Brightstar Spacewalker de 20 cm

Características

Incluídos com este telescópio além das tampas para o buscador e tubo para evitar a entrada de pó, vêm duas oculares do tipo plossl de 9mm e 25 mm, um buscador de 6x30, e uma peça para colimação "Aligne". Também vêm incluídas as ferramentas e folheto para a montagem da base e tubo óptico. No meu caso só adquiri o tubo e a montagem Dobson, não podendo atestar a características destes acessórios. O seu preço ao público é de 150 contos com IVA incluído e é vendido pela Brighstar mas já o vi à venda em lojas FNAC e na Astrofoto.

A embalagem

Brightstar SpacewalkerEste telescópio vem convenientemente embalado em duas caixas de cartão grosso: uma que aloja o tubo óptico usando esferovites de suporte, e outra que traz a montagem que é em "serradura prensada" folheada a plástico negro que tem de ser previamente assemblada, portanto será necessário um pouco de "bricolage".

A assemblagem

Brightstar SpacewalkerO tubo óptico não necessita de assemblagem adicional, e já vem previamente colimado pela Brightstar, sendo só necessário montar o apontador 6x30 e sua base nos dois orifícios já feitos.
A base é constituída por duas rodelas de madeira (serradura prensada) que rodam uma por cima da outra tendo três pedaços de teflon para uma movimentação suave e precisa. A assemblagem não requer perícia em especial, e não mais de um quarto de hora a montar. Seguindo o conselho do Pedro Pereira (da Brightstar) coloquei um pequeno feltro no parafuso central para um melhor apoio dos pratos, (era preferível teflon). Esta assemblagem só é executada uma vez.

O Tubo óptico

Brightstar SpacewalkerO tubo óptico é construído em chapa metálica negra reforçado com anéis (de material incógnito não magnético) nas extremidades, sendo o seu interior revestido por uma tinta preto fusco para minimizar as reflexões.
As suas dimensões são de 117cm de comprimento com um diâmetro total de 24 cm e pesando cerca de 8 kg (segundo a balança da casa de banho).

Brightstar SpacewalkerA célula de suporte do espelho primário é feita de metal com e tem três parafusos relativamente grandes de colimação com mola, tendo adicionalmente mais outros três parafusos (mais pequenos) que ajudam a fixar a colimação.

A colimação aguenta-se muito bem, tendo em conta eu ser algo descuidado com o telescópio, batendo-o às vezes em paredes, portas etc. e especialmente as viagens de carro em que vai no banco de trás um pouco à solta.

Brightstar SpacewalkerDe notar que o tubo é completamente fechado, não havendo outra entrada de ar que não seja a abertura da extremidade oposta. Embora tal possa de algum modo atrasar a estabilização do telescópio, julgo que, depois de o ter utilizado diversas vezes em noites que a humidade fazia literalmente escorrer água pelo tubo, o espelho primário manteve-se sempre seco.

O relativamente pequeno espelho primário talvez não necessite de grande ventilação para estabilizar apesar de não ser de Pyrex. Só uma única vez detectei noticiáveis "correntes de tubo", mas para tal acontecer é preciso haver um grande diferença de temperatura. O tempo de estabilização é inferior ao do ETX90.

Brightstar SpacewalkerO espelho secundário é segurado com uma sólida aranha em metal de 3 veios (em metal ) tendo também 3 parafusos de colimação. Os veios têm uma espessura de cerca de 3 mm que talvez pudessem ser mais finos de modo minimizar os efeitos nos anéis de e consequentemente na aparência das estrelas mais brilhantes que não ficam tão "redondinhas".

Brightstar SpacewalkerO focador de 1.25" é robusto, suave e preciso. Até ao momento (algumas dezenas de horas de uso) ainda não surgiram folgas ou outros problemas causados pela a utilização.

Brightstar SpacewalkerO tubo do focador tem um curso de cerca de 8cm e foi possível focar com todas as oculares que possuo com e sem Barlow. Tem também um parafuso que permite regular a suavidade do focador.

O porta-oculares embora com oculares inseridas não tenha praticamente folga nenhuma, com o colimador cheshire a folga já é notável , tornando a colimação com essa ferramenta quase impossível. A culpa poderá ser também da cheshire.
A melhor maneira de para colimar continua a ser as estrelas e de preferência com duas pessoas, para evitar o vai-vem tradicional para um tubo deste tamanho.

A montagem Dobson

Brightstar SpacewalkerA caixa da montagem Dobson é feita de madeira prensada e para todos efeitos suficiente forte e estável para suportar o peso de um tubo de 20cm. Tem ainda uma pega para transporte. Pesa cerca de 10 kg.

Um dos "defeitos" deste tipo de montagem nestas dimensões está relacionado com a altura do tubo em relação ao solo. Para adultos torna-se necessário inclinar para se conseguir observar, sendo necessário para ter algum conforto um banquinho para se sentar de modo a ter os olhos mais ou menos ao nível da ocular, ou então arranjar uma base sólida (bem sólida pois o conjunto pesa cerca de 18 kg) para colocar o telescópio numa posição mais elevada. O tubo assenta nos apoios da montagem que por sua vez tem uns bocados de teflon que permitem um suave deslize do tubo em altitude (cima/baixo).

Brightstar SpacewalkerNo caso de utilização de oculares mais pesadas (ex:Televue), o tubo tem tendência a ser pesado "de nariz", que se pode resolver temporariamente colocando fita-cola sobre os pedaços de teflon que estão na base de apoio de modo a aumentar um bocado a fricção, ou mais definitivamente com um sistema de pesos que a Brightstar disponibiliza e que nesta altura ainda não tenho instalado.

O tubo ainda dispõe de dois furos suplementares mais à frente no tubo que permitem mudar o seu centro de gravidade de modo a compensar o peso no nariz, especialmente quando se adiciona um buscador de 50mm e o Quickfinder. O inconveniente é que a mudança dos apoios do tubo tubo requere alguma perícia e desmontagem parcial do telescópio (por exemplo o espelho secundário), o que nesta altura era abrir uma "lata de minhocas" que não queria abrir.

Na sua generalidade esta montagem é bem confortável de usar, sendo suave tanto em movimento azimutal como em altura, sem quaisquer barulhos ou solavancos, mesmo depois de algumas dezenas de horas de utilização. Está adequada ao tubo que suporta.

Ópticas

Brightstar SpacewalkerAs especificações dadas pelo fabricante/representante afirmam que o espelho primário tem um erro de 1/8 de onda, que pode-se dizer que é um erro de onda standard para telescópios nesta gama de preços (e até mais caros).

No "star-tests" que efectuo sempre que utilizo o telescópio não me pareceu que o(s) espelho(s) tivesse algum defeito óptico notável aos meus inexperientes olhos, tal como astigmatismo (estrelas em cruz), "pincushion" (espelho demasiado apertado) ou sub-correcção notória.

Embora não tenha a certeza que o telescópio esteja perfeitamente colimado, o que é diferente de espelhos alinhados entre si, as imagens e correspondente brilho são aquelas que eu esperaria observar num telescópio de 20cm.

Utilização e Setup e algumas dicas

Brightstar SpacewalkerEste telescópio vence qualquer outro em tempo de "setup" - tubo óptico debaixo do braço, montagem na outra mão - ir para o local de observação e pousar a montagem - colocar o telescópio na montagem e já está, é só utilizar. Não é preciso alinhar, nivelar, apertar ali, estender acolá etc.. Simples mais simples não há.......

Mas existe o reverso da medalha, este tipo de montagem é totalmente manual, os movimentos do tubo são simples: Para cima e para baixo e da esquerda para direita que a que se chama movimentos altazimutais.

Torna-se praticamente impossível utilizá-lo sem que o observador não tenha umas noções básicas de como se orientar no Céu (por exemplo: reconhecer algumas constelações e estrelas) e como encontrar os objectos a observar. A imagem invertida de cima para baixo e da esquerda para a direita também não ajuda muito.

Será então necessária a companhia de um bom Atlas e um bom manual de observação como por exemplo estes: Sky Atlas e Observar Céu Profundo. Com algum esforço e dedicação, e em algumas horas, mesmo o mais iniciado já terá conseguido observar meia dúzia de objectos.

Nota: uma boa adição que irá ajudar imenso é a de um apontador de amplificação 1x com projecção de círculos ou pontos iluminados como o Quickfinder da Rigel ou EZ-Finder da Orion ou ainda o Telrad. Pessoalmente, acho bastante complicado e demoroso apontar qualquer telescópio (com excepção de GOTOs) sem um apontador deste género.

Sob as estrelas...

Já tive ocasião de observar umas boas dezenas de objectos de todos os tipos e feitios, e na sua globalidade todos os que estavam ao alcance da sua abertura eram bastante satisfatórios: Resolução de uma boa parte dos enxames globulares de Messier, detalhes em galáxias como a Messier 51, Messier 104 entre outras, muito boas imagens de Marte durante a oposição embora fosse necessário filtro pois era demasiado brilhante. Todos as "jóias" de Messier como a Messier 57, Messier 13, Messier 27, Messier 8 e Messier 31 ofereceram imagens muito gratificantes. Na Lua consegue-se ver mais detalhe que o ETX90.

Apesar do meu local habitual de observação ser bastante húmido, a condensação nunca atacou as ópticas mesmo com o tubo a literalmente a escorrer água.

Algumas futuras modificações e melhoramentos

Para equilibrar o tubo consoante o peso da ocular arranjei um pequeno íman de telemóvel que faço deslizar ao longo do tubo para finas compensações. Fazer uma pequena extensão de 10 a 15 cm para colocar na abertura do tubo de modo a impedir a entrada de luzes parasitas, e portanto aumentar o contraste.

Conclusão

È a partir desta medida de abertura que muitos dos objectos astronómicos começam a revelar as suas verdadeiras características e detalhes, e este Brightstar mostra-as com qualidade suficiente e satisfatória. Tem boa qualidade de construção e materiais adequados, e para esta gama de preços pode-se dizer que é excelente. Apesar que na minha opinião pessoal as estrelas não serem tão aprazíveis como as que o meu ETX90 mostra, a abertura deste telescópio mostra o que nenhum ETX (90 ou 125) poderá alguma vez mostrar.

Embora a utilização de telescópios manuais "obrigue" a ter um céu de pelo menos 4 de magnitude limite para ser mais fácil saltar de estrela em estrela e por conseguinte apontar para objectos mais complicados, de todo isso significa que não se possa utilizá-lo em qualquer céu. Quanto menos estrelas observáveis no céu mais difícil e apontar.
Mas um 20 cm já merece ter uns céus escuros para mostrar o que vale.

Tendo em conta o peso e tamanho e "incómodo" de andar com telescópio de um lado para outro, pode-se dizer que este telescópio está no limite do transportável, quer em automóveis utilitários (na bagageira ou banco de trás), quer por transporte pessoal (conseguir levar o telescópio todo de uma vez).
Em termos absolutos (preço/qualidade) recomendo este telescópio.