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É UMA SUPERNOVA

 

10 de Abril 2003 - Os cientistas descobriram que uma das explosões de raios gama mais brilhantes de que há registo é também uma supernova. É  a primeira evidência directa que liga estes dois tipos de explosão, ambos desencadeados por morte de uma estrela maciça.

 

O satélite High-Energy Transient Explorer da NASA detectou inicialmente a explosão a 29 de Março de 2003, na constelação Leo. Durante mais de 30 segundos, a explosão iluminou intensamente todo o Universo em raios gama.

 

Direita: O pós-brilho de 13ª magnitude de 29 Março 2003, causado pela explosão de raios gama, foi captado na baixa bem iluminada da cidade de Tóquio.

 

Duas horas mais tarde, o brilho óptico da explosão ainda se mantinha uns milhares de biliões de vezes mais luminoso que o Sol. Embora a bola de fogo estivesse a cerca de 2 milhares de milhões de anos-luz de distância, ainda assim foi suficientemente brilhante para ser detectada por pequenos telescópios na Terra. Observadores do céu no Japão, por exemplo, não tiveram problemas em fotografar o brilho a empalidecer usando um telescópio de 12" no Tokyo Institute of Technology.

 

No Arizona, os astrónomos apontaram o Multiple Mirror Telescope no Monte Hopkins na direcção da explosão dos raios gama e rapidamente detectaram os sinais identificadores de uma supernova. Os cientistas não podem ainda determinar o que veio primeiro, a explosão ou a supernova, mas o mesmo evento, a explosão de uma estrela, foi certamente o que desencadeou ambos.

 

"Já não devem restar dúvidas para ninguém que as explosões de raios gama e as supernovas estão ligadas," afirmou Thomas Matheson de Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, Massachussetts, e um membro da equipa que fez a descoberta. Os colegas de Matheson incluem Peter Garnavich de Notre Dame and Krzysztof Stanek de CfA.

Esquerda: A explosão de raios gama de 29 de Março de 2003 durou cerca de 50 segundos.

 

As explosões de raios gama são as mais poderosas do universo e elas provavelmente assinalam o nascimento de buracos negros. As erupções ocorrem em locais aleatórios dispersos no céu. Poucas duram mais do que um minuto, o que as torna difíceis de estudar.

 

Uma supernova é a explosão de uma estrela pelo menos oito vezes tão maciça como o Sol. Quando tais estrelas esgotam o seu combustível nuclear, elas não têm mais energia para suportar a sua massa. Os seus núcleos implodem, formando ou uma estrela de neutrões ou, se tiver massa suficiente, um buraco negro. As camadas "superficiais" da estrela expandem para o exterior, formando os modelos coloridos típicos dos remanescentes de supernovas.

 

Observações prévias, em particular do observatório de raios-X CHANDRA, têm fornecido evidência indirecta convincente da ligação de erupções de raios gama / supernovas. O observatório CHANDRA detectou ferro e outros elementos pesados, que se formaram nas supernovas, na vizinhança das erupções de raios gama.

 

Mas esta última erupção forneceu uma ligação directa: a própria luz do pós-brilho exibe os mesmos padrões que a luz vinda de uma supernova. Nomeadamente, os cientistas notam mudanças na luz absorvida por átomo de ferro e de silício forjados na supernova, à medida que o pós-brilho empalidece lentamente. A equipa de Matheson continua a observar e a analisar esta erupção única.

 

Direita: HETE detectou a erupção de raios gama a 29 de Março e continua a procurar outros.

 

"Vários observatórios, e ainda mais observadores, estão agora a estudar este evento," disse Don Kniffen, na sede da NASA, Washington. "Nós temos procurado uma ligação directa há décadas e finalmente conseguimo-la," afirmou ele.

 

 

"Todas as erupções de raios gama podem estar associadas a supernovas que são demasiado pálidas para serem observadas," diz Matheson. A erupção de 29 de Março, chamada GRB 030329 foi uma das mais próximas da Terra. Estava a aproximadamente 2 milhares de milhões de anos-luz de distância, enquanto que outras erupções localizavam-se a mais de 10 milhares de milhões de anos-luz de distância. Esta erupção deu-se relativamente próxima da Terra e foi muito brilhante, daí que a supernova tenha sido detectável... e o elo perdido foi finalmente encontrado.

 

LINKS

 

The High Energy Transient Explorer  da MIT. A HETE é um pequeno satélite científico desenvolvido para detectar e localizar erupções de raios gama. As coordenadas das erupções de raios gama (Gamma Ray Bursts) detectadas pela HETE são distribuídas a observadores interessados após alguns segundos da detecção da erupção, permitindo assim observações detalhadas das fases iniciais das GRBs.

GRB030329  página relativa à erupção de raios gama em Leo a 29 de Março de 2003. Veja também as Imagens do pós-brilho a partir de Tokyo Tech.

Direita: O Multiple Mirror Telescope no Arizona.

Quase duas dúzias de cientistas usando o Multiple Mirror Telescope no Mount Hopkins, Arizona, obtiveram os dados que são descritos neste artigo. Quando a erupção foi descoberta, os astrónomos a quem competia usarem o MMT concordaram observá-la aproveitando a oportunidade em colaboração com Garnavich, Matheson e Stanek.

Raios gama: What is a gamma ray burst? (GSFC); A Slow Explosion (APOD); Hyperactive supernovas (GSFC).

 

 

 

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