Infelizmente, não sou uma das pessoas
que pode assistir aos primeiros passos de Armstrong e companhia
na Lua. Sou demasiado novo para ter tido esse privilégio.
Por outro lado, já pude assistir a grandes descobertas
cientificas originadas pelo génio humano, na busca incessante
pelo conhecimento. Vi as sondas Voyager fazerem o seu "Grand
Tour" (foi assim chamada a missão da Voyager 2,
que fez “fly-bys” pelos 4 planetas gasosos Júpiter,
Saturno, Urano e Neptuno). Pude assistir e acompanhar a fabulosa
missão da Galileo a Júpiter e às suas principais
Luas, só para citar algumas missões, pois também
houve a Magellan a Vénus, por exemplo...
Estamos agora numa nova época de descobertas,
com todas, ou quase todas as atenções viradas
para Marte, o Planeta Vermelho, Senhor da Guerra da antiga Roma.
Nos últimos 10 anos, várias sondas foram enviadas
para Marte. A Mars Polar Lander e a Mars Climate Orbiter, perderam-se
e falharam os seus objectivos. Mas neste momento, lá
se encontram a Mars Global Surveyor e a Mars Odyssey, que todos
os dias nos fazem chegar bytes e bytes de informação
e novas imagens deste magnifico planeta. No momento que estou
a escrever, a Mars Express, a primeira sonda europeia, enviada
pela ESA (European Space Agency – Agência Espacial
Europeia) vai a caminho do planeta vermelho carregando o módulo
de descido Beagle 2, agraciado com o mesmo nome do navio em
que Charles Darwin viajou quando descobriu a selecção
natural, que irá procurar sinais de água e vida
na superfície de Marte, pela primeira vez desde as Viking
em 1976. Foi também lançado e já se encontra
a caminho o Spirit, o primeiro de 2 Rovers que vão percorrer
a superfície de Marte, o segundo será lançado,
provavelmente em 25 de Junho. Sem dúvida que lá
para Janeiro de 2004, citando um amigo numa mailing list, Marte
vai ficar com problemas de trânsito...
Mas não é só Marte que
será exaustivamente estudado. Saturno também é
alvo da curiosidade e apetite voraz pelo conhecimento dos cientistas
terrestres. De facto, a nave Cassini/Huygens, deverá
lá chegar também em 2004 e é composta pelo
módulo orbitador Cassini, que circundará Saturno
e as suas principais luas, recolhendo toda a informação
possível, durante 4 anos e pelo módulo Huygens,
desenvolvido pela ESA, destinado a descer na superfície
de Titã, transmitindo dados por cerca de 3 horas (1).
Se tudo correr bem e se a sonda beneficiar da mesma construção
cuidada e atenta que beneficiou a Galileo, não será
de admirar se a sua missão for alargada, tal como aconteceu
com a Galileo em Júpiter. Todas estas naves são
robotizadas, ou seja, não tripuladas. Não passam
de robots, controlados a partir da Terra, com o única
fim de enviar imagens e dados das leituras que conseguem fazer.
Mas será isto suficiente?
Como em tudo neste pequeno Berlinde Azul em
que vivemos, há prós e há contras, e assim
se passa com a exploração espacial. Eu adoraria
ver uma nave pousar em Marte, de onde saísse uma expedição
de homens e mulheres deste planeta, com o intuito de estudar
Marte. Geólogos, biólogos, químicos, etc.
Uma equipa cientifica que pudesse tocar, sentir, examinar In
loco o planeta, mas... E o perigo envolvido? E as condições
a que estariam sujeitos? Para se ir à Lua, fazia-se uma
viagem de três dias para lá, outra de 3 dias para
cá e ficava-se por lá mais uns 3 ou 4 dias, para
ir a Marte, não é bem assim...Demora-se cerca
de 6 meses a lá chegar, para voltar depreende-se que
se demoraria o mesmo. Para efectuar estudos que valessem a pena
o investimento e os riscos seria necessário permanecer
por lá no mínimo outros 6 meses a 1 ano...E...Os
alimentos? Água potável? Medicamentos? Que efeitos
a prolongada permanência em micro-gravidade? Para não
falar nas condicionantes psicológicas do isolamento e
de saber que poderiam não voltar ao planeta de origem...Na
Terra, os cientistas, deixariam ficar as suas famílias
e entes queridos. Os riscos que os Astronautas da Apollo correram,
não se comparam aos que os Astronautas para Marte correriam.
Depois há o problema financeiro. Uma
missão destas a Marte, ficaria por somas astronómicas
de dinheiro. É algo mesmo muito caro de se fazer. Os
mantimentos teriam de ser cultivados a bordo, e teriam de ser
cultivados com muito mais cuidados que aqui, pois uma praga
nas plantas, por exemplo, poderia condenar toda a tripulação.
É certo que não passam de especulações
tudo, o que aqui digo, mas por outro lado, é precisamente
sobre estas especulações que quem pensa neste
tipo de coisa, tem de ter preocupação. São
estes os problemas a eliminar. A tecnologia para a viagem está
ao virar da esquina, com os novos motores de propulsão
irónica e o projecto Prometeu, por exemplo.
O projecto Prometeu da NASA (National Aeronautics
and Space Administration), que ainda que controverso, pode ser
um incrível avanço na exploração
espacial. Este projecto consiste na pesquisa e no desenvolvimento
de tecnologia para construir sistemas de propulsão eléctrica
(iónica) que não usem o Sol como fonte de alimentação,
mas sim pequenos geradores nucleares de radioisótopos.
Pretende também desenvolver reactores nucleares convencionais,
semelhantes aos que existem nos submarinos e porta-aviões,
para servirem de fonte de alimentação para sistemas
de propulsão e a instrumentação mais poderosa.
Com estes sistemas de alimentação e propulsão,
os cientistas deixam de pensar em watts de potência, para
passarem a ter disponíveis kilowatts e, possivelmente,
Megawatts. Com estes níveis de potência, as sondas
poderão carregar instrumentos de medida e análise
mais poderosos e capazes.
Numa futura exploração tripulada de Marte ou das
Luas de Júpiter, serão necessários estes
níveis de potência de modo a manter funcional uma
eventual nave tripulada por humanos.
Claro que paralelamente, será necessário
desenvolver sistemas de protecção contra a radiação,
sistemas que previnam e corrijam, sempre que possível
quaisquer falhas dos reactores, principalmente quando se tratar
de uma nave tripulada...Já estão em funcionamento
naves que usam um tipo de fonte de alimentação
deste género para os seus sistemas. As sondas Voyager
usavam RTGs (Radioisotope Thermal Generator), assim como a Galileo
e a Cassini usam.
A minha opinião é que, por exemplo,
a missão às luas geladas de Júpiter, programada
pela NASA, já usará este tipo de tecnologias do
projecto Prometeu. Penso que a Lockheed Martin, já terá
conseguido o contrato para começar a trabalhar nesse
sentido. Será uma missão fantástica, pois
irá explorar o oceano existente em Europa, por exemplo,
debaixo da sua superfície gelada.
Há ainda outra missão em vias
de se concretizar, muito importante, de que ainda não
falei. A Missão a Plutão. Muito pouco se sabe
deste pequeno planeta (?) gelado. A comunidade cientifica de
todo o Mundo espera e deseja que esta missão seja realmente
levada a bom porto, pois poderá desvendar muitos dos
segredos de Plutão. Será que irá contribuir
para definir o conceito de planeta? Será que contribuirá
para se afirmar que Plutão não é o 8 planeta,
mas sim mais um dos milhares de objectos trans-neptunianos de
grandes dimensões? A ver vamos...
O futuro reserva-nos inúmeras descobertas.
As próximas décadas auguram-se entusiasmantes
e reveladoras. Acabo de vos transmitir uma série de pensamentos
mais ou menos despegados e mais ou menos ligados. Basicamente
é só a minha opinião acerca de um dos temas
de que muito se fala hoje em dia. De certo muitos de vós,
terão outras opinião que complementarão
as minhas, ou até, estou certo, contradirão a
minha opinião, aqui expressada. Mas de uma coisa estou
e podem também estar certos, o Futuro é agora!
O Tempo é agora! Entramos numa era de novas descobertas,
de nova evolução. Para resumir, e tendo este texto
o título que tem, penso mesmo que sou da opinião
de que a exploração espacial vale mesmo a pena,
com ou sem, ou seja, tripulada ou não, é preciso
é explorar, perguntar, descobrir...
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