30/03/2003
Antes da
observação das galáxias de Virgo esbocei
Júpiter, pelas 20 h 45 min UT, na máscara
gentilmente cedida pelo amigo Grom. Devido
ao facto da Red Dual Beam estar a dar o
berro... o desenho de Júpiter não terá
ficado muito famoso... mas cá vai ele... Os
destaques vão para a presença de uma
possível festoon na zona equatorial Norte;
para a presença de uma oval branca no bordo
Sul da NEB de Júpiter; para a fiada de ovais
brancas junto da Grande Mancha Vermelha do
lado seguidor e para a presença de um "streak"
antes das ovais na SEB. Pode ser visto
abaixo uma comparação do desenho versus
máquina. As semelhanças das principais
estruturas são notórias.
Convido-vos a ler mais um excerto de um
verdadeiro louco :)) pelo céu. Um amante do
céu...
E
ontem mirando o céu a Virgo imponente estava
bem convidativa à sua exploração... :) Uma
caminhada pelo céu durante uma hora a fim de
descortinar as inúmeras galáxias que servem
de pano de fundo de uma das maiores
constelações do céu: VIRGO. Desde logo à
primeira vista, foi possível discernir o
belo triângulo da Primavera desenhado pelos
vértices Spica, Arcturus e Denebola. A
primaveril Virgo é bastante rica em
galáxias. Há um autêntico emaranhado de
galáxias quando nos viramos para Virgo. E
como foi a primeira vez que me pus a
investigar e explorar Virgo, fi-lo com toda
a calma e persistência característicos de um
astrónomo amador (e amador da Astronomia :P)
insano! :)
Notem que é possível fazer Astronomia de
observação de galáxias mesmo em locais com
poluição luminosa moderada como a que eu
deparei ontem à noite. (lâmpadas
amareladas... as que menos afectam a
observação e com boa iluminação... isto é..
apontam só para onde deve ser caminhada a
luz: para o pavimento)
Com
o apoio de Sky Map Pro 9.0 e Sky Atlas
2000.0, lá fui descobrindo os tesouros
galácticos da Virgo. O ponto de partida?
Preparados/as amigos/as astrónomos/as? Vamos
então à descoberta! Zaniah = eta Vir = 15
Virginis terá sido o ponto inicial a partir
do qual comecei o percurso celeste
deambulando pelo "interior" da Virgo...
apontei o telescópio em direcção a 16
Virginis como forma de encontrar a M61 = NGC
4303. M61 encontra-se próxima de um curioso
trapézio de estrelas. Inicialmente a sua
detecção revelou-se difícil mas à medida que
o olho foi habituando à escuridão, a
observação da galáxia tornava-se cada vez
mais evidente até que foi possível ver um
núcleo galáctico bastante brilhante. A
galáxia parecia mostrar a sua "face". Vejam
a enormíssima distância desta galáxia....
uns meros 41 milhões de anos-luz... e estava
eu a ver ali uma galáxia tão distante...
Aliás todas as galáxias que vi estavam a
mais de 40 milhões de anos-luz... 40 milhões
de anos-luz! É-nos impensável mesmo uma
distância de 2 milhões de anos-luz onde se
encontra a mirífica e encantadora galáxia
Andromeda. É algo que nos faz parar e tentar
imaginar as distâncias incomensuráveis... O
Universo é mesmo algo enigmático, algo que
sempre desafiou a mente humana. Nem sequer
os primeiros macacos apareciam em cena neste
palco planetário... quando a luz dessas
distantes galáxias fora emitida. Já na
altura havia enormes baleias, esses
mamíferos imponentes nas enormes massas de
água e terá sido altura em que a Antárctida
também começou o seu isolamento para o seu
pólo... e desde que a luz começou a
percorrer pelo vácuo do espaço muita coisa
aconteceu na Terra... até chegar à retina
humana. É isto que faz também vibrar o
astrónomo amador. O parecer que tem o poder
de olhar para o passado quando nem sequer
muito do que conhecemos actualmente existia!
E continuando com a observação deste simples
astrónomo amador que escreve umas linhas
como mera tentativa de partilhar o que sente
pelo céu. Junto a M61 há uma galáxia
companheira NGC 4303A. Depois de M61,
continuei a "subida" , procurando pela outra
pequena "Cassiopeia" que também se pode ver
em Virgo. Catalogada como HD 108985 terá
sido a estrela que me orientou na busca de
M49 = NGC 4472. Um dos vértices dessa tal "Cassiopeia".
A cerca de meio minuto de arco dessa estrela
do lado oposto do "pequeno" asterismo,
podemos ver M49. Mais evidente que a M61,
apresentando um núcleo muito brilhante,
redondo e grande. Uma galáxia com forma
elíptica. Constitui parte do grande enxame
de galáxias da Virgo. A dita galáxia é
acompanhada de NGC 4470, NGC 4467, e de uma
pequena galáxia anã bastante pálida. Parti
em direcção à galáxia que mais captou a
minha atenção na observação de ontem... NGC
4526. De muito fácil localização pois está
precisamente no meio de duas estrelas de
magnitude visual próxima de 7 (constituintes
da tal pequena Cassiopeia que referi). É
parecido com M82 mas de dimensões bem mais
reduzidas. É mágico o enquadramento de duas
estrelas com a galáxia que parecem as suas
guardiãs. Muito brilhante, de forma alongada
bem evidenciada e com núcleo bastante
difuso. É mais um objecto que se tornou um
dos meus favoritos. A rever novamente.
Imediatamente a Norte a cerca de meio minuto
de arco também é visível (portanto no mesmo
campo de visão.. na ocular Plössl 25 mm) NGC
4535 MAS é bastante pálida. Não deu para ver
muitos pormenores nesta galáxia que mais
parece um fantasma que paira no negro do
espaço. Apontei depois o telescópio para um
intrigante alinhamento de estrelas a Oeste
da pequena Cassiopeia (de Virgo..) onde
podemos encontrar NGC 4365 o qual também é
bastante interessante a qual está próxima de
um alinhamento de estrelas em forma de um L
comprido, e junto à galáxia podemos destacar
uma estrela de 10ª magnitude e duas de 11ª
magnitude. Passando a ro Virginis para Oeste
a cerca de 1º 10' vi o asteróide 4 Vesta, um
dos vermes celestes que paira sobre a Virgo
neste mês que finda. Formava um triângulo
escaleno com duas estrelas de magnitude 9.
Depois a partir de ro Virginis parti em
descoberta do maravilhoso trio galáctico M59
= NGC 4621, M 60 = NGC 4649 e NGC 4638. Esta
última era bastante pálida e quase que
passava despercebida. A M60 está próxima de
uma galáxia PGC 42831 que se situa meramente
a 2 minutos de arco... E por último vi M58 =
NGC 4578, partindo de ro Virginis, que se
situa próxima de uma estrela de 8ª
magnitude. Com o seu pequeno núcleo,
brilhante e irregularmente redonda, terminei
a sessão de galáxias. Como nota final
registei ainda a possibilidade de ter visto
M89 ou ainda M87...
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