As 88 constelações que hoje conhecemos são
apenas as que foram convencionadas pela União
Astronómica Internacional, como uma forma de
sistematização do céu nocturno. Mas
as constelações em si, o acto de agrupar as
estrelas em padrões e figuras é já
muito antigo. No tempo da civilização helénica,
e mesmo antes, pelos Babilónios, já se haviam
criado várias constelações.
As constelações surgiram um
pouco da mesma forma que hoje as crianças descobrem
imagens nas nuvens. Certo é que esta sistematização
do céu, a “descoberta” das constelações,
foi importantíssima para o desenvolvimento e evolução
da espécie humana.
Esta sistematização foi surgindo
um pouco por todo o planeta e, como é óbvio,
cada povo tinha as “suas” constelações.
Uns viam os deuses e heróis das suas lendas, outros
viam animais e objectos. Mas basicamente, a maioria das constelações
da antiguidade obtiveram os seus nomes vindos de lendas e
mitos. Esses mitos acabaram por servir também de mnemónicas
para as pessoas se recordarem das constelações.
Nos tempos antigos que já lá
vão, as pessoas tinham céus completamente livres
de poluição luminosa e tinham inúmeras
noites para observar as estrelas. Com o passar dos dias, começaram
a agrupá-las e a imaginar figuras no céu, desenhadas
pelas estrelas. Por outro lado começaram a notar que
existia uma sazonalidade nos ditos agrupamentos, sendo que
alguns apareciam na Primavera, outros no Verão, outros
no Inverno e outros ainda no Outono. Descobriram assim um
método fiável e, aparentemente, imutável
para o controlo das sementeiras. A agricultura pode assim
desenvolver-se para um nível superior, permitindo melhores
colheitas, ano após ano, e permitindo que o arte do
cultivo evoluísse. Os mitos associados a cada constelação,
segundo alguns estudiosos serviam precisamente para ajudar
a memorizar quando se deveria semear e colher.
Podemos ver vários exemplos. Basta
analisar o surgimento do Zodíaco. Esta faixa surgiu
com o intuito de marcar a trajectória aparente do Sol.
Consoante a sua posição, poderiam fazer-se correlações
directas com as estações do ano. Aquário,
por exemplo, era relacionado por alguns povos com a estação
das chuvas, simbolizando, consequentemente, fertilidade sendo
que para os egípcios, as cheias do Grande Nilo eram
provocadas pelo vazamento do grande jarro do deus Aquário.
A constelação da Virgem recebeu esse nome, devido
ao facto de quando o Sol estava nesta região do céu,
ser época da colheita do trigo, tarefa reservada às
raparigas virgens.
Os primeiros calendários nasceram
devido à observação dos astros e da organização
do céu em constelações, pois a sua evolução
durante o ano permitiu medições de escalas de
tempo, que em conjunto com as observações das
posições do Sol e da Lua e dos planetas relativamente
ao fundo de estrelas fixas e da regularidade dos seus movimentos,
criaram condições para a divisão do ano
não só em estações, mas também
em meses.
Ainda hoje as constelações,
tal como no passado, provam a sua utilidade. Na época
dos grandes descobrimentos, foi graças a elas que os
marinheiros se orientavam, apesar de eles próprios
terem descoberto mais umas quantas...De qualquer forma hoje
em dia, as mesmas são utilizadas para navegação
high-tech. As sondas e naves robóticas que exploram
o Sistema Solar, possuem sistemas de navegação
que confiam nas constelações para se orientarem
lá em cima. Apesar de terem perdido a expressão
de tempos idos, continuam a fazer valer a sua utilidade indiscutível.
Hoje em dia sabemos que as estrelas de uma
dada constelação, estão a diferentes
distâncias umas das outras e não estão
relacionadas entre si. Como referi antes as constelações
oficias são 88, mas muitas delas, mantiveram os seus
nomes originais de muitos séculos. Isto deveu-se aos
estudos feitos dos registos dos povos que viviam no vale do
Eufrates, dos Babilónios e dos Gregos, que convenceram
os nossos astrónomos a preservar uma tradição
milenar.
A primeira carta celeste, com constelações
foi elaborada no século II por Ptolomeu.
1022 estrelas agrupadas em 48 constelações.
Claro que das constelações do hemisfério
Sul, não havia nenhuma referência nesse catálogo.
Estas foram descobertas apenas na época dos Descobrimentos,
pelos navegadores que se fizeram ao mar em busca de novas
terras. Assim, no século XV foram introduzidas 12 novas
constelações, parte integrante do primeiro Atlas
estelar de Johann
Bayer publicado em 1603.
Discussões entre os astrónomos,
mostraram que se podia fazer mais e o resultado foi a introdução
de mais constelações. Por exemplo, a constelação
de Argus, o Navio, foi dividida em 4 mais pequenas, pois acharam-na
muito grande. Estas são Carina
(Quilha), Puppis (Popa), Vela
(Vela) e Pixis (Bússola).
O Crux (Cruzeiro do Sul) foi
separada do Centaurus (Centauro).
Em 1687, Johannes
Hevelius publicou uma belíssima obra, ricamente
ilustrada com figuras, onde introduziu mais algumas constelações,
agrupando estrelas que ficavam entre as constelações
existentes. Por fim, Nicolas
Louis de La Caille, no seu posto de trabalho no Cabo da
Boa Esperança, completou usando nomes técnicos
da época, em 1750, as actuais 88 constelações.
Ainda se tentaram inventar mais algumas constelações
posteriormente, mas não foram aceitas pela comunidade
astronómica.
Mas, contudo e apesar do trabalho feito até
então, ainda haviam problemas para resolver. Havia
estrelas sem constelação e diferentes povos
usavam estrelas diferentes, e as constelações
variavam no seu formato final. Em 1801 Johan
Elert Bode, tentou sistematizar a situação
criando limites para cada uma das constelações,
não tendo conseguido, contudo, uma padronização.
Finalmente em 1930 a União Astronómica Internacional,
dividiu o céu em 88 áreas delimitadas por linhas
paralelas às de ascensão recta e declinação
do ano 1875.0. Os nomes das constelações foram
padronizados em latim e foram definidos as suas abreviaturas
e genitivos. Assim, por exemplo a estrela alfa de Cygnus
(Cisne), será designada por alfa Cyg e lida como “alfa
cigni” (para mais informação sobre as
nomenclaturas vê aqui).
Esta normalização foi um grande
passo na simplificação das cartas celestes.
Assim todas as estrelas do céu, consoante a região
onde se encontram, pertencem unicamente a uma e só
uma constelação.
Passados 125 anos, com os fenómenos
de precessão dos equinócios, as linhas de ascensão
recta e declinação não correspondem já
com as fronteiras das constelações. Com esta
movimento de precessão, o Sol já não
passa pelos mesmos sítios na eclíptica na mesma
data, o que significa que o Sol já não está,
nas datas anunciadas, nas constelações usadas
pelos astrólogos para elaborar os horóscopos.
Hoje, existem mais “signos” na faixa do Zodíaco,
que os astrólogos não ligam nem incluem nos
seus horóscopos. Por exemplo, uma pessoa nascida a
3 de Janeiro, como eu, supostamente é Capricórnio,
certo? Pois bem quando nasci o Sol estava em Sagitário,
fazendo de mim um nativo do signo Sagitário...Mas ainda
há mais, para alguém nascido em 10 de Dezembro
do mesmo ano, segundo os horóscopos e astrólogos
é Sagitário, mas na realidade nesse dia o Sol
encontra-se em Ofiúco...
Mas as questões relacionadas com as falsas previsões
da pseudo-ciência Astrologia, ficaram para outras histórias...
Agora, depois deste já longo texto,
podem ver informação relevante a nível
cientifico e histórico sobre cada uma das constelações.
Basta seleccionar na lista a que se pretende e serás
levado para uma página com informações
sobre a constelação que escolheste! Boa Viagem!
FONTES:
FEIRA DE CIÊNCIAS ... O Imperdível ! - http://www.feiradeciencias.com.br/sala24/24_E04.asp
A Cola da Web - http://www.coladaweb.hpg.ig.com.br/astronomia/constelacoes.htm
As Constelações -http://www.cfh.ufsc.br/~planetar/textos/constel.htm
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