Página inicial  Eventos  >  Olhai, olhai para os céus!  >  Arquivo 2002  >  Outubro 2002

 

 

Observação 05/12/2001   25/10/2002   Observação 26/10/2002

 

 

 

 

    Antes do relato segue a costumeira apresentação num registo de observação:

 

     Local: Vila Nova de São Bento. Lat: 37,9170º N - Lon: 7,4170º O. No interior da vila... nas traseiras da casa.

 

     Data: 25 de Outubro 2002

 

     Hora: 02 h 15 min - 03 h 15 min UT

 

     Magnitude zenital11,71 no dobsoniano BrighStar modelo SpaceWalker 8" (20 cm)

 

    Condições luminosasA par da poluição luminosa natural "gentilmente" cedida pela Lua, contava-se ainda com a ajuda "amigável" dos postes de iluminação a Sudoeste do pátio.

 

     Condições atmosféricas: Antoniadi II. Céu transparente e estável. Boas condições, mas não excepcionais.

 

    Condições locais: Obstrução do horizonte para Norte, Oeste e Sudoeste. Acessível só a partir de Este, Sudeste e Sul.

 

     Temperatura: 18 ºC

 

   Equipamento: Telescópio dobsoniano com montagem altazimutal (simplificada) da BrightStar (modelo SpaceWalker) f/6 de  8" (200 mm = 20 cm) com Quickfinder; ocular Plössl 25 mm; ocular Plössl 9 mm; livro "Observar o céu profundo" de Guilherme de Almeida e Pedro Ré; programa de computador Starry Night Pro v3.0;  cadeira de cozinha...

 

      Técnicas utilizadas: Visão lateral, método de localização " de estrela em estrela" – as habituais.

 

 

 

     Calma mas timidamente avançam os dias... a noite, a cada dia que passa, a crescer em grandeza - à medida que a Lua vai desvanecendo o seu brilho feroz - a adicionar gradual e crescentemente os pequenos pontos de luz que fazem vibrar o astrónomo (passados três anos depois do despertar da mente para a Astronomia, julgo que a admiração e o espanto são cada vez mais crescentes), torna-se mais apetecível estudá-la. À medida que a Lua lá no alto vai aparecendo cada vez mais tarde, a noite, nos arredores de Vila Nova de São Bento, é um presente magnífico para o ser humano. Amigos, os céus daqui da região são fabulosos. De fazer cair o queixo até o mais insensível! :))) Não há nada melhor, em Portugal, que os céus alentejanos, salvo raras excepções (no cimo de algumas serras, entre outros poucos). Se houvesse um património mundial dos céus, os arredores da Vila Nova de São Bento; os locais próximos do Pulo do Lobo (a 20 km aproximadamente de Serpa) seriam potenciais candidatos.

     Na noite de 25 de Outubro com a Lua na fase de segunda giba (fase entre Lua cheia e quarto minguante/decrescente), observei poucos objectos do céu profundo mas com vagar. Uma nota curiosa: é costume dizer-se que a Lua é mentirosa... Quando está com a "letra C" (quarto minguante) dá a impressão que vai crescer, isto é, à medida que os dias passam vai passando para a fase de Lua cheia, mas é precisamente o contrário o que se verifica. O mesmo para a "letra D" (fase de quarto crescente) em que dá a impressão que vai decrescer, no entanto, a Lua vai "crescendo" que é o mesmo que dizer que encaminha para a fase de Lua Cheia. Ora a Lua pode ser mentirosa no Hemisfério Norte, mas no Hemisfério Sul, já é verdadeira, sincera, lhana! :)))  Na verdade, quando está com a "letra C" está mesmo a crescer, e com a "letra D" vai decrescendo! Hipocrisias da Lua... No Equador é que é mais engraçado... mas isso fica para uma próxima.

 

     Continuando com o relato da observação....  Na sessão de hoje - 25 Outubro 2002 - delineei em papel o enxame aberto M45 = Plêiades tendo comparado, depois da sessão, com o Starry. Constatei que anotei uma estrela com magnitude visual aparente de 11,71 o que não é nada mau, dada a presença da Lua e sabendo do limite teórico da magnitude limite que é possível com o dobsoniano 8" (20 cm) que é, de uma forma realista, cerca de 12,9. Fiz passagem por um dos meus objectos favoritos: NGC 1981 ao qual tive a ideia de designá-la como a Pequena Cassiopeia. Próximo observei também NGC 1977 (a Sul de NGC 1981) e a famosa Nebulosa de Orion que, apesar da Lua, era perfeitamente visível a cor esverdeada característica da nebulosa. Nas fotografias, devido à sua diferente sensibilidade, regista a nebulosa como sendo vermelha.

     Também pude observar M35 e M41 que se encontravam muito prejudicados pela poluição luminosa natural (a par das luzes que existam à volta do pátio...) mas nada impeditivo de se poder apreciar a sua beleza.

     Uma das vistas que mais me impressionou na noite foi observar Betelgeuse na ocular Plössl de 9 mm. Um belo tom avermelhado que faz jus à fama que esta estrela possui entre os astrónomos. Entre as maiores estrelas da Galáxia, a seguir a epsilon Aurigae , VV Cephei, e miu Cephei... e das primeiras imagens além do Sol e da estrela Mira = omicron Ceti a conseguir-se uma imagem de um disco...

     A observação resume-se a muitos poucos objectos dado que estive a observar pormenorizadamente os objectos. Um exemplo disso, é o planeta Saturno. Avizinha-se a campanha de observação de Saturno e aproveitei a ocasião para estudar com pormenor o planeta Saturno. Infelizmente, o estar limitado a apenas duas oculares, dificulta sobremaneira a tarefa, mas isso não impede de poder melhorar as técnicas de observação de planetas. À medida que ia observando ia registando num pequeno bloco de notas alguns apontamentos que julguei importante anotá-los para mais tarde poder comparar com outros registos. Com a ocular Plössl de 9 mm (amplificação: 136x) , pude destacar no anel uma sombra a qual se projectava só parcialmente no anel. O contorno exterior do anel era muito definido sem haver quaisquer descontinuidades. Olhando em direcção ao disco, foi possível discernir perfeitamente, mesmo com a ocular Plössl de 25 mm, a divisão de Cassini. Curioso foi o facto de ter verificado que a parte mais interior do anel mostrava um contorno bastante difuso, pareceu-me, por momentos, distinguir uma outra divisão... No disco de Saturno era possível distinguir duas faixas bem distintas. Uma junto ao Pólo Sul do planeta e outra próxima do Equador.

     O planeta Júpiter não deu para observar dada a impossibilidade de apontar o telescópio na sua direcção. Deixei a Lua para o fim... As melhores alturas para observar a Lua não são nestas em que a fase correspondente seja a de segunda giba... No entanto, aproveitei para observar o Mare Tranquilitatis. Torna-se difícil, mesmo com filtro, conseguir estar muito tempo a observar a Lua sem ficar encadeado. Nesta sessão, a observação do Mare Tranquilitatis foi muito breve, uma vez que estava demasiado brilhante para se efectuar uma observação cómoda. Como tal nada tenho a registar de relevante na observação à Lua.

 

 

 

 

 

 

 

 

   Arquivo de Olhai, olhai para os céus:  2006 - 1    2005 - 1    2004 - 1    2003 - 1    2002 - 1    2001 -  1

 

Procura  ||  Sobre nós  ||  Contacte-nos  ||  Distinções  ||  Livro de visitas

© 2000-2007  'O céu na ponta dos dedos'  de  Jorge Almeida