Método para extrair informação das imagens obtidas

 

Após o desenvolvimento do método para a obtenção de imagens de banda estreita da Lua com resolução e uma boa relação sinal/ruído, há que proceder à interpretação dos resultados. Um método possível, avançado por Filipe Alves, consiste na determinação do rácio entre duas imagens, uma correspondente a um espectro-selenograma relativo a um determinado comprimento de onda  e outra resultante da média de todos os espectro-selenogramas. Para que melhor se compreenda o alcance do método, vejamos o seguinte exemplo:

A figura acima simula uma série de imagens de "banda estreita" todas diferentes em alguns pormenores, neste caso representados por letras. A imagem do canto inferior direito contém um A branco sensivelmente na mesma posição que o A negro. A média destas imagens dará uma imagem desprovida dos detalhes de cada uma:

 

A imagem acima corresponde a uma imagem de "banda larga" contendo todas as contribuições do espectro adquirido.

Ao efectuarmos o rácio entre cada imagem de "banda estreita" e a imagem de "banda larga", conseguimos pôr em evidência as diferenças das duas imagens, anulando as partes comuns às duas:

 

Na figura acima, a imagem da esquerda corresponde ao rácio entre o A a negro e a média, e a imagem da direita corresponde ao rácio entre o A branco e a média. É evidente o destaque dos detalhes devidos às imagens de "banda estreita".

Na prática:

A zona lunar apresentada na figura acima  vai de (cima para baixo) Lalande, Birt até Pitatus. A imagem da esquerda corresponde a um comprimento de onda situado entre o dubleto de Sódio e tem uma largura de banda de 3,4 Å, a do meio é a média de todos os comprimentos de onda adquiridos (imagem de banda larga) e a direita o rácio entre as duas. Na imagem da direita as zonas sem detalhe correspondem a zonas sem diferenças entre a imagem de banda estreita e a de banda larga. A mancha negra em baixo revela uma diferença , neste caso por defeito da cor correspondente ao comprimento de onda centrado nos 5893 Å.

Este método pode ser interessante no estudo de índices de cor como imagem, como o C(0.42/0.55µm) para estimar a abundância de TiO2 (Charette et al., 1974):

Se usarmos o método do Filipe Alves para realçar as cores da Lua, podemos comparar os resultados dos dois processos. Sabemos da literatura que nas cores da Lua o castanho corresponde a uma maior concentração de óxido de Ferro e o azul a uma maior concentração de óxido de Titânio.

 A imagem acima representa a mesma região da Lua. A da esquerda foi obtida pelo método do Filipe Alves, e a da direita é o índice de cor (0.42/0.55µm). Na imagem vê-se nitidamente  que as zonas azuis do lado esquerdo são as zonas mais claras do lado direito, correspondendo à maior concentração de óxido de Titânio.

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