2005 (I)
Atalaia XVIII - Primeira observação do ano
2005.01.01
Atalaia (Montijo 38°44N 8°48W)
O cometa C/2004 Q2 Maccholz era prontamente visível com a vista desarmada, mas no entanto, não consegui observar qualquer cauda no binóculo 7x50, apenas observei a coma que se apresentava no entanto, ligeiramente ovalizada. O deslocamento era notório de hora para hora, visto estar a subir em declinação cerca de 5" por minuto (A.R: -0.0260 Dec.: 0.0877 ("/segundo)).
A imagem abaixo mostra uma fina cauda de iões com várias ramificações e com mais de 2 graus de extensão, assim como uma razoável cauda de poeira. A estrela mais brilhante da imagem é a 30 Tauri com magnitude 5. Processada com o Iris e (registo e subtracção).
De nota, ficou também a vista do Mare Orientale, bastante mais evidente que da última vez que houve a oportunidade de o poder observar..
De resto, a noite observacional foi relativamente curta, pois a Lua nasceu pelas 11 horas ainda com pouco menos 70% de iluminação, e como um mal nunca vem só, veio acompanhada por uma humidade extremamente alta - ficou tudo de molho, mas como sempre valeu a pena.
Cometa C/2004 Q2 (Maccholz) 20050101 21:35-22:20 UTC
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 35.5 min (6x120 + 15x90s) ISO 800
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E ainda, mais umas exposições de 5 minutos dos enxames do Cocheiro.
Messier 36 e Messier 38
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 5 min (5x60s) ISO 400
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Messier 37
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 5 min (5x60s) ISO 400
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Pátio 187 - Maccholz em (muito) contexto
2005.01.07
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Mesmo com céus de magnitude 4, o cometa Maccholz era visível com a vista desarmada, isto é, para quem soubesse onde procurar...
Na imagem abaixo foi utilizada uma objectiva de 50mm com o filtro IDAS pousado sobre a lente. A imagem tem cerca de 30 graus na diagonal mostra o enorme (mais de 5 graus) enxame das Híades (Melotte 25), (mag. 6.4 dim. 45'), as Plêiades (Messier 45) e ainda o intruso com uma longa quase imperceptível cauda.
Processadas com o Iris e (registo e subtracção e flat).
Cometa C/2004 Q2 (Maccholz) 20050107 00:25-00:38
Nikon D70 + 50mm f/1.8 (f/4)
exp: 12.5 min (5x60 s+5x90seg.) ISO 800 mag. 4 IDAS
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A imagem abaixo foi registada 22 horas depois, mas com algum nevoeiro. O processamento foi bastante agressivo de modo a tentar evidenciar a cauda de iões que chegava e ultrapassava as Plêiades. Apesar de ter uma diagonal com 4 graus, foi necessária alguma ginástica para enquadrar razoavelmente os dois objectos. Foi pena não ter ter estado num local mais escuro...
Cometa C/2004 Q2 (Maccholz) 20050107 22:54-23:14
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 16 min (8x60 + 4x120s) ISO 1600 mag. 4 IDAS neb
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Pátio 188 - Maccholz na bisga - o filme
2005.01.09
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Uma animação do Maccholz em excesso de velocidade durante num período de 12 minutos em que se deslocou 65" (5.4'/hora). Teve sorte em a GNR-BTI (Brigada de Trânsito Interplanetário) não estar à coca :)).
(aguardar com alguma paciência que a prova do crime carregue)
Cometa C/2004 Q2 (Maccholz) 20050109 19:45-19:56 UTC
Takahashi Sky-90 f/4 (360mm)+ATIK-1C 3.2" res 60%
exp: (48x15s) mag. 4 neb
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Atalaia XIX - Cometa P/Tsuchinshan (62P)
2005.01.15
Atalaia (Montijo 38°44N 8°48W)
O cometa periódico 62P Tsuchinshan (ver aqui a história da sua descoberta), completa a sua volta ao Sol em 2420 dias (pouco mais de 6 anos e meio), estando neste momento a pouco mais de 127 milhões de quilómetros da Terra. A sua actual velocidade de movimento aparente de 57.52"/hora é notória no período de meia hora em que foram registados os sete conjuntos de imagens usadas na animação abaixo, no momento em que tinha como pano de fundo o enorme enxame de galáxias da constelação de Virgem, mais precisamente, entre as duas galáxias elípticas Messier 84 e Messier 86 que também marcam o início da famosa cadeia de Markarian. Esta "conjunção galáctico-planetária" foi sugerida pelo Grom da União de Astronomia e Astrofísica para o Arquivo Científico.
A magnitude prevista (e máxima) de 12.4 pode-se considerar bastante optimista, tendo em conta que na imagem existem galáxias com maior magnitude aparentemente mais brilhantes, mas devido ao facto de que geralmente as estimativas por CCD terem menor brilho por demasiada "subtracção" de céu. Tentou-se também observá-lo visualmente com telescópios até 25 cm, sem sucesso.
Apesar da pouca transparência e magnitude visual limite pouco maior que 5, e ainda uma forte humidade a noite até nem correu muito mal, isto tendo em conta os péssimos prognósticos meteorológicos. Depois do ocaso da Lua começou a limpar gradualmente, e lá foi possível observar e fazer imagens durante algumas horas. Por tal, houve tempo para tertúlia, mas desta sessão ficou a visão de um cometa visível com a vista desarmada (Maccholz), e um curioso arranjo triangular dos satélites de Júpiter. Como sempre podem ver o habitual relato no site da Atalaia.
Processadas com o Iris e (registo e subtracção).
Cometa P/Tsuchinshan (62P) 20050116 02:52-03:25 UTC
Takahashi Sky-90 f/4 (360mm) + ATIK-1HS 3.2" 80%
exp: (7x7x40s) mag. 5 neb
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A imagem abaixo tem todas as imagens empilhadas, resultando num maior contraste de modo a salientar a generosa quantidade de galáxias presentes: NGC 4042 (12.6), PGC 40659 (16.7), PGC 40641(17.2), Messier 86 (9.9), NGC 4387 (13.0), NGC 4388 (11.8), Messier 84 (10.2), IC 3303 (14.7). A magnitude estelar é superior a 18.
Messier 84, Messier 86 & companhia
Takahashi Sky-90 f/4 (360mm) + ATIK-1HS 3.2" 80%
exp: 32.7 min (49x40s) mag. 5 neb
(manter rato sobre a imagem para legendas)
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Atalaia XX - À caça no meio dos predadores
2005.02.12
Atalaia (Montijo 38°44N 8°48W)
Já fazia quase um mês que não punha os olhos no céu.
Neste momento estou a testar os limites visuais com o Takahashi Sky-90 , e alternadamente a fazer alguns registos com a Atik-1hs. Os objectivos pretendidos para esta sessão foram uma selecção de objectos adequados a pequenas aberturas nas constelações do Leões e na Ursa Maior.
A noite não esteve muito famosa com a magnitude zenital à volta de 5, com pouca transparência durante toda a sessão, embora com alguns períodos em que parecia um bocado melhor. A turbulência em geral foi muito alta mas também esta com alguns (breves) períodos razoáveis. A Lua pôs-se às 22:30.
Depois de muita conversa (estiveram várias dezenas de pessoas no recinto), e após a uma boa olhadela no cometa Maccholz que ainda se apresenta bem brilhante, iniciei a sessão pela grande e brilhante galáxia em espiral barrada NGC 2903, que estando situada perto da boca do Leão a torna facilmente localizável. É curioso desta galáxia não ter entrado na lista de Messier, pois é acho-a bastante mais evidente que muitos dos objectos dessa lista. É notoriamente alongada e deverá ser uma boa candidata para a observação de detalhes usando grandes aberturas. Esses detalhes incluem "hot spots", que são áreas activas de formação de estrelas que podem ser encontrado até perto do núcleo que visualmente se assemelham a nós. Está a apenas 25 milhões de anos-luz, o que a torna uma das galáxias "próximas". Lá perto, está a galáxia anã UGC 5086 de magnitude >15 e apenas 1 minuto de arco de diâmetro.
NGC 2903
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 39 min (52x45 seg.) mag. 5 neb
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De seguida passei, pelo trio de galáxias Messier 95, Messier 96 e a elíptica M com a companheira NGC 3371, todas elas bastante evidentes e com diferenciação de brilho, dimensão e formato. A pouco mais de 10 graus acima dei um salto à constelação de Leão Menor que de tão pequena tem muito pouco ao alcance de pequenas aberturas, mas ainda tem para oferecer a ténue mas detectável NGC 3344, que com algum esforço se pode descrever por duas ténues estrelas "nebuladas".
Antes de acabar a visita noutro tripleto, passei pela a NGC 3607 que se pode descrever como uma pequena e redonda nebulosidade à volta de uma estrela moderadamente brilhante.
De seguida passei ao trio Messier 65, Messier 66 e NGC 3628. Este trio de galáxias espirais espalha-se confortavelmente no grau e meio da Nagler 9 a 56x. Apesar da pouca abertura e proporcional falta de detalhes observáveis, considero estes grandes campos sempre satisfatórios pela a sua composição.
Depois de ter completado esta lista fui fazer reconhecimento de terreno na área de Coma e Virgem, passando bem mais de uma hora em identificação e preparação para observar o superpopulado enxame Coma-Virgo que será um dos objectivos das próximas sessões. Mesmo com apenas 90 mm de abertura aquela área pode ser bem confusa.
Por esta altura já Ursa Maior estava a dar o pino, com os seus mais brilhantes objectos bem posicionada para observação. Comecei pelo o incondicional par de galáxias Messier 81 e Messier 82 que no campo de visão ainda tinham por companhia a NGC 3077, passando de seguida para um outro par Messier 108 e a planetária Messier 97 também ambos bastante evidentes e visíveis no mesmo campo de 1 grau e meio.
Terminei a noite na Messier Messier 109 que tem o dom de por vezes ser irritante de detectar devido à proximidade da gamma da Ursa Maior (Phecda) que debita uns fulgurantes 2.4 de magnitude. Recordo-me da dificuldade que tive encontrá-la na primeira vez que completei a lista de Messier com o Dobson de 20cm, mas desta vez foi bem mais fácil (melhor contraste ?) - a sua forma alongada e até uma boa parte da sua dimensão foram observadas directamente. Fiz o registo desta galáxia que é bem bonita, e que até está rodeada de alguma companhia, mas infelizmente o nevoeiro obrigou a terminar antes de ter obtido um bom número de sub-exposições (pelo menos o dobro das obtidas). Mas apesar disso, ainda é possível observar na imagem os seguintes objectos : UGC 6923 (13.4), UGC 6940 (16.7), UGC 6969 (14.6), PGC 2438633 (16.6), PGC 2436214 (17.65) entre outros.
Messier 109,NGC 3992
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 25min. (25x60s) mag. 5 neb
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Atalaia XXI - Sol em h-alpha
2005.02.19
Lisboa eAtalaia (Montijo 38°44N 8°48W)
Todos os anos acontece no Parque Eduardo VII uma demonstração de telescópios e filtros solares na linha h-alpha, sendo um boa oportunidade de apreciar o nosso Sol através de instrumentos que são geralmente inacessíveis economicamente. Estiveram à disposição desde o pequeno e relativamente económico Coronado PST, simples e em conjunto com outro filtro (em stack), um pequeno telescópio h-alpha de 50mm (Solarview ?), um telescópio equipado com um "stack" de filtros Coronado 60mm e finalmente outro telescópio equipado com um prisma Herschel, que permite observações na luz branca muito nítidas. O tempo esteve de feição, embora o Sol não apresentasse muitas protuberâncias para além de uma gigantesca que atravessava quase metade do globo.
Sol com prisma Herschel
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Sol em h-alpha
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Ver iamgens da sessão no Atalaia.org.
Despido na Atalaia
Não estava a pensar ir até à Atalaia, nem sequer tinha trazido telescópio , mas acabei por ir e fui-me alapando a quem tinha trazido telescópio. Não posso deixar de registar uma extraordinária vista de Saturno através de um refrator TEC 140mm, em que foi possível além de observar facilmente o anel C, ver a mínima de Encke com uma abertura tão pequena. A noite não se podia considerar muito boa para observação de céu profundo dado a fase lunar cheia 85%, mas não impediu que tivesse tido alguma afluência.
Outra estreia deste ano foi a primeira vista da GMV em Júpiter, assim como o trânsito do satélite Europa, ambos visíveis com apenas 80mm. Fazia já algum tempo que não observava este planeta com olhos de ver. Foi uma noite bem fria, chegando aos dois graus negativos, e que como não fui convenientemente equipado, caiu-me uma orelha e tive de amputar um pé... também esta sessão foi registada no Atalaia.org , onde se pode ver as imagens lá feitas.
Pátio 189 - Testes ao luar
2005.02.24
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
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A Lua cheia só serve para chatear, pode parecer bonita, mas na realidade é uma grande chata que tiraniza impiedosamente metade das possíveis noites de observação do resto do Universo. Apesar de (sabe-se lá porquê) alguns caramelos ainda lhe acharem piada, geralmente apenas utilizo estas noites de Lua cheia para afinar e testar equipamento.
O objecto que actualmente tem requerido mais a minha atenção é o pequeno dupleto apocromático Takahashi Sky-90 que tem tido uma pequena mas atribulada história. O dito cujo não gosta lá muito de frio, e tem uma maneira particularmente inestética de o mostrar. Com temperaturas ambiente inferior a 5 graus celsius, apresenta(va) aquilo que se chama ópticas deformadas ("pinched").
Visualmente, é fácil de observar o problema desfocando uma estrela ligeiramente em qualquer sentido, e reparar na forma dos anéis de difração, que no caso de existir qualquer zingarelho a causar demasiada pressão nos elementos ópticos, resulta em anéis não circulares. Se por exemplo, existirem 3 pontos de pressão (por exemplo os parafusos de colimação), resulta num hexágono em que os vértice são tão acentuados como a pressão que cada um destes parafusos está (indevidamente) a exercer .Este aumento de pressão é causado pela contracção térmica da célula da objectiva, e vai-se tornando cada vez mais acentuado à medida que a temperatura for baixando. Ora acontece que não comprei um telescópio só para Primavera/Verão, embora considere que todos os telescópios de uma maneira maior ou menor são afectados por temperaturas baixas, justificando-se algumas vezes a sua performance menos boa com a turbulência ou outra coisa qualquer.
Este problema foi identificado nas primeiras séries deste telescópio, mas pelo que vi pela Net estas primeiras versões fazia hexágonos de deixar Arquimedes orgulhoso. Então o fabricante (depois desenhador da célula provavelmente ter feito hara-kiri por tamanha desonra), adicionou mais 3 pares de parafusos para resolver o problema (a meu ver não totalmente), que foram criteriosamente selados com cola plástica para tipos como eu não lá mexerem.
Ora bem, depois de ter aliviado os três principais parafusos de colimação para os excluir de qualquer influência, só restaram os misteriosos três pares de parafusos que embora ignore a razão da sua dualidade, tratei (depois de falar com o representante europeu) de os aliviar a todos ligeiramente havendo um deles que fez um ruído que suspeito ter sido de alívio. De seguida fui até ao pátio onde estavam a vigorar uns revigorantes 5 graus celsius, colimei-o (já estou a ficar demasiado "expert" nisso), e reparei que embora ainda não absolutamente ausente, talvez devido à turbulência, os anéis de difração apresentavam uma forma bem mais circular até pelo menos 2 graus celsius de temperatura ambiente.
Mas precisava da frontalidade de um CCD para confirmar que realmente estava melhor e então usei a Atik para apontar para uma estrela brilhante que estivesse a jeito (Procyon) verificando que aquele horroroso "spike" de difração que estava presente em praticamente todas as imagens feitas até ao momento com o Takahashi Sky-90 deixou aparentemente de existir (espero eu...).
A título de curiosidade, a imagem de Procyon foi captada com alguma nebulosidade, que causou um fenómeno semelhante aos dos halos lunares ou solares, que são resultado da difração das gotículas de água. Segundo o livro Óptica 2ª ed. de Eugene Hecht da Calouste Gulbenkian (um grande calhamaço), estas gotículas formam aquilo que se chama uma distribuição bidimensional (rede) de aberturas circulares (neste caso as gotas), fazendo esta rede uma interferência que resulta no curioso padrão de difração observado na imagem de Procyon. O livro explica que o mesmo efeito se pode simular se olhar para uma luz pontual através de um pano dobrado, embora ache difícil arranjar um luz pontual suficientemente forte que atravesse um pano.
Procyon
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3" 60%
exp: 1.7 min (20x5s)
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Mais feliz, aproveitei para observar Saturno e Lua e algumas duplas que apesar da turbulência e alguma nebulosidade deram vistas impecáveis.
De seguida foi experimentar um novo adaptador que permite para atarrachar câmaras Atik ou qualquer outra que tenha rosca interior T a objectivas fotográficas, servindo ainda de suporte para colocar às cavalitas de um telescópio que tenha um parafuso de medida fotográfica (3/8"). Este adaptador é feito inteiramente de plástico (do rijo), tendo apenas de metal o contacto de encaixe com a objectiva e a rosca de tripé fotográfico.
50mm+ Atik às cavalitas da "flor de estufa"
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Abaixo está a mais pequena Lua cheia do mundo na linha h-alpha <g>. Reparar na imensa área de céu registado - mais de 5 graus na diagonal com apenas um chip de alguns milímetros de diagonal. O filtro h-alpha foi só mesmo para experimentar a colocação do filtro dentro do adaptador, que diga-se de passagem, é um procedimento um bocado mal jeitoso para quem não tenha dedos pequenos. Pior ainda é para tirá-lo. Pena que não tenha foco com a gaveta de filtros da Astronomik, seria bastante mais conveniente.
Esta imagem da Lua dá para fazer uma experiência interessante. Se se esticar o braço e afastar-mo-nos do monitor o suficiente de modo a ocultar totalmente o disco da Lua com a ponta do dedo indicador - o tamanho da Lua no ecrã é semelhante ao tamanho aparente que realmente vemos no céu - e dessa distância dá para verificar afinal que a Lua é na realidade bem pequenina não é ? (o Sol também tem praticamente este tamanho). Realmente para tapar a Lua ou Sol basta apenas esticar o indicador, truque útil que permite por exemplo observar o grau de nebulosidade fina (ex:neblinas altas).
Lua
Nikkor 50mm f/1.8 (f/2.8)+ATIK-1HS 22.3" res 0%
exp: (3xf) h-alpha
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A única lente decente que possuo é a nikkor 50mm f/1.8 que fechada a f/2.8, me pareceu obter imagens sem vignetagem, embora também me pareça que o CCD da Atik não esteja lá muito ortogonal, fazendo com que as estrelas do do terço esquerdo estejam desfocadas. De notar que com objectivas fotográficas (fixas) ao contrário dos telescópios a abertura varia com o f/. Neste caso é equivalente a fotografar com a resolução de um telescópio com apenas 19mm de abertura (=50/2.8).
Saturno
Nikkor 50mm f/1.8 (f/2.8)+ATIK-1HS 22.3" res 0%
exp: 8min. (4x30 s + 6x60s) h-alpha
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Um outro problema que andava a infligir as imagens tratava-se de uma marcada matriz nas imagens feitas com a Atik, efeito que é bastante notório nas últimas imagens que tenho feito ultimamente (ver as galáxias abaixo por exemplo). A matriz parece surgir por diferenças de intensidade nos componentes de cor do pixel (mesmo nas câmaras monocromáticas). A solução passa por aplicar algumas macros e ir experimentando, mas não tendo ainda conseguido eliminar completamente.
Pátio 190 - "Swing-by" da sonda Rosetta
2005.03.04
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Rosetta - 20050304 21:44 UTC
Nikon D70 + 50mm f/1.8 (f/4)
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A sonda Rosetta fez uma bem chegada (1900km) passagem pela Terra para ganhar "balanço" para ir de encontro com o cometa 67P/ Churyumov-Gerasimenko que irá orbitar e também fazer aterrar uma outra sonda em 2014. Portugal não estava propriamente favorável para a sua observação aquando da sua maior aproximação e consequente maior brilho, mas resolvi tentar observar com o binóculo (7x50), mas sem sucesso num céu de magnitude 4.5. Simultaneamente, fui tentar registar o seu rasto com uma câmara num tripé fixo, tendo aí alguma sorte, ficando registada em pelo menos 3 imagens o rasto da sonda. Ao analisar as imagens, o brilho deve ter ficado dentro dos valores previstos (ou talvez menos), não havendo também muita diferença na trajectória prevista pela a ESA , nas imagens aparenta ser um daqueles "riscos" que cada vez mais frequentemente estragam as imagens.
Pulo do Lobo IV
2005.03.05
Pulo do Lobo - Serpa
Finalmente um céu bem escuro. Estas idas a Serpa são cada vez mais indispensáveis para manter o "bicho" da astronomia bem vivo. Nada como um céu escuro para realmente desfrutar de todas suas jóias e até para conhecer melhor os nossos próprios limites.
Luz Zodiacal
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O pessoal foi chegando a partir das 18 horas, começando logo de imediato a montar o equipamento. Mesmo antes de ser preciso luz para ler, já praticamente todos estavam prontos para uma grande noite. Ficamos distribuídos por três áreas - uma dedicada à astrofotografia digital com diversos tipos de telescópios, sendo estes essencialmente refratores a(po)cromáticos, um catadióptrico e um "binóculo" Apo-Mak em serviço visual, uma outra área com os grandes reflectores "truss", dois de Merak de 12" e 18", dois Obsession de 15", e finalmente dois refratores e um Dobson de 8" que ficaram instalados no cimo de um monte, sendo estas últimas áreas dedicadas à observação visual. Mal contados éramos mais de um dúzia, havendo também algumas visitas de indígenas locais.
As condições atmosféricas foram variando durante a noite, começando a noite com algum vento e ar seco, terminando já sem vento e com bastante humidade, algumas neblinas baixas e com uma temperatura a baixar até aos 2 graus celsius. Até a Lua nascer após as 4 da manhã, a magnitude limite visual no zénite esteve a rondar os 6.5.
À medida que ia anoitecendo, o planeta Mercúrio que apresentava uma adiantada (ou atrasada) fase, tornando-se numa "estrela da tarde" bem brilhante logo após do pôr do Sol. Foi surgindo gradualmente um enorme e gordo cone da luz zodiacal, tão forte e com tais dimensões que até se poderia considerar poluição luminosa! chegava quase até ao zénite não me lembro de alguma vez ter visto a luz zodiacal tão intensa, o que atesta uma noite verdadeiramente escura. A luz zodiacal é causado pela a luz de Sol a reflectir nas inúmeras poeiras interplanetárias provenientes dos cometas e colisões entre asteróides que tal como todo o resto, estão em órbita à volta do Sol. A melhor altura para a observar este fenómeno é quando a eclíptica se encontra quase perpendicular ao horizonte, situação que se verifica no início das noites de Primavera e nas madrugadas de Outono uma a partir 1 hora antes e após o crepúsculo astronómico.
De resto, foi um início de noite calmo e sereno, com uma enorme abóbada celeste completamente à disposição acompanhada por um agradavelmente silêncio - daquele silêncio que só ouve um lugares realmente isolados. Pois é, céu escuro, silêncio, petiscos e boa companhia - acho que não foi necessário mais nada...
Tendo esta noite se estendido ao longo de cerca de 12 horas, a lista de objectos observados foi bastante extensa. Desta vez, dediquei-me essencialmente à observação visual, tendo seguindo todas as sugestões (e mais algumas adicionadas) das cartas do Atlas de Karkoschka. Que convenientemente está ordenado por ascensão recta, tendo-me limitado a esperar que os os objectos desfilassem no meridiano.
O telescópio utilizado foi um Takahashi Sky-90 f/5.6 com uma Nagler de 9mm (56x-1,5 graus) que foi a combinação mais usada, uma Panoptic 24mm (21x-3,2 graus) e uma Nagler Zoom 3-6 (83x-167x). Também foi utilizado um filtro UHC da Astronomik.
E3 Messier 45, Hyades, NGC 1647, Messier 1
Apesar de ser um dos mais notáveis enxames do nosso céu, as Plêiades (Messier 45) ganharam um encanto especial num céu escuro. A nebulosa Merope (e outras) que são hábito se ver nas imagens eram imediatamente visíveis na sua cor e forma, ocupando a totalidade da área do enxame e arredores - é de aproveitar sempre para revisitar estes objectos em bons céus porque vale mesmo a pena. O remanescente de supernova Messier 1 embora não apresentasse muito detalhe, tinha no entanto um textura razoavelmente diferenciada, mostrando algumas vilosidades..
E4 Messier 79, NGC 1981, NGC 1973, Messier 42, Messier 43
Estive a observar por bastante tempo na constelação de Orion. Todos os objectos, com excepção de Messier 79, eram visíveis no mesmo campo com a pan 24mm. Foi uma visão impressionante onde foi praticamente impossível não conseguir observar nebulosidade. A apenas 21x e com mais de 3 graus de campo, toda a "espada" de Orion ofereceu uma vista memorável, sendo até fácil seguir todo o "laço" da Messier 42, ou ainda a nebulosa com a silhueta do "homem a correr", um contraste pouco habitual, conseguindo-se ver as 4 estrelas do trapézio nessa baixa magnificação. Uma vista simplesmente fantástica.
A imagem abaixo é uma exposição de 6 minutos com a objectiva de 50mm onde ficaram registados dois meteoros que julgo serem esporádicos, visto não haver nenhuma actividade meteórica significativa nesta altura.
Dois meteoros (Beta ou Rho Leonidas)
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E5 NGC 1788, NGC 2024, Messier 78
A "Flame" também esteve visível, assim como as restantes nebulosas, Messier 78 e NGC 1788 (uma estrela ténue nublada).
E6 Messier 41, NGC 2362, Messier 93
O enxame NGC 2362 revelou-se até bem interessante com a brilhante Tau CMa a adicionar algum vigor ao enxame um tanto ao quanto irresolúvel.
E7 NGC 2129, Messier 35, NGC 2175, NGC 2261, NGC 2264, NGC 2392
Considero o par de enxames Messier 35/NGC 2175 uma das vistas de campo largo mais interessantes do nosso céu devido ao contraste no tamanho e resolução dos dois enxames. Lá perto está também uma zona com ténue nebulosidade que corresponde à NGC 2175. A Nebulosa variável de Hubble (NGC 2261) para além de ser ténue é extremamente pequena, ainda deu algum trabalho a identificá-la no campo a 56x, pois assemelha-se a uma estrela com um pequeno e ténue "rabo". Na "Esquimó" (NGC 2392) era perceptível a concha exterior - vista muito interessante.
E8 Messier 50, NGC 2360, NGC 2359, Messier 47, NGC 2423, Messier 46, NGC 2438, NGC 2539
Esta carta tem uma boa colecção de enxames abertos, com especial menção para a nebulosa planetária de magnitude 11 e com apenas 1 minuto de arco de tamanho que se encontra na área de Messier 46 - ilusiva ao princípio, mas perfeitamente visível mesmo sem filtro. Messier 46 e Messier 47 observam-se simultaneamente mas algo apertados em 3 graus numa área que está absolutamente "infestada" de estrelas, sendo por tal uma área muito interessante para passear, repleta de enxames abertos.
E9 NGC 2237, NGC 2244, NGC 2301, NGC 2324, Messier 44, Messier 67
Uma vista inesquecível da "Rosette" e do seu enxame associado, NGC 2237 e NGC 2244 respectivamente. Sem filtro UHC a nebulosa era visível mas muito pouco perceptível, mas ao ter colocado o filtro UHC, vi a nebulosa como nunca julguei ser impossível ver - a nebulosidade apresentava todo o recorte e forma de rosa (com uma pétala maior), com o centro mais escurecido que é costume ver-se nas imagens, mas obviamente que sem a cor, mas no entanto com um bom e fino detalhe. Mais uma vez, a 21x e com mais de 3 graus de campo, a combinação foi perfeita para enquadrar folgadamente esta enorme nebulosa, que chega a ter quase grau e meio na sua maior extensão. Foi uma vista memorável. Experimentei ainda um filtro OIII (Lumicon) que no entanto achei demasiado estreito para os 90mm de abertura, mas deu a impressão de aumentar ligeiramente o contraste da nebulosa. Os enxames ex-libris da constelação de Câncer, Messier 44 mas mais especialmente o Messier 67 (um dos meus favoritos) estiveram também muito vívidos.
E10 Messier 48, NGC 3115, NGC 3242
Apesar destes três objectos serem gratificantes, fica a nota da observação a olho nu do enxame Messier 48. A NGC 3242 "Fantasma de Júpiter" tem esse nome por ter o mesmo tamanho aparente de Júpiter, mas tal não é o caso com pequenas aberturas, pois tive a ocasião de comparar com o próprio e sem dúvida que a nebulosa planetária é notoriamente mais pequena. A galáxia NGC 3115 é uma "edge-on" muito brilhante e acessível a qualquer telescópio.
Por falar em Júpiter, também este planeta nos brindou com mais um trânsito da GMV, sendo até visível não só uma bem marcada delineação da mancha, mas sim diferenciação no seu interior (Nagler Zoom 3mm 166x), isto para além de bastante detalhe em ambas as bandas equatoriais. A noite embora não propriamente estável para observação planetária, proporcionou alguns raros bons momentos de estabilidade.
E11 NGC 2903, Messier 95, Messier 96, Messier 105, NGC 3384, Messier 65, Messier 66, NGC 3628 + NGC 3607, NGC 3341
Todas as galáxias acima se apresentaram conforme as descrições básicas, no seu tipo e forma, e bastante brilhantes e satisfatórias. O trio Messier 65/Messier 66/NGC 3628 continua a ser uma grande vista em 3 graus de campo. De salientar a dimensão e a bem notória barra de poeira de NGC 3628, não tendo terminado esta carta sem antes dar um salto ao par de estrelas dourado que formam a Gamma Leonis (Algieba).
Dois meteoros (Beta ou Rho Leonidas)
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E12 NGC 4361, Messier 68, Messier 104, NGC 4697
A Messier 104 "Sombrero" mostrou-se bem alongada e brilhante, suportando até um bocado de magnificação mas sem mostrar indício da barra de poeira (talvez fosse pedir muito). Outra surpreendentemente fácil (apesar do Karkoschka escrever que é um objecto ténue), tratou-se da pequena planetária que se encontra no meio da constelação do Corvo, na qual tentei observar a estrela central de magnitude 13 mas sem sucesso. A galáxia elíptica NGC 4697 e o globular Messier 68 bastantes visíveis mas sem detalhe digno de nota.
E13 NGC 4494, NGC 4559, NGC 4565, NGC 4631, NGC 4656, NGC 4725, Messier 64, Messier 53 (8)
A cabeleira de Berenices transbordava bem fora dos 3 graus da pan 24mm, mas a olho nu fazia bem jus ao seu nome. Esta constelação alberga algumas galáxias que costumam ser um desafio para pequenas aberturas, nomeadamente a famosíssima e fotogénica galáxia "edge on" NGC 4565, que diga-se apresentava-se bem grande e alongada (nada mau para uma galáxia 10.5 e um brilho de superfície de 13), assim como o globular que está perto do também globular Messier 53, o NGC 5053 que apesar dos esforços não consegui detectar a 56x - vou ver se me lembro de usar mais magnificação para a próxima...
Já pertencendo a Cães de Caça, as galáxias "edge on" NGC 4656 e NGC 4631 que distam entre si apenas meio grau fizeram um surpreendente dueto apesar do seu brilho de superfície de magnitude 14. Foram o troféu desta carta.
E14 Messier 98, NGC 4216, Messier 99, Messier 61, Messier 100, Messier 84, Messier 85, Messier 86, 3C 273, Messier 49, Messier 87, Messier 88, NGC 4526, Messier 91, Messier 89, Messier 90, Messier 58, Messier 59, Messier 60, NGC 4726
Esta carta é essencialmente dedicada ao enxame de galáxias do enxame de galáxias Coma-Virgem. praticamente todas as galáxias são da mesma magnitude e brilho de superfície, e de uma forma geral correspondiam mais ou menos à descrição dada pelo Karkoschka . Muitas delas são elípticas, que apresentam quase sempre uma monótona forma arredondada, não se podendo pedir muito mais a 90mm de abertura. O desafio, para além de algumas galáxias com perto de 11 de magnitude, era tentar não me perder no meio de tanta galáxia. Mesmo com 90mm é possível ver mais umas quantas que não estão referenciadas na carta, tendo usado a estratégia de "atacar" por três frentes tendo assim repousadamente sido todas "conquistadas". Todas elas forneceram vistas bastante aceitáveis, dando um pouco mais do que o habitual borrão, havendo até algumas com núcleos bem condensados e halos de forma bem distinta, especialmente no caso das espirais. Foi agradável poder observar facilmente galáxias de magnitude 10 ou menor, com brilhos de superfície que chegam a valores tão tão baixos como 14 de magnitude.
Sempre achei a designação 3C 273 algo misteriosa provavelmente por ser a única designação relacionada com a astronomia de que me recordo antes da "ignição" mas mais devido à sua estranheza. O quasar (de "QUASi-stellAR") 3C 273 (3C é a sigla para Third Cambridge Catalogue.) é o mais brilhante e foi o primeiro a ser descoberto sendo um dos responsáveis pela actual compreensão do tamanho do Universo e cuja história da descoberta é um dos temas do imperdível livro "First Light" de Richard Preston. Este quasar segundo as últimas estimativas tem um "red-shift" cosmológico de z = 0.1575, valor que aplicando a Lei de Hubble (apenas para estimativa grosseira) temos uma distância de 2.1 mil milhões de anos-luz - mais do que o somatório da distância de todos os objectos aqui relatados ... É também o objecto mais longínquo e mais luminoso que observei visualmente até à data.
Nos livros geralmente esquecem-se de referir que em alguns anos a sua magnitude na banda visível pode variar entre 12 e 13, daí a sua visibilidade com pequenos telescópios poder também variar. Ao lado está o campo de um grau e meio com a localização de 3C 273.
A sua observação visual com 90mm de abertura pode-se considerar difícil mas não impossível, com as cartas do Karkoschka foi fácil localizar o campo do quasar tendo depois apenas de esperar que os olhos fossem iluminados pelo o pequeno ponto. E assim foi, tendo também sido observado pelo o Luís E. e pelo Alberto. Tendo em conta a magnitude da estrela (12.7) que lhe fazia companhia nas breves aparições a sua magnitude pareceu-me estimar mais próxima do valor mais recente de 12.85. Um interessante desafio para pequenos telescópios.
A formula (Kitchin) para um céu de magnitude 6 e usando 90mm de abertura é =(17+5*LOG((abertura(mm)/1000))) resulta em magnitude visual máxima de 11.77 - valor claramente diferente o que implica um céu perto de 7 e uma transmissão de luz bastante jeitosa. Com um CCD é alvo para apenas alguns segundos de exposição.
Uma boa carta com dados fotométricos e localização deste quasar
http://www.lsw.uni-heidelberg.de/projects/extragalactic/charts/1226+023.html
N12 NGC 4244, Messier 106, NGC 4449, NGC 4490, Messier 94, Messier 63, Messier 51, NGC 5195
Todas estas galáxias em Cães de Caça estiveram também bem visíveis e mais uma com forma e aparência bastante aproximada das descrições. No par Messier 51/NGC 5195 era possível ver ambos os núcleos rodeados de nebulosidade embora algo indefinida, pois não se pode dizer que se conseguia discernir lá muito bem os braços em espiral, mas sem dúvida que a nebulosidade não perdia continuidade entre os dois núcleos sendo portanto bem visível a "ponte".
S15 NGC 5128, NGC 5139 ( NGC 5460, NGC 5822)
À latitude de Serpa, já é possível observar duas das grandes jóias do hemisfério Sul: o Omega Centauri (NGC 5139) e a galáxia irregular Centaurus A (NGC 5139). Ambos os objectos estiveram visíveis, mas bastante deslavados. O Omega Centauri era um grande amontoado sem praticamente nenhuma resolução, e a Centaurus A uma (grande) mancha irregular sem qualquer forma reconhecível.
N14 Messier 13, Messier 92
Estes dois globulares ficam sempre bem, mas realmente foram bem mais espectaculares nos grandes telescópios que estavam mais abaixo no monte. Resolução até ao último reduto, com as estrelas em Messier 13 a radiar de uma forma que fazia lembrar um remoinho. No Takahashi Sky-90 a resolução é comparativamente incomparável ;) e essencialmente surge apenas na parte exterior dos globulares, mas de qualquer modo foi a melhor vista deste enxame numa abertura pequena. Messier 92 tem o núcleo mais condensado que Messier 13 mas também não fica atrás em espectacularidade.
N18 Messier 57, Messier 56, NGC 6826
Não me lembro nunca de ter observado a Messier 57 tão azul, e sinceramente julguei que me tinha esquecido de tirar algum filtro da ocular, achei verdadeiramente impressionante. A estrela de magnitude 12 e picos que costuma parecer no seu bordo era de observação directa. E finalmente a incontornável Albireo (beta Cygni) que para não variar, apresentava as suas cores azul e dourado bastantes vívidas.
E de resto ...
Tanta coisa para ver e tão pouco tempo... embora ainda tenha visitado mais uns punhados de objectos, a história já vai longa. Ainda por contar fica ainda um brilhante bólide que deixou um longo rasto verde com mais de 3 palmos bem medidos (45 graus) tendo sido bastante mais brilhante que Júpiter que até se encontrava na área para uma boa comparação.
De "hardware" experimentado para além do filtro OIII da Lumicon acima mencionado, passeei uma Nagler 12mm e uma Takahashi LE de 7.5mm, tendo gostado bastante de ambas, apesar de obrigar a retirar o rotador de câmara para conseguir foco - um luxo que não queria dispensar. Fiquei no entanto impressionado com a Nagler 12mm no Takahashi Sky-90 - muito nítida, excelente contraste, com um campo muito bem corrigido e um relevo ocular suficiente longo para poder usá-la com os óculos. Também confirmei que o tempo máximo de exposição da Nikon D70 permite é de 30 minutos, que apesar de não ser necessário ir para o Alentejo para verificar isso, aproveitei o teste para fazer o "star trail" acima (algo estragado pelas luzes de um automóvel) enquanto petiscava mais abaixo com os companheiros da noite. Aqueles riscos azuis no topo da imagem são as Plêiades já na sua fase descendente. Um obrigado a todos os que lá estiveram e em especial ao Luís Evangelista que partilhou comigo aquele por vezes algo ventoso monte.
Como sempre, podem ver a enorme quantidade de imagens feitas pelo grupo nas duas noites aqui e aqui .
Após esta noite, cada vez mais me convenço mais que o primeiro parâmetro na compra de um telescópio deve ser a magnitude do local habitual de observação. NADA substitui o céu escuro. É certo que todos os telescópios "ganham" abertura quando sob céus escuros mas acho (de uma forma absolutamente suspeita e sectária ) que são as pequenas aberturas que na realidade se excedem. Pena é, que embora estas sejam noites memoráveis, infelizmente tornam-nos inevitavelmente cada vez mais exigentes, sendo cada vez mais difícil se contentar com outras em céus menos escuros. Foi bom e mereceu bem a viagem.
Outros relatos do Pulo do Lobo:
Pátio 191 - Pátio RGB
2005.03.13
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Noite com alguns buracos nas nuvens boa para experimentar os filtros RGB type 2c da Astronomik.
O primeiro passo foi arranjar solução para o trem óptico com a gaveta de filtros, também esta também sido feita pela a Astronomik. Esta gaveta manual de filtros tem uma construção impecável, sendo completamente feita de aluminio e aço? anodizado a preto e possuindo rosca M36 (tipo T), macho e fêmea, "gastando" apenas 21mm de foco. Adquiri também 5 gavetas, 4 para filtros de 28.5mm e 1 para filtros de 48mm para ter os filtro permanentemente montados, também estas são de uma construção exemplar.
Com o Takahashi Sky-90 e redutor/corrector, combinação que faz recuar ligeiramente o foco (ou outras palavras "vai mais para dentro"), conjuntamente com a atik directamente enroscada na gaveta, ainda sobra quase 20mm de "in-focus". Uma boa folga. Também é possível usar o extensor focal (Extender Q 1.6x), que coloca o telescópio a trabalhar a f/9 com cerca de 800mm de focal.
Redutor+2"->M43+CA35+Gaveta de filtros+Atik
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2"->M43+Extender-Q+Gaveta de filtros+Atik
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As imagens são apenas testes com estrelas brilhantes, na quantidade de 10x10x10 com exposições de 10 segundos, que não foram calibradas. Mesmo com as gavetas é um pouco entediante trocá-las, sendo necessário verificar se o foco está correcto porque existem ligeiras diferenças de foco entres filtros (sinónimo de correcção de cor não muito perfeita).
Algieba (Gamma Leonis)
Takahashi Sky-90 f/4.5 (400mm)+ATIK-1HS 2.9" res
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Apenas a título de passar o tempo (com 90mm não se pode ter grandes pretensões), ficam várias imagens de Júpiter feitas com a velhinha toucam, feitas a mais de f/41 e com ganho a 60%. Com noites mais transparentes deverá ser talvez possível baixar para 40%.
Não me consigo decidir qual a "cor verdadeira". Embora ache que o planeta tenha cores menos vívidas do que daquelas que são vulgares ver-se nos processamentos. Após ver imagens "true-color" do planeta na net, nomeadamente do Hubble, acho que o planeta tem como cores dominantes o salmão, marfim e o azul acizentado, todas elas um tanto ao quanto deslavadas.
As imagens estão fortemente sobre-amostradas (4x a resolução teórica do 90mm), daí que se reduzir para metade o tamanho não se perde grande coisa. Cada imagem tem um equilíbrio de cores e brilho diferente para os testar em monitores diferentes.
Jupiter 20050313 00:45 UTC
Takahashi Sky-90 f/41 (3720mm) + Toucam 0.31" 60%
exp: 2 min (600x1/5s)
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Jupiter 20050313 00:55 UTC
Takahashi Sky-90 f/41 (3720mm) +T oucam 0.31" 60%
exp: 2min. (600x1/5s)
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Pátio 192 - Pátio RGB (parte II)
2005.03.17
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Nesta sessão, quis tentar fazer imagem a cores (LRGB) do enxame aberto Messier 67 que é constituído por estrelas de diversas cores (espectros), sendo aliás por este motivo um dos enxames mais usados para calibração de filtros (UBVRI) nos observatórios profissionais. Mas o objectivo não era calibrar, coisa que com uma câmara de 8 bits é algo difícil se não impossível de obter com precisão (perda linearidade rapidamente), mas sim ver como saiam as cores das estrelas e ajustar a olhómetro.
As exposições usadas foram de 12x15 segundos para cada canal LRGB, tendo sido registadas e integradas com o IRIS. Não forma usados "darks" nem "flats" embora estar a precisar. O canal L foi adicionado com o PS segundo o método descrito nesta página. O peso de cada canal RGB é 1:1:1 sendo o canal L uma soma mediana para não "engordar" demasiado as estrelas. Fica a imagem abaixo embora pessoalmente goste desta com mais ruído.
Messier 67, NGC 2682
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 12' (180"+3*180") LRGB
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A estrela de interesse não é propriamente a Zeta Leonis, mas sim a estrela que está às suas 11 horas (TYC 1969 1260), que tem um espectro igual ao do nosso Sol que é uma estrela G2 , embora esta estrela seja uma subgigante e não uma anã (IV em vez de V). A estrela deveria parecer branca, embora tenha traços de uma ligeira aberração cromática.
Adhafera - Zeta Leonis e a G2V
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 9' (15"+3*180") RGB (Astronomik)
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Coloquei a toucam e adicionei a powermate 5x para as imagens abaixo. A primeira imagem é a versão XL da imagem da anterior sessão, em que os 4,5" que separam as duas estrelas douradas é notoriamente bem espaçado, não porque estava especialmente pouca turbulência (bem pelo contrário) mas sim porque foram as 6 únicas "frames" possíveis de usar num total de 600... Todas as restantes imagens processadas no Registax3.
Algieba (Gamma Leonis)
Takahashi Sky-90 f/31 (2755mm)+Toucam 0.42"
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Também usando apenas a powermate 5x para trabalhar a f/31. O globo até fica com um tamanho jeitoso e apresenta algum detalhe.
Júpiter 20050317 00:57 UTC
Takahashi Sky-90 f/31 (2755mm)+Toucam 0.42"
2 min (1200x1/10s)
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Vale da Lama I
2005.04.09
Alpiarça
Fui com mais alguns companheiros de observação ter com o Mário Santiago para um local relativamente escuro perto de Alpiarça.
Tendo sido Lua Nova no dia anterior, estaria também esta noite praticamente ausente, permitindo assim a observação de objectos de céu profundo durante toda a noite. E assim foi. Apesar da maioria se ter dedicado a astrofotografar, ainda tive algumas horas a observar com o Takahashi Sky-90 a área de Escorpião, Sagitário e Escudo.
Chegamos ao local por volta das 18 horas, tendo logo começado a montar o equipamento. O local, embora não completamente isolado, era relativamente "selvagem", ficando rodeados de sobreiros e azinheiras que creio eu serem seculares. Fizemos um piquenique ao pôr do Sol e aguardamos calmamente que a noite caísse, observando o desfilar progressivo das magnitudes estelares.
O céu esteve sempre limpo, embora com fraca e mediana transparência, com a turbulência em geral elevada. Este local tem o horizonte Sul razoavelmente escuro e desimpedido, apesar de ter o Oeste obstruído com um grande morro e o Norte algo poluído, havendo ainda algumas obstruções causadas por árvores de grande porte. Escolheu-se um local abrigado de modo a evitar ou atenuar o vento que se fazia sentir. A magnitude limite rondou os 6-6.5. O vento foi amainando até deixar de praticamente se sentir após a meia-noite. Foi bom tanto pelo conforto como para os instrumentos. A noite foi amena, o frio só se fez mesmo sentir momentos antes do nascer do Sol, e a julgar pela geada, deve ter chegado muito perto de 0 graus a nível do solo.
Tivemos também visitas de locais, que tiveram oportunidade de observar e petiscar connosco.
O tradicional piquenique
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Esta primeira imagem é um enxame de galáxias em Leão pertencente ao Grupo Leo II que preenchiam o requisito mínimo, isto é, conseguir observá-las visualmente para poder apontar o telescópio. As galáxias NGC 3607 e NGC 3608 são facilmente visíveis como duas elipses apesar da sua distância de 70 milhões de anos-luz, daí me terem chamado à atenção quando as observei em Serpa no mês passado.
O campo do grupo continha mais algumas galáxias como é frequente nesta região do céu. É curioso que depois de ter feito a primeira exposição, estava à espera que a NGC 3607 se apresentasse com forma mais espiral, julguei até que me tinha enganado na galáxia (algo que novamente me acontece frequentemente nesta região), mas esta é uma galáxia "face-on" do tipo S0 (lenticular) sendo este o primeiro tipo de espiral após a transição de elípticas. Visualmente e fotograficamente, é extremamente difícil (senão impossível) verificar o disco interior de poeira, tornando-se assim indiferenciada das vulgares e algo monótonas galáxias elípticas.
NGC3607 et al
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 25 min (25x60s) mag. 6
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Por volta da meia-noite, fez-se uma (longa) pausa para o petisco e conversa. É hábito no quintal do Mota fazer-se uns grelhados e aqui não foi excepção. A mesa esteve bem composta, ficando todos nós também bem recompostos para as restantes horas que faltavam até ao nascer do Sol.
Após este grupo de galáxias, apontei o tubo para a galáxia espiral Messier 101. Mas antes de ter ido para lá passei primeiro pelas Messier 51/NGC 5195 e Messier 81/Messier 82 que deram vistas bem agradáveis e contrastadas. Com magnificação de 16x a Messier 101 era imediatamente evidente, estando o núcleo bastante rodeado de nebulosidade. Não foi possível identificar qualquer estrutura nos braços devido à posição muito mal jeitosa de observação sem usar a diagonal (com redutor montado as oculares não focam com a diagonal).
O tempo de exposição foi inusitadamente grande, devido ao facto de ter deixado a fazer "frames" enquanto durou o petisco e a tertúlia (cerca de 2 horas). Não que tenha tido resultados proporcionais, mas foi a imagem com maior tempo acumulado de exposição até ao momento.
Messier 101
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 116' (26x60"+60x90") mag. 6
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Após ter feito uma ronda pelos objectos de Hércules (na qual tive um quarto de hora para identificar a planetária NGC 6210), ainda comecei uma imagem LRGB de Messier 13, mas decididamente a sorte não esteve no meu lado. Primeiro, devo ter dado um toque na montagem, tendo esta ficado ligeiramente desalinhada, mas apenas o suficiente para ter algumas sub-exposições com arrasto - isto é o tipo de coisa para fazer perder meia-hora - primeiro, foi preciso reconhecer o facto, re-alinhar montagem, voltar a centrar o objecto e finalmente focar. De seguida, o Kendrick demorou um bocado mais de tempo a climatizar a objectiva (o 60 mm era bem mais rápido), adicionando mais um quarto de hora.
Logo após dei _mesmo_ um toque na montagem, tendo de voltar a fazer tudo novamente. Depois de finalmente ter conseguido fazer a exposição de (L)uminância, a meio da exposição "R"(ed) a roda dentada do motor A.R. soltou-se, tendo de voltar a re-centrar e fazer novamente o conjunto de exposições. E finalmente a meio da exposição "G"(reen) acabou a bateria do portátil... a imagem abaixo é a soma de 12 imagens não filtradas de 45 segundos. A cor fica para um dia destes. bah...
Messier 13
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3"
exp: 9 min (12x45s) mag. 6
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Apesar de tudo, foi uma noite astrofotográficamente satisfatória. Embora tendo observado visualmente alguns objectos dispersos por toda a esfera celeste, passei em definitivo para o "modo visual", concentrando-me numa carta que tinha preparado e impresso da região de Sagitário e Escudo. Esta carta contém apenas objectos observáveis através de pequenos telescópios, estando alguns deles no limite da visibilidade com 90mm (mas não sabia quais, facto que deu um toque de mistério à observação).
Meio iglo
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O globular Messier 22 é sem dúvida um dos melhores globulares para pequenos telescópios. Tem todos os ingredientes para tal: é grande, brilhante e graças a uma menor concentração e de se situar duas vezes mais próximo de nós que Messier 13, apresentando uma resolução muito satisfatória usando pequenas aberturas - pode-se descrever como um impressionante monte de estrelas. Pode não ser o "rei" do céu, mas com certeza o príncipe do Sul numa perspectiva hemisférica nortenha.
Se houvesse outro pretendente para estes lados, esse seria o globular Messier 55, que por se localizar bem mais baixo, sofreu de muito pouca nitidez e resolução, embora ainda fosse possível notar que tem uma dimensão bem jeitosa. Todos os outros globulares são comparativamente mais pequenos, pouco brilhantes ou ambos, prefixando o advérbio "muito" no caso de se tratarem de objectos NGC. Mas são uma boa colecção deles:
Messier 75, Messier 55, Messier 54, Messier 70, Messier 69, NGC 6652, NGC 6558, NGC 6559, NGC 6624, NGC 8528, NGC 6522, NGC 6540, NGC 6638, Messier 28, NGC 6553, NGC 6544, Messier 22, NGC 6642.
Subindo um pouco mais, entramos no complexo nebular de Messier 8, Messier 20 e Messier 21 proporcionaram uma visão extremamente interessante nos 3 graus da Panoptic 24mm. Achei uma das vistas telescópicas mais impressionantes que tive desta área, o canal da "Lagoa" desenhava-se perfeitamente óbvio, assim como as parte de emissão e reflexão da Messier 20 "Trífida". Ambas apresentavam bastante nebulosidade.
Subindo mais um pouco mais e a caminho da Messier 17 "Cisne", parei em Messier 24, o Messier "Via Láctea" que é uma imensa nuvem de estrelas que enchia completamente o grau e meio da Nagler 9mm. A "Cisne" apresentava a tradicional forma de cisne a boiar, tendo o filtro UHC salientado um bocado mais a ondulação das "penas", além de alguma nebulosidade adicional em seu redor. É um objecto sempre gratificante que tem ainda como companhia o enxame aberto Messier 18 cerca de um grau mais abaixo. Terminei a subida de Sagitário em Messier 16 "Águia", que por muito que tentasse, não consegui discernir as "garras".
Finalmente, o Messier 11 "Pato Selvagem", que é talvez um dos mais brilhantes e compactos dos enxames abertos. Até agora não consegui entender muito bem a razão da sua alcunha, que será por ter a forma triangular típica da formação de patos em migração. Isso talvez seja mais aparente em aberturas maiores, que conseguem resolver mais estrelas e apresentar mais nebulosidade de estrelas não resolvidas.
A foto da praxe já com o Sol a derreter a geada
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Sobre equipamento fica a nota da estreia do protótipo final da Atik de 16 bits refrigerada , e pelo que vi temos máquina.
Pátio 193 - Júpiter e Lua
2005.04.22
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Uma bonita conjunção hoje pelas as 19:30 (hora local) entre a Lua e Júpiter, distando pouco mais de meio grau. A foto abaixo foi, tirada três horas mais tarde estando estes já bem mais distantes a cerca de 3 graus. Bem melhor espectáculo quando observado ao vivo.
Lua e Júpiter 2005-04-22 21:19 UTC
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Pátio 194 - Júpiter e trânsito do Europa
2005.04.25
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Esta sessão planetária tinha como objectivo capturar o trânsito do Europa, tanto o do satélite como o da sua sombra, ocorrendo simultaneamente mais uma passagem da GMV. Infelizmente as condições meteorológicas, os prédios e a mecânica celeste não deixaram terminar a tarefa.
Júpiter e Europa a transitar e o Io a aproximar 2005-04-24 23:00-01:00
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Todas as imagens são provenientes de AVIs de 900 fotogramas a 10/seg equivalente 90 segundos com o ganho a 40% usando um Takahashi Sky-90 f/41 (3720mm) + Toucam 0.31" em intervalos de 10 minutos (sempre que havia céu limpo). Capturadas com QFocus e processadas entre as capturas com Registax3 . Abaixo estão duas sequência de fotogramas do evento. O Norte está para cima e sentido de rotação é f->p (de following e preceding respectivamente).
Estudando as imagens podem-se verificar as seguintes curiosidades de perspectiva: Depois da oposição, as sombras seguem aos satélites, ficando cada vez mais "atrasada" até Júpiter atingir a conjunção. Após esta a sombra passa a preceder o satélite ficando cada vez mais próxima até à oposição. Durante a oposição e conjunção pode ser muito difícil resolver a sombra do disco. Na animação é curioso observar o Europa desaparecer sem deixar rasto, embora ainda estivesse bem destacado já alguns diâmetros dentro do disco de Júpiter. Este efeito é devido ao fenómeno chamada escurecimento do limbo, que também sucede no nosso Sol, que faz aumentar várias vezes o contraste. O Europa devido a ser uma planeta de tonalidade clara perdeu-se na zona clara, sendo talvez preciso mais de luz (abertura) para o destacar das nuvens jovianas.
Europa em início de transito
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... e a sua sombra
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Um dos fotogramas com "wavelets" mais agressivos
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Entretanto ao preparar a sessão deparei com esta página na net que para além de outras coisas interessantes tem uma fórmula para calcular qual o tempo máximo de exposição antes de começar a ser notória a rotação do planeta. Para tal, basta saber o tamanho aparente do dia do planeta (neste caso 43.62"), e o período de rotação (9,84167 horas para o sistema I), e o tempo pretendido :
Cálculos de tempos
O problema é uma regra três simples: Se 43.62" demoram metade de uma rotação completa a passar, quantos segundos de arco passam em n segundos ?
(a) Resolução (segundos de arco) = (diâmetro aparente do planeta * (tempo(seg)/3600)) / (período de rotação do planeta/2)
Resolução(segundos de arco) = (43.62* (90 seg/3600) h) / (9,84167/2) = ~0.22 '' - este resultado está bem abaixo da resolução utilizada acima, sendo portanto possível fazer AVIs com 90 segundos sem se notar a rotação do planeta, visto rodar neste período menos que a resolução da amostragem.
Desenvolvendo um pouco mais o tema, pode-se rearranjar a formula mais convenientemente de modo a determinar quantos segundos se pode fazer no máximo para uma determinada resolução:
(b) Tempo (seg) = (1800*período de rotação do planeta*resolução) / diâmetro aparente do planeta
Para uma amostragem com resolução de 0,31" temos:
Tempo (seg) = (1800*9,84167*0,31) / 43,62 = ~126 segundos
Nota: a resolução de uma imagem é fácil de determinar usando as próprias imagens - basta dividir o diâmetro em segundos de arco (43.62) pelo o número de pixels da imagem no seu equador (140) : que será ~0,31 neste caso. Esta é uma das formas de calcular o verdadeiro comprimento focal de um sistema ( =(206,265*5,6)/(0,31) em que 5,6 é o tamanho do pixel do CCD), e não o que está inscrito nos tubos ópticos e nas barlows ou powermates. Depressa vão descobrir que a powermate 5x se devia chamar 5.5x...
No caso dos satélites
pus-me cá a pensar se a mesma fórmula não se poderia aplicar também aos satélites. Io e Europa apresentam velocidades aparentes maiores que a rotação de Júpiter, tendo que se ter este facto em consideração quando se pretende registar eventos de trânsitos ou do próprio satélite sem que apresente arrasto após o empilhamento ("stacking").
Ignorando tudo o que Kepler nos ensinou e considerando como uniforme o movimento dos satélites à volta de Júpiter, e a inclinação da órbita do satélite no mesmo plano de Júpiter (obviamente errado, mas penso que aceitável para o resultado pretendido), pode-se aplicar a mesma fórmula para determinar o tempo máximo de exposição tendo em consideração o seu movimento de rotação à volta de Júpiter. Na prática estamos a observar um planeta a rodar com o diâmetro da órbita do satélite cujo o único detalhe é o próprio satélite.
Para o satélite Europa usamos os diâmetros de Júpiter correspondentes à sua órbita (9,5x), e o seu período orbital de 85,24344 horas.
usando a fórmula (b) temos :
Tempo (seg)* = (1800*(85,24344)*0,31) / (43,62*9,5) = ~115 segundos - este resultado ajusta-se bastante bem com a animação acima - o Europa aparenta ter uma velocidade semelhante mas ligeiramente superior à de rotação de Júpiter.
Para Io (o satélite joviano mais irrequieto) temos um diâmetro de 5,9x, e um período orbital de 42,459312 horas:
Tempo (seg)* = (1800*(42,459312)*0,31) / (43,62*5,9) = ~92 segundos - também é possível verificar que Io (que é satélite em aproximação), não apresenta praticamente nenhum alongamento devido ao arrasto.
Tudo estes resultados são aproximados e servem apenas para fazer uma estimativa do tempo de exposição de satélites em aproximação do disco de Júpiter. Quando se encontram com grandes elongações (mais afastados de Júpiter a velocidade aparente é menor). Quem quiser calcular para os outros satélites ir aqui e ver os parâmetros, class="micro">* Não me responsabilizo se obterem imagens de satélites alongados após a utilização das fórmulas acima apresentadas.
Pátio 195 - Sol
2005.05.01
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Desde meados de Janeiro que não surgiam manchas de tamanho significativo no nosso Sol, que neste momento caminha para o seu mínimo de actividade solar.
As manchas solares são a parte mais visível de pontos de grande concentração magnética, que pode chegar a valores de cerca 3000 vezes mais forte que a média da fotosfera (a "superfície" do Sol). O mecanismo tem origem milhares de quilómetros abaixo da superfície, e ainda está em grande parte por esclarecer.O norte (eixo) da imagem está sensivelmente às "2:00".
Dados do momento da imagem (Guide 8) :
Sol mag. -26.7
Ascensão recta: 02h35m30.309s
Declinação: +15 13' 14.14"
Posição média na corrente época:
Ascensão recta: 02h35m47.921s
Declinação: +15 14' 37.28"
Posição aparente na corrente época:
Ascensão recta: 02h35m45.994s
Declinação: +15 14' 34.15"
Distância da Terra: 1.00770133 AU (150,749,973 km)
31.74 minutos de arco de diâmetro angular
Posição-ângulo do pólo Norte: 335.99 graus
Inclinação do pólo em relação à Terra: -4.0924 graus
Meridiano Central Solar : 223.3
Número de rotação solar 2029 que começou em 21 Abr 2005 7:52 (10.34 dias atrás)
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2005-05-01 16:06 UTC
M:3 S:4
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Abaixo está a imagem com maior magnificação da mancha solar 756, que já se encontra num estado evolucionário avançado (Waldemeier classe H) . Abaixo está o emergente grupo 757 já com classe A ou até B. Para saber mais sobre as nomenclaturas e classificações ver esta página e ainda o Grupo Solar da União de Astronomia e Astrofísica onde se pode encontrar artigos de como observar e classifcar as manchas solares. Para ver a evolução das manchas ver as páginas onde estão os meus registos diários (sempre que possível).
2005-05-01 16:06 UTC
M:3 S:4
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Serra da Estrela II
2005.05.07
Penhas Douradas e Vale das Éguas - Serra da Estrela
Uma vez mais o grupo Atalaia fez uma expedição em busca de céus mais escuros, tendo desta vez escolhido a serra mais alta de Portugal continental.
Oeste
Após o pôr do Sol na estrada a caminho do Sabugueiro - a aldeia a maior altitude de Portugal
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No primeiro dia e após o jantar em família algo tardio, nós os cinco. Alberto, Filipe, Luís, Mário e Paulo, pusemo-nos a caminho das Penhas Douradas, tendo chegado ao local já bem depois da meia noite. este situava-se sensivelmente no mesmo sítio da última vez , de modo a aproveitar as restantes horas até ao crepúsculo astronómico. Todos com excepção do Alberto, se dedicaram essencialmente à astrofotografia, tendo eu abandonado à sua sorte a relaxante objectiva de 50mm em cima do telescópio.
A noite pode não ter sido excepcional tendo em conta o local, mas magnitude limite rondou o valor de 6.5, embora com a sensação de estar moderadamente "leitosa", facto que não deve estar alheio estarmos a um mês e meio do Verão. A turbulência variou entre baixa e moderada, não tendo havido nenhuma condensação e nem vento digno de nota. A temperatura no seu mínimo rondou os 3, 4 graus positivos
A observação visual resumiu-se essencialmente a umas espreitadelas no Obsession 15" do Alberto, das quais destaco a "Véu", a Messier 51/NGC 5195 em toda a sua forma e pela primeira vez ter feito a identificação do planeta Plutão. Também passei longos momentos a passear com o binóculo 7x50, que sob este céu ofereceram vistas de raro deleite.
Passaram também uns impressionantes riscos que por vezes se estendiam ao longo de meio hemisfério provenientes da chuva de meteoros que correntemente se encontra activa, a Eta Aquáridas, estes entre outros meteoros esporádicos não relacionados.
O final da noite foi passado apropriadamente em cima de uma grande penha, efectivamente dourada pelo o Sol, a tentar observar sem sucesso a Lua que apresentava um fino (de)crescente, e por fim ver o nascer de mais um dia. Regressamos então a Sabugueiro já passando das 7 da manhã quando fomos finalmente descansar.
Mais imagens e relato podem ser lidos atalaia.org.
No Sábado juntaram-se a nós o restante pessoal (Zé, Alcino, Seabra, Acácio, Luís e respectivos acompanhantes) e infelizmente também chegaram algumas nuvens. Desta vez seguimos para o Vale das Éguas que apesar do nome é um planalto que se situa ligeiramente abaixo das Penhas Douradas. Espalhamo-nos por uma grande extensão de modo a evitar incómodos com computadores e outras coisas electrónicas.
Já com o Sol a desaparecer, fez-se o tradicional piquenique familiar crepuscular, que incluía queijo, presunto e chouriço da região e também havia pratos como arroz de lulas e até sobremesas! Bem satisfeitos, todos nós nos preparamos para a noite que se iniciou no entanto, com condições meteorológicas não muito famosas, estando o céu geralmente muito nublado. Não tivemos alternativa senão esperar pelos buracos que se iam abrindo entre as nuvens, os quais mostravam efectivamente um céu bem escuro. E assim foi durante boa parte da noite, um desfilar de nuvens que terminou por volta das 3 da manhã, altura em que o céu aparentemente ficou praticamente limpo, embora com fortes suspeitas de algumas nuvens altas. A noite correu calma e serena, mas desta vez houve formação de condensação e a temperatura subiu mais um grau ou dois em relação à noite anterior.
Messier 27 em contexto
Takahashi Sky-90 f/4.5 (400mm) + Nikon D70 4.5"
A nebulosa planetária de conchas múltiplas Messier 7 na constelação da Raposa está na região do nosso braço Local (Orion) a 1370+-200 anos-luz, sendo este o responsável pela enorme quantidade de estrelas presentes na imagem.
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Região central de Cisne
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Durante o período dos buracos, aproveitei para percorrer mais algumas páginas do Karkoschka usando o Takahashi Sky-90 , sendo estas alternadas com períodos de pura preguiça transcendental enquanto as nuvens cobriam a área em observação.
E15 Messier 3, NGC 5746, Messier 5
Messier 3 e Messier 5 são dois dos maiores enxames globulares que podem ser apreciados no nosso hemisfério, e por tal merecem sempre uma visita. Desta vez a 71x usando a velhinha Nagler 7mm, que de certo modo rentabilizou a resolução disponível no instrumento e do céu. Em ambos os globulares as estrelas mais exteriores soltavam-se com facilidade, dando-me a impressão de ter sido possível resolver um bocado mais que o habitual (mais transparência e menos turbulência). A NGC 5746 foi o prémio da noite, dada a ser bastante ténue, esta galáxia barrada de magnitude 11 que se apresenta vista de lado, situa-se a mais de 80 milhões anos-luz, mas ainda assim alguns dos seus fotões foram suficientes para verificar sem grande dificuldade a sua bem esticada silhueta "edge-on".
E16 Messier 83
A galáxia Messier 83 possui uma declinação algo desfavorável, foi imediatamente visível, e diga-se, com um tamanho aparente generoso. Não posso afirmar que tenha observado os braços ou a faixa de poeira, mas somente que a sua textura variava notoriamente em toda a difusa de forma oval. Observei esta galáxia ao longo da noite por diversas vezes, sem no entanto ter muito mais a acrescentar.
E17 Messier 107, Messier 12, Messier 10, Messier 9, Messier 14, IC 4665 , estrela de Barnard
À semelhança do Escorpião e Sagitário, Ofiúco alberga uma boa quantidade de enxames globulares, que vão desde os generosos Messier 10, Messier 12 até aos virtualmente irresolúveis Messier 107, Messier 14 e Messier 9, embora nenhum destes se aproxime em resolução e tamanho com os dois globulares relatados dois parágrafos acima. O enxame aberto IC 4665 é bastante esparso mais sempre ajuda a situar melhor a estrela com maior movimento próprio que se conhece:
A estrela "corredora" de Barnard. Esta anã vermelha de magnitude 9.57, desloca-se na nossa direcção 10.3" por ano (106.8 km/s), sendo a segunda estrela mais próxima do nosso sistema solar, distando neste momento cerca de 5.96 anos-luz, se contarmos apenas como um, o sistema triplo de Alfa Centauri. Contudo é a estrela mais próxima que é possível observar do nosso hemisfério. Mais uma vez as cartas do Karkoschka foram uma grande ajuda, sendo este tipo de observação um bom exercício de memória. Ver aqui para mais informação.
E18 Messier 80, Messier 4, Messier 62, Messier 19, NGC 6369, Messier 6, Messier 7
Já passava das 3 da manhã quando passei por esta carta, tendo observado todos os globulares e abertos exceptuando a planetária NGC 6369 que por lapso ficou por observar. Obviamente o Messier 4 levou mais "tempo de telescópio", mas as noites são curtas nestes dias, e restava apenas 1 hora e picos para tentar fazer algumas imagens.
Via Láctea tecnicolor
Talvez uma das mais coloridas regiões do nosso céu. Também conhecida por região de Rho Ophiuchi ou Antares (Alpha Scorpii) que nesta imagem se estende por mais de 20 graus na diagonal, contendo nebulosas de emissão (avermelhadas) e de reflexão (azuladas)e vastas zonas de poeira.
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Embora a Serra da Estrela seja um dos locais mais escuros do país, é sempre triste notar que mesmo cidades a algumas dezenas de quilómetros, como é o caso da Covilhã, conseguem formar abóbadas de poluição luminosa que apesar de baixas no horizonte já se fazem notar bastante. Apesar de tudo, observar com menos 1 quilómetro e meio da pior parte da nossa atmosfera permite desfrutar de visões raras ou impossíveis de se obter ao nível do mar, exceptuado talvez noutro santuário como o de Serpa.
A sessão terminou já com o Sol a começar a despontar, regressando todos novamente a Sabugueiro que se encontrava mergulhada nas nuvens - uma visão fantástica.
A "expedição" terminou com um agradável piquenique no Vale do Rossim, após o qual se seguiu um passeio turístico descendo para Manteigas, voltando a subir pelo vale glaciário e finalmente descendo para a Covilhã.
Mais imagens e relatos podem ser lidos atalaia.org.
Pátio 196 - Conjunção de Júpiter com a Lua
2005.05.19
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
A estreia do terceiro episódio da Guerra das Estrelas foi responsável por não conseguir registar este evento na sua maior aproximação, mas deu para brincar com uns amigos no intervalo do filme, quando lhes mostrei no intervalo esta conjunção dizendo que estava uma "Death star" neste momento a orbitar a Lua. Na altura da imagem já distava mais de um grau, bem mais afastados dos 22 minutos de arco duas horas antes. Nunca subestimar o poder da "Força" da gravidade...
Lua com uma mini "death star"
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Pátio 197 - LRGB III
2005.05.25
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Noite de Lua quase cheia, mas com os efeitos algo atenuados pela sua baixa altitude devido à sua corrente baixa declinação (-29 graus), subindo pouco mais de 20 graus no seu trânsito do meridiano. Muito vapor de água e nuvens altas.
O globular Messier 3 em Cães de Caça, é um dos mais estudados, contendo centenas de estrelas variáveis que ajudaram a determinar a sua distância, e ainda uma boa quantidade de "blue stragglers", que sendo estrelas azuis (e daí vidas relativamente curtas) estão aparentemente fora do contexto, com a maioria das estrelas do enxame serem muito mais antigas e vermelhas. Algumas das explicações avançadas, é serem resultado de transferência de massa em sistemas binários, rejuvenescendo assim uma das estrelas ou ainda serem resultado de colisões que são muito prováveis de acontecer neste tipo de enxames, especialmente no núcleo onde são mais frequentes. Este enxame situa-se a mais de 33000 anos a luz mas está a aproximar-se de nós a quase 150 km/s.
As exposições obtidas foram de 15x20 segundos para cada canal LRGB, tendo sido registadas e combinadas usando o IRIS. Mais uma vez, não foram usados "darks" nem "flats" embora por mais uma vez esteja a precisar. Acerca da cor das estrelas, pode ser sugestão causada por processamento (balanceamento de cores), mas existem algumas com tonalidades que talvez sejam candidatas a "blue stragglers" no amontoado abaixo.
Messier 3,NGC5272
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3" 60%
exp: 20' lrgb (600s+3*600s) mag. 3 neb
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Aeródromo XIX - Vénus
2005.05.26
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt. 52m)
Foi hoje o dia em que o planeta Vénus se mostrou MENOS brilhante, com apenas -3.9 de magnitude, mas tal não impede que seja a luminária do após ocaso.
Vénus ao fim da tarde 20:37 UTC
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Pátio 198 - Messier 13
2005.06.01
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Início de noite sem nuvens, mas com muita turbulência , pois mesmo no zénite as estrelas cintilavam bastante.
Por ser um dia de semana a sessão teria de ser curta, não dando muito tempo para fazer testes, por tal apontei para o objecto mais brilhante e elevado que é possível observar daqui do Pátio - o enxame globular Messier 13.
A curiosidade a satisfazer consistia na utilização do Extender-Q 1.6x da Takahashi. Este acessório óptico é um extensor de 5 elementos especialmente concebido para o Takahashi Sky-90 ou FSQ106, embora possa ser usado nos restantes telescópios das séries FC/FS. Presumivelmente corrige a sub-correcção esférica típica de apocromáticos, faz correcção no espectro na região ultra- violeta para CCD, atenua/elimina a aberração cromática nos dupletos, e por fim a função de estender o comprimento focal. Visualmente não posso dizer que tenha notado grande diferença (para além de maior magnificação), mas visualmente pode-se considerar "transparente" e isso já é suficientemente bom. Pelos testes com um CCD grande (Nikon D70) não corrige nem o campo curvo nem elimina a coma. Para ler um completo comentário (em inglês) sobre este extensor ver aqui.
A configuração usada apenas adicionou mais 140mm aos 500 do Takahashi Sky-90 (+28%), visto o extensor ter sido usado sem nenhuma das extensões. Esta configuração coloca o telescópio a trabalhar a f/7 que usando a Atik 1HS resulta num tamanho de pixel de 1.81" . Com esta amostragem ainda é possível obter exposições de 60 segundos sem grande desperdício usando a Takahashi P2-Z não guiada.
Imagem capturada com K3CCD, alinhada e integrada com o IRIS usando "kappa-sigma" para tentar evitar saturar o núcleo e finalmente um cheirinho de Richardson-Lucy no AIP para disfarçar a turbulência/má focagem. Imagem não calibrada.
Messier 13, NGC 6205
Takahashi Sky-90 f/7 (640mm) + ATIK-1HS 1.81"
exp: 17 min (51x20s) mag. 3
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Vale da Lama II
2005.06.04
Alpiarça
Mais uma vez o Mário Santiago nos arrastou para a lama lá perto da casa dele em Alpiarça. O Vale da Lama situa-se perto de grandes arrozais, tendo nós ficado um bocado mais acima num montado de azinheiras e por tal com uma fauna que vai de barulhenta (rãs) a irritante (melgas), mas à medida que a noite avançava praticamente todos os bichos foram dormir. Noite de Verão limpa, com períodos de média e alta turbulência, mas devido à proximidade do solstício de Verão apresentava-se também algo clara e foi bastante curta (pouco mais de 5 horas de céu escuro). Apesar de tudo, a magnitude limite visual ficou perto de 6 (Messier 13 era visível com a vista desarmada), não tendo havido humidade e a temperatura não ter baixado dos 12 graus. A noite passou-se agradavelmente, sem frio ou vento digno de nota. Como é tradição em ajuntamentos com alguma dimensão fora do local habitual da Atalaia, houve o petisco crepuscular com grelhados mistos bem regados. Estiveram presentes para além de 2 milhões de melgas, o Mário Santiago e família, Filipe e namorada, José Ribeiro, Paulo Guedes, Paulo Barros, Gregório, Rui Tripa, Pedro Mota, Pedro Ré e mais adiante na noite o Alberto. Ainda tivemos visitas de locais.
Praticamente todos os presentes (excepto as melgas) se dedicaram a obter imagens CCD até ao dia nascer, tendo sido este proporcionado um espectáculo de um nascer de (de)crescente lunar com 3 graus apenas. Também o planeta Marte com uma magnitude perto de 0 foi uma das luminárias proeminentes ao nascer do dia, mas a turbulência não deixou observar muito mais que a sua fase, mas curiosamente ainda foi possível observar alguma diferenciação na sua superfície.
Como sempre é habitual distribuir o tempo entre a observação visual e a obtenção de imagens com a Atik. As observações visuais e digitais foram as sugeridas essencialmente na página N16 do Karkoschka , que dá indicações dos objectos mais brilhantes da constelação do Dragão (Draco).
N16 Messier 102 (NGC 5866), NGC 5907, NGC 6503, NGC 6543
Todos os objectos foram facilmente detectados com excepção da galáxia espiral em perfil ("edge-on") NGC 5907 que tem uns quase perpendiculares 88 graus de inclinação e que por muito que tentasse não a consegui discernir. A galáxia lenticular NGC 5866 (Messier 102?) e a espiral NGC 6503 apresentavam-se ambas distintamente alongadas, embora não apresentassem mais nenhum detalhe adicional.A planetária NGC 6543 "Olho de gato" é um objecto extremamente brilhante, tendo já um tamanho que não deixa dúvidas acerca da sua natureza, isto mesmo usando apenas 21x de magnificação. Pelo contrário, a pequena mas brilhante planetária NGC 6210 em Hércules que revisitei depois de ter dado alguma luta a identificar na última vez que a observei em Serpa - desta vez demorou menos tempo, apesar da turbulência ter afectado a sua deteção que basicamente é apenas por parecer uma estrela "mais gorda" que as outras.
Messier 102,NGC 5866
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 34 min (45x45s) mag. 6
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NGC 5907
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 34 min (45x45s) mag. 6
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NGC 6503
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 34 min (45x45s) mag. 6
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O alvo final da noite a galáxia NGC 6822 "Galáxia de Barnard", primeiro observada por este em 1884, estando esta situada na constelação de Sagitário a cerca de 10 graus a Oeste do "pote", tendo infelizmente esta ter sido dada por não detectada visualmente.
Esta galáxia anã irregular pertence ao Grupo Local sendo de difícil observação devido ao seu baixo brilho de superfície e modesta altitude (pouco mais de 35 graus) à nossa latitude. À semelhança das Nuvens de Magalhães é das poucas galáxias onde é possível resolver estrelas individualmente (pelo menos mag. 17 em B (azul)) devido à sua proximidade a cerca de 0.5 Mpc (1,6 milhões de anos-luz), isto apesar de se encontrar bastante obscurecida pela a absorção da nossa Galáxia. Esta galáxia também possui um significado histórico devido a ter sido a primeira galáxia observada por Edwin Hubble que em 1925 fez a descoberta e fotometria das variáveis cefeídas que permitiram obter distâncias mais correctas das então misteriosas nebulosas espirais e por consequência começar a ter uma melhor ideia do real tamanho do Universo.
Sem dúvida um desafio visual a tentar ultrapassar num céu mais escuro e/ou de latitude mais baixa. Para uma excelente página sobre a observação desta galáxia ver aqui.
NGC6822,IC1308
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 49 min (49x60s) mag. 6
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Todas as imagens capturadas com K3CCD, tendo sido alinhadas e subtraídas no IRIS.
De resto, dei umas olhadelas no único telescópio 100% visual que marcou presença, o Obsession 15" do Alberto que apesar de ter tido menos de duas horas de noite disponível o montou na mesma.
Após os crepúsculos começamos a arrumar o equipamento e ir apreciando o Crescente Lunar, seguindo então todos para casa. Ler e ver também a entrada no atalaia.org
Pátio 199 - Sol em H-alpha
2005.06.07
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Novo brinquedo aqui no pátio - Coronado PST
Sol em h-alpha
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S.Pedro de Moel XII - Conjunção Vénus e Lua
2005.06.08
S.Pedro de Moel
Ao fim do dia, fui tentar observar o planeta Mercúrio que neste momento está muito brilhante, mas também muito perto do Sol. Como a imagem abaixo mostra não foi possível.
mas fica registado mais uma conjunção de um crescente lunar com Vénus entre as únicas nuvens sobre que se encontravam sobre o território continental português...
Lua e Vénus
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Castelo de Vide
2005.06.10
Castelo de Vide
A convite do Acácio Lobo (organizador do AstroVide), fui com mais alguns camaradas da noite, Alberto, Alfonso, Filipe e Zé Ribeiro da Atalaia, experimentar os céus numa quinta perto de Castelo de Vide. Embora não tenha sido um início de noite muito auspicioso, com várias áreas do céu nubladas, surgiram suficientes abertas que permitiram observar visualmente mais alguns objectos. Embora com transparência mediana, a turbulência foi memoravelmente baixa, muito pouca humidade e temperatura agradável praticamente ao longo de toda a noite.
Mais uma vez o guia foi o Erich Karkoschka e o seu Atlas für Himmelsbeobachter, e as observações e imagens foram com a ajuda de um Takahashi Sky-90 f/5.6 com uma Nagler de 9mm (56x-1,5 graus), Panoptic 24mm (21x-3,2 graus) e uma Nagler Zoom 3-6 (83x-167x), e ainda uma Nagler 31mm com filtro UHC (16x- 5 graus) emprestada pelo o Alberto.
N12 NGC 4244, Messier 106, NGC 4449, NGC 4490, Messier 94, Messier 63, Messier 51, NGC 5195
Enquanto o horizonte a Sul ainda se encontrava com bastante nublado, aproveitei as abertas mais a norte para fazer uma visita às galaxias propostas por esta carta centrada à volta de Cães de Caça. Todas as galáxias com excepção da NGC 4244 foram alvos fáceis e imediatamente perceptíveis a 21x.
O par Messier 51/ NGC 5195, é um dos meus pares preferidos em pequenas e grandes aberturas, a Messier 51 era distintamente maior observando a nebulosidade sobre os dois núcleos sem qualquer quebra, mas no entanto sem poder realmente afirmar que tivesse observado braços, apesar de considerar uma boa vista. Baixando alguns graus o telescópio, chega-se facilmente à galáxia Messier 63 "Girassol" . Formando um triângulo com a alfa e beta de Cães de Caça fica a relativamente brilhante e redonda Messier 94. De seguida comecei pela a Messier 106 que era a nitidamente a maior deste grupo, descendo pelas pouco impressionantes NGC 4449 e por fim à NGC 4490 em que a Beta de Cães muito incomodou na sua detecção. Para o fim ficou a primeira da lista, a NGC 4244 que foi um osso bem difícil de roer, tendo apenas observado um ténue fio de nebulosidade muito ocasionalmente e apenas com visão indirecta, mas de qualquer modo pode-se dar por detectada a sua presença e a sua forma.
N14 Messier 13, Messier 92
Estes dois globulares são quase sempre visitados quando tenho o telescópio virado para aquela área do céu. Já perdi a conta do número de vezes que observei o enxame globular Messier 13 nas mais díspares aberturas, mas desta vez achei-o ligeiramente mais"solto" no que diz respeito à resolução, facto a que não deve estar alheia a baixa turbulência, passando desta vez um pouco mais além do habitual "montinho de açúcar". A 56x e grau e meio de vista é interessante ficando num vértice de um triângulo formado com mais outras duas estrelas de magnitude ligeiramente inferior - tentei a missão impossível de tentar observar a galáxia de magnitude 12, a NGC 6207, mas sem sucesso - esta galáxia também faz vértice com Messier 13 e uma das estrelas (a alaranjada), mas mantendo a mesma forma geométrica (triângulo isósceles) e escala. O globular Messier 92 tem a sua graça quando observado com pequenas aberturas, em parte devido ao seu núcleo mais concentrado em relação ao anterior enxame e à quantidade de estrelas que como por contraste se soltam em seu redor.
N18 Messier 57, Messier 56, NGC 6826
A planetária Messier 57 e o globular Messier 56 são também objecto de muitas visitas. A sua grande declinação e facilidade de localização torna-os alvos de passagem obrigatória. A nebulosa planetária NGC 6826 "pisca-pisca" está situada num dos braços de Cisne e tem dias de não fazer jus à sua alcunha, pois o efeito de aparecimento/desaparecimento da nebulosa conforme o modo como a observamos, adiciona dificuldade extra na sua detecção, tive sinceras dificuldades em a identificar num campo algo preenchido de estrelas, mas após "caçada" era notória a típica aparência de estrela obesa, mesmo a somente 21x. Não consegui obter o efeito "pisca-pisca", que de resto é comum em maior ou menor grau nas restantes pequenas planetárias e varia consoante a abertura utilizada. No Dobson de 20cm é um exercício bem mais fácil.
E21 Messier 71, Messier 27
À semelhança da carta anterior, esta também contém outros dois objectos de visita obrigatória durante todo o Verão.
N20 Messier 29, NGC 6940, NGC 6960, IC 5067, NGC 6992, NGC 7000, NGC 7027
A constelação do Cisne tem muito para oferecer em céus escuros. É por lá que que se pode apreciar vastas áreas de nebulosa de emissão e os remanescentes de uma fenomenal explosão de uma supernova. O enxame aberto Messier 29 é um sinal claro da abertura e qualidade óptica dos instrumentos que Messier utilizava. Com pequenas aberturas e baixa magnificação faz salientar mais facilmente este pequeno enxame como uma ligeira concentração, onde se pode contar cerca de uma dúzia de estrelas com um pouco mais de magnificação. Outro enxame bem maior mas já em Raposa, é o NGC 6940, que é facilmente visível no binóculo e com telescópio a 21x, e até se pode considerar rico em estrelas muito ténues mais ou menos uniformemente espalhadas por cerca de meio grau. Antes de passar às vistas de grande campo, apontei para a planetária NGC 7027 que tem magnitude semelhante à "pisca-pisca", que por ser mais pequena, pode-se dizer que tem a luz mais concentrada, sendo assim mais fácil de discernir das estrelas "normais". Esta é um nebulosa muito recente que surgiu entre 700-1000 anos atrás tendo sido até alvo de estudo pelo o telescópio Hubble.
Finalmente, coloquei o filtro UHC na Panoptic 24mm e apontei para o conjunto "América do Norte" e "Pelicano", NGC 7000 e IC 5067. Ambas eram visíveis, mas ficaram bastante melhor compostas, quando o Alberto me emprestou a Nagler 31mm também esta com filtro UHC. A forma de ambas era perfeitamente perceptível, mas não se pode considerar que tenha sido a melhor vista do conjunto (lembro-me de uma vista mais contrastada com o 60mm em Serpa), de qualquer modo, não é um alvo fácil nem muito disponível. Também com os 5 graus de campo a 16x, foi possível observar simultaneamente ambos os remanescentes da "Véu" NGC 6992-6995 e NGC 6960, mais uma vez não excelente mas uma vista rara, tendo ainda revisto usando um pouco mais de magnificação com a Panoptic 24mm.
No Obsession 15" do Alberto, tive oportunidade de observar alguns objectos sob condições de turbulência quase inexistente, desde um Messier 11 absolutamente sólido com estrelas tão comprimidas que se assemelhavam espantosamente as estrelas oferecidas polo o mais fino apocromático, até resolução total de diversos enxames globulares que mais pareciam enxames abertos. Enfim, uma generosa abertura usada em todo o seu esplendor.
De resto, durante a noite fui intercalando com alguns varrimentos do céu com o binóculo, e a fazer umas imagens "às cavalitas" com a Nikon D70. Saímos todos por volta das 5 da manhã.
Ver também o relato no atalaia.org.
Pulo do Lobo V
2005.06.11
Pulo do Lobo - Serpa
Mais uma vez vários se deslocaram a um dos locais sagrados para observação astronómica em Portugal. O Pulo do Lobo é sempre um local especial com céus verdadeiramente escuros, faltando apenas aquilo que somente a altitude nos pode dar - transparência excelente. Desta vez as condições meteorológicas não deram muitas tréguas, o que foi pena, mas não impediu que todos aproveitassem o pouco que as nuvens permitiram fazer. A noite era de Verão, portanto não absolutamente escura mas com uma sólida magnitude 6, pouca turbulência, pouco frio e pouca humidade, mas algum vento que por vezes soprava forte.
A caminho do Pulo do Lobo por volta das 21:30 reparei em Vénus e em especial em Mercúrio que que por diversas ocasiões piscou. Também foi curioso observar nuvens quasi-noctilucentes no horizonte a leste no ponto oposto ao Sol, digo quase pois o Sol ainda se encontrava a apenas 5 graus abaixo do horizonte, mas de qualquer modo eram nuvens estranhas por se encontrarem entre nuvens sem qualquer brilho anormal.
As observações e imagens tiveram a ajuda de um Takahashi Sky-90 f/5.6 com uma Nagler de 9mm (56x-1,5 graus) que foi a combinação mais usada, uma Panoptic 24mm (21x-3,2 graus) e uma Nagler Zoom 3-6 (83x-167x). Também foi utilizado foi um filtro UHC da Astronomik.
E16 Messier 83
Esta galáxia se não subisse tão pouco à nossa latitude seria com certeza um sucesso de bilheteira. Mesmo com forte suspeita de nuvens e /ou neblinas no horizonte, apresentou-se como uma razoavelmente grande mas ténue nebulosa com forma próxima de uma elipse. Ainda tentei fazer uma breve imagem desta galáxia, mas não houve tempo de registar exposições suficientes antes das nuvens cobrirem permanentemente o horizonte Sul. É uma a galáxia revisitar em condições mais favoráveis.
E22 Messier 55, NGC 6818, NGC 6822, Messier 75, Messier 30
Desta carta já tenho por diversas vezes tentado observar a galáxia de Barnard (NGC 6822) e uma vez mais sem sucesso, mas a servir de consolo pude observar no mesmo campo a planetária NGC 6818, à qual também encaixa muito bem a descrição de "pequena" estrela obesa. Observando os enxames globulares de Messier na parte mais a oeste de Sagitário, não pude deixar de apreciar o grande tamanho de Messier 55 com notória pouca concentração no núcleo, tendo um brilho bastante uniforme. Este globular é complicado de encontrar, visto estar no meio de uma grande vazio de estrelas brilhantes. Este último contrasta bem com o Messier 75, que deve ser dos globulares de Messier, o mais pequeno e menos brilhante, conjuntamente com o Messier 72 (objecto de próxima carta) - sendo este uma pequena mancha, mas que se nota bem a 21x, 56x não adiciona muito mais à descrição. Finalmente o Messier 30, que tem muito a fama de ser o desesperante objecto final a observar na maratona de Messier, mas de resto para além do seu pequeno tamanho e algumas estrelas a quererem espoletar, pouco tem a oferecer a um telescópio de 90mm.
E23 Messier 15, NGC 7331
O Messier 15 é um dos meus globulares favoritos, tem um forte e brilhante núcleo e muitas estrelas destacadas para dar ares de globular quando visto com aberturas superiores. A galáxia NGC 7331 é bastante fácil de encontrar apesar da magnitude atribuída de 10 e brilho de superfície superior a 13, assemelhando-se a uma pequena, ténue e extensa nebulosidade, correspondente essencialmente ao seu brilhante núcleo. No campo estaria também o famoso "Quinteto de Stephan", mas obviamente fora de alcance.
E24 Messier 72, Messier 73, NGC 7009, Messier 2, NGC 7293
Outro globular favorito é o Messier 2 que embora não aparentar ser tão concentrado como o Messier 15, ainda proporciona uma vista agradável, bem ao contrário do Messier 72, que mais parece uma galáxia não fosse a sua textura algo diferente, muito ténue e pequeno mas definitivamente não estelar a 21x. A planetária NGC 7009 "Nebulosa Saturno"é extremamente brilhante e vagamente de forma elíptica, aparentado ser uma estrela bem gorda tamanho XXL e aguentou toda a magnificação que lhe pude atirar (Nagler Zoom a 3mm), mas das "orelhas" nem sinal. Antes de ir até ao conjunto de 4 estrelas ao qual Messier chamou de Messier 73, dei um salto à maior e mais próxima nebulosa planetária - a NGC 7293 "Hélix" - Esta nebulosa é quase circular com filtro UHC a 21x e 3 graus pode-se ainda considerar de grande dimensões (maior que a Messier 27 a 56x), bem destacada com filtro e praticamente imperceptível sem ele. Depois acabou a noite astronómica e fiz com algum despacho um breve registo do curioso Messier 73, cujo a classificação como enxame aberto ou mero asterismo ainda se encontra por definir.
Messier 73,NGC 6994
Takahashi Sky-90 f/4.5 (400mm) + ATIK-1HS 2.9" res 60%
exp: 5 min (15x20s) mag. 6
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A noite acabou com a observação do planeta Urano que esteve a menos de um grau de uma estrela bem brilhante , a Lambda Aquarius com magnitude 3.7. Observei-o apenas por exclusão de partes, pois a sua cor verde não foi perceptível, apesar da noite já ter terminado há 20 minutos. Marte está cada vez maior, sendo possível observar a calote polar e algum detalhe na superfície, mas ainda longe do que irá proporcionar lá mais para o fim do ano.
Ver também o relato no atalaia.org.
Outros relatos do Pulo do Lobo:
A Lua e o Castelo
2005.06.22
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
A Lua estava perto do seu perigeu e também praticamente "cheia". teria dado uma excelente foto ao nascer com cidade de Leiria contrastar, mas as nuvens infelizmente não permitiram. A sua órbita também se encontra presentemente a passar bastante abaixo do equador celeste sendo "conjuncionável" com objectos bem mais recentes, como o Castelo de Leiria mandado erguer por D. Afonso Henriques no século XII.
Aeródromo XX - Conjunção de 3 planetas
2005.06.24
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt. 52m)
Esta talvez seja a conjunção múltipla de planetas do ano, com Mercúrio, Vénus e Saturno bem juntinhos em apenas 3 graus de céu. Todos eles eram visíveis com a vista desarmada na altura das imagens.
Aeródromo XXI - Conjunção de 3 planetas II
2005.06.25
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt. 52m)
As nuvens não deram tréguas, mas houve um momento em que foi possível ver os três planetas simultaneamente.
Aeródromo XXII - Conjunção de 3 planetas III
2005.06.26
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt. 52m)
As nuvens continuaram a não dar tréguas, mas aqui fica a conjunção 24 horas depois à mesma escala da imagem nos dias anteriores. Segundo o livro de Meeus "Mathematical astronomy morsels", este é foi dos alinhamentos triplos de planetas, o mais facilmente observável, pois teve uma elongação bem generosa do Sol (23 graus). A próxima será em Dezembro de 2006 e será possível ver Mercúrio, Marte e Jupiter em apenas um grau, mas este alinhamento estará afastado apenas uns apertados 15 graus do Sol nascente.
Aeródromo XXIII - Conjunção próxima de Mercúrio e Vénus
2005.06.27
Aeródromo da Gândara do Olivais ( 39.77N 8.82W alt. 52m)
Era possível separar os dois planetas sem dificuldade com a vista desarmada, e também as suas fases bem notórias no telescópio a 55x. Por curioso que possa parecer, o desafio não foi conseguir separar a conjunção, mas sim, quando é que conseguia ver a estrela polar para alinhar a montagem. Tal alinhamento era necessário para conseguir suportar a distância focal suficiente (1200mm) para tentar resolver as fases dos planetas e simultaneamente caberem no campo da Philips Toucam.
Infelizmente, depois do alinhamento já os planetas se encontravam muito baixos, a pouco mais de 5 graus de altitude e com nuvens bem escuras a aproximar-se por baixo. Os planetas na altura da aquisição, 21:04 UTC já se encontravam separados 317,5", um bocado afastados da distância mínima de 232" das 15:58 horas UTC do mesmo dia (Guide8).
Mercúrio brilhava a -0.1 de magnitude e apresentava pouco mais de 60% de fase num tamanho aparente de 6.5". Por outro lado, Vénus por outro lado tinha uns fulgurantes -3.9 de magnitude , 11" de tamanho e uma fase de 91,5%. Embora não se possa dizer que estes planetas inferiores não se encontrem próximos muitas vezes (< 1 grau), esta conjunção de apenas 5 minutos de arco é relativamente rara, pois estes planetas são especialmente "fugidios" e também geralmente demasiado próximos do Sol.
Pátio 201 - Messier 57 Ha-LRGB
2005.06.30
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
As últimas noites aqui no Pátio têm estado bastante agradáveis e razoavelmente limpas e pouco turbulentas, tendo até tirado o pó ao Dobson de 20cm para dar uma espreitadela a alguns Messiers e NGCs brilhantes, que apesar do céu de magnitude zenital 4-4.5 e que se pode considerar por aqui extraordinária, ainda são possíveis de observar com alguma satisfação.
Depois da ISS me ter chamado a atenção com um brilho estimado de pelo menos de magnitude -2 (um bocado maior do que a magnitude -0.7 estimado pelo Heavens Above), lá comecei a epopeia de fazer mais uma imagem a cores que inicialmente era para ser LRGB, mas adicionei mais 1 hora de exposições com filtro h-alfa que foram sendo coleccionadas enquanto processava a imagem.
A aquisição foi efectuada com o K3CCD, alinhamento, subtracção de "dark" e integração (kappa-sigma) com o IRIS, Richardson-Lucy com o AIP e finalmente tendo adicionado a luminância com o PS.
No que diz respeito ao equipamento, tive a agradável surpresa de não ter sido necessário refocar para o filtro azul, o que poderá querer significar que o resíduo cromático neste canal de alguma forma ficou mais corrigido devido à utilização do extensor Extender-Q. Analisando o canal azul realmente verifiquei que as estrelas estavam bem mais comprimidas. Embora o h-alfa não tenha contribuído muito para adicionar mais informação, mas fez de algum modo com que a nebulosa ficasse com detalhe mais fino e também mais contrastada.
Messier 57, NGC 6720, PK 63+13.1
Takahashi Sky-90 f/7 (640mm) + ATIK-1HS 1.81"
exp: ha-lrgb (60x60 + 4x36x20s) mag. 4
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