quem não arrisca não petisca!

Luís Ramalho
Setembro 2002