Actividade solar em Dezembro 2003 Não podemos dizer que foi um mês animado. Embora começou rico
em pequenos grupos, ainda remanescentes do mês passado, rapidamente
se dissipou esta época activa, dando lugar a muita fraca actividade
durante toda a parte central do mês. Apenas algumas manchas individuais
e grupos bipolares do mais simples estado aventuraram-se na face
solar. |
Números relativos mensais (Número Wolf)
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O evento do mês Não houve nenhum evento que possa merecer destaque. |
A corrida das manchas solares
imag,: L.Carreia. dias 24, 27 e 28.12.2003
Muito cedo na observação foi detectado que o Sol não gire sobre o seu eixo como um corpo sólido. As zonas polares perto dos pólos pareciam mais devagar, enquanto a zona perto do equador era mais acelerado. Este fenómeno é chamado rotação diferencial.
Estudos pormenorizados resultaram num padrão fixo de cerca 25 dias para as zonas equatoriais e 27 nas zonas polares. Mais recente o valor rotacional para a zona polar foi ajustado para 31 dias. Como referencial médio é utilizada a latitude 16º com uma rotação de 25,4 dias.
Como é estipulada a rotação diferencial? Os únicos fenómenos normalmente visíveis e permanentes na fotosfera são as fáculas, as manchas solares e a granulação. As fáculas não podem servir, dada a sua enorme extensão e pouca definição das suas margens. Para além disso não são observáveis na parte central do disco solar. A granulação também não pode servir, uma vez que um simples grânulo não se mantém estável durante mais de 15 minutos. Por isso apenas as manchas solares são úteis para a medição e determinação da rotação diferencial.
O método da determinação posicional é rigoroso e permite obter valores com elevada exactidão. Porém, especialmente esta exactidão permitiu verificar, que. mesmo nas mesmas bandas de latitude, as manchas não se movem com as mesmas velocidades. Para além disso, descobriu-se, que elas se movem sobre a restante fotosfera como um barco a deriva num oceano.
Por isso, a determinação posicional e, como sub-produto, a rotação diferencial continuam ter um elevado interesse de estudo. Como as manchas solares são fáceis de observar, trata-se de um dos campos da astronomia, onde o amador ainda pode contribuir decisivamente para a pesquisa. Por exemplo, sabia que as manchas não só andam a deriva mas que o fazem em função do tipo de mancha/grupo? Qual será a mancha mais veloz? Um pontinho de um grupo da classe A ou o complexo extremo de um grupo bipolar da classe F?
A resposta ficará para uma outra altura, pois no seio da UAA não temos
elementos suficientes. Fica o leitor convidado de se aventurar neste
campo da pesquisa, podendo contribuir, tanto para o nosso arquivo científico,
como para o enriquecimento do conhecimento dos demais.
Até lá, serve a imagem no topo de exemplo de um evidente desvio dos valores
habituiais. O fotograma do dia 24 ainda mostra nitidamente dois grupos
bem distintos. No entanto a mancha-p parece ter sentido uma grande atracação
e avanço em 3 dias com quase o triplo da velocidade das outras manchas,
aproximando-se do grupo com a mancha indiviual.