Dicas para Observação do Céu

A Natureza Celeste

 

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DICAS PARA OBSERVAÇÃO DO CÉU
 
DISCUSSÃO 1:
A duração dos dias e noites
 
DISCUSSÃO 2:
A refração atmosférica
 
DISCUSSÃO 3:
A analema
 
NOTAS DO AUTOR
 
SEÇÃO DE ÓTICA ATMOSFÉRICA
 
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Dicas para Observação do Céu

 

        Toda a luz que sai das estrelas, planetas e objetos do céu profundo entra no nosso olho através da pupila para nos deixar estarrecidos. Mas para ficarmos mais impressionados ainda, algumas dicas são válidas quando saímos para olhar o céu, mesmo a olho nu. Vale a pena sairmos e olharmos o céu pelo menos de vez em quando, e deixarmos a energia das estrelas encher nossa alma.

        Esta seção se destina a transmitir alguns aspectos do comportamento do nosso olho, especialmente em ambientes escuros, para que vocês possam entender como ele se sensibiliza com a luz. Assim, espero que uma sessão de observação, mesmo que por pouco tempo, possa ser melhor aproveitada.

        Existem dois tipos de células sensíveis à luz no nosso olho: cones e bastonetes. Os cones são melhor projetados para a visão direta, ou seja, pelo que vemos diretamente à frente. Já os bastonetes são responsáveis pela visão lateral. Mas há outras diferenças importantes entre esses dois tipos de células, que possuem um papel importante em observações do céu noturno. Elas dizem respeito à sensibilidade à luz tênue e à velocidade com que elas se acostumam ao ambiente escuro depois de estarem expostas à luz forte.

       Os cones são menos sensíveis à luz tênue do que os bastonetes. Para comprovar isso, um teste simples pode ser conduzido. Na verdade, muitas pessoas podem já ter percebido esse fenômeno. Basta olharmos diretamente para uma estrela bastante fraca, e depois desviarmos o olhar para o lado. Ao olharmos para o lado, a estrela parece se tornar mais forte. Ao olharmos diretamente, ela enfraquece. Em casos extremos de estrelas bem fracas, elas podem chegar a sumir completamente se olhadas diretamente. Isso se dá pelos bastonetes tomarem a frente de batalha quando olhamos de lado, e por eles serem mais sensíveis à luz tênue. Ao olharmos diretamente, os cones tomam parte, e não os bastonetes, mas eles pecam em sensibilidade à luz fraca. Esse olhar de lado para notarmos estrelas fracas chama-se "olhar de soslaio". É muito útil para notarmos detalhes de objetos fracos pelo telescópio, como galáxias e nebulosas tênues. Geralmente aplica-se o olhar de soslaio nesses casos.

        A outra diferença importante entre as células dita nosso comportamento ao nos deslocarmos rapidamente de um ambiente iluminado para o céu escuro lá fora. Podemos perceber como apenas as estrelas mais fortes aparecem logo que deixamos uma casa com as luzes acesas, em direção ao ambiente externo, e como com o passar do tempo estrelas mais fracas começam a aparecer, deixando o céu mais rico. Isso se deve em parte ao aumento do diâmetro da pupila do nosso olho, por onde a luz entra, e em parte à adaptação dos cones ao ambiente escuro. O primeiro efeito permite que mais luz entre pela pupila devido ao maior diâmetro da mesma enquanto que os cones, ao mesmo tempo, se tornam mais sensíveis à pouca luz. Por isso, notamos uma melhora da nossa visão ao sairmos da luz forte esperando aproximadamente 2 ou 3 minutos, tempo de adaptação dos cones. Nessa fase percebemos estrelas até a magnitude 4, aproximadamente.

        Mas a história ainda não está completa. Nesse tempo os bastonetes quase não começaram sua adaptação ao escuro, ainda. Responsáveis pela visão lateral, uma vez adaptados, a grande riqueza do céu vem à tona. Quando eles se adaptam, estrelas entre as magnitudes 4 e 6 aparecem nas laterais do nosso campo de visão, dando uma linda composição no céu como um todo. E essas estrelas fracas são em um número imenso. Portanto, para se ter realmente uma idéia do número de estrelas no céu e se deliciar com o esplendor da noite, é necessário deixar os bastonetes se adaptarem. E essa adaptação leva nada menos que 30 minutos.

        Com base nisso, seguem-se algumas dicas para uma boa observação do céu:

Se deixar uma casa iluminada, espere 30 minutos para a completa adaptação do olho. Tenha paciência. Se puder, passe o anoitecer já em campo, de modo que as células se adaptem durante esse tempo, além de poder observar outro espetáculo da natureza, a sequência das cores do crepúsculo;
Aprenda a olhar de soslaio, perceba estrelas e outros objetos celestes fracos na visão lateral;
Evite noites com Lua, e prefira noites límpidas. Uma pequena quantidade de poluição ou qualquer material particulado no céu apaga estrelas fracas, que são em maior número;
Depois de adaptado, procure observar a Via Láctea. Há texturas e nuances na faixa da nossa galáxia que se sobressaem se observadas com atenção. Procure essas irregularidades e perceba a textura. Alguns objetos celestes na faixa da Via Láctea, como a Nebulosa da Lagoa (M8) e a Grande Nebulosa da Carina podem ser vistos a olho nu dessa forma, nem sendo necessária a visão de soslaio;
E aproveite; fique bastante tempo aproveitando o céu, aprendendo a identificar as texturas da Via Láctea e os objetos de céu profundo, pois você não sabe quando terá outra oportunidade sem Lua, sem nuvens, longe de luzes urbanas e com o céu límpido.