METEOROS DE OUTRA
DIMENSÃO!
9
de Dezembro 2002 -
Começou no
Sábado dia 7 de Dezembro de 2002 quando o
nosso planeta entrou numa nuvem de
resíduo espacial poeirento. A taxa de
meteoros é agora baixa, porque nós ainda
estamos nos limites exteriores da nuvem, mas
aumentará à medida que a Terra penetrar no
campo de poeiras. "Nós esperamos ver mais de
100 meteoros por hora quando a chuva atingir
o pico a 14 de Dezembro de 2002," diz Bill
Cooke da Space Environments Team NASA/Marshall.
Direita:
O astrónomo
amador George Varros fotografou este bólide
das Geminidas a 7 de Dezembro de 2002. "Era
tão brilhante como Vénus", comenta Varros.
"As Geminidas
são uma das melhores chuvas de meteoros
anuais," diz Cooke. Os meteoros Geminidas
são brilhantes, cheios, e os observadores
podem vê-los em ambos os hemisférios. E não
é tudo...
"Eu gosto das
Geminidas porque elas vêm de outra
dimensão," ri-se.
Supõe-se que
as chuvas de meteoros tenham origem nos
cometas. "Os cometas são enormes pedaços de
gelo misturados com alguma quantidade de
poeira e rocha," explica Cooke. Quando eles
passam pelo Sol, o gelo evapora; nuvens de
poeira e gás são expelidos para o espaço. "É
por isso que os cometas têm caudas," diz.
A fonte de
chuva Geminidas é um objecto chamado 3200
Phaethon. Descoberto em 1983 pelo Satélite
Astronómico de Infravermelhos da NASA,
Phaethon partilha a sua órbita com os
meteoróides Geminidas. Além disso, é do
mesmo tamanho de um cometa. Até agora tudo
bem…
Mas o 3200
Phaethon não se comporta como um cometa, diz
Cooke. "3200 Phaethon não lança uma cauda
quando se aproxima do Sol. Não tem um halo
ou um coma... de facto, baseado na sua
órbita e na maneira como este reflecte a luz
solar, parece muito mais um asteróide."
Talvez,
especula Cooke, seja um pouco de ambos.
"Tornou-se
bastante óbvio em anos recentes que a nossa
nomenclatura na Astronomia não está a
acompanhar o ritmo das nossas descobertas.
Nós gostamos de colocar objectos em
categorias bem definidas e organizadas
apesar da Mãe Natureza não fazer tais
distinções. Por exemplo, Plutão é um planeta
ou um asteróide da cintura Leonard-Whipple?
[N.T.:
é incorrecta a designação cintura de Kuiper,
pelo que o mais justo será o citado. Veja-se
o seguinte site para mais informações:
http://cfa-www.harvard.edu/icq/ICQpluto2.html]
Quando é que um planeta como Júpiter se
torna uma anã castanha?"
Igualmente,
pergunta Cooke, "depois de um cometa ter
andado à volta do Sol tantas vezes que o seu
gelo se esgota, de modo a já não ter uma
cauda ou coma, é ainda um cometa? Ou
reclassificamo-lo como sendo um asteróide?"
Phaethon pode
bem ser um objecto de "outra dimensão",
intermediário entre asteróides e cometas.
"Essa é a minha opinião," diz Cooke. "3200
Phaethon foi um dia um cometa activo, mas há
cerca de 1000 anos o seu último gelo
evaporou." Na verdade, estudos dinâmicos
feitos por Bo Gustafson e colegas da
Universidade da Florida mostraram que os
meteoróides Geminidas têm cerca de 1000
anos. "Agora," acrescenta, "tudo o que resta
é um cadáver rochoso de um cometa."
Acima:
Mais um
objecto de "outra dimensão". Em 1996, lançou
por breves instantes uma cauda e pareceu-se
com um cometa. Aprenda mais no artigo
"The
Baffling Geminid Meteor Shower"
em
Science@NASA.
Um asteróide,
um cometa, ou um cadáver de cometa? Os
meteoros são adoráveis independentemente
daquilo que são.
A corrente de
meteoros Geminidas surge a partir da
constelação Gemini – daí o seu nome. Tente
procurá-los numa noite clara esta semana
depois das 22 h 00 min, hora local, quando
Gemini está bem acima do horizonte. A melhor
altura para observar, diz Cooke, é na
realidade por volta das 2 h 00 min, hora
local. "É nessa altura que a Lua se põe e
que Gemini está tão alto quanto possível no
céu," explica.
Espera-se que
o espectáculo Geminidas deste ano atinja o
seu pico entre a noite de Sexta-feira, 13 de
Dezembro e a manhã de Sábado, 14 de
Dezembro. Isto é verdade independentemente
do local onde viva.
A noite de
Sexta-feira é também uma boa altura para
procurar os meteoros Geminidas que rasam a
terra. Estes são meteoróides desintegrados
que voam sobre o horizonte quase
paralelamente à atmosfera. Eles têm caudas
remarcadamente longas e caudas coloridas.
Por volta das 20 h 00 min, hora local para
latitudes médias, Gemini estará baixo acima
do horizonte Este – a geometria ideal para
estes meteoros. "Pode não ver muitos, pois
são raros", diz Cooke. "Mas os meteoros que
rasam a terra são muito bonitos, por isso
vale a pena a tentativa."
Acima:
O radiante da
chuva de meteoros Geminidas (marcado pelo
ponto vermelho) está localizado próximo de
Castor e Pollux, as duas estrelas mais
brilhantes de Gemini. Os observadores do
Hemisfério Norte podem descobrir a
constelação às 2 h 00 min bem alto no céu a
Sul. Os observadores do Hemisfério Sul devem
olhar para o Norte. Os meteoros Geminidas
podem aparecer em qualquer parte do céu: as
suas caudas, contudo, apontarão todas para
trás na direcção do radiante em Gemini.
Mapas do céu:
Hemisfério Norte
ou
Hemisfério Sul.
E finalmente,
não se esqueça do agasalho porque as noites
em meados de Dezembro estarão provavelmente
frias. Pegue numa cadeira reclinável, sugere
Cooke, ou estenda um cobertor grosso sobre
local plano no chão. Deite-se e olhe para
cima. Os meteoros Geminidas podem aparecer
em qualquer parte do céu.
A chuva
esmorecerá rapidamente depois de 14 de
Dezembro. "A Terra sairá da nuvem de poeiras
a 17 de Dezembro e as Geminidas
desaparecerão até ao próximo ano," diz.
Portanto veja-os agora, enquanto pode… os
meteoros de outra dimensão.
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