Espectro-selenografia

A espectro-selenografia consiste na construção de uma imagem lunar através de uma linha do seu espectro. Tal como na espectro-heliografia, faz-se passar a Lua pela fenda do espectrógrafo enquanto se grava um AVI ou se captura uma sequência de imagens. Como a luminosidade da Lua é muito inferior à do Sol, alguns procedimentos são forçosamente diferentes. Em primeiro lugar usa-se um telescópio de maior abertura, neste caso um Schmidt-Cassegrain de 235mm de abertura. Também se reduz a resolução espectral do espectrógrafo, por forma a que se ganhe luz. No nosso caso utilizamos uma grelha de difracção de 300 linhas por milímetro. Caso se use uma webcam com pixel de 5,6µ, obtém-se uma dispersão de 1Å/pixel. Embora com esta configuração se consigam  imagens com algum detalhe, por falta de luz a relação sinal-ruído é manifestamente baixa, não permitindo a visualização das eventuais diferenças existentes entre imagens de diferentes comprimentos de onda. Também a dinâmica de uma imagem de 8 bit não permite grande margem de manobra. A figura à direita mostra um mosaico (reduzido) da Lua feito a partir de um conjunto de imagens capturadas com uma webcam. Esta imagem, a primeira que capturei por este processo, tem uma largura de banda de 1Å na zona de Hα . Muitas imagens foram obtidas por este processo, mas o método foi abandonado pelos motivos acima descritos.

Optou-se pela utilização de um CCD neste caso um KAF3200. O principal obstáculo nesta escolha é o tempo de leitura do CCD, pois a Lua não pára enquanto o CCD descarrega. A solução encontrada foi a de reduzir a velocidade de passagem da Lua pela fenda, aproveitando a diferença entre a velocidade sideral e a lunar. A Lua percorre relativamente ao movimento sideral o seu diâmetro numa hora, ou seja, 0,5" /s. Basta pois manter a montagem em velocidade sideral e deixar a Lua passar na sua cadência. Se aliado a isso se recorrer a um binning de 3x3, diminui-se o tempo de leitura do CCD. Com esta configuração obtém-se uma resolução espectral menor, de 3,4Å/pixel, mas uma excelente relação sinal-ruído e uma dinâmica de 16 bit. Outra vantagem deste CCD é o seu tamanho, permitindo cobrir todo o espectro visível só com duas posições da grelha de difracção. A figura em baixo representa precisamente o espectro da Lua coberto pelo CCD em 2 posições da grelha de difracção, bem como algumas imagens obtidas por este processo. De notar que o espectro obtido é o espectro solar reflectido pela Lua.

 

 

 

Pretende-se com a espectro-selenografia a obtenção de imagens lunares de banda estreita. Pela inspecção dessas imagens, tentar obter informação sobre a formação, e evolução geológica do nosso satélite natural. Um método para tirar informação das imagens obtidas encontra-se neste link.

 

 

 

Todo este trabalho pioneiro a nível amador tem sido realizado com a estreita colaboração de Alberto Fernando e de Filipe Alves.

WebCam

 

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