2005
Atalaia XVIII - Primeira observação do ano►
2005.01.01
Atalaia (Montijo 38º44N 8º48W)
O cometa C/2004 Q2 Maccholz era prontamente visível com a vista desarmada, mas no entanto, não consegui observar qualquer cauda no binóculo 7x50, apenas observei a coma que se apresentava no entanto, ligeiramente ovalizada. O deslocamento era notório de hora para hora, visto estar a subir em declinação cerca de 5" por minuto (A.R: -0.0260 Dec.: 0.0877 ("/segundo)).
A imagem abaixo mostra uma fina cauda de iões com várias ramificações e com mais de 2 graus de extensão, assim como uma razoável cauda de poeira. A estrela mais brilhante da imagem é a 30 Tauri com magnitude 5.
Processada com o Iris e (registo e subtracção).
De nota, ficou também a vista do Mare Orientale, bastante mais evidente que da última vez que houve a oportunidade de o poder observar..
De resto, a noite observacional foi relativamente curta, pois a Lua nasceu pelas 11 horas ainda com pouco menos 70% de iluminação e como um mal nunca vem só, veio acompanhada por uma humidade extremamente alta - ficou tudo de molho, mas como sempre valeu a pena.

Cometa C/2004 Q2 (Maccholz) 20050101 21:35-22:20 UTC
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 35.5 min. (6x120 + 15x90 seg.) 800 ISO
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E ainda, mais umas exposiçoes de 5 minutos dos enxames do Cocheiro.

Messier 36 e Messier 38
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 5 min. (5x60 seg.) 400 ISO
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Messier 37
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 5 min. (5x60 seg.) 400 ISO
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Pátio 187 - Maccholz em (muito) contexto►
2005.01.07
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Mesmo com céus de magnitude 4, o cometa Maccholz era visível com a vista desarmada, isto é, para quem soubesse onde procurar...
Na imagem abaixo foi utilizada uma objectiva de 50mm com o filtro IDAS pousado sobre a lente. A imagem tem cerca de 30 graus na diagonal mostra o enorme (mais de 5 graus) enxame das Híades (Melotte 25), NGC 1647 (mag 6.4 dim 45'), as Plêiades (Messier 45) e ainda o intruso com uma longa quase imperceptível cauda.
Processadas com o Iris e (registo e subtracção e flat).

Cometa C/2004 Q2 (Maccholz) 20050107 00:25-00:38
Nikon D70 + 50mm f/1.8 (f/4)
exp: 12.5 min. (5x60seg.+5x90seg.) ISO 800 mag 4 IDAS
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A imagem abaixo foi registada 22 horas depois, mas com algum nevoeiro. O processamento foi bastante agressivo de modo a tentar evidenciar a cauda de iões que chegava e ultrapassava as Plêiades. Apesar de ter uma diagonal com 4 graus, foi necessária alguma ginástica para enquadrar razoavelmente os dois objectos. Foi pena não ter ter estado num local mais escuro...

Cometa C/2004 Q2 (Maccholz) 20050107 22:54-23:14
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 16 min. (8x60 + 4x120 seg.) 1600 ISO mag 4 IDAS neb
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Pátio 188 - Maccholz na bisga - o filme►
2005.01.09
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Uma animação do Maccholz em excesso de velocidade durante num período de 12 minutos em que se deslocou 65" (5.4'/hora). Teve sorte em a GNR-BTI (Brigada de Trânsito Interplanetário) não estar à coca :)).
(aguardar com alguma paciência que a prova do crime carregue)

Cometa C/2004 Q2 (Maccholz) 20050109 19:45-19:56 UTC
Takahashi Sky90 f/4 (360mm)+ATIK-1C 3.2" res 60%
exp: (48x15") mag 4 neb
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Atalaia XIX - Cometa P/Tsuchinshan (62P)►
2005.01.15
Atalaia (Montijo 38º44N 8º48W)
O cometa periódico 62P Tsuchinshan (ver aqui a história da sua descoberta) completa a sua volta ao Sol em 2420 dias (pouco mais de 6 anos e meio), estando neste momento a pouco mais de 127 milhões de quilómetros da Terra. A sua actual velocidade de movimento aparente de 57.52"/hora é notória no período de meia hora em que foram registados os sete conjuntos de imagens usadas na animação abaixo no momento em que tinha como pano de fundo o enorme enxame de galáxias da constelação de Virgem, mais precisamente entre as duas galáxias elipticas Messier 84 e Messier 86 que também marcam o início da famosa cadeia de Markarian. Esta "conjunção galáctico-planetária" foi sugerida pelo Grom da União de Astronomia e Astrofísica para o Arquivo Científico.
A magnitude prevista (e máxima) de 12.4 pode-se considerar bastante optimista, tendo em conta que na imagem existem galáxias com maior magnitude aparentemente mais brilhantes, mas devido ao facto de que geralmente as estimativas por CCD term menor brilho por demasiada "subtracção" de céu. Tentou-se também observá-lo visualmente com telescópios até 25 cm sem sucesso.
Apesar da pouca transparência e magnitude visual limite pouco maior que 5 e ainda uma forte humidade a noite até nem correu muito mal, isto tendo em conta os péssimos prognósticos meteorológicos. Depois do ocaso da Lua começou a limpar gradualmente e lá foi possível observar e fazer imagens durante algumas horas. Por tal, houve tempo para tertúlia, mas desta sessão ficou a visão de um cometa visível com a vista desarmada (Maccholz), e um curioso arranjo triangular dos satélites de Júpiter. Como sempre podem ver o habitual relato no site da Atalaia.
Processadas com o Iris e (registo e subtracção).

Cometa P/Tsuchinshan (62P) 20050116 02:52-03:25 UTC
Takahashi Sky90 f/4 (360mm) + ATIK-1HS 3.2" 80%
exp: (7x7x40 seg) mag 5 neb
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A imagem abaixo tem todas as imagens empilhadas, resultando num maior contraste de modo a salientar a generosa quantidade de galáxias presentes: NGC 4042 (12.6), PGC 40659 (16.7), PGC 40641(17.2), Messier 86 (9.9), NGC 4387 (13.0), NGC 4388 (11.8), Messier 84 (10.2), IC 3303 (14.7) . A magnitude estelar é superior a 18.

Messier 84, Messier 86 & companhia
Takahashi Sky90 f/4 (360mm) + ATIK-1HS 3.2" 80%
exp: 32.7 min. (49x40 seg.) mag 5 neb
(manter rato sobre a imagem para legendas
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Atalaia XX - À caça no meio dos predadores►
2005.02.12
Atalaia (Montijo 38º44N 8º48W)
Já fazia quase um mês que não punha os olhos no céu.
Neste momento estou a testar os limites visuais com o Takahashi Sky90 , e alternadamente a fazer alguns registos com a Atik-1hs. Os objectivos pretendidos para esta sessão foram uma selecção de objectos adequados a pequenas aberturas nas constelações do Leões e na Ursa Maior.
A noite não esteve muito famosa com a magnitude zenital à volta de 5, pouca transparência durante toda a sessão embora com alguns períodos em que parecia um bocado melhor, a turbulência em geral foi muito alta mas também esta com alguns (breves) períodos razoaveis. A Lua pôs-se às 22:30.
Depois de muita conversa (estiveram várias dezenas de pessoas no recinto), depois de uma boa olhadela no cometa Maccholz que ainda se apresenta bem brilhante, iniciei a sessão pela grande e brilhante galáxia em espiral barrada NGC 2903, que estando situada perto da boca do Leão a torna facilmente localizavel. É curioso esta galáxia não ter entrado na lista de Messier, pois é acho-a bastante mais evidente que muitos dos objectos dessa lista. É notoriamente alongada e deverá ser uma boa candidata para a observação de detalhes usando grandes aberturas. Esses detalhes incluem "hot spots" que são áreas activas de formação de estrelas que podem ser encontrado até perto do núcleo que visualmente se assemelham a nós. Está a apenas 25 milhões de anos-luz o que a torna uma das galáxias "próximas". Lá perto está a galáxia anã UGC 5086 de magnitude >15 e apenas 1 minuto de arco de diâmetro.

NGC 2903
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 39 min. (52x45seg.) mag 5 neb
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De seguida passei pelo trio de galáxias Messier Messier 95, Messier 96 e a elíptica Messier 105 com a companheira NGC 3371 todas elas bastante evidentes e com diferenciação de brilho, dimensão e formato. A pouco mais de 10 graus acima dei um salto à constelação de Leão Menor que de tão pequena tem muito pouco ao alcance de pequenas aberturas, mas ainda tem para oferecer a ténue mas detectável NGC 3344, que com algum esforço se pode descrever por duas ténues estrelas "nebuladas".
Antes de acabar a visita noutro tripleto, passei pela a NGC 3607 que se pode descrever como uma pequena e redonda nebulosidade à volta de uma estrela moderadamente brilhante.
De seguida passei ao trio Messier 65, Messier 66 e NGC 3628. Este trio de galáxias espirais espalha-se confortavelmente no grau e meio da nagler 9 a 56x. Apesar da pouca abertura e proporcional falta de detalhes observáveis, considero estes grandes campos sempre satisfatórios pela a sua composição.
Depois de ter completado esta lista fui fazer reconhecimento de terreno na área de Coma e Virgem, passando bem mais de uma hora em identificação e preparação para observar o superpopulado enxame Coma-Virgo que será um dos objectivos das próximas sessões. Mesmo com apenas 90 mm de abertura aquela área pode ser bem confusa.
Por esta altura já Ursa Maior estava a dar o pino, com os seus mais brilhantes objectos bem posicionada para observação. Comecei pelo o incondicional par de galáxias Messier 81 e Messier 82 que no campo de visão ainda tinham por companhia a NGC 3077, passando de seguida para um outro par Messier 108 e a planetária essier 97 também ambos bastante evidentes e visíveis no mesmo campo de 1 grau e meio.
Terminei a noite na Messier Messier 109 que tem o dom de por vezes ser irritante de detectar devido à proximidade da gamma da Ursa Maior (Phecda) que debita uns fulgurantes 2.4 de magnitude. Recordo-me da dificuldade que tive encontrá-la na primeira vez que completei a lista de Messier com o dob de 20cm, mas desta vez foi bem mais fácil (melhor contraste ?) - a sua forma alongada e até uma boa parte da sua dimensão foram observadas directamente. Fiz o registo desta galáxia que é bem bonita, e que até está rodeada de alguma companhia, mas infelizmente o nevoeiro obrigou a terminar antes de ter obtido um bom número de sub-exposições (pelo menos o dobro das obtidas). Mas apesar disso, ainda é possível observar na imagem os seguintes objectos : UGC 6923 (13.4), UGC 6940 (16.7), UGC 6969 (14.6), PGC 2438633 (16.6), PGC 2436214 (17.65) entre outros.

Messier 109,NGC 3992
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 25min. (25x60 seg.) mag 5 neb
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Atalaia XXI - Sol em h-alpha►
2005.02.19
Lisboa eAtalaia (Montijo 38º44N 8º48W)
Todos os anos acontece no Parque Eduardo VII uma demonstração de de telescópios e filtros solares na linha h-alpha, sendo um boa oportunidade de apreciar o nosso Sol através de instrumentos que são geralmente inacessíveis económicamente. Estiveram à disposição desde o pequeno e relativamente económico coronado PST, simples e em conjunto com outro filtro (em stack), um pequeno telescópio h-alpha de 50mm (Solarview ?), um telescópio equipado com um "stack" de filtros coronado 60mm e finalmente outro telescópio equipado com um prisma Herschel que permite observações na luz branca muito nítidas. O tempo esteve de feição, embora o Sol não apresentasse muitas protuberâncias para além de uma gigantesca que atravessava quase metade do globo.

Sol com prisma Herschel
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Sol em h-alpha
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Ver iamgens da sessão no Atalaia.org.
Despido na Atalaia
Não estava a pensar ir até à Atalaia, nem sequer tinha trazido telescópio , mas acabei por ir e fui-me alapando a quem tinha trazido telescópio. Não posso deixar de registar uma extraordinaria vista de Saturno através de um refractor apo TEC 140mm, em que foi possível além de observar facilmente o anel C, ver a mínima de Encke com uma abertura tão pequena. A noite não se podia considerar muito boa para observação de céu profundo dado a fase lunar cheia 85%, mas não impediu que tivesse tido alguma afluência.
Outra estreia deste ano foi a primeira vista da GMV em Júpiter, assim como o trânsito do satélite Europa, ambos visíveis com apenas 80mm. Fazia já algum tempo que não observava este planeta com olhos de ver. Foi uma noite bem fria, chegando aos dois graus negativos, e que como não fui convenientemente euiqpado, caiu-me uma orelha e tive de amputar um pé... também esta sessão foi registada no Atalaia.org , onde se pode ver as imagens lá feitas.
Pátio 189 - Testes ao luar►
2005.02.24
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
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A Lua cheia só serve para chatear, pode parecer bonita, mas na realidade é uma grande chata que tiraniza impediosamente metade das possíveis noites de observação do resto do Universo. Apesar de (sabe-se lá porquê) alguns caramelos ainda lhe acharem piada, geralmente apenas utilizo estas noites de Lua cheia para afinar e testar equipamento.
O objecto que actualmente tem requerido mais a minha atenção é o pequeno doublet apocromático Takahashi Sky90 que tem tido uma pequena mas atribulada história. O dito cujo não gosta lá muito de frio, e tem uma maneira particularmente inestética de o mostrar. Com temperaturas ambiente inferior a 5 graus celsius, apresenta(va) aquilo que se chama ópticas deformadas ("pinched").
Visualmente, é fácil de observar o problema desfocando uma estrela ligeiramente em qualquer sentido, e reparar na forma dos anéis de difração, que no caso de existir qualquer zingarelho a causar demasiada pressão nos elementos ópticos, resulta em anéis não circulares. Se por exemplo, existirem 3 pontos de pressão (por exemplo os parafusos de colimação), resulta num hexagono em que os vértice são tão acentuados como a pressão que cada um destes parafusos está (indevidamente) a exercer .Este aumento de pressão é causado pela contracção térmica da célula da objectiva, e vai-se tornando cada vez mais acentuado à medida que a temperatura for baixando. Ora acontece que não comprei um telescópio só para Primavera/Verão, embora considere que todos os telescópios de uma maneira maior ou menor são afectados por temperaturas baixas, justificando-se algumas vezes a sua performance menos boa com a turbulência ou outra coisa qualquer.
Este problema foi identificado nas primeiras séries deste telescópio, mas pelo que vi pela Net estas primeiras versões fazia hexagonos de deixar Arquimedes orgulhoso. Então o fabricante (depois desenhador da célula provavelmente ter feito hara-kiri por tamanha desonra), adicionou mais 3 pares de parafusos para resolver o problema (a meu ver não totalmente), que foram criteriosamente selados com cola plástica para tipos como eu não lá mexerem.
Ora bem, depois de ter aliviado os três principais parafusos de colimação para os excluir de qualquer influência, só restaram os misteriosos três pares de parafusos que embora ignore a razão da sua dualidade, tratei (depois de falar com o representante europeu) de os aliviar a todos ligeiramente havendo um deles que fez um ruído que suspeito ter sido de alívio. De seguida fui até ao pátio onde estavam a vigorar uns revigorantes 5 graus celsius, colimei-o (já estou a ficar demasiado "expert" nisso), e reparei que embora ainda não absolutamente ausente, talvez devido à turbulência, os anéis de difração apresentavam uma forma bem mais circular até pelo menos 2 graus celsius de temperatura ambiente.
Mas precisava da frontalidade de um CCD para confirmar que realmente estava melhor e então usei a Atik para apontar para uma estrela brilhante que estivesse a jeito (Procyon) verificando que aquele horroroso "spike" de difração que estava presente em praticamente todas as imagens feitas até ao momento com o Takahashi Sky90 deixou aparentemente de existir (espero eu...).
A título de curiosidade, a imagem de Procyon foi captada com alguma nebulosidade, que causou um fenómeno semelhante aos dos halos lunares ou solares, que são resultado da difração das gotículas de água. Segundo o livro Óptica 2ª ed. de Eugene Hecht da Calouste Gulbenkian (um grande calhamaço), estas gotículas formam aquilo que se chama uma distribuição bidimensional (rede) de aberturas circulares (neste caso as gotas), fazendo esta rede uma interferência que resulta no curioso padrão de difração observado na imagem de Procyon. O livro explica que o mesmo efeito se pode simular se olhar para uma luz pontual através de um pano dobrado, embora ache difícil arranjar um luz pontual suficientemente forte que atravesse um pano.

Procyon
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3" 60%
exp: 1.7 min. (20x5 seg.)
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Mais feliz, aproveitei para observar Saturno e Lua e algumas duplas que apesar da turbulência e alguma nebulosidade deram vistas impecáveis.
De seguida foi experimentar um novo adaptador que permite para atarrachar câmaras Atik ou qualquer outra que tenha rosca interior T a objectivas fotográficas, servindo ainda de suporte para colocar às cavalitas de um telescópio que tenha um parafuso de medida fotográfica (3/8"). Este adaptador é feito inteiramente de plástico (do rijo), tendo apenas de metal o contacto de encaixe com a objectiva e a rosca de tripé fotográfico.

50mm+ Atik às cavalitas da "flor de estufa"
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Abaixo está a mais pequena Lua cheia do mundo na linha h-alpha <g>. Reparar na imensa área de céu registado - mais de 5 graus na diagonal com apenas um chip de alguns milimetros de diagonal. O filtro h-alpha foi só mesmo para experimentar a colocação do filtro dentro do adaptador, que diga-se de passagem, é um procedimento um bocado mal jeitoso para quem não tenha dedos pequenos. Pior ainda é para tirá-lo. Pena que não tenha foco com a gaveta de filtros da Astronomik, seria bastante mais conveniente.
Esta imagem da Lua dá para fazer uma experiência interessante. Se se esticar o braço e afastar-mo-nos do monitor o suficiente de modo a ocultar totalmente o disco da Lua com a ponta do dedo indicador - o tamanho da Lua no ecrã é semelhante ao tamanho aparente que realmente vemos no céu - e dessa distância dá para verificar afinal que a Lua é na realidade bem pequenina não é ? (o Sol também tem praticamente este tamanho). Realmente para tapar a Lua ou Sol basta apenas esticar o indicador, truque útil que permite por exemplo observar o grau de nebulosidade fina (ex:neblinas altas).

Lua
Nikkor 50mm f/1.8 (f/2.8)+ATIK-1HS 22.3" res 0%
exp: (3xf) h-alpha
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A única lente decente que possuo é a nikkor 50mm f/1.8 que fechada a f/2.8, me pareceu obter imagens sem vignetagem, embora também me pareça que o CCD da Atik não esteja lá muito ortogonal, fazendo com que as estrelas do do terço esquerdo estejam desfocadas. De notar que com objectivas fotográficas (fixas) ao contrário dos telescópios a abertura varia com o f/. Neste caso é equivalente a fotografar com a resolução de um telescópio com apenas 19mm de abertura (=50/2.8).

Saturno
Nikkor 50mm f/1.8 (f/2.8)+ATIK-1HS 22.3" res 0%
exp: 8min. (4x30seg. + 6x60seg.) h-alpha
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Um outro problema que andava a infligir as imagens tratava-se de uma marcada matriz nas imagens feitas com a atik, efeito que é bastante notório nas últimas imagens que tenho feito últimamente (ver as galáxias abaixo por exemplo). A matriz parece surgir por diferenças de intensidade nos componentes de cor do pixel (mesmo nas câmaras monocromaticas). A solução passa por aplicar algumas macros e ir experimentando, mas não tendo ainda conseguido eliminar completamente.
Pátio 190 - "Swing-by" da sonda Rosetta►
2005.03.04
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)

Rosetta - 20050304 21:44 UTC
Nikon D70 + 50mm f/1.8 (f/4)
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A sonda Rosetta fez uma bem chegada (1900km) passagem pela Terra para ganhar "balanço" para ir de encontro com o cometa 67P/ Churyumov-Gerasimenko que irá orbitar e também fazer aterrar uma outra sonda em 2014. Portugal não estava propriamente favorável para a sua observação aquando da sua maior aproximação e consequente maior brilho, mas resolvi tentar observar com o binóculo (7x50), mas sem sucesso num céu de magnitude 4.5. Simultaneamente, fui tentar registar o seu rasto com uma câmara num tripé fixo, tendo aí alguma sorte, ficando registada em pelo menos 3 imagens o rasto da sonda. Ao analizar as imagens, o brilho deve ter ficado dentro dos valores previstos (ou talvez menos), não havendo também muita diferença na trajectória prevista pela a ESA , nas imagens aparenta ser um daqueles "riscos" que cada vez mais frequentemente estragam as imagens.
Pulo do Lobo IV►
2005.03.05
Pulo do Lobo - Serpa
Finalmente um céu bem escuro. Estas idas a Serpa, são cada vez mais indispensáveis para manter o "bicho" da astronomia bem vivo. Nada como um céu escuro para realmente disfrutar de todas suas jóias e até para conhecer melhor os nossos próprios limites.

Luz Zodiacal
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O pessoal foi chegando a partir das 18 horas, começando logo de imediato a montar o equipamento. Mesmo antes de ser preciso luz para ler, já praticamente todos estavam prontos para uma grande noite. Ficamos distribuídos por três áreas - uma dedicada à astrofotografia digital com diversos tipos de telescópios, sendo estes essencialmente refractores a(po)cromáticos, um catadioptrico e um "binóculo" Apo-Mak em serviço visual, uma outra área com os grandes reflectores "truss", dois de Merak de 12" e 18", dois Obsession de 15", e finalmente dois refractores e um dob de 8" que ficaram instalados no cimo de um monte, sendos estas últimas áreas dedicadas à observação visual. Mal contados éramos mais de um dúzia, havendo também algumas visitas de indígenas locais.
As condições atmosféricas foram variando durante a noite, começando a noite com algum vento e ar seco, terminando já sem vento com bastante humidade, algumas neblinas baixas e com uma temperatura 2 graus celsius.
Até a Lua nascer após as 4 da manhã, a magnitude limite visual no zénite esteve a rondar os 6.5.
À medida que ia anoitecendo, Mercúrio que apresentava uma adiantada (ou atrasada) fase, tornando-se numa "estrela da tarde" bem brilhante logo após do pôr do Sol. Á medida que ia anoitecendo foi surgindo também gradualmente um enorme e gordo cone da luz zodiacal, tão forte e com tais dimensões que até se poderia considerar poluição luminosa! chegava quase até ao zénite não me lembro de alguma vez ter visto a luz zodiacal tão intensa, o que atesta uma noite verdadeiramente escura. A luz zodiacal é causado pela a luz de Sol a reflectir nas inumeras poeiras interplanetárias provenientes dos cometas e colisões entre asteroides que tal como todo o resto estão em órbita à volta do Sol. A melhor altura para a observar este fenómeno é quando a ecliptica se encontra quase perpendicular ao horizonte, situação que se verifica no início das noites de Primavera e nas madrugadas de Outonouma a partir 1 hora antes e após o crepúsculo astronómico.
De resto foi um início de noite calmo e sereno, com uma enorme abóbada celeste completamente à disposição acompanhada por um agradavelmente silêncio - daquele silêncio que só ouve um lugares realmente isolados. Pois é, céu escuro, silêncio, petiscos e boa companhia - acho que não foi necessário mais nada...
Tendo esta noite se estendido ao longo de cerca de 12 horas, a lista de objectos observados foi bastante extensa. Desta vez dediquei-me essencialmente à observação visual, tendo seguindo todas as sugestões (e mais algumas adicionadas) das cartas do Atlas de Karkoschka. Que convenientemente está ordenado po ascenção recta, tendo-me limitado a esperar que os os objectos desfilassem no meridiano.
O telescópio utilizado foi um Takahashi Sky90 f/5.6 com uma nagler de 9mm (56x-1,5 graus) que foi a combinação mais usada, uma panoptic 24mm (21x-3,2 graus) e uma nagler zoom 3-6 (83x-167x). Também foi utilizado foi um filtro UHC da Astronomik.
E3 Messier 45, Hyades, NGC 1647, Messier 1
Apesar de ser um dos mais notáveis enxames do nosso céu, as Plêiades (Messier 45) ganharam um encanto especial num céu escuro. A nebulosa Merope (e outras) que são hábito se ver nas imagens eram imediatamente visíveis na sua cor e forma, ocupando a totalidade da área do enxame e arredores - é de aproveitar sempre para revisitar estes objectos em bons céus porque vale mesmo a pena. Messier 1 embora não apresentasse muito detalhe, tinha no entanto um textura razoavelmente diferenciada, mostrando algumas vilosidades..
E4 Messier 79, NGC 1981, NGC 1973, Messier 42, Messier 43
Estive a observar por bastante tempo a constelação de Orion. Todos os objectos com excepção de Messier 79 eram visíveis no mesmo campo com a pan 24mm. É uma visão impressionante onde foi praticamente impossível não conseguir observar nebulosidade.
A apenas 21x e com mais de 3 graus de campo, toda a "espada" de Orion ofereceu uma vista memorável, sendo até fácil seguir todo o "laço" da Messier 42, ou ainda a nebulosa com a silhueta do "homem a correr", um contraste pouco habitual, sendo ainda ver as 4 estrelas do trapézio nessa baixa magnificação. Uma vista simplesmente fantástica.
A imagem ao lado é uma exposição de 6 minutos com a objectiva de 50mm onde ficaram registados dois meteoros que julgo serem esporádicos, visto não haver nenhuma actividade meteórica significativa nesta altura.

Dois meteoros (Beta ou Rho Leonidas)
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E5 NGC 1788, NGC 2024, Messier 78
A "Flame" também esteve visível, assim como as restantes nebulosas. Messier 78 e NGC 1788 (uma estrela ténue enublada).
E6 Messier 41, NGC 2362, Messier 93
O enxame NGC 2362 revelou-se até bem interessante com a brilhante Tau CMa a adicionar algum vigor ao enxame um tanto ao quanto irresolúvel.
E7 NGC 2129, Messier 35, NGC 2175, NGC 2261, NGC 2264, NGC 2392
Considero o par Messier 35/NGC 2175 uma das vistas de campo largo mais interessantes do nosso céu devido ao contraste no tamanho e resoluçao dos dois enxames. Lá perto está também uma zona com ténue nebulosidade que corresponde à NGC 2175. A Variável de Hubble (NGC 2261) para além de ser ténue é extremamente pequena, ainda deu algum trabalho a identificá-la no campo a 56x, pois assemelha-se a uma estrela com um pequeno e ténue "rabo". Na "esquimó" (NGC 2392) era perceptível a concha exterior - vista muito interessante.
E8 Messier 50, NGC 2360, NGC 2359, Messier 47, NGC 2423, Messier 46, NGC 2438, NGC 2539
Esta carta tem uma boa colecção de enxames abertos, com especial menção para a nebulosa planetária de magnitude 11 e apena 1 minuto de arco qe se encontra na área de Messier 46 - elusiva ao princípio mas perfeitamente visível, mesmo sem filtro. Messier 46 e Messier 47 observam-se simultaneamente mas algo apertados em 3 graus numa área que está absolutamente "infestada" de estrelas, sendo por tal uma área muito interessante para passear, repleta de enxames abertos.
E9 NGC 2237, NGC 2244, NGC 2301, NGC 2324, Messier 44, Messier 67
Uma vista inesquecível da "Rosette" e do seu enxame associado, ngc 2237 e 2244 respectivamente. Sem filtro UHC a nebulosa era visível mas muito pouco perceptível, mas ao ter colocado o filtro UHC, vi a nebulosa como nunca julguei ser impossível ver - a nebulosidade apresentava todo o recorte e forma de rosa (com uma pétala maior), com o centro mais escurecido que é costume ver-se nas imagens mas obviamente que sem a cor, mas no entanto com um bom e fino detalhe.Mais uma vez, a 21x e com mais de 3 graus de campo, a combinação foi perfeita para enquadrar folgadamente esta enorme nebulosa, que chega a ter quase grau e meio na sua maior extensão. Foi uma vista memorável. Experimentei ainda um filtro OIII (Lumicon) que no entanto achei demasiado estreito para os 90mm de abertura, mas deu a impressão de aumentar ligeiramente o contraste da nebulosa. Os enxames ex-libris de Cancer, Messier 44 mas mais especialmente o Messier 67 (um dos meus favoritos) estiveram também muito vívidos.
E10 Messier 48, NGC 3115, NGC 3242
Apesar destes três objectos serem gratificantes, fica a nota da observação a olho nu de Messier 48. A NGC 3242 "Fantasma de Júpiter" tem esse nome por ter o mesmo tamanho aparente de Júpiter, mas tal não é o caso com pequenas aberturas, pois tive a ocasião de comparar com o próprio e sem dúvida que planetária é notoriamente mais pequena. A galáxia NGC 3115 é uma "edge-on" muito brilhante e acessível a qualquer telescópio.
Por falar em Júpiter, também este planeta nos brindou com mais um trânsito da GMV, sendo até visível não só uma bem marcada delineação da mancha, mas sim diferenciação no seu interior (nagler zoom 3mm 166x), isto para além de bastante detalhe em ambas as bandas equatoriais. A noite embora não propriamente estável para observação planetária, proporcionou alguns bons momentos de estabilidade.
E11 NGC 2903, Messier 95, Messier 96, Messier 105, NGC 3384, Messier 65, Messier 66, NGC 3628 + NGC 3607, NGC 3341
Todas as galáxias acima se apresentaram conforme as descrições básicas, no seu tipo e forma, e bastante brilhantes e satisfatórias. O trio Messier 65/Messier 66/NGC 3628 continua a ser uma grande vista em 3 graus de campo. De salientar a dimensão e a bem notória barra de poeira de NGC 3628, não tendo terminado esta carta sem antes dar um salto ao par de estrelas dourado que formam a gamma Leonis (Algieba).

Dois meteoros (Beta ou Rho Leonidas)
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E12 NGC 4361, Messier 68, Messier 104, NGC 4697
A "Sombrero" mostrou-se bem alongada e brilhante, aguentando até um bocado de magnificação mas sem mostrar indício da barra de poeira (talvez fosse pedir muito). Outra surpreendentemente fácil (apesar do Karkoschka escrever que é um objecto ténue) tratou-se da pequena planetária que se encontra no meio da constelação do Corvo, na qual tentei observar a estrela central de magnitude 13 mas sem sucesso. A galaxia elíptica NGC 4697 e o globular Messier 68 bastantes visíveis mas sem detalhe digno de nota.
E13 NGC 4494, NGC 4559, NGC 4565, NGC 4631, NGC 4656, NGC 4725, Messier 64, Messier 53 (8)
A cabeleira de Berenices transbordava bem fora dos 3 graus da pan 24mm, mas a olho nu fazia bem juz ao seu nome. Esta constelação alberga algumas galáxias que costumam ser um desafio para pequenas aberturas, nomeadamente a famosissima e fotogénica galáxia "edge on" NGC 4565, que diga-se apresentava-se bem grande e alongada (nada mau para uma galáxia 10.5 e um brilho de superfície de 13), assim como o globular que está perto do também globular Messier 53, o NGC 5053 que apesar dos esforços não consegui detectar a 56x - vou ver se me lembro de usar mais magnificação para a próxima...
Já pertencendo a Cães de Caça, as galáxias "edge on" NGC 4656 e 4631 que distam entre si apenas meio grau fizeram um surpreendente dueto apesar do seu brilho de superficie de magnitude 14. Foram o troféu desta carta.
E14 Messier 98, NGC 4216, Messier 99, Messier 61, Messier 100, Messier 84, Messier 85, Messier 86, 3C273, Messier 49, Messier 87, Messier 88, NGC 4526, Messier 91, Messier 89, Messier 90, Messier 58, Messier 59, Messier 60, NGC 4726
Esta carta é essencialmente dedicada ao enxame de galáxias do enxame de galáxias Coma-Virgem. praticamente todas as galáxias são da mesma magnitude e brilho de superfície, e de uma forma geral apresentavam correspondiam mais ou menos à descrição dada pelo Karkoschka . Muitas delas são elípticas, que apresentam quase sempre uma monótona forma arredondada, não se podendo pedir muito mais a 90mm de abertura. O desafio, para além de algumas galáxias com perto de 11 de magnitude , era tentar não me perder no meio de tanta galáxia. Mesmo com 90mm é possível ver mais umas quantas que não estão referenciadas na carta, tendo usado a estratégia de "atacar" por três frentes tendo assim repousantemente sido todas "conquistadas". Todas elas forneceram vistas bastante aceitáveis, dando um pouco mais do que o habitual borrão, havendo até algumas com núcleos bem condensados e halos de forma bem distinta, especialmente no caso das espirais. Foi agradável poder observar facilmente galáxias de magnitude 10 ou menor com brilhos de superficie que chegam a valores tão tão baixos como 14 de magnitude.
Sempre achei a designação 3C 273 algo misteriosa provavelmente por ser a única designação relacionada com a astronomia de que me recordo antes da "ignição" mas mais devido à sua estranheza. O quasar ( de "QUASi-stellAR") 3C 273 (3C é a sigla para Third Cambridge Catalogue.) é o mais brilhante e foi o primeiro a ser descoberto sendo um dos responsáveis pela actual compreensão do tamanho do Universo e cuja história da descoberta é um dos temas do imperdível livro "First Light" de Richard Preston. Este quasar segundo as últimas estimativas tem um "red-shift" cosmológico de z = 0.1575 valor que com aplicação da Lei de Hubble (apenas para estimativa grosseira) temos uma distância de 2.1 mil milhões de anos-luz - mais do que o somatório da distância de todos os objectos aqui relatados ... É também o objecto mais longínquo e mais luminoso que observei visualmente até à data.
Nos livros geralmente esquecem-se de referir que em alguns anos a sua magnitude na banda visível pode variar entre 12 e 13, daí a sua visibilidade com pequenos telescópios poder também variar. Ao lado está o campo de um grau e meio com a localização de 3C273.
A sua observação visual com 90mm de abertura pode-se considerar difícil mas não impossível, com as cartas do Karkoschka foi fácil localizar o campo do quasar tendo depois apenas de esperar que os olhos fossem iluminados pelo o pequeno ponto. E assim foi, tendo também sido observado pelo o Luís E. e pelo Alberto. Tendo em conta a magnitude da estrela (12.7) que lhe fazia companhia nas breves aparições a sua magnitude pareceu-me estimar mais próxima do valor mais recente de 12.85. Um interessante desafio para pequenos telescópios.
A formula (Kitchin) para um céu de magnitude 6 e usando 90mm de abertura é =(17+5*LOG((abertura(mm)/1000))) resulta em magnitude visual máxima de 11.77 - valor claramente diferente o que implica um céu perto de 7 e uma transmissão de luz bastante jeitosa. Com um CCD é alvo para apenas alguns segundos de exposição.
Uma boa carta com dados fotométricos e localização deste quasar
http://www.lsw.uni-heidelberg.de/projects/extragalactic/charts/1226+023.html
N12 NGC 4244, Messier 106, NGC 4449, NGC 4490, Messier 94, Messier 63, Messier 51, NGC 5195
Todas estas galáxias em Câes de Caça estiveram também bem visíveis e mais uma com forma e aparência bastante aproximada das descrições. No par Messier 51/NGC 5195 era possível ver ambos os núcleos rodeados de nebulosidade embora algo indefinida, pois não se pode dizer que se conseguia discernir lá muito bem os braços em espiral, mas sem dúvida que a nebulosidade não perdia contínuidade entre os dois núcleos sendo portanto bem visível a "ponte".
S15 NGC 5128, NGC 5139 ( NGC 5460, NGC 5822)
À latitude de Serpa, já é possível observar duas das grandes jóias do hemisfério Sul: o Omega Centauri (NGC 5139) e a galáxia irregular Centarus A (NGC 5139). Ambos os objectos estiveram visíveis, mas bastante deslavados. O Omega Centauri era um grande amontoado sem praticamente nenhuma resolução, e a Centaurus A uma (grande) mancha irregular sem qualquer forma reconhecível.
N14 Messier 13, Messier 92
Estes dois globulares ficam sempre bem, mas realmente foram bem mais espectaculares nos grandes telescópios que estavam mais abaixo no monte. Resolução até ao último reduto, com as estrelas em Messier 13 a radiar de uma forma que fazia lembrar um remoinho. No Takahashi Sky90 a resolução é comparativamente incomparável ;) e essencialmente surge apenas na parte exterior dos globulares, mas de qualquer modo foi a melhor vista deste enxame numa abertura pequena. Messier 92 tem o núcleo mais condensado que Messier 13 mas também não fica atrás em espectularidade.
N18 Messier 57, Messier 56, NGC 6826
Não me lembro nunca de ter observado a Messier 57 tão azul, e sinceramente julguei que me tinha esquecido de tirar algum filtro da ocular, achei verdadeiramente impressionante. A estrela de magnitude 12 e picos que costuma parecer no seu bordo era de observação directa.
E finalmente a incontornável Albireo (beta Cygni) que para não variar apresentava as suas cores azul e dourado bastantes vívidas.
E de resto ...
Tanta coisa para ver e tão pouco tempo... embora ainda tenha visitado mais uns punhados de objectos, a história já vai longa.
Ainda por contar fica ainda um brilhante bólide que deixou um longo rasto verde com mais de 3 palmos bem medidos (45 graus) tendo sido bastante mais brilhante que Júpiter que até se encontrava na área para uma boa comparação.
De "hardware" experimentado para além do filtro OIII da Lumicon acima mencionado, passeei uma nagler 12mm e uma Takahashi LE de 7.5mm, tendo gostado bastante de ambas, apesar de obrigar a retirar o rotador de câmara para conseguir foco - um luxo que não queria dispensar. Fiquei no entanto impressionado com a nagler 12mm no Takahashi Sky90 - muito nítida, excelente contraste, com um campo muito bem corrigido e um relevo ocular suficiente longo para poder usá-la com os óculos. Também confirmei que o tempo máximo de exposição da Nikon D70 permite é de 30 minutos, que apesar de não ser necessário ir para o Alentejo para verificar isso, aproveitei o teste para fazer o "star trail" acima (algo estragado pelas luzes de um automóvel) enquanto petiscava mais abaixo com os companheiros da noite. Aqueles riscos azuis no topo da imagem são as Plêiades já na sua fase descendente. Um obrigado a todos os que lá estiveram e em especial ao Luís Evangelista que partilhou comigo aquele por vezes algo ventoso monte.
Como sempre, podem ver a enorme quantidade de imagens feitas pelo grupo nas duas noites aqui e aqui .
Após esta noite, cada vez mais me convenço mais que o primeiro parâmetro na compra de um telescópio deve ser a magnitude do local habitual de observação. NADA substitui o céu escuro. É certo que todos os telescópios ganham abertura quando sob céus escuros mas acho (de uma forma absolutamente suspeita e sectária ) que são as pequenas aberturas que na realidade se excedem. Pena é, que embora estas sejam noites memoráveis, infelizmente tornam-nos inevitavelmente cada vez mais exigentes, sendo cada vez mais difícil se contentar com outras em céus menos escuros. Foi bom e mereceu bem a viagem.
Pátio 191 - Pátio RGB►
2005.03.13
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Noite com alguns buracos nas nuvens boa para experimentar os filtros RGB type 2c da Astronomik.
O primeiro passo foi arranjar solução para o trem óptico com a gaveta de filtros, também esta também sido feita pela a Astronomik. Esta gaveta manual de filtros tem uma construção impecável, sendo completamente feita de aluminio e aço? anodizado a preto e possuindo rosca M36 (tipo T), macho e fêmea, "gastando" apenas 21mm de foco. Adquiri também 5 gavetas, 4 para filtros de 28.5mm e 1 para filtros de 48mm para ter os filtro permanentemente montados, também estas são de uma construção exemplar.
Com o Takahashi Sky90 e redutor/corrector, combinação que faz recuar ligeiramente o foco (ou outras palavras "vai mais para dentro"), conjuntamente com a atik directamente enroscada na gaveta, ainda sobra quase 20mm de "in-focus". Uma boa folga. Também é possível usar o extensor focal (Extender Q 1.6x), que coloca o telescópio a trabalhar a f/9 com cerca de 800mm de focal.

Redutor+2"->M43+CA35+Gaveta de filtros+Atik
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2"->M43+ExtenderQ+Gaveta de filtros+Atik
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As imagens são apenas testes com estrelas brilhantes, na quantidade de 10x10x10 com exposições de 10 segundos, que não foram calibradas. Mesmo com as gavetas é um pouco entediante trocá-las, sendo necessário verificar se o foco está correcto porque existem ligeiras diferenças de foco entres filtros (sinónimo de correcção de cor não muito perfeita).


Algieba - gamma leonis
Takahashi Sky90 f/4.5 (400mm)+ATIK-1HS 2.9" res
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Apenas a título de passar o tempo (com 90mm não se pode ter grandes pretensões), ficam várias imagens de Júpiter feitas com a velhinha toucam, feitas a mais de f/41 e com ganho a 60%. Com noites mais transparentes deverá ser talvez possível baixar para 40%.
Não me consigo decidir qual a "cor verdadeira". Embora ache que o planeta tenha cores menos vívidas do que daquelas que são vulgares ver-se nos processamentos. Após ver imagens "true-color" do planeta na net, nomeadamente do Hubble, acho que o planeta tem como cores dominantes o salmão, marfim e o azul acizentado, todas elas um tanto ao quanto deslavadas.
As imagens estão fortemente sobre-amostradas (4x a resolução teórica do 90mm), daí que se reduzir para metade o tamanho não se perde grande coisa. Cada imagem tem um equilíbrio de cores e brilho diferente para os testar em monitores diferentes.

Jupiter 20050313 00:45 UTC
Takahashi Sky90 f/41 (3720mm) + Toucam 0.31" 60%
exp: 2 min. (600x1/5 seg.)
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Jupiter 20050313 00:55 UTC
Takahashi Sky90 f/41 (3720mm) +T oucam 0.31" 60%
exp: 2min. (600x1/5seg.)
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Pátio 192 - Pátio RGB (parte II)►
2005.03.17
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Nesta sessão, quis tentar fazer imagem a cores (LRGB) do enxame aberto Messier 67 que é constituído por estrelas de diversas cores (espectros), sendo aliás por este motivo um dos enxames mais usados para calibração de filtros (UBVRI) nos observatórios profissionais. Mas o objectivo não era calibrar, coisa que com uma câmara de 8 bits é algo difícil se não impossível de obter com precisão (perda linearidade rapidamente), mas sim ver como saiam as cores das estrelas e ajustar a olhómetro.
As exposições usadas foram de 12x15 segundos para cada canal LRGB, tendo sido registadas e integradas com o IRIS. Não forma usados "darks" nem "flats" embora estar a precisar. O canal L foi adicionado com o PS segundo o método descrito nesta página. O peso de cada canal RGB é 1:1:1 sendo o canal L uma soma mediana para não "engordar" demasiado as estrelas. Fica a imagem abaixo embora pessoalmente goste desta com mais ruído.

Messier 67, NGC 2682
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 12' (180"+3*180") LRGB
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A estrela de interesse não é propriamente a zeta leonis, mas sim a estrela que está às suas 11 horas (TYC 1969 1260), que tem um espectro igual ao do nosso Sol que é uma estrela G2 , embora esta estrela seja uma subgigante e não uma anã (IV em vez de V). A estrela deveria parecer branca, embora tenha traços de uma ligeira aberração cromática.


Adhafera - zeta leonis e a G2V
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 9' (15"+3*180") RGB (Astronomik)
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Coloquei a toucam e adicionei a powermate 5x para as imagens abaixo. A primeira imagem é a versão XL da imagem da anterior sessão, em que os 4,5" que separam as duas estrelas douradas é notoriamente bem espaçado, não porque estava especialmente pouca turbulência (bem pelo contrário) mas sim porque foram as 6 únicas "frames" possíveis de usar num total de 600... Todas as restantes imagens processadas no Registax3.

Algieba - gamma leonis
Takahashi Sky90 f/31 (2755mm)+Toucam 0.42"
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Também usando apenas a powermate 5x para trabalhar a f/31. O globo até fica com um tamanho jeitoso e apresenta algum detalhe.

Jupiter 20050317 00:57 UTC
Takahashi Sky90 f/31 (2755mm)+Toucam 0.42"
2 min. (1/10 sec.x1200)
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Vale da Lama I►
2005.04.09
Alpiarça
Fui com mais alguns companheiros de observação ter com o Mário Santiago para um local relativamente escuro perto de Alpiarça.
Tendo sido Lua Nova no dia anterior, estaria também esta noite praticamente ausente, permitindo assim a observação de objectos de céu profundo durante toda a noite. E assim foi. Apesar da maioria se ter dedicado a astrofotografar, ainda tive algumas horas a observar com o Takahashi Sky90 a área de Escorpião, Sagitário e Escudo.
Chegamos ao local por volta das 18 horas, tendo logo começado a montar o equipamento. O local, embora não completamente isolado, era relativamente "selvagem", ficando rodeados de sobreiros e azinheiras que creio eu serem seculares. Fizemos um piquenique ao pôr do Sol e aguardamos calmamente que a noite caísse, observando o desfilar progressivo das magnitudes estelares.
O céu esteve sempre limpo, embora com fraca e mediana transparência, com a turbulência em geral elevada. Este local tem o horizonte Sul razoavelmente escuro e desimpedido, apesar de ter o Oeste obstruído com um grande morro e o Norte algo poluído, havendo ainda algumas obstruções causadas por árvores de grande porte. Escolheu-se um local abrigado de modo a evitar ou atenuar o vento que se fazia sentir. A magnitude limite rondou os 6-6.5. O vento foi amainando até deixar de praticamente se sentir após a meia-noite. Foi bom tanto pelo conforto como para os instrumentos. A noite foi amena, o frio só se fez mesmo sentir momentos antes do nascer do Sol, e a julgar pela geada, deve ter chegado muito perto de 0 graus a nível do solo.
Tivemos também visitas de locais, que tiveram oportunidade de observar e petiscar cononsco.

O tradicional piquenique
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Esta primeira imagem é um enxame de galáxias em Leão pertencente ao Grupo Leo II que preenchiam o requisito mínimo, isto é, conseguir observá-las visualmente para poder apontar o telescópio. As galáxias NGC 3607 e 3608 são facilmente visíveis como duas elipses apesar da sua distância de 70 milhões de anos-luz, daí me terem chamado à atenção quando as observei em Serpa no mês passado. O campo do grupo continha mais algumas galáxias como é frequente nesta região do céu. É curioso que depois de ter feito a primeira exposição, estava à espera que a NGC 3607 se apresentasse com forma mais espiral, julguei até que me tinha enganado na galáxia (algo que novamente me acontece frequentemente nesta região), mas esta é uma galáxia "face-on" do tipo S0 (lenticular) sendo este o primeiro tipo de espiral após a transição de elípticas. Visualmente e fotográficamente, é extremamente difícil (senão impossível) verificar o disco interior de poeira, tornando-se assim indiferenciada das vulgares e algo monótonas galáxias elípticas.

NGC3607 et al
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 25' (25x60s) mag 6
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Por volta da meia-noite, fez-se uma (longa) pausa para o petisco e conversa. É hábito no quintal do Mota fazer-se uns grelhados e aqui não foi excepção. A mesa esteve bem composta, ficando todos nós também bem recompostos para as restantes horas que faltavam até ao nascer do Sol.
Após este grupo de galáxias, apontei o tubo para a galáxia espiral Messier 101. Mas antes de ter ido para lá passei primeiro pela Messier 51/NGC 5195 e Messier 81/Messier 82 que deram vistas bem agradáveis e contrastadas. Com magnificação de 16x a Messier 101 era imediatamente evidente, estando o núcleo bastante rodeado de nebulosidade. Não foi possível identificar qualquer estrutura nos braços devido à posição muito mal jeitosa de observação sem usar a diagonal (com redutor montado as oculares não focam com a diagonal). O tempo de exposição foi inusitadamente grande, devido ao facto de ter deixado a fazer "frames" enquanto durou o petisco e a tertúlia (cerca de 2 horas). Não que tenha tido resultados proporcionais, mas foi a imagem com maior tempo acumulado de exposição até ao momento.

Messier 101
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 116' (26x60"+60x90") mag 6
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Após ter feito uma ronda pelos objectos de Hércules (na qual tive um quarto de hora para identificar a planetária NGC 6210), ainda comecei uma imagem LRGB de Messier 13, mas decididamente a sorte não esteve no meu lado. Primeiro, devo ter dado um toque na montagem, tendo esta ficado ligeiramente desalinhada, mas apenas o suficiente para ter algumas sub-exposições com arrasto - isto é o tipo de coisa para fazer perder meia-hora - primeiro, foi preciso reconhecer o facto, re-alinhar montagem, voltar a centrar o objecto e finalmente focar. De seguida, o Kendrick demorou um bocado mais de tempo a climatizar a objectiva (o 60 mm era bem mais rápido), adicionando mais um quarto de hora. Logo após dei _mesmo_ um toque na montagem, tendo de voltar a fazer tudo novamente. Depois de finalmente ter conseguido fazer a exposição de (L)uminância, a meio da exposição "R"(ed) a roda dentada do motor A.R. soltou-se, tendo de voltar a re-centrar e fazer novamente o conjunto de exposições. E finalmente a meio da exposição "G"(reen) acabou a bateria do portátil... a imagem abaixo é a soma de 12 imagens não filtradas de 45 segundos. A cor fica para um dia destes. bah...

Messier 13
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3"
exp: 9' (12x45s) mag 6
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Apesar de tudo, foi uma noite astrofotográficamente satisfatória. Embora tendo observado visualmente alguns objectos dispersos por toda a esfera celeste, passei em definitivo para o "modo visual", concentrando-me numa carta que tinha preparado e impresso da região de Sagitário e Escudo. Esta carta contém apenas objectos observáveis através de pequenos telescópios, estando alguns deles no limite da visibilidade com 90mm (mas não sabia quais, facto que deu um toque de mistério à observação).

Meio iglo
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O globular Messier 22 é sem dúvida um dos melhores globulares para pequenos telescópios. Tem todos os ingredientes para tal: é grande, brilhante e graças a uma menor concentração e de se situar duas vezes mais próximo de nós que Messier 13, apresentando uma resolução muito satisfatória usando pequenas aberturas - pode-se descrever como um impressionante monte de estrelas. Pode não ser o "rei" do céu, mas com certeza o principe do Sul numa perspectiva hemisférica nortenha.
Se houvesse outro pretendente para estes lados, esse seria o globular Messier 55, que por se localizar bem mais baixo, sofreu de muito pouca nitidez e resolução, embora ainda fosse possível notar que tem uma dimensão bem jeitosa.
Todos os outros globulares são comparativamente mais pequenos, pouco brilhantes ou ambos, prefixando o advérbio "muito" no caso de se tratarem de objectos NGC. Mas são uma boa colecção deles:
Messier 75, Messier 55, Messier 54, Messier 70, Messier 69, NGC 6652, NGC 6558, NGC 6559, NGC 6624, NGC 8528, NGC 6522, NGC 6540, NGC 6638, Messier 28, NGC 6553, NGC 6544, Messier 22, NGC 6642.
Subindo um pouco mais, entramos no complexo nebular de Messier 8, Messier 20 e Messier 21 proporcionaram uma visão extremamente interessante nos 3 graus da panoptic 24mm. Achei uma das vistas telescópicas mais impressionantes que tive desta área, o canal da "Lagoa" desenhava-se perfeitamente óbvio, assim como as parte de emissão e reflexão da Messier 20 ("Trífida"). Ambas apresentavam bastante nebulosidade.
Subindo mais um pouco mais e a caminho da Messier 17 ("Cisne"), parei em Messier 24, o messier "Via Láctea" que é uma imensa nuvem de estrelas que enchia completamente o grau e meio da nagler 9mm. A "Cisne" apresentava a tradicional forma de cisne a boiar, tendo o filtro UHC salientado um bocado mais a ondulação das "penas", além de alguma nebulosidade adicional em seu redor. É um objecto sempre gratificante que tem ainda como companhia o enxame aberto Messier 18 cerca de um grau mais abaixo. Terminei a subida de Sagitário em Messier 16 ("Águia"), que por muito que tentasse, não consegui discernir as "garras".
Finalmente, Messier 11 ("Pato Selvagem"), que é talvez um dos mais brilhantes e compactos dos enxames abertos. Até agora não consegui entender muito bem a razão da sua alcunha, que será por ter a forma triangular típica da formação de patos em migração. Isso talvez seja mais aparente em aberturas maiores, que conseguem resolver mais estrelas e apresentar mais nebulosidade de estrelas não resolvidas.

A foto da praxe já com o Sol a derreter a geada
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Sobre equipamento fica a nota da estreia do prototipo final da Atik de 16 bits refrigerada , e pelo que vi temos máquina.
Pátio 193 - Júpiter e Lua►
2005.04.22
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Uma bonita conjunção hoje pelas as 19:30 (hora local) entre a Lua e Júpiter, distando pouco mais de meio grau. A foto abaixo foi, tirada três horas mais tarde estando estes já bem mais distantes a cerca de 3 graus. Bem melhor espectáculo quando observado ao vivo.

Lua e Júpiter 2005-04-22 21:19 UTC
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Pátio 194 - Júpiter e trânsito do Europa►
2005.04.25
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Esta sessão planetária tinha como objectivo capturar o trânsito do Europa, tanto o do satélite como o da sua sombra, ocorrendo simultaneamente mais uma passagem da GMV. Infelizmente as condições meteorológicas, os prédios e a mecânica celeste não deixaram terminar a tarefa.

Júpiter e Europa a transitar e o Io a aproximar 2005-04-24 23:00-01:00
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Todas as imagens são provenientes de AVIs de 900 fotogramas a 10/seg equivalente 90 segundos com o ganho a 40% usando um Takahashi Sky-90 f/41 (3720mm) + Toucam 0.31" em intervalos de 10 minutos (sempre que havia céu limpo). Capturadas com QFocus e processadas entre as capturas com Registax3 . Abaixo estão duas sequência de fotogramas do evento. O Norte está para cima e sentido de rotação é f->p (de following e preceding respectivamente).
Estudando as imagens podem-se verificar as seguintes curiosidades de perspectiva: Depois da oposição, as sombras seguem aos satélites, ficando cada vez mais "atrasada" até Júpiter atingir a conjunção. Após esta a sombra passa a preceder o satélite ficando cada vez mais próxima até à oposição. Durante a oposição e conjunção pode ser muito difícil resolver a sombra do disco. Na animação é curioso observar o Europa desaparecer sem deixar rasto, embora ainda estivesse bem destacado já alguns diâmetros dentro do disco de Júpiter. Este eeito é devido ao fenómeno chamada escurecimento do limbo, que também sucede no nosso Sol, que faz aumentar várias vezes o contraste. O Europa devido a ser uma planeta de tonalidade clara perdeu-se na zona clara, sendo talvez preciso mais de luz (abertura) para o destacar das nuvens jovianas.

Europa em início de transito
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... e a sua sombra
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Um dos fotogramas com "wavelets" mais agressivos
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Entretanto ao preparar a sessão deparei com esta página na net que para além de outras coisas interessantes tem uma fórmula para calcular qual o tempo máximo de exposição antes de começar a ser notória a rotação do planeta. Para tal, basta saber o tamanho aparente do dia do planeta (neste caso 43.62"), e o período de rotação (9,84167 horas para o sistema I), e o tempo pretendido :
O problema é uma regra três simples: Se 43.62" demoram metade de uma rotação completa a passar, quantos segundos de arco passam em n segundos ?
(a) Resolução (segundos de arco) = (diâmetro aparente do planeta * (tempo(seg)/3600)) / (período de rotação do planeta/2)
Resolução(segundos de arco) = (43.62* (90seg/3600) h) / (9,84167/2) = ~0.22 '' - este resultado está bem abaixo da resolução utilizada acima, sendo portanto possível fazer AVIs com 90 segundos sem se notar a rotação do planeta, visto rodar neste período menos que a resolução da amostragem.
Desenvolvendo um pouco mais o tema, pode-se rearranjar a formula mais convenientemente de modo a determinar quantos segundos se pode fazer no máximo para uma determinada resolução:
(b) Tempo (seg) = (1800*período de rotação do planeta*resolução) / diâmetro aparente do planeta
Para uma amostragem com resolução de 0,31" temos:
Tempo (seg) = (1800*9,84167*0,31) / 43,62 = ~126 segundos
Nota: a resolução de uma imagem é fácil de determinar usando as próprias imagens - basta dividir o diâmetro em segundos de arco (43.62) pelo o número de pixels da imagem no seu equador (140) : que será ~0,31 neste caso. Esta é uma das formas de calcular o verdadeiro comprimento focal de um sistema ( =(206,265*5,6)/(0,31) em que 5,6 é o tamanho do pixel do CCD), e não o que está inscrito nos tubos ópticos e nas barlows ou powermates. Depressa vão descobrir que a powermate 5x se devia chamar 5.5x...
No caso dos satélites
pus-me cá a pensar se a mesma fórmula não se poderia aplicar também aos satélites. Io e Europa apresentam velocidades aparentes maiores que a rotação de Júpiter, tendo que se ter este facto em consideração quando se pretende registar eventos de trânsitos ou do próprio satélite sem que apresente arrasto após o empilhamento ("stacking").
Ignorando tudo o que Kepler nos ensinou e considerando como uniforme o movimento dos satélites à volta de Júpiter, e a inclinação da órbita do satélite no mesmo plano de Júpiter (obviamente errado, mas penso que aceitável para o resultado pretendido), pode-se aplicar a mesma fórmula para determinar o tempo máximo de exposição tendo em consideração o seu movimento de rotação à volta de Júpiter. Na prática estamos a observar um planeta a rodar com o diâmetro da órbita do satélite cujo o único detalhe é o proprio satélite.
Para o satélite Europa usamos os diâmetros de Júpiter correspondentes à sua órbita (9,5x), e o seu período orbital de 85,24344 horas.
usando a fórmula (b) temos :
Tempo (seg)* = (1800*(85,24344)*0,31) / (43,62*9,5) = ~115 segundos - este resultado ajusta-se bastante bem com a animação acima - o Europa aparenta ter uma velocidade semelhante mas ligeiramente superior à de rotação de Júpiter.
Para Io (o satélite joviano mais irrequieto) temos um diâmetro de 5,9x, e um período orbital de 42,459312 horas:
Tempo (seg)* = (1800*(42,459312)*0,31) / (43,62*5,9) = ~92 segundos - também é possível verificar que Io (que é satélite em aproximação), não apresenta praticamente nenhum alongamento devido ao arrasto.
Tudo estes resultados são aproximados e servem apenas para fazer uma estimativa do tempo de exposição de satélites em aproximação do disco de Júpiter. Quando se encontram com grandes elongações (mais afastados de Júpiter a velocidade aparente é menor). Quem quiser calcular para os outros satélites ir aqui e ver os parâmetros,
* Não me responsabilizo se obterem imagens de satélites alongados após a utilização das fórmulas acima apresentadas.
Pátio 195 - Sol►
2005.05.01
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Desde meados de Janeiro que não surgiam manchas de tamanho significativo no nosso Sol, que neste momento caminha para o seu mínimo de actividade solar.
As manchas solares são a parte mais visível de pontos de grande concentração magnética, que pode chegar a valores de cerca 3000 vezes mais forte que a média da fotosfera (a "superfície" do Sol). O mecanismo tem origem milhares de quilómetros abaixo da superfície, e ainda está em grande parte por esclarecer.O norte (eixo) da imagem está sensivelmente às "2:00".
Dados do momento da imagem (Guide 8) :
Sol mag -26.7
Ascensão recta: 02h35m30.309s
Declinação: +15 13' 14.14"
Posição média na corrente época:
Ascensão recta: 02h35m47.921s
Declinação: +15 14' 37.28"
Posição aparente na corrente época:
Ascensão recta: 02h35m45.994s
Declinação: +15 14' 34.15"
Distância da Terra: 1.00770133 AU (150,749,973 km)
31.74 minutos de arco de diâmetro angular
Posição-ângulo do pólo Norte: 335.99 graus
Inclinação do pólo em relação à Terra: -4.0924 graus
Meridiano Central Solar : 223.3
Número de rotação solar 2029 que começou em 21 Abr 2005 7:52 (10.34 dias atrás)
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2005-05-01 16:06 UTC
M:3 S:4
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Abaixo está a imagem com maior magnificação da mancha solar 756, que já se encontra num estado evolucionário avançado (Waldemeier classe H) . Abaixo está o emergente grupo 757 já com classe A ou até B. Para saber mais sobre as nomenclaturas e classificações ver esta página e ainda o Grupo Solar da União de Astronomia e Astrofísica onde se pode encontrar artigos de como observar e classifcar as manchas solares. Para ver a evolução das manchas ver as páginas onde estão os meus registos diários (sempre que possível).

2005-05-01 16:06 UTC
M:3 S:4
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Serra da Estrela II►
2005.05.07
Penhas Douradas e Vale das Éguas - Serra da Estrela
Uma vez mais o grupo Atalaia fez uma expedição em busca de céus mais escuros, tendo desta vez escolhido a serra mais alta de Portugal continental.

Oeste
Após o pôr do Sol na estrada a caminho do Sabugueiro - a aldeia a maior altitude de Portugal
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No primeiro dia e após o jantar em família algo tardio, nós os cinco. Alberto, Filipe, Luís, Mário e Paulo, pusemo-nos a caminho das Penhas Douradas, tendo chegado ao local já bem depois da meia noite. este situava-se sensivelmente no mesmo sítio da última vez , de modo a aproveitar as restantes horas até ao crepúsculo astronómico. Todos com excepção do Alberto, se dedicaram essencialmente à astrofotografia, tendo eu abandonado à sua sorte a relaxante objectiva de 50mm em cima do telescópio.
A noite pode não ter sido excepcional tendo em conta o local, mas magnitude limite rondou o valor de 6.5, embora com a sensação de estar moderadamente "leitosa", facto que não deve estar alheio estarmos a um mês e meio do Verão. A turbulência variou entre baixa e moderada, não tendo havido nenhuma condensação e nem vento digno de nota. A temperatura no seu mínimo rondou os 3, 4 graus positivos
A observação visual resumiu-se essencialmente a umas espreitadelas no Obsession 15" do Alberto, das quais destaco a "Véu", a Messier 51/NGC 5195 em toda a sua forma e pela primeira vez ter feito a identificação do planeta Plutão. Também passei longos momentos a passear com o binóculo 7x50, que sob este céu ofereceram vistas de raro deleite.
Passaram também uns impressionantes riscos que por vezes se estendiam ao longo de meio hemisfério provenientes da chuva de meteoros que correntemente se encontra activa, a Eta Aquaridas, estes entre outros meteoros esporádicos não relacionados.
O final da noite foi passado apropriadamente em cima de uma grande penha, efectivamente dourada pelo o Sol, a tentar observar sem sucesso a Lua que apresentava um fino (de)crescente, e por fim ver o nascer de mais um dia.
Regressamos então a Sabugueiro já passando das 7 da manhã quando fomos finalmente descansar.
Mais imagens e relato podem ser lidos atalaia.org.
No Sábado juntaram-se a nós o restante pessoal (Zé, Alcino, Seabra, Acácio, Luís e respectivos acompanhantes) e infelizmente também chegaram algumas nuvens. Desta vez seguimos para o Vale das Éguas que apesar do nome é um planalto que se situa ligeiramente abaixo das Penhas Douradas. Espalhamo-nos por uma grande extensão de modo a evitar incómodos com computadores e outras coisas electrónicas.
Já com o Sol a desaparecer, fez-se o tradicional piquenique familiar crepuscular, que incluía queijo, presunto e chouriço da região e também havia pratos como arroz de lulas e até sobremesas! Bem satisfeitos, todos nós nos preparamos para a noite que se iniciou no entanto, com condições meteorológicas não muito famosas, estando o céu geralmente muito nublado. Não tivemos alternativa senão esperar pelos buracos que se iam abrindo entre as nuvens, os quais mostravam efectivamente um céu bem escuro. E assim foi durante boa parte da noite, um desfilar de nuvens que terminou por volta das 3 da manhã, altura em que o céu aparentemente ficou praticamente limpo, embora com fortes suspeitas de algumas nuvens altas. A noite correu calma e serena, mas desta vez houve formação de condensação e a temperatura subiu mais um grau ou dois em relação à noite anterior.

Messier 27 em contexto
A nebulosa planetária de conchas múltiplas Messier 7 na constelação da Raposa está na região do nosso braço Local (Orion) a 1370+-200 anos-luz, sendo este o responsável pela enorme quantidade de estrelas presentes na imagem.
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Região central de Cisne
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Durante o período dos buracos, aproveitei para percorrer mais algumas páginas do Karkoschka usando o Takahashi Sky90 , sendo estas alternadas com períodos de pura preguiça transcendental enquanto as nuvens cobriam a área em observação.
E15 Messier 3, NGC 5746, Messier 5
Messier 3 e Messier 5 são dois dos maiores enxames globulares que podem ser apreciados no nosso hemisfério, e por tal merecem sempre uma visita. Desta vez a 71x usando a velhinha nagler 7mm, que de certo modo rentabilizou a resolução disponível no instrumento e do céu. Em ambos os globulares as estrelas mais exteriores soltavam-se com facilidade, dando-me a impressão de ter sido possível resolver um bocado mais que o habitual (mais transparência e menos turbulência). A NGC 5746 foi o prémio da noite, dada a ser bastante ténue, esta galáxia barrada de magnitude 11 que se apresenta vista de lado, situa-se a mais de 80 milhões anos-luz, mas ainda assim alguns dos seus fotões foram suficientes para verificar sem grande dificuldade a sua bem esticada silhueta "edge on".
E16 Messier 83
A galáxia Messier 83 possui uma declinação algo desfavorável, foi imediatamente visível, e diga-se, com um tamanho aparente generoso. Não posso afirmar que tenha observado os braços ou a faixa de poeira, mas somente que a sua textura variava notoriamente em toda a difusa de forma oval. Observei esta galáxia ao longo da noite por diversas vezes, sem no entanto ter muito mais a acrescentar.
E17 Messier 107, Messier 12, Messier 10, Messier 9, Messier 14, IC 4665 , estrela de Barnard
À semelhança do Escorpião e Sagitário, Ofiúco alberga uma boa quantidade de enxames globulares, que vão desde os generosos Messier 10, Messier 12 até aos virtualmente irresolúveis Messier 107, Messier 14 e Messier 9, embora nenhum destes se aproxime em resolução e tamanho com os dois globulares relatados dois parágrafos acima. O enxame aberto IC 4665 é bastante esparso mais sempre ajuda a situar melhor a estrela com maior movimento próprio que se conhece:
A estrela "corredora" de Barnard. Esta anã vermelha de magnitude 9,57, desloca-se na nossa direcção 10.3" por ano (106.8 km/s), sendo a segunda estrela mais próxima do nosso sistema solar, distando neste momento cerca de 5.96 anos-luz, se contarmos apenas como um, o sistema triplo de Alfa Centauri. Contudo é a estrela mais próxima que é possível observar do nosso hemisfério. Mais uma vez as cartas do Karkoschka foram uma grande ajuda, sendo este tipo de observação um bom exercício de memória. Ver aqui para mais informação.
E18 Messier 80, Messier 4, Messier 62, Messier 19, NGC 6369, Messier 6, Messier 7
Já passava das 3 da manhã quando passei por esta carta, tendo observado todos os globulares e abertos exceptuando a planetária (6369) que por lapso ficou por observar. Óbviamente o M4 levou mais "tempo de telescópio", mas as noites são curtas nestes dias, e restava apenas 1 hora e picos para tentar fazer algumas imagens.


Via Láctea tecnicolor
Talvez uma das mais coloridas regiões do nosso céu. Também conhecida por região de Rho Ophiuchi ou Antares (Alpha Scorpii) que nesta imagem se estende por mais de 20 graus na diagonal, contendo nebulosas de emissão (avermelhadas) e de reflexão (azuladas)e vastas zonas de poeira.
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Embora a Serra da Estrela seja um dos locais mais escuros do país, é sempre triste notar que mesmo cidades a algumas dezenas de quilómetros, como é o caso da Covilhã, conseguem formar abóbadas de poluição luminosa que apesar de baixas no horizonte já se fazem notar bastante. Apesar de tudo, observar com menos 1 quilómetro e meio da pior parte da nossa atmosfera permite disfrutar de visões raras ou impossíveis de se obter ao nível do mar, exceptuado talvez noutro santuário como o de Serpa.
A sessão terminou já com o Sol a começar a despontar, regressando todos novamente a Sabugueiro que se encontrava mergulhada nas nuvens - uma visão fantástica.
A "expedição" terminou com um agradável piquenique no Vale do Rossim, após o qual se seguiu um passeio turístico descendo para Manteigas, voltando a subir pelo vale glaciário e finalmente descendo para a Covilhã.
Mais imagens e relatos podem ser lidos atalaia.org.
Pátio 196 - Conjunção de Júpiter com a Lua►
2005.05.19
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
A estreia do terceiro episódio da Guerra das Estrelas foi responsável por não conseguir registar este evento na sua maior aproximação, mas deu para brincar com uns amigos no intervalo do filme, quando lhes mostrei no intervalo esta conjunção dizendo que estava uma "Death star" neste momento a orbitar a Lua. Na altura da imagem já distava mais de um grau, bem mais afastados dos 22 minutos de arco duas horas antes. Nunca subestimar o poder da "Força" da gravidade...

Lua com uma mini "death star"
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Pátio 197 - LRGB III►
2005.05.25
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Noite de Lua quase cheia, mas com os efeitos algo atenuados pela sua baixa altitude devido à sua corrente baixa declinação (-29 graus), subindo pouco mais de 20 graus no seu trânsito do meridiano. Muito vapor de água e nuvens altas.
O globular Messier 3 em Cães de Caça, é um dos mais estudados, contendo centenas de estrelas variáveis que ajudaram a determinar a sua distância, e ainda uma boa quantidade de "blue stragglers", que sendo estrelas azuis (e daí vidas relativamente curtas) estão aparentemente fora do contexto, com a maioria das estrelas do enxame serem muito mais antigas e vermelhas. Algumas das explicações avançadas, é serem resultado de transferência de massa em sistemas binários, rejuvenescendo assim uma das estrelas ou ainda serem resultado de colisões que são muito prováveis de acontecer neste tipo de enxames, especialmente no núcleo onde são mais frequentes. Este enxame situa-se a mais de 33000 anos a luz mas está a aproximar-se de nós a quase 150 km/s.
As exposições obtidas foram de 15x20 segundos para cada canal LRGB, tendo sido registadas e combinadas usando o IRIS. Mais uma vez, não foram usados "darks" nem "flats" embora por mais uma vez esteja a precisar. Acerca da cor das estrelas, pode ser sugestão causada por processamento (balanceamento de cores), mas existem algumas com tonalidades que talvez sejam candidatas a "blue stragglers" no amontoado abaixo.

Messier 3,NGC5272
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3" 60%
exp: 20' lrgb (600s+3*600s) mag 3 neb
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Aeródromo XIX - Vénus►
2005.05.26
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt:52m)
Foi hoje o dia em que o planeta Vénus se mostrou MENOS brilhante, com apenas -3.9 de magnitude, mas tal não impede que seja a luminária do após ocaso.

Vénus ao fim da tarde 20:37 UTC
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Pátio 198 - Messier 13►
2005.06.01
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Início de noite sem nuvens, mas com muita turbulência , pois mesmo no zénite as estrelas cintilavam bastante.
Por ser um dia de semana a sessão teria de ser curta, não dando muito tempo para fazer testes, por tal apontei para o objecto mais brilhante e elevado que é possível observar daqui do Pátio - o enxame globular Messier 13.
A curiosidade a satisfazer consistia na utilização do ExtenderQ 1.6x da Takahashi. Este acessório óptico é um extensor de 5 elementos especialmente concebido para o Takahashi Sky90 ou FSQ106, embora possa ser usado nos restantes telescópios das séries FC/FS. Presumivelmente corrige a sub-correcção esférica típica de apocromáticos, faz correcção no espectro na região ultra- violeta para CCD, atenua/elimina a aberração cromática nos dupletos, e por fim a função de estender o comprimento focal. Visualmente não posso dizer que tenha notado grande diferença (para além de maior magnificação), mas visualmente pode-se considerar "transparente" e isso já é suficientemente bom. Pelos testes com um CCD grande (Nikon D70) não corrige nem o campo curvo nem elimina a coma. Para ler um completo comentário (em inglês) sobre este extensor ver aqui.
A configuração usada apenas adicionou mais 140mm aos 500 do Takahashi Sky90 (+28%), visto o extensor ter sido usado sem nenhuma das extensões. Esta configuração coloca o telescópio a trabalhar a f/7 que usando a Atik 1HS resulta num tamanho de pixel de 1.81" . Com esta amostragem ainda é possível obter exposições de 60 segundos sem grande desperdício usando a Takahashi P2Z não guiada.
Imagem capturada com K3CCD, alinhada e integrada com o IRIS usando "kappa-sigma" para tentar evitar saturar o núcleo e finalmente um cheirinho de Richardson-Lucy no AIP para disfarçar a turbulência/má focagem. Imagem não calibrada.

Messier 13, NGC 6205
Takahashi Sky-90 f/7 (640mm) + ATIK-1HS 1.81"
exp: 17 min. (51x20 seg.) mag 3
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Vale da Lama II►
2005.06.04
Alpiarça
Mais uma vez o Mário Santiago nos arrastou para a lama lá perto da casa dele em Alpiarça. O Vale da Lama situa-se perto de grandes arrozais, tendo nós ficado um bocado mais acima num montado de azinheiras e por tal com uma fauna que vai de barulhenta (rãs) a irritante (melgas), mas à medida que a noite avançava praticamente todos os bichos foram dormir. Noite de Verão limpa, com períodos de média e alta turbulência, mas devido à proximidade do solstício de Verão apresentava-se também algo clara e foi bastante curta (pouco mais de 5 horas de céu escuro). Apesar de tudo, a magnitude limite visual ficou perto de 6 (Messier 13 era visível com a vista desarmada), não tendo havido humidade e a temperatura não ter baixado dos 12 graus. A noite passou-se agradavelmente, sem frio ou vento digno de nota. Como é tradição em ajuntamentos com alguma dimensão fora do local habitual da Atalaia, houve o petisco crepuscular com grelhados mistos bem regados. Estiveram presentes para além de 2 milhões de melgas, o Mário Santiago e família, Filipe e namorada, José Ribeiro, Paulo Guedes, Paulo Barros, Gregório, Rui Tripa, Pedro Mota, Pedro Ré e mais adiante na noite o Alberto. Ainda tivemos visitas de locais.
praticamente todos os presentes (excepto as melgas) se dedicaram a obter imagens CCD até ao dia nascer, tendo sido este proporcionado um espectáculo de um nascer de (de)crescente lunar com 3 graus apenas. Também Marte com uma magnitude perto de 0 foi uma das luminárias proeminentes ao nascer do dia, mas a turbulência não deixou observar muito mais que a sua fase, mas curiosamente ainda foi possível observar alguma diferenciação na sua superfície.
Como sempre é habitual distribuir o tempo entre a observação visual e a obtenção de imagens com a Atik. As observações visuais e digitais foram as sugeridas essencialmente na página N16 do Karkoschka , que dá indicações dos objectos mais brilhantes da constelação do Dragão (Draco).
N16 Messier 102 (NGC 5866), NGC 5907, NGC 6503, NGC 6543
Todos os objectos foram facilmente detectados com excepção da galáxia espiral em perfil ("edge-on") NGC 5907 que tem uns quase perpendiculares 88 graus de inclinação e que por muito que tentasse não a consegui discernir. A galáxia lenticular NGC 5866 (Messier 102?) e a espiral NGC 6503 apresentavam-se ambas distintamente elongadas, embora não apresentassem mais nenhum detalhe adicional. A planetária NGC 6543 ("olho de gato") é um objecto extremamente brilhante, tendo já um tamanho que não deixa dúvidas acerca da sua natureza, isto mesmo usando apenas 21x de magnificação. Pelo contrário, a pequena mas brilhante planetária NGC 6210 em Hércules que revisitei depois de ter dado alguma luta a identificar na última vez que a observei em Serpa - desta vez demorou menos tempo, apesar da turbulência ter afectado a sua detecção que Basicamente é por parecer uma estrela "mais gorda" que as outras.

Messier 102,NGC 5866
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 34 min. (45x45 seg.) mag 6
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NGC 5907
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 34 min. (45x45 seg.) mag 6
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NGC 6503
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 34 min. (45x45 seg.) mag 6
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O alvo final da noite a galáxia NGC 6822 "Galáxia de Barnard",primeiro observada por este em 1884, estando esta situada na constelação de Sagitário a cerca de 10 graus a Oeste do "pote", tendo infelizmente esta ter sido dada por não detectada visualmente.
Esta galáxia anã irregular pertence ao Grupo Local sendo de difícil observação devido ao seu baixo brilho de superfície e modesta altitude (pouco mais de 35 graus) à nossa latitude. À semelhança das Nuvens de Magalhães é das poucas galáxias onde é possível resolver estrelas individualmente (pelo menos mag 17 em B (azul)) devido à sua proximidade a cerca de 0.5 Mpc (1,6 milhões de anos-luz), isto apesar de se encontrar bastante obscurecida pela a absorção da nossa Galáxia. Esta galáxia também possui um significado histórico devido a ter sido a primeira galáxia observada por Edwin Hubble que em 1925 fez a descoberta e fotometria das variáveis ceifeidas que permitiram obter distâncias mais correctas das então misteriosas nebulosas espirais e por consequência começar a ter uma melhor ideia do real tamanho do Universo.
Sem dúvida um desafio visual a tentar ultrapassar num céu mais escuro e/ou de latitude mais baixa. Para uma excelente página sobre a observação desta galáxia ver aqui.

NGC6822,IC1308
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 49 min. (49x60 seg.) mag 6
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Todas as imagens capturadas com K3CCD, tendo sido alinhadas e subtraidas no IRIS.
De resto, dei umas olhadelas no único telescópio 100% visual que marcou presença, o Obsession 15" do Alberto que apesar de ter tido menos de duas horas de noite disponível o montou na mesma.
Após os crepúsculos começamos a arrumar o equipamento e ir apreciando o Crescente Lunar, seguindo então todos para casa. Ler e ver também a entrada no atalaia.org
Pátio 199 - Sol em H-alpha►
2005.06.07
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Novo brinquedo aqui no pátio - Coronado PST

Sol em h-alpha
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S.Pedro de Moel XII - Conjunção Vénus e Lua►
2005.06.08
S.Pedro de Moel
Ao fim do dia, fui tentar observar o planeta Mercúrio que neste momento está muito brilhante, mas também muito perto do Sol. Como a imagem abaixo mostra, não foi possível.
mas fica registado mais uma conjunção de um crescente lunar com Vénus entre as únicas nuvens sobre que se encontravam sobre o território continental português...

Lua e Vénus
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Castelo de Vide►
2005.06.10
Castelo de Vide
A convite do Acácio Lobo (organizador do AstroVide), fui com mais alguns camaradas da noite, Alberto, Alfonso, Filipe e Zé Ribeiro da Atalaia, experimentar os céus numa quinta perto de Castelo de Vide. Embora não tenha sido um início de noite muito auspicioso, com várias áreas do céu nubladas, surgiram suficientes abertas que permitiram observar visualmente mais alguns objectos. Embora com transparência mediana, a turbulência foi memorávelmente baixa, muito pouca humidade e temperatura agradável praticamente ao longo de toda a noite.
Mais uma vez o guia foi o Erich Karkoschka e o seu Atlas für Himmelsbeobachter, e as observações e imagens foram com a ajuda de um Takahashi Sky90 f/5.6 com uma nagler de 9mm (56x-1,5 graus), panoptic 24mm (21x-3,2 graus) e uma nagler zoom 3-6 (83x-167x), e ainda uma nagler 31mm com filtro UHC (16x- 5 graus) emprestada pelo o Alberto.
N12 NGC 4244, Messier 106, NGC 4449, NGC 4490, Messier 94, Messier 63, Messier 51, NGC 5195.
Enquanto o horizonte a Sul ainda se encontrava com bastante nublado, aproveitei as abertas mais a norte para fazer uma visita às galaxias propostas por esta carta centrada à volta de Cães de Caça. Todas as galáxias com excepção da NGC 4244 foram alvos fáceis e imediatamente perceptíveis a 21x.
O par Messier 51/ NGC 5195, é um dos meus pares preferidos em pequenas e grandes aberturas, a Messier 51 era distintamente maior observando a nebulosidade sobre os dois núcleos sem qualquer quebra, mas no entanto sem poder realmente afirmar que tivesse observado braços, apesar de considerar uma boa vista. Baixando alguns graus o telescópio, chega-se facilmente à galáxia Messier 63 ("Girassol") . Formando um triângulo com a alfa e beta de Cães de Caça fica a relativamente brilhante e redonda Messier 94. De seguida comecei pela a Messier 106 que era a nitidamente a maior deste grupo, descendo pelas pouco impressionantes NGC 4449 e por fim à 4490 em que a Beta de Cães muito incomodou na sua detecção. Para o fim ficou a primeira da lista, a NGC 4244 que foi um osso bem difícil de roer, tendo apenas observado um ténue fio de nebulosidade muito ocasionalmente e apenas com visão indirecta, mas de qualquer modo pode-se dar por detectada a sua presença e a sua forma.
N14 Messier 13, Messier 92
Estes dois globulares são quase sempre visitados quando tenho o telescópio virado para aquela área do céu. Já perdi a conta do número de vezes que observei o enxame globular Messier 13 nas mais díspares aberturas, mas desta vez achei-o ligeiramente mais"solto" no que diz respeito à resolução, facto a que não deve estar alheia a baixa turbulência, passando desta vez um pouco mais além do habitual "montinho de açúcar". A 56x e grau e meio de vista é interessante ficando num vértice de um triângulo formado com mais outras duas estrelas de magnitude ligeiramente inferior - tentei a missão impossível de tentar observar a galáxia de magnitude 12, a NGC 6207, mas sem sucesso - esta galáxia também faz vértice com Messier 13 e uma das estrelas (a alaranjada), mas mantendo a mesma forma geométrica (triangulo isósceles) e escala. O globular Messier 92 tem a sua graça quando observado com pequenas aberturas, em parte devido ao seu núcleo mais concentrado em relação ao anterior enxame e á quantidade de estrelas que como por contraste se soltam em seu redor.
N18 Messier 57, Messier 56, NGC 6826
A planetária Messier 57 e o globular Messier 56 são também objecto de muitas visitas. A sua grande declinação e facilidade de localização torna-os alvos de passagem obrigatória. A nebulosa planetária 6826 "pisca-pisca" está situada num dos braços de Cisne e tem dias de não fazer jus à sua alcunha, pois o efeito de aparecimento/desaparecimento da nebulosa conforme o modo como a observamos, adiciona dificuldade extra na sua detecção, tive sinceras dificuldades em a identificar num campo algo preenchido de estrelas, mas após "caçada" era notória a típica aparência de estrela obesa, mesmo a somente 21x. Não consegui obter o efeito "pisca-pisca", que de resto é comum em maior ou menor grau nas restantes pequenas planetárias e varia consoante a abertura utilizada. No dob de 20cm é um exercício bem mais fácil.
E21 Messier 71, Messier 27
À semelhança da carta anterior, esta também contém outros dois objectos de visita obrigatória durante todo o Verão.
N20 Messier 29, NGC 6940, NGC 6960, IC 5067, NGC 6992, NGC 7000, NGC 7027
A constelação do Cisne tem muito para oferecer em céus escuros. É por lá que que se pode apreciar vastas áreas de nebulosa de emissão e os remascentes de uma fenomenal explosão de uma supernova. O enxame aberto Messier 29 é um sinal claro da abertura e qualidade óptica dos instrumentos que Messier utilizava. Com pequenas aberturas e baixa magnificação faz salientar mais facilmente este pequeno enxame como uma ligeira concentração, onde se pode contar cerca de uma dúzia de estrelas com um pouco mais de magnificação. Outro enxame bem maior mas já em Raposa, é o NGC 6940, que é facilmente visível no binóculo e com telescópio a 21x, e até se pode considerar rico em estrelas muito ténues mais ou menos uniformente espalhadas por cerca de meio grau. Antes de passar às vistas de grande campo, apontei para a planetária NGC 7027 que tem magnitude semelhante à "pisca-pisca", que por ser mais pequena, pode-se dizer que tem a luz mais concentrada, sendo assim mais fácil de discernir das estrelas "normais". Esta é um nebulosa muito recente que surgiu entre 700-1000 anos atrás tendo sido até alvo de estudo pelo o telescópio Hubble.
Finalmente, coloquei o filtro UHC na panoptic 24mm e apontei para o conjunto "América do Norte" e "Pelicano", NGC 7000 e IC 5067. Ambas eram visíveis, mas ficaram bastante melhor compostas, quando o Alberto me emprestou a nagler 31mm também esta com filtro UHC. A forma de ambas era perfeitamente perceptível, mas não se pode considerar que tenha sido a melhor vista do conjunto (lembro-me de uma vista mais contrastada com o 60mm em Serpa), de qualquer modo, não é um alvo fácil nem muito disponível. Também com os 5 graus de campo a 16x, foi possível observar simultaneamente ambos os remanescentes da "Véu" NGC 6992-6995 e NGC 6960, mais uma vez não excelente mas uma vista rara, tendo ainda revisto usando um pouco mais de magnificação com a panpotic 24mm.
No Obsession 15" do Alberto, tive oportunidade de observar alguns objectos sob condições de turbulência quase inexistente, desde um Messier 11 absolutamente sólido com estrelas tão comprimidas que se assemelhavam espantosamente as estrelas oferecidas polo o mais fino apocromático, até resolução total de diversos enxames globulares que mais pareciam enxames abertos. Enfim, uma generosa abertura usada em todo o seu esplendor.
De resto, durante a noite fui intercalando com alguns varrimentos do céu com o binóculo, e a fazer umas imagems "às cavalitas" com a D70. Saímos todos por volta das 5 da manhã.
Ver também o relato no atalaia.org.
Pulo do Lobo V►
2005.06.11
Pulo do Lobo - Serpa
Mais uma vez vários se deslocaram a um dos locais sagrados para observação astronómica em Portugal. O Pulo do Lobo é sempre um local especial com céus verdadeiramente escuros, faltando apenas aquilo que somente a altitude nos pode dar - transparência excelente. Desta vez as condições meteorológicas não deram muitas tréguas, o que foi pena, mas não impediu que todos aproveitassem o pouco que as nuvens permitiram fazer. A noite era de Verão, portanto não absolutamente escura mas com uma sólida magnitude 6, pouca turbulência, pouco frio e pouca humidade, mas algum vento que por vezes soprava forte.
A caminho do Pulo do Lobo por volta das 21:30 reparei em Vénus e em especial em Mercúrio que que por diversas ocasiões piscou. Também foi curioso observar nuvens quasi-noctilucentes no horizonte a leste no ponto oposto ao Sol, digo quase pois o Sol ainda se encontrava a apenas 5 graus abaixo do horizonte, mas de qualquer modo eram nuvens estranhas por se encontrarem entre nuvens sem qualquer brilho anormal.
As observações e imagens tiveram a ajuda de um Takahashi Sky90 f/5.6 com uma nagler de 9mm (56x-1,5 graus) que foi a combinação mais usada, uma panoptic 24mm (21x-3,2 graus) e uma nagler zoom 3-6 (83x-167x). Também foi utilizado foi um filtro UHC da Astronomik.
E16 Messier 83
Esta galáxia se não subisse tão pouco à nossa latitude seria com certeza um sucesso de bilheteira. Mesmo com forte suspeita de nuvens e /ou neblinas no horizonte, apresentou-se como uma razoavelmente grande mas ténue nebulosa com forma próxima de uma elipse. Ainda tentei fazer uma breve imagem desta galáxia, mas não houve tempo de registar exposições suficientes antes das nuvens cobrirem permanentemente o horizonte Sul. É uma a galáxia revisitar em condições mais favoráveis.
E22 Messier 55, NGC 6818, NGC 6822, Messier 75, Messier 30
Desta carta já tenho por diversas vezes tentado observar a galáxia de Barnard (NGC 6822) e uma vez mais sem sucesso, mas a servir de consolo pude observar no mesmo campo a planetária NGC 6818, à qual também encaixa muito bem a descrição de "pequena" estrela obesa. Observando os enxames globulares de Messier na parte mais a oeste de Sagitário, não pude deixar de apreciar o grande tamanho de Messier 55 com notória pouca concentração no núcleo, tendo um brilho bastante uniforme. Este globular é complicado de encontrar, visto estar no meio de uma grande vazio de estrelas brilhantes. Este último contrasta bem com o Messier 75, que deve ser dos globulares de Messier, o mais pequeno e menos brilhante, conjuntamente com o Messier 72 (objecto de próxima carta) - sendo este uma pequena mancha, mas que se nota bem a 21x, 56x não adiciona muito mais à descrição. Finalmente o Messier 30, que tem muito a fama de ser o desesperante objecto final a observar na maratona de Messier, mas de resto para além do seu pequeno tamanho e algumas estrelas a quererem espoletar, pouco tem a oferecer a um telescópio de 90mm.
E23 Messier 15, NGC 7331
O Messier 15 é um dos meus globulares favoritos, tem um forte e brilhante núcleo e muitas estrelas destacadas para dar ares de globular quando visto com aberturas superiores. A galáxia NGC 7331 é bastante fácil de encontrar apesar da magnitude atribuida de 10 e brilho de superficie superior a 13, assemelhando-se a uma pequena, ténue e extensa nebulosidade, correspondente essencialmente ao seu brilhante núcleo. No campo estaria também o famoso "Quinteto de Stephan", mas obviamente fora de alcance.
E24 Messier 72, Messier 73, NGC 7009, Messier 2, NGC 7293
Outro globular favorito é o Messier 2 que embora não aparentar ser tão concentrado como o Messier 15, ainda proporciona uma vista agradável, bem ao contrário do Messier 72, que mais parece uma galáxia não fosse a sua textura algo diferente, muito ténue e pequeno mas definitivamente não estelar a 21x. A planetária NGC 7009 ("Nebulosa Saturno") é extremamente brilhante e vagamente de forma elíptica, aparentado ser uma estrela bem gorda tamanho XXL e aguentou toda a magnificação que lhe pude atirar (nagler zoom a 3mm), mas das "orelhas" nem sinal. Antes de ir até ao conjunto de 4 estrelas ao qual Messier chamou de Messier 73, dei um salto à maior e mais próxima nebulosa planetária - a NGC 7293 ("Hélix") - Esta nebulosa é quase circular com filtro UHC a 21x e 3 graus pode-se ainda considerar de grande dimensões (maior que a Messier 27 a 56x), bem destacada com filtro e praticamente imperceptível sem ele. Depois acabou a noite astronómica e fiz com algum despacho um breve registo do curioso Messier 73, cujo a classificação como enxame aberto ou mero asterismo ainda se encontra por definir.

Messier 73,NGC 6994
Takahashi Sky90 f/4.5 (400mm) + ATIK-1HS 2.9" res 60%
exp: 5min. (15x20seg.) mag 6
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A noite acabou com a observação de Úrano que esteve a menos de um grau de uma estrela bem brilhante , a Lambda Aquarius com magnitude 3.7. Observei-o apenas por exclusão de partes, pois a sua cor verde não foi perceptível, apesar da noite já ter terminado há 20 minutos. Marte está cada vez maior, sendo possível observar a calote e algum detalhe na superfície, mas ainda longe do que irá proporcionar lá mais para o fim do ano.
Ver também o relato no atalaia.org.
A Lua e o Castelo►
2005.06.22
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
A Lua estava perto do seu perigeu e também praticamente "cheia". teria dado uma excelente foto ao nascer com cidade de Leiria contrastar, mas as nuvens infelizmente não permitiram. A sua órbita também se encontra presentemente a passar bastante abaixo do equador celeste sendo "conjuncionável" com objectos bem mais recentes, como o Castelo de Leiria mandado erguer por D. Afonso Henriques no século XII.
Aeródromo XX - Conjunção de 3 planetas►
2005.06.24
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt:52m)
Esta talvez seja a conjunção múltipla de planetas do ano, com Mercúrio, Vénus e Saturno bem juntinhos em apenas 3 graus de céu. Todos eles eram visíveis com a vista desarmada na altura das imagens.
Aeródromo XXI - Conjunção de 3 planetas II►
2005.06.25
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt:52m)
As nuvens não deram tréguas, mas houve um momento em que foi possível ver os três planetas simultaneamente.
Aeródromo XXII - Conjunção de 3 planetas III►
2005.06.26
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt:52m)
As nuvens continuaram a não dar tréguas, mas aqui fica a conjunção 24 horas depois à mesma escala da imagem nos dias anteriores. Segundo o livro de Meeus "Mathematical astronomy morsels", este é foi dos alinhamentos triplos de planetas, o mais facilmente observável, pois teve uma elongação bem generosa do Sol (23 graus). A próxima será em Dezembro de 2006 e será possível ver Mercúrio, Marte e Jupiter em apenas um grau, mas este alinhamento estará afastado apenas uns apertados 15 graus do Sol nascente.
Aeródromo XXIII - Conjunção próxima de Mercúrio e Vénus►
2005.06.27
Aeródromo da Gândara do Olivais ( 39.77N 8.82W alt:52m)
Era possível separar os dois planetas sem dificuldade com a vista desarmada, e as suas fases bem notórias no telescópio a 55x. Por curioso que possa parecer, o desafio não foi conseguir separar a conjunção, mas sim, quando é que conseguia ver a estrela polar para alinhar a montagem. Tal alinhamento era necessário para conseguir suportar a distância focal suficiente (1200mm) para tentar resolver as fases dos planetas e simultaneamente caberem no campo da Philips Toucam . Infelizmente, depois do alinhamento já os planetas se encontravam muito baixos, a pouco mais de 5 graus de altitude e com nuvens bem escuras a aproximar-se por baixo. Os planetas na altura da aquisição, 21:04 UTC já se encontravam separados 317,5", um bocado afastados da distância mínima de 232" das 15:58 horas UTC do mesmo dia (Guide8).
Mercúrio brilhava a -0.1 de magnitude e apresentava pouco mais de 60% de fase num tamanho aparente de 6.5". Por outro lado, Vénus por outro lado tinha uns fulgurantes -3.9 de magnitude , 11" de tamanho e uma fase de 91,5%. Embora não se possa dizer que estes planetas inferiores não se encontrem próximos muitas vezes (< 1 grau), esta conjunção de apenas 5 minutos de arco é relativamente rara, pois estes planetas são especialmente "fugidios" e também geralmente demasiado próximos do Sol.
Pátio 201 - Messier 57 Ha-LRGB►
2005.06.30
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
As últimas noites aqui no Pátio têm estado bastante agradáveis e razoavelmente limpas e pouco turbulentas, tendo até tirado o pó ao dob de 20cm para dar uma olhadela a alguns Messiers e NGCs brilhantes, que apesar do céu de magnitude zenital 4-4.5 que se pode considerar por aqui extraordinária, ainda são possíveis de observar com alguma satisfação.
Depois da ISS me ter chamado a atenção com um brilho estimado de pelo menos de magnitude -2 (um bocado maior do que a magnitude -0.7 estimado pelo Heavens Above), lá comecei a epopeia de fazer mais uma imagem a cores que inicialmente era para ser LRGB, mas adicionei mais 1 hora de exposições com filtro h-alfa que foram sendo coleccionadas enquanto processava a imagem.
A aquisição foi efectuada com o K3CCD, alinhamento, subtracção de "dark" e integração (kappa-sigma) com o IRIS, Richardson-Lucy com o AIP e finalmente tendo adicionado a luminância com o PS.
No que diz respeito ao equipamento, tive a agradável surpresa de não ter sido necessário refocar para o filtro azul, o que poderá querer significar que o resíduo cromático neste canal de alguma forma ficou mais corrigido devido à utilização do extensor ExtenderQ. Analisando o canal azul realmente verifiquei que as estrelas estavam bem mais comprimidas. Embora o h-alfa não tenha contribuído muito para adicionar mais informação, mas fez de algum modo com que a nebulosa ficasse com detalhe mais fino e também mais contrastada.

Messier 57, NGC 6720, PK 63+13.1
Takahashi Sky-90 f/7 (640mm) + ATIK-1HS 1.81"
exp: ha-lrgb (60x60 + 4x36x20 seg.) mag 4
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Atalaia XXII - O cometa, a supernova e outros►
2005.07.02
Atalaia (Montijo 38º44N 8º48W)
Noite de Verão limpa mas algo clara e com pouca transparência, turbulência por vezes alta e também algum vento, circunstâncias que quando combinadas tornam a tarefa de observar e registar um pouco mais complicada.
O cometa de período curto (5.52 anos) 9P/Tempel 1 vai receber um presente de 370 kg a 10 km/segundo pelas 05:49 and 5:55 UT do dia 4 de Julho, a sonda "FlyBy" mais o"Impactor", a "Deep Impact" conjuntamente com telescópios terrestres e espaciais, vão tentar perceber como são constituídos os cometas, que se crêem serem de matéria primordial do sistema solar. Infelizmente o momento do impacto não vai ser visível em Portugal visto o Sol já ter nascido. O cometa nessa altura estará a 0.89396083 UA (133,734,637 km) da Terra, e há quem julgue que poderá chegar a magnitude suficiente para ser visível facilmente com binóculos e até a olho nu (algo que não acredito muito), isto apesar de neste momento brilhar com magnitude de 9.7.
A imagem abaixo é uma animação do cometa durante um período de 32 minutos, a pouco mais de 30 horas do impacto. A julgar pelas as magnitudes das estrelas na imagem (a mais brilhante tem 8.8), não me admira nada não o ter conseguido observar com o 90mm, é muito mais ténue do que a magnitude de 9.7 parece indicar, mas realmente as condições de observação também não eram as melhores.

cometa periodico 9P/Tempel 1 2005-07-02 22:10
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + ATIK-1HS 2.9" 60%
exp: 32 min. (16x120 seg.) mag 5
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Não é todos os dias que se tem oportunidade de observar visualmente (e registar) uma supernova. Esta é uma supernova do tipo II e está no seu estágio inicial estando ainda obscurecida por poeira dos braços da galáxia, e provavelmente não ficará muito mais brilhante, ficando assim apenas acessível a grandes aberturas visualmente ou pequenas aberturas com câmaras CCD. A supernova sn2005cs, como é formalmente designada, foi descoberta em 27 de Junho, há apenas 5 dias atrás.
Supernovae são descobertas às muitas dúzias por ano, mas menos frequentemente em galáxias tão conhecidas e brilhantes como a Messier 51. Apesar de não ter sido óbvia, foi fácil visualizá-la embebida num dos braços espirais interiores da Messier 51 usando o Obsession 15" do Alberto. Foi a primeira vez que vi um supernova "ao vivo".

Messier 51 & NGC5195, " Galáxia Remoínho" + supernova sn2005cs
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3"
exp: 60 min. (120x30 seg.)
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Mais uma tricromia "iluminada", desta vez do enxame aberto Messier 11 na constelação de Escudo. As estrelas algo "obesas" não deixam de denunciar a turbulência que se fazia sentir, sendo estas o resultado das exposições que escaparam das pequenas rajadas de vento que por vezes se sentia.

Messier 11 "Patos Selvagem"
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3"
exp: 39 min. - l+rgb (34x20 seg.) + (3x28x20 seg.) mag 5 turb
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E finalmente antes de passar ao "modo visual" fiz mais uma visita digital a um dos enxames globulares preferidos visualmente - o Messier 15 em Pégaso.

Messier 15
Takahashi Sky-90 f/7 (640mm) + ATIK-1HS 1.81"
exp: 14 min. (43x20 seg.) mag 5 turb
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Continuando a seguir as cartas do Karkoschka , dei uma ronda pela constelação de Andrómeda e Triângulo. Desta vez usei o Takahashi Sky90 a f/9 (com o extenderQ) e a panoptic 24mm (34x-2 graus), a Radian 14mm (59x, 1 grau) e uma nagler zoom 3-6 (137x-273x).
N0 Messier 110, Messier 32, Messier 31, Messier 33, Messier 76, NGC 752, NGC 891
Messier 31 e as suas galáxias satélites Messier 32 e Messier 110 estavam todos visíveis e suficientemente enquadradas nos 2 graus da panoptic 24mm. A Messier 31 atravessava o campo da ocular de um lado ao outro e as dimensões e formas das restantes bem ajustadas. A galáxia do Grupo Local Messier 33 em Triângulo, não passava de uma grande e ténue nebulosa redonda. A nebulosa planetária Messier 76 a 59x pode-se descrever como tendo forma rectangular, sendo até um objecto bem fácil de encontrar e de observar apesar da sua magnitude 10. O enxame aberto NGC 752 é extremamente grande e é constituido principalmente por estrelas relativamente brilhantes mas muito espaçadas, precisando um pouco mais de campo para o fazer sobressair das estrelas de fundo. E finalmente o novo desafio para o Verão, a galáxia "edge-on" NGC 891 que não consegui sequer vislumbrar, pois tendo um brilho de superficie perto de 14 necessitar de céu bem escuro e muita persistência.
Por a Lua a nascer anunciava o fim da noite estando a menos de 3 graus de altitude aquando a imagem (2:44 UTC), tendo por companhia a estrela 36 Tauri de magnitude 5.5 que distava apenas 16 minutos de arco do limbo da Lua e ainda as Plêiades alguns graus acima - uma bela paisagem. Terminei a noite no planeta Marte, no qual já possível observar sem dificuldade a calote polar e também algumas diferenças de albedo. A ver também as imagens e relatos desta noite no atalaia.org .
Pátio 202 - Terra no afélio►
2005.07.05
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Foi hoje às 4:55 da madrugada. O Sol mais pequeno do ano.

Periélio 2005-01-02 e Afélio 2005-07-05
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E já agora uma imagem de corpo inteiro do dia de hoje.

 
2005-07-05 12:30 UTC
M:3 S:3
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Aeródromo XXIV - Conjunção Mercúrio, Vénus e Lua►
2005.07.08
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt:52m)
Hoje ao fim do dia
AstroVide►
2005.07.09
Barragem do Póvoa - Castelo de Vide
Fui este fim de semana a Castelo de Vide atender a mais um AstroVide , onde se realizaram palestras, um jantar convívio e uma noite de observação num local que embora suficientemente escuro para um evento deste género, foi algo incomodado pelas luzes de viaturas de visitantes, curiosos e também de campistas que por lá se encontravam.
A noite rondou os 6 de magnitude limite no zénite, sem humidade nem vento. A turbulência oscilou entre a forte e a média e a temperatura esteve amena até bem perto do fim da noite. Apesar de encontros com público não serem boa ocasião de fazer observações, não foi impeditivo de se poder rever alguns objectos, isto em parte graças a passar despercebido por ter estado estacionado nas redondezas de um Merak 18" e de um Obsession de 15", que obviamente atraem mais atenções.
O telescópio utilizado foi o meu velho (5 anos) dobson Brightstar Spacewalker 200mm f/6, que até levou com uma colimação com laser e tudo com cortesia do Alberto, apesar de entretanto a montagem ter adquirindo alguma vontade própria. As oculares utilizadas foram a panoptic 24mm (50x, 1.4° ) e a nagler 9mm (133x, 0.6°) e a nagler zoom (200x-400x). O guia foi o costumeiro Atlas do Karkoschka.
Abaixo está a lista dos objectos observados com muita conversa pelo meio:
N18 Messier 57, Messier 56, NGC 6826
E21 Messier 71, Messier 27
N14 Messier 13, Messier 92 (e a NGC 6207)
E19 NGC 6210, NGC 6572, NGC 6633, IC 4756, Messier 26, Messier 11, NGC 6712
E20 Messier 23, Messier 20, Messier 8, Messier 21, Messier 24, Messier 16, Messier 18, Messier 17, Messier 28, Messier 69, Messier 25, Messier 22, Messier 70, Messier 54
N16 Messier 102 (NGC 5866), NGC 5907, NGC 6503, NGC 6543
E23 Messier 15, NGC 7331
N0 Messier 110, Messier 32, Messier 31, Messier 33, Messier 76, NGC 752, NGC 891
E24 NGC 7293
Desta lista destaco o globular NGC 6712 em Escudo, de magnitude 8.1 que se encontra perdido nesta área repleta de estrelas da nossa Galáxia, mas ainda se destaca devido a ser bastante comprimido e muito rico em estrelas ténues, dando-lhe um aspecto algo nebuloso. A resolução não ultrapassa algumas dúzias de estrelas.
Enquanto subia pela a carta E20, deparei-me com enxame aberto NGC 6603 na grande Nuvem de Sagitário, à qual se atribui acertadamente o Messier 24, visto ter sido a nuvem que Messier descreveu e não o enxame anterior, mas contudo fiquei intrigado visto não ter referência a este enxame tanto no Karkoschka como no Bright Star Atlas (Tirion, Skiff), por tal fiz um pequeno croqui para mais tarde o poder identificar. Este enxame está talvez fora do alcance da resolução efectiva do 20cm, assemelhando-se inicialmente a uma nebulosa arredondada, aparentando ser maior que os 5 minutos de arco que lhe está atribuido.
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Na carta N16 percebi porque deverá ser extremamente difícil observar a galáxia NGC 5907 com o 90mm, que no entanto não se pode considerar que tenha sido difícil de observar com o 20cm. Apesar de ténue, a sua forma extremamente alongada era evidente e até o pequeno halo se salientou como um "espessamento" da parte central do ténue "risco". Pelo o contrário a NGC 6503 é bastante mais brilhante, mas também mais pequena e com forma lenticular. Mas a melhor definição visual de uma galáxia lenticular talvez seja a NGC 7331 em Pégaso, em cujo o campo tentei fútilmente observar alguma coisa do "Quinteto de Stephan".
À semelhança da NGC 5907, a galáxia "edge-on" NGC 891 está no lote de galáxias propostas por Karkoschka que me fazem pensar a que montanha ou vulcão (de preferência extinto) devo subir para as conseguir discernir com o 90mm, isto apesar do Atlas ter sido escrito para telescópios de 15cm sob céu escuro. Também esta galáxia se pode descrever como um grande e débil "risco", sem ter havido necessidade de usar a visão indirecta. No Obsession 15" atravessava a ocular de um lado ao outro, que embora ainda ténue com halo com forma bem acentudada.
De resto, entre outras vistas, foi a segunda vez que consegui observar a "Helix" (NGC7293) sem filtro usando o 20cm, que embora não possa adicionar muito à descrição de nebulosidade circular de grandes dimensões. Também foi possível observar sem filtro as Véus em Cisne (bem lembrado pelo Filipe). Também se separou a Zeta Aqr nos seus componentes quase gémeos zeta-1 e zeta-2 que neste momento tem um valor de separação que varia entre 1.7" e 2" conforme as fontes, sendo portanto, até acessível a telescópios mais pequenos. E finalmente a observação da praxe do planeta Marte que apesar de ainda algo "borbulhante" a 240x, já mostrou bem a calote polar e algumas marcas de albedo.
Poucos foram os telescópios que ficaram até ao final da noite (4:20), tendo os últimos resistentes abandonado o local uma hora depois já com o crepúsculo bem adiantado.
Pátio 203 - Messier 27 em Ha-RGB e Véu em H-alpha►
2005.07.14
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Depois de uma semana de céu encoberto ao fim do dia, veio uma noite limpa mas não livre daquela neblina leve mas bem presente que desde há semanas parecem insistir durante toda a noite. A transparência esteve bastante má, e a turbulência menos má, a magnitude limite no zénite foi de 4 na melhor das hipóteses. Estas condições tornam obrigatória a utilização de filtros sejam eles de cor ou de linha, mas tornam as imagens feitas nestas condições num exercício meramente pedagógico.
O planeamento de imagens RGB feitas aqui no Pátio tem de ser cuidadoso, porque entre os obstáculos e o domo de poluição luminosa da cidade de Leiria fica apenas disponível uma janela de cerca de 2 horas para objectos a um palmo acima do equador celeste. Neste caso a (l)uminância foi descartada porque simplesmente ficava com ruído de fundo extremamente alto (valores de 80-90) com apenas 30 segundos de exposição. A hora e meia de H-alpha foi registada ainda com a Lua acima do horizonte, tendo registado as cores por ocasião da passagem do meridiano e com a Lua já em baixo, adicionando mais 10 segundos à exposição no canal azul, para compensar a menor sensibilidade do CCD nessa gama de comprimentos de onda.
A aquisição foi efectuada com o K3CCD, alinhamento, subtracção de "dark" e integração (kappa-sigma) com o IRIS, Richardson-Lucy (2 iterações) com o AIP e finalmente correcção de níveis e saturação de cor com o PS.

Messier 27, NGC 6853, PK 60-3.1
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3" 60%
exp: 135 min. ha-rgb (60x90 seg.)+(2x30x30seg. + 1x30x40) mag 4 neb
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A imagem abaixo é do segmento Oeste dos remanescentes de uma supernova em Cisne, tendo sido apenas um teste para verificar a inutilidade do redutor de 1.25" de enroscar que infelizmente faz salientar bastante o campo curvo, sendo também extremamente difícil de focar. De qualquer modo foi interessante ter um telescópio a trabalhar a somente f/2.8 e chegar à conclusão que de pouco serve aqui no Pátio em que exposições 90 segundos com filtro H-Alpha aparentam ser o limite máximo antes de começar a perder demasiado contraste.

NGC 6960 "Nebulosa do véu" - segmento Oeste
Takahashi Sky90 f/2.8 (250mm)+ATIK-1HS 4.7" res80%
exp: 60' h-alpha (40x90") mag 4 neb
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Atalaia XXIII - O Véu e a Hélice em h-alpha►
2005.07.16
Atalaia (Montijo 38º44N 8º48W)
Foi uma noite serena de Lua gibosa que nos acompanhou até às duas da manhã, praticamente sem vento, mas com alguma humidade para o fim da noite. Magnitude zenital visual situou-se entre os 5.5 e 6, embora os horizontes estivessem bastante opacos por neblinas/aerossóis e a turbulência mediana .
A Lua neste estado adiantado de iluminação restringe significativamente o número de objectos a observar ou a fotografar. Em ambos casos a utilização de filtros de linha podem resgatar alguns deles ao luar e ao desperdício de iluminação pública mal direccionada.
Os alvos desta sessão eram de grandes dimensões e muito ténues, tendo então resolvido tentar uma combinação de redutores de modo a ganhar mais campo e menor tempo de exposição. O Takahashi Sky90 foi primeiramente reduzido e corrigido com o seu redutor/corretor específico para f/4.5 após o qual foi aplicado um redutor 1.25" da Atik, que aplicado num "nariz" mais curto, tem o efeito de diminuir o seu factor de redução, resultando então num pequeno "astrografo" a trabalhar a f/3 e com 270mm de comprimento focal completamente planos. Para terminar "optimização de largo campo" o Mário Santiago emprestou-me a sua Atik 2HS que possui um CCD 50% maior.
Uma amostragem destas não inspira grandes cuidados, apenas me restando passar o tempo na conversa e dar espreitadelas fortuitas nos telescópios dos companheiros de céu (estiveram perto uma dúzia de telescópios no local).
E assim foi até perto das cinco e meia da manhã.
A aquisição das imagens foi efectuada com o K3CCD, alinhamento, subtracção de "dark" e integração (sigma-clipping) com o IRIS e tendo sido somente feita correcção de níveis com o PS.
A primeira imagem é da parte Este dos remanescentes de uma supernova em Cisne num campo com pouco mais de grau e meio, e a segunda imagem da maior e mais próxima nebulosa planetária - A "Hélice" ou "Helix " em Aquário tendo ambos os objectos sido visíveis com a panoptic 24mm e filtro UHC, apesar no caso da "Hélice" não ter subido mais de 30 graus de altitude no horizonte. Como sempre podem ver mais imagens aqui.
A nebulosa "Véu" espalha-se numa quase área circular de 3 graus, sendo os dramáticos restos de uma supernova de uma supergigante que explodiu há cerca de 15000 anos atrás a 2500 anos-luz de distância, tendo se estimado ter chegado a -8 de magnitude. Apesar de muito ténue é possível observá-la com apenas uns binóculos em céus verdadeiramente escuros, e com um detalhe extremamente rico com uma grande abertura filtrada com filtros OIII ou UHC (como já tive a felicidade de algumas vezes poder observar), podendo-se até percorrê-la praticamente na sua totalidade. Das grandes nebulosas, é a provavelmente a que mais oferece para ver, tanto em qualidade como em quantidade.

NGC 6992-5 "Nebulosa do véu" - segmento Este
Takahashi Sky-90 f/3 (270mm) + ATIK-2HS 5.6" 60%
exp: 2x60 min. h-alpha (2x30x120 seg.) mag 6
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Continuando nos objectos grandes e ténues, temos a grande nebulosa planetária "Helix", que se estima situar entre 500 e 700 anos-luz, tornando-a uma das mais próximas do nosso sistema solar senão a mais próxima. Embora ténue devido ao facto de à nossa latitude não subir muito no horizonte e por tal ficar um algo "afogada" na neblina, é verdadeiramente excepcional em latitudes mais favoráveis e céus verdadeiramente escuros como quando a observei nos céus escuros da ilha de La Palma usando apenas um binóculo 8x50. A estrela central (a estrela mesmo ao centro na imagem de magnitude 13.4) debita 120000 kelvin de temperatura e suficiente radiação ultravioleta para fazer ionizar o oxigénio (no "buraco" central), e o nitrogénio e hidrogénio (no anel) que por ela própria foram expelidos (em diversas fases), tendo estes anéis velocidade que variam entre 32 e 40 km/s. Devido à sua proximidade é possível observar detalhes muito em pormenor das estruturas e dinâmica nos grandes telescópios, dando oportunidade aos astrónomos de observar aquilo que vai suceder ao nosso Sol daqui a alguns mil milhões de anos.

NGC 7293, " Hélice" "Helix"
Takahashi Sky90 f/3 (270mm) + ATIK-2HS 5.6" res60%
exp: 90 min. h-alpha (30x180 seg.) mag 6
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Curiosamente ambos os objectos representam as duas formas mais visíveis e espectaculares de reciclagem de matéria estelar e planetária. Imagens mais bem apreciadas se acompanhadas com a música "We Are All Made Of Stars" de Moby.
Pátio 204 - A gigante e as anãs►
2005.07.29
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Noite de condições excepcionais aqui no Pátio, com magnitude zenital perto de 5, tendo a Via Láctea sido quase perceptível a cortar a constelação de Cisne quando a sua passagem pelo zénite. Noite agradável, sem humidade e pouca da habitual neblina, mas com algumas nuvens que felizmente passavam depressa.
A nebulosa "Crescente" é um alvo habitual em astrofotografia devido à sua singularidade estética, mas acho-a mais singular por estar nela presente um objecto bem mais raro - a estrela Wolf-Rayet que lhe deu origem e ilumina. Esta nebulosa foi criada pelos ventos solares de uma estrela Wolf-Rayet (classe de raras estrelas com grande massa) aquando a sua passagem para esta fase. A WR 136 como é catalogada, e a estrela brilhante que está situada no seu centro da imagem e será provavelmente uma supernova daqui a alguns milhões de anos. Este tipo de estrelas são raras (1 em cada 10 milhões) pelo simples facto de possuírem uma grande massa, tal condição resulta num tempo de vida efémero mas no entanto fulgurante como a imagem abaixo tenta mostrar.

NGC 6888, "Nebulosa Crescente"
Takahashi Sky90 f/4.5 (400mm) + ATIK-1HS 2.9" res 60% h-alpha
exp: 120 min. (60x120 seg.) mag 5
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As galáxias elípticas anãs NGC 147 e NGC 185 abaixo retratadas pertencem ao Grupo Local (ver aqui a lista ) e julga-se estar dinamicamente relacionadas (depende do "paper" que se leia), estando situadas a 2 e 1.9 milhões de anos respectivamente (PGC), este par por sua vez são satélites da galáxia de Andrómeda Messier 31. Estão situadas na constelação de Cassiopeia e a distância aparente dos seus centros é cerca de 1 grau. Estas foram duas das cinco galáxias locais que em Baade conseguir resolver as estrelas e identificar enxames globulares, mas não são de modo nenhum fáceis de observar visualmente, especialmente a NGC 147 que tem um brilho de superfície extremamente baixo (14.5). Daqui do Pátio são objectos inobserváveis visualmente.

NGC 147
Takahashi Sky90 f/4.5 (400mm) + ATIK-1HS 2.9" res 60%
exp: 15 min. (60x15 seg.) mag 5
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NGC 185
Takahashi Sky90 f/4.5 (400mm) + ATIK-1HS 2.9" res 60%
exp: 15 min. (60x15 seg.) mag 5
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Pátio 205 - O ovo e a tromba do elefante►
2005.07.30
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Outra noite de condições pouco vulgares aqui no Pátio, tendo esta também uma magnitude zenital perto de 5, mas com a transparência pior que na noite anterior.
Na década de 70 a Air Force Cambridge Research Laboratories (AFCRL) fez um levantamento em alta-altitude de objectos na área do infravermelho, encontrando este objecto que é forte emissor nessas gamas. A imagem revela um objecto alongado, constituída por dois componentes separados em 7 segundos de arco, iluminados por uma mesma estrela (supergigante de classe F) que tem a sua radiação visível bloqueada por um disco de poeira, sendo este disco exactamente aquele que divide a nebulosa. A luz das nebulosas é essencialmente reflectida e está fortemente polarizada (luz oscilando numa direcção), sendo possível fazer variar a intensidade da nebulosa com um filtro polarizador (e grandes abertura).
Originalmente foi classificada como uma nebulosa planetária, daí o número PK. Actualmente é classificada como uma nebulosa protoplanetária bipolar, um estágio intermédio antes da formação de uma nebulosa planetária. Este pode ser um cenário possível de evolução para o nosso Sol quando chegar a vez dele. A alcunha "nebulosa Ovo" não tem a ver propriamente com a sua forma, mas sim com a sua localização na constelação de Cisne, fazendo um triângulo rectângulo com a Tau e a Upsilon Cygnii. A sua distância é incerta situando-se entre 3000 e 4000 anos-luz de distância.
A resolução utilizada (1.81"/pixel) foi sinceramente pequena, mas já permitiu observar a natureza peculiar do objecto, mostrando ainda alguns "rabichos" e tudo. A imagem foi feita em lrgb para salientar a diferente cor dos polos, sendo um deles mais avermelhado devido às poeiras do disco como se pode averiguar no quadrado acima aumentado em 2 vezes. Ver aqui a do Hubble.

AFCRL 2688, PK 80+6.1
Takahashi Sky90 f/7 (640mm) + ATIK-1HS 1.81" res
exp: 60 min. lrgb (4x30x30 seg.) mag 4.5
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A van den Bergh 142 é uma nebulosa de reflexão associada à estrela B3 de magnitude 9 (SAO 33573) que é a estrela mais brilhantes ao centro esquerda da imagem e cuja nebulosa não é muito visível na imagem pois foi feita com filtro h-alpha, mas que no entanto ajuda a encontrar as vizinhanças, que essas sim são famosas devido a um casual combinação de poeira contrastada com hidrogénio ionizado resultando numa estrutura que se assemelha a uma silhueta da cabeça e tromba de um elefante. Esta é uma pequena parte da região perto de IC 1396 em Cefeu que é um autêntico mar de hidrogénio ionizado e poeira.Ver catálogo de Nebulosas de Reflexão de Sidney van den Bergh aqui.

vdB 142 e "Tromba de elefante"
Takahashi Sky90 f/4.5 (400mm) + ATIK-1HS 2.9" res 60% h-alpha
exp: 120 min. (60x120 seg.) mag 4.5
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Astrofesta 2005 - Lamas de Mouro►
2005.08.12
Lamas de Mouro - Melgaço
Este ano a Astrofesta estendeu-se ao longo de 3 dias, com as tardes e inícios de noite preenchidas por palestras, e os finais de noite num campo de observações onde estiveram montados algumas dezenas de telescópios no seu momento mais concorrido. Pode-se ver aqui o programa e actividades que julgo terem todas decorrido sem precalços.
Embora não tenha atendido a muitas palestras, algumas pelo facto já as conhecer, outras por ter andado distraído em conversas, foram interessantes e realizadas num auditório bem equipado e bem adequado à realização deste tipo de eventos. Também marcaram presença lojas de equipamento astronómico como a Galáctica da Marinha Grande e a Brightstar de Mira, com exposição de muitos tipos de material, assim com a loja do Museu da Ciência com livros e "gadgets".
As noites de observação foram em grande parte afectadas pelos fogos que assolavam a região circundante que apesar algo distantes, tornaram impraticáveis grande parte dos horizontes abaixo dos 30 graus. Mas apesar de tudo, houveram sempre alguns (poucos) resistentes que permaneceram no local até pelo o menos à hora do crepúsculo astronómico.
A noite de Sexta para Sábado foi a melhor no que diz respeito à observação astronómica, tendo até observado e dado a observar alguns objectos que se podem considerar difíceis para neófitos, tais com as "Véus" e a "América do Norte" em Cisne, ou a Messier 31 com suas galáxias satélites bem evidentes, tendo ainda tentado em vão capturar alguma perseida lá para o fim da noite. Nesta noite fiquei eu mais dois (os quais já não me recordo o nome) na conversa até cerca das 8 da manhã.
O dia com maior actividade foi o de Sábado , com palestras e apresentações até às 3 da manhã, observações solares, e observações astronómicas até pouco mais adiantado devido à presença de nuvens. Mais uma vez as condições do céu fizeram perder o entusiasmo de grande parte dos participantes, ficando apenas alguns telescópios até ao fim da noite. Mas que ficou ainda teve a oportunidade de ver uma breve passagem da ISS às 4:35 assim com mais umas perseídas.
Graças ao feriado na Segunda-Feira, o evento prolongou-se por mais um dia, que infelizmente não foi muito melhor nas condições de céu, antes pelo o contrário, esteve bem mais nebulado que as noites anteriores, mas mais uma vez alguns ficaram até depois das 5 da manhã.
Em todas as noites houve bastante actividade meteórica, com alguns dos meteoros a chegarem à categoria de bólide, tendo um deles na madrugada de Sábado (com as Perseídas no seu pico máximo) deixado um rasto que se notou por uma boa dúzia de segundos. Não foram muitas, mas algumas delas foram bastante intensas. As Perseídas foram apesar de tudo bons momentos nas diversas noites.
O céu no local principal de observação não me pareceu nada mau (magnitude 6 no zénite), mas como já escrevi anteriormente foi muito prejudicado por aerossóis dos fogos em redor, tendo ainda pensado ir até ao segundo local de observações que era mais alto (1200 metros), mas julguei que pouca diferença faria dadas as condições. O local principal era um espaçoso campus "relvado" tendo com vários quadros eléctricos a distribuir 220V para que quisesse lá ligar equipamento, era suficientemente espaçado para até encontrar um local mais recatado para astrofotografia ou observação mais séria, mas estas últimas actividades foram bastante limitadas pela a curiosidade dos visitantes, que de resto é normal e esperado para um evento deste tipo. Tinha ainda o inconveniente de estar perto uma estrada, sendo por vezes o local encadeado pelos faróis dos carros.
Mosaico feito a partir de imagens de quando andava a tentar caçar as perseidas.
A imagem da direita é da constelação de Perseu, à direita em cima é a Messier 31 em Andrómeda e abaixo as Plêiades (Messier 45) em Touro
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Houve alojamento para todos os gostos, desde acampar no Parque de Campismo que se situava a apenas 200 metros do auditório e 350 metros do local de observações, reunindo as condições mínimas e tinha duche quente incluído na diária, havendo para os menos aventureiros várias unidades de hotelaria, pousadas ou casas de turismo rural nas localidades em volta: Lamas de Mouro, Castro Laboreiro, Peneda etc. Não tive oportunidade de experimentar a gastronomia local (não acordava a tempo de almoçar e não costumo comer muito ao jantar), mas não deixei de comparecer a (vários) Alvarinhos de Honra. Este vinho é um bom refresco nas tardes quentes e solarengas, e não há problema desde que se beba em pé...
Foi uma boa oportunidade para visitar a região que tem paisagens serranas imponentes para oferecer , com cavalos, cabras, ovelhas e vacas à solta e no meio da estrada , assim como alguns carros de matrícula estrangeira. Também ouvi que havia para lá lobos (e dos maus segundo os locais) e javalis, mas não tive oportunidade de me encontrar com nenhum deles.
Resta notar a coragem de organizar este evento num local remoto que é sempre uma aposta arriscada, mas que proporcionou condições suficientes para as diversas formas de estar na astronomia, e julgo ter sido razoavelmente bem sucedido em todas apesar da meteorologia e fogos não terem colaborado muito.

Orion a nascer depois das cinco da manhã - 10 minutos de exposição
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Este estava pouco esclarecido acerca da sua função, que é essencialmente guardar ovelhas,não persegui-las :). Este cão e outro da mesma raça, protagonizaram uma perseguição a duas ovelhas,curiosamente uma branca (Joana) e outra negra (Alice) que por lá pastavam,que em certa altura espalharam o pânico na praia e na esplanada. Diga-se que as ovelhas correm que nem desalmadas, e passam por cima de tudo e de todos...Parecia uma cena do National Geographic.

Um dos bicharocos que por lá andavam à solta
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Um cão Castro Laboreiro (Tibo)
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Pátio 206 - Vénus e Júpiter I►
2005.08.31
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)(do vizinho)
Em 2 de Setembro estarão separados apenas por 1°22', mas hoje não resisti a aproveitar o fim de um dia tão límpido
Pátio 207 - Vénus e Júpiter II►
2005.09.02
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)(do vizinho)
Hoje este par teve a companhia dos foguetes numa freguesia das redondezas.
Pátio 208 - NGC 457 e NGC 436►
2005.09.02
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Nesta noite o valor do SQM bateu o recorde das últimas semanas - 19.15 - este valor corresponde a uma magnitude zenital de 5 aproximadamente e pode-se descrever como de classe 6 da escala de Bortle. Este aparelho mede o brilho do céu em magnitudes por segundo de arco, unidade também usada para medir brilhos de superfície de objectos como galáxias e nebulosas planetárias.
O NGC 457 e NGC 436 são apenas dois das dúzias de enxames abertos que populam a constelação de Cassiopeia. O primeiro é conhecido por várias alcunhas, como o enxame do "ET", da "Coruja" ou da "Libelinha".

NGC 457
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 7min. (7x60 seg.) 800 ISO SQM 19.15
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Vale da Lama III►
2005.09.03
Alpiarça
Depois de um picapau à beira da barragem, pusemo-nos a caminho chegando cerca de uma dúzia ao local por volta das 20:00 horas para aproveitar alguma da luz natural para montar o equipamento, seguindo-se um verdadeiro banquete sob as estrelas providenciado pelo Francisco Gomes e sua família por ocasião do seu aniversário, após o qual e já de barriga bem atestada se iniciaram as observações por volta das 22:30 tendo estas se prolongado praticamente até às 5:30 da madrugada. Deixamos o local (quase) todos um pouco antes das 7 da manhã.A composição do grupo andou ela por ela de observadores visuais/digitais.
As imagens e relato podem ser vistas na página da Atalaia.org . A astrofotografia da minha parte foi abandonar a sua sorte a Nikon D70 com a objectiva de 50mm e o obturador aberto a fazer "estrelas arrastadas" com a duração máxima da máquina que é de apenas meia hora, logo seguida de mais meia hora de "dark" que faz automaticamente.

O local
Almeirim e Santarém a noroeste, mas não muito incomodativa graças ao morro.
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Foi uma noite de Lua Nova, significando isso céu escuro de crepúsculo a crepúsculo, que felizmente acabou por acontecer. Céu esteve limpo durante toda a noite com a temperatura a baixar até aos 9 graus depois das três da manhã. A humidade teve níveis muito baixos, tendo também havido pouco ou nenhum vento. Num feliz acaso, as nuvens só surgiram mesmo após ter acabado a noite astronómica - um pouco de sorte na meteorologia para variar.
Entre as 23 e as 5 da manhã os valores obtido pelo o SQM rondaram todos à volta de 20.85 - valor que considero muito bom para o local e altura do ano. A título de comparação o melhor céu no meu pátio é cerca de 5x mais brilhante 2.512^(20.85-19.15) = 4.8). A este valor correspondeu um céu que rondava os 6 de magnitude limite, sendo possível notar com a vista desarmada os globulares Messier 13 e Messier 22 e também bastante detalhe nos braços da Via Láctea, que no princípio da noite se afundava a sudoeste até praticamente ao chão. Os horizontes Norte e Noroeste apresentavam domos de poluição luminosa. A turbulência esteve bastante razoável, mas houve períodos bons e maus ao longo de toda a noite.

Plêiades e Marte a nascer
O Nascente e Sul pelo contrário, bastante escuro
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Tinha preparado previamente uma pequena lista de objectos a observar nessa noite, com especial incidência para os objectos de baixa declinação que também cruzariam o meridiano ao longo da noite. As impressões são baseadas em vistas no meu dob de 20cm e outras com o Obsession 15" do Alberto, e também com o binóculo Taka 22x60 do Alfonso. Os atlas de apoio foram o Sky Atlas 2000.0 (Tirion) e o Karkoschka.
Em Sagitário
Comecei a sessão pela a constelação de Sagitário, que nesta altura do ano já só possível observar favorávelmente um punhado de horas após o crespúsculo.
O alvo primário tratava-se da galáxia de Barnard (NGC 6822), que por diversas ocasiões, não consegui observar com o Takahashi Sky90 . Este objecto é extremamente difuso, passando facilmente despercebido, mas uma vez identificado torna-se uma galáxia de visão directa, podendo-se descrever como uma grande nuvem muito difusa com forma eliptica bem alongada. No Obsession 15" destacava-se melhor e até sobreviveu ao filtro UHC, que salientou levemente algumas zonas mais condensadas de H no halo da galáxia. No Taka 22x60 não foi visível.
Pouco acima, encontrava-se a planetária NGC 6818, também conhecida como "Pequena Pedra Preciosa" que possui um brilho superfície bastante elevado, praticamente redonda, textura uniforme e de cor azula/esverdeada através do 20cm, facilmente distinta das estrelas a 64x. Na opinião de vários observadores era possível observar a sua anularidade no 15" como um pequeno e esquivo buraco, mas apenas numa das magnificações/filtro experimentadas.
Depois de ter passado a vista pelos algo desamparados globulares Messier 55 (grande) e Messier 75 (muito pequeno, mas de núcleo bem condensado), segui para as constelações que se seguiam no meridiano : Capricórnio e Aquário.
Em Aquário
O Aquário alberga o infame enxame Messier 73, que usando baixa magnificação não deixa se ser um pequeno e curioso asterismo, saltando depois para o pouco impressionante e nebuloso globular Messier 72 e saltando de seguida para a peculiar forma da planetária NGC 7009 "Saturno", que apesar do nome, julgo ser necessária mais abertura para lhe fazer mais juz. Ao pequeno globular Messier 30 em Capricórnio também não se pode adicionar muito para além de algumas estrelas que parecem despontar mais de um monte destas não muito resolvido.
A grande Helix (NGC 7293) foi facilmente localizada sem filtro, mas ficando com o buraco central mais destacado com filtro UHC. Esteve também facilmente visível sem filtro nos Taka 22x60.
Em Escultor
Debrucei-me de seguida nas constelações da Baleia (Cetus) e na do Escultor, onde me esperavam mais uns desafios acrobáticos.
Iniciei pela a grande Galáxia do Escultor (NGC 253), que se pode considerar a jóia deste canto do céu. A 64x apresentava-se enorme apesar de pelo o meu esboço que contém estrelas perto de magnitude 12, ter observado pouco mais de metade da sua verdadeira extensão . Podia-se se chamar "Charuto", visto o halo aparentar ser bastante largo apesar de extenso. No 15" era uma impressionante e grossa faixa que atravessava a ocular de um lado ao outro. Esta galáxia é a rainha do grupo de galáxias do Escultor, situando-se a apenas 10 milhões de anos-luz .Este grupo é o que encontra mais próximo do nosso Grupo Local contendo também as galáxias NGC 247, NGC 55 e NGC 300, todas elas de grande dimensão e que vou descrever de seguida.
A NGC 247 também foi um desafio que na realidade nem foi muito grande. Fico sempre desconfiado em galáxias de grande dimensão com brilho de superfície tão baixo (14). Embora muito ténue, a sua forma alongada era notória.
A NGC 55 foi o objecto com declinação mais baixa (-39 graus e 13 minutos) que observei nesta noite. Situada ao dois dedos às 13 horas da estrela alfa de Fénix (Ankaa), até se pode considerar fácil de apontar. É uma galáxia grande, ténue e com forma alongada.
O NGC 300 observei-o primeiramente no 15" e tentei de seguida apontá-la no 20cm, mas deixei-a para outra noite.
Finalmente e para desenjoar de galáxias, apontei para o grande e muito pouco resoluvel globular NGC 288. No 20cm é uma grande mancha redonda relativamente brilhante, que usando a visão indirecta consegue-se fazer saltar meia dúzia de estrelas. No 15" consegue-se resolver dúzias delas mas muito esparsas, aparentado ser muito pouco concentrado. Este globular é um dos mais próximos e conjuntamente com o NGC 362 (na constelação de Tucano) faz o par típico do problema que faz coçar muitas cabeças de astrónomos chamado de "segundo parâmetro". Estes globulares têm a mesma metalicidade, mas um é muito azul (NGC 288) e outro muito vermelho, e ambos têm a mesma idade. Ora esta discrepância permite concluir que existe outro factor desconhecido para além da metalicidade e idade para descrever as propriedades dos enxames globulares, ou no pior cenário, que ainda ninguém percebeu como realmente funciona a evolução estelar...
Entretanto o Alberto estava a fazer uma ronda pelas as galáxias de Escultor sugeridas pelo NSOG, e aproveitei para também dar uma olhadela. Foram elas : NGC 150, NGC 131 e 141 em que a 131 era de visão indirecta, NGC 613 (núcleo brilhante), NGC 148 (pequena e núcleo brilhante), NGC 254, NGC 289, NGC 439, NGC 491, NGC 7507 (núcleo pontual), NGC 7513 e NGC 7755.
Subindo um bom bocado, fui revisitar a galáxia Seyfert Messier 77 na Baleia, que mostrava bem o seu vigoroso núcleo em volta de nebulosidade arredondada, ao contrário da Messier 74 em Peixes, que se via como uma ténue nebulosidade arredondada sem núcleo que salientasse.
Nas vizinhanças
É impossível alguém ficar perto de um telescópio de grande abertura sem sentir incomodado pelos "aahs" e expressões de incredulidade constantemente proferidas :)), daí que muitas vezes interrompia o meu alinhamento para tratar de descobrir que diacho se passava...
O quinteto de Stephan já faz também parte do menu habitual do 15". As 5 galáxias estavam perfeitamente presentes, apesar de ser um bocado difícil separar as duas mais "chegadinhas" (7318 A e B). Ainda tentei ver alguma nebulosidade com o 20cm mas sem sucesso. Tenho de me lembrar de fazer um bom mapa para tentar localizá-la, pois aquela zona tem demasiadas estrelas nesta abertura.
Por muito que os astrofotógrafos tentem, nada bate a visão da "Véu" (do género milagrosa) em tempo real através do Obsession 15" e um filtro OIII : pode não ser mais profunda que as melhores imagens, mas a resolução de tonalidades e sensação de volume certamente o é. Este comentário está a tornar-se um pouco recorrente, mas não perco nenhuma oportunidade de o poder fazer...
A "Crescente" (NGC 6888) também a vi como nunca a tinha visto antes. praticamente a totalidade desta nebulosa foi visível, tendo sido imediatamente reconhecível a forma que lhe dá o nome, com bastante detalhe adicional.
Igualmente impressionante esteve a Messier 17 "Cisne" - foi incrível a quantidade e delicadeza de detalhe (ou "penas") que foi observado, talvez a minha melhor vista até ao momento. No 20 cm filtrado também não esteve de se deitar fora.
Messier 57 - É sempre um dos incontornáveis. Estrelas de 15 magnitude estavam descaradamente visíveis perto do anel, embora tenha tentado sem insistir muito ver as centrais, que de resto foram vistas pelo o Alfonso e pelo o Alberto. O Alberto colocou uma estratosférica magnificação de 1680x, que fez a Messier 57 transbordar do campo da ocular, tendo o seguimento que é altazimutal aguentado muito bem.
"Estrela flamejante" (Flaming Star Nebula) em Cocheiro - Extremamente ténue e grande. praticamente não passava de uma ligeira impressão de nebulosidade num campo algo populado de estrelas brilhantes.
Plêiades Messier 45 - Nebulosidade por todo o lado. Todas as estrelas apresentavam aquela nebulosidade que tipicamente aparece nas imagens à volta das estrelas mais brilhantes e não só na Merope. Foi utilizada uma ocular de "observatório"- uma Clavé de 75mm, que embora não totalmente corrigida para telescópios de relação focal tão curta, conseguiu meter praticamente a totalidade das Plêiades lá dentro. A saída de pupila era tão grande que nem os meus óculos chegaram para corrigir o astigmatismo.
Cabeça do Cavalo - Não conseguir discernir a forma da cabeça de cavalo, mas a sua área rectangular em parte devido a na altura ainda se encontrar bastante baixa.
Nebulosa de Orion Messier 42 - O Trapézio apesar da turbulência devido à sua baixa altitude apresentava 6 estrelas sem qualquer dificuldade. Esta nebulosa filtrada é outro daqueles momentos...
Marte - sem dúvida a melhor imagem que tive oportunidade de apreciar foi a dada pelo o TEC 200mm do Hugo. Não me recordo da magnificação, mas estava seguramente acima de 400x. O planeta estava perfeitamente recortado com muito detalhe de albedo, mostrando ainda a calote polar como um pequeno ponto branco - as cores estavam de uma pureza invulgar.
E para finalizar
Foi mais uma noitada de Sol a Sol com um bom céu, boas companhias, boa e farta comida, e boa bebida, tudo na boa tradição da astronomia amadora da Atalaia.
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Pátio 209 - Sol e Lua►
2005.09.10
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Estes vão ser os dois "grandes" protagonistas que se irão encontrar em 3 de Outubro. Entretanto vou treinando e testando a configuração a usar, e também o processamento de imagens em h-alpha solar.
A grande grupo activo 798 surgiu há alguns dias, depois de ter sido detectadas meia dúzia de grandes erupções ("flares"), neste momento existe grande possibilidade de acontecerem mais alguns, mas desta vez, mais perigosos visto a mancha estar cada vez mais "apontada" para a Terra.
Abaixo estão vários testes de processamento.

Sol 2005-09-10 17:15 UTC
Coronado PST40
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Sol 2005-09-10 17:15 UTC
Coronado PST40
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Sol 2005-09-10 17:15 UTC
Coronado PST40
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Apenas 19' separavam a Antares (alfa de Escorpião) da Lua. O par era perfeitamente vísivel a olho nu.

Lua e Antares 2005-09-10 20:56 UTC
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Pátio 210 - Sol II►
2005.09.11
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Vários testes de processamento

Sol 20050911 12:01 UT
Coronado PST40
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Pátio 211- Sol III►
2005.09.17
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)

Sol 20050917 14:48 UTC
Coronado PST40
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Sol 20050917
Coronado PST40
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Noites Transmontanas I►
2005.10.01
Lama Grande - Parque Natural de Montesinho
O Nordeste transmontano ainda tem céus suficientes escuros para satisfazer o astrónomo amador mais exigente. Aproveitando a ida para esses lugares por ocasião do eclipse anular que cuja a faixa central passava pouco abaixo de Bragança, não podia perder a oportunidade de disfrutar céus escuros e a grande altitude.
Depois de uma viagem com mais de 500 kms e após um grande jantar, muitos rumaram para a Lama Grande que situa bem dentro do Parque de Montesinho, perto da fronteira com Espanha. Este local encontra-se a 1400 metros de altitude, tendo sido chamado à atenção por uma astrónomo amador (Felisberto Soares) que conheci na Astrofesta 2005 que costuma para lá ir todas as Luas Novas.
Chegamos numa grande e poeirenta caravana pouco depois da meia-noite, instalando-se uma grande confusão por o local não ter muito espaço para tanta viatura, mas a maior parte acabou por se instalar um pouco por todo o lado que houvesse os horizontes mais amplos.
O céu era excelente - verdadeiramente topo-de-gama. Apresentava uma transparência que apenas a altitude pode proporcionar, embora não tenha medido a magnitude limite, o SQM leu valores que variaram entre 21.40 e 21.45 que é o recorde até ao momento. Estes valores permitiram observar a galáxia Messier 33 em Triângulo com a vista desarmada, e originar potencial confusão no reconhecimento das constelações. Apenas se via "lá em baixo" a abóbada de luz da cidade de Bragança, que de resto não incomodava muito. Apesar do céu escuro, houve bastante humidade para o final da noite tendo então a temperatura baixado para perto dos 0 graus, tendo um termómetros marcado -2 e outro 0 Celsius, bastante frio para o que se está habituado para esta altura do ano. A turbulência também não esteve das melhores.
Foi uma noite para encher a vista - literalmente. Apenas utilizei o meu dob de 20cm e o binóculo Fujinon FMT-SX 7x50, com o apoio do Sky Atlas 2000.0 (Tirion)
Sob um céu desta qualidade achei que deveria revisitar visualmente muitos dos objectos mais conhecidos e brihantes, tendo realmente valido a pena, pois foram as melhores vistas que tive até ao momento de qualquer um deles com o meu equipamento. Comecei pelas grande nebulosas e remanescentes de supernova na constelação de Cisne. Todas elas eram imediatamente perceptíveis sem qualquer filtro, embora com o UHC ajudasse a observar as nebulosas em toda sua extensão, tal e qual como nas imagens. A nebulosa "Crescente" (NGC 6888) apesar de não ter discernido a forma de meia-lua era absolutamente notória com e sem filtro. Passear com panoptic 24 por Cisne foi um sem-acabar de nebulosidade e estrelas. Absolutamente fantástico. As "Véus" apresentavam-se descaradamente contrastadas num fundo escuro e banhado de estrelas, mesmo as suas partes mais ténues como a nebulosidade que se encontra na imensa área entre os dois segmentos. Não dava para acreditar a extraordinaria quantidade de nebulosidade que se via nas Plêiades. A minha primeira reacção foi de limpar a ocular, pois julguei que tivesse completamente embaciada! Uma vista absolutamente incrível, nebulosidade por todo o lado, sendo possível ver até os cirros em Mérope. A olho nu era perfeitamente óbvia a "nuvem" que rodeava este enxame.
O que mais me espantou em Andrómeda não foi propriamente a Messier 1, mas sim a Messier 110. Esta galáxia ganhou uma forma e brilho como nunca antes tinha visto - enorme! com um também enorme e brilhante núcleo . A Messier 31 via-se gigantesca, com as duas faixas de poeira sem grande esforço.
O quinteto de Stephan não é objecto para um telescópio de 20cm, mas no entanto posso colocar como observado com um pequeno ponto de interrogação, mas obviamente sem resolver qualquer uma das galáxias.
O resto da noite foi passado com repetidas visitas aos objectos anteriores e a outros como a Messier 27, Messier 57, Messier 42, Messier 81/Messier 82, Messier 33, NGC 7789, NGC 281, NGC 2392, Messier 35, Messier 36, Messier 37, Messier 38, entre muitos outros que ia saboreando à deriva, intervalando com o aquecimento e desambaciamento das oculares que foram bastante vítimas da humidade e frio, aproveitando para fazer visitas pelos vizinhos, que seguramente se maravilharam tanto com eu. Noites destas são excelentes oportunidades para observar objectos normalmente invisíveis e para apreciar em todo o seu esplendor os mais brilhantes e conhecidos.
Saímos do local depois da 5 e meia da manhã a tempo de ir tomar uma grande pequeno almoço no hotel antes de ir finalmente dormir - nada como uns croissants acabadinhos de sair do forno, eu o Luís Evangelista estivemos cerca de 1 hora a comer e a conversar... de manhã deu para verificar que provavelmente tinha trazido quase toda a terra de Montesinho agarrada ao carro.
Noites Transmontanas II►
2005.10.02
Gimonde - Bragança
Esta foi a sessão de observação na noite anterior ao eclipse, e tal como na anterior foi precedida de mais uma jantarada. O local situava-se uma quinta de turismo rural , Quinta das Covas , onde vários do grupo se encontravam hospedados. Apesar de horizontes impedidos por serra e arvoredo, ainda possuía um céu que se poderia considerar escuro com o SQM a ler valores à volta de 20.90. Bastante menos concorrida, pois muitos optaram por descansar para o eclipse na manhã seguinte, não deixou de ser uma sessão interessante tendo novamente posto o dob 20 cm ao serviço. Comecei por observar alguns objectos não particularmente interessantes mas sim desafiadores devido a possuírem um brilho de superfície bastante baixo. Tratava-se de duas galáxias elípticas anãs que são satélites de Messier 31, NGC 147 e NGC185 situadas em Cassiopeia. Estavam simultaneamente visíveis no campo da panoptic 24mm, mas com a NGC 147 bem mais aparente com visão indirecta, mas ambas apresentavam a característica forma elíptica.
Uma galáxia com brilho de superfície semelhante a NGC 147 trata-se da famosíssima galáxia de perfil NGC 891, que apesar da fama é um objecto complicado para pequenas aberturas. O 20 cm não teve grandes dificuldades embora não fosse de visão imediata, descrevendo-se com um fino risco de nebulosidade com o centro ligeiramente mais gordo. Aproveitei e fiz uma visita a outros objectos em Andrómeda (Messier 76) e em Triângulo (Messier 33 e NGC 752)
Depois fiz uma pausa e visitei o pessoal que por lá tinha montado telescópios, nomeadamente um refractor Televue 85 novinho em folha que conjuntamente com um Nagler 31 com filtro O3 deu a melhor imagem que tenho recordação de ambas as "Véus" a partilharem o mesmo campo na ocular, este telescópio é também uma bela peça de equipamento.
Depois e até cerca das 3 da manhã, andei na conversa e divertido a ver um certo astrofotografo a tentar apanhar seja lá o que conseguisse de um objecto de brilho superfície 19.9 (Galáxia anã de Dragão), após a tentativa ambos fomos dormir algumas horas para o grande evento.
Noites Transmontanas III►
2005.10.03
Gimonde - Bragança
Este foi o dia do eclipse anular, cuja as impressões e imagens podem ser lidas e vistas nesta página dedicado ao evento.
A última noite foi novamente passada na Quinta das Covas em Gimonde, não que antes tenhamos percorrido uma boa parte do Parque Natural de Montesinho à procura de lugar mais alto e escuro. Estávamos preparados para uma tradicional petiscada sob as estrelas, mas acabamos por fazê-la bem confortavelmente na casa de turismo rural onde a família Mota estava a passar a férias.
Com a simpática cortesia de desligarem todas as luzes de presença, tivemos um céu suficientemente escuro para passar mais algumas horas de qualidade, tendo o SQM lido valores semelhantes aos da noite anterior (20.90). Turbulência geralmente alta.
Desta vez montei o Takahashi Sky90 na Takahashi P2Z, e fiz uma ronda descontraída por cerca de 2 dezenas de objectos com a ajuda do Sky Atlas 2000.0 (Tirion).
Ficaram para a memória a visão da "Pacman" NGC 281 e as nebulosidades em volta da "Bubble" NGC 7635, e de um cristalino duplo enxame Perseu.
Por volta da meia-noite a Adília ofereceu um chá e bolinhos que foi mais que bem vindo, após o qual fizemos mais algumas horas de observação visual e astrofotografia.A noite foi também fria com o termómetro a rondar os 0 graus, mas mais suportável por ter sido bem mais seca, mas devido o dia ter sido bem comprido, todos estávamos já a sentir algum cansaço, começando a arrumar pouco depois das 3 da manhã. Estiveram também o Mota, o Filipe e o Alberto.
Abaixo ficam 4 "instantâneos" astrofotográficamente falando, cada uma delas com uma única exposição de 5 minutos e focados a olho (usando o astigmatismo como gráfico), para servirem de recordação destes céus transmontanos, que espero poder retornar quando possível. As imagens foram "binadas" no Iris.

Duplo Enxame de Perseu (NGC 869/NGC 884)
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 5 min. (1x300 seg.) 800 ISO SQM 20.90
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América do Norte (NGC 7000)
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 5 min. (1x300 seg.) 800 ISO SQM 20.90
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Plêiades (Messier 45)
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 5 min. (1x300 seg.) 800 ISO SQM 20.90
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Nebulosas de Orion (Messier 42/Messier 43)
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Nikon D70 3,95"
exp: 5 min. (1x300 seg.) 800 ISO SQM 20.90
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Eclipse Anular - 3 Outubro 2005►
Valverde, distrito de Bragança - Portugal 7:38 e 10:19 (UT)
O dia nasceu perfeito com o céu completamente limpo, pouco ou nenhum vento e com uma temperatura razoavelmente amena. O local escolhido foi um planalto situado perto de Valverde a alguns quilómetros abaixo da cidade de Bragança, situando-se praticamente sobre a linha da perfeita centralidade.

Eclipse Anular - 16 momentos 1600
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Alguns do grupo chegaram ao local ainda de noite para ter oportunidade de alinhar as montagens com a polar, chegando outros mais tarde, mas ficando todos prontos e na expectativa bem antes do seu início.
O início do eclipse foi uma surpresa, sendo esta uma característica dos primeiros contactos. De repente o Sol apresentou uma pequena dentada que ia aumentando a olhos vistos - o espectáculo tinha começado.
Após a excitação inicial, foram momentos de expectativa preenchidos essencialmente com a observação do limbo lunar por infelizmente, o Sol não apresentar manchas solares, contudo, apesar de alguma turbulência, foi possível ver a silhueta de crateras e mares, nomeadamente o Mare Orientale cuja depressão e pico central por vezes se salientava devido à Lua se encontrar numa libração favorável, ficando assim entretido até à chegada do próximo momento alto, o segundo contacto. Com telescópios h-alpha como o da Coronado PST, este momento é talvez mais dramático por ser possível observar as proeminências solares a nascer no limbo lunar, como se surgissem do nada, até que finalmente o círculo fechar. Até este momento foi notório o decréscimo de temperatura e o amortecimento da luz ambiente, cuja a melhor analogia que consigo fazer é a de como tivesse a usar óculos de Sol levemente escurecidos.
Apesar da Lua ocultar pouco mais de 90% da superfície solar, a intensidade do Sol continuava a ser extremamente forte, sendo apenas possível observar directamente sem filtro por uma fracção de segundo para se notar que realmente o Sol se encontrava ocultado. Logo de seguida, aconteceu a quebra do anel com o terceiro contacto, que à semelhança do segundo, ficaram as proeminências solares novamente como que suspensas a surgirem do nada, embora, estas neste limbo fossem menos proeminentes. O tempo decorrido entre os dois contactos foram cerca de 4 minutos de intensa excitação e deslumbramento, incluindo a extraordinária visão de um perfeitamente delineado anel de fogo. Fiquei praticamente com olho colado no PST, alternando com a obtenção de algumas imagens.

Eclipse no seu máximo 9:54 UTC
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Após a quebra do anel, a normalidade foi sido reposta lentamente até ao quarto e último contacto (ou antes "descontacto"), que mais uma vez em h-alpha, foi possível observar as proeminências a reaparecer. Na meia hora seguinte levantou-se o vento devido à repentina diferença de temperatura.

Eclipse Anular - Contacto II, Máximo e Contacto III 2500
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No final ficou a agradável satisfação de ter presenciado um momento único, tendo tudo corrido da melhor maneira possível e também na melhor das companhias.
São raros os eclipses cujo o caminho central tenha passado ou passará em território continental português. O último eclipse foi simultaneamente total e anular (híbrido), cujo o caminho passou entre o Porto e Aveiro em 17 de Abril de1912 mas com apenas 1 a 2 segundos de duração na fase da totalidade.
Por curiosidade, a última vez que Portugal continental teve a visita de um eclipse total anular foi a 1 de Abril de 1764, mas o próximo será em 26 de Janeiro de 2028, passando no entanto a faixa central ao largo de Faro. O próximo eclipse total será em 12 de Agosto 2026, apesar da faixa de ocultação entrar apenas 4 kms numa pontinha de Portugal a norte de Bragança. Por ser tão raro tendo sido este talvez o evento astronómico mais aguardado do ano.
Embora tenha dado primazia visual ao evento, ficam as imagens e animações que tive oportunidade de registar para mais tarde relembrar, partilhando por este meio com todos os que se fascinam com estes momentos de rara beleza.

Eclipse 08:38 - 10:19 UTC
Animação com intervalos ~10 minutos
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Mare Orientale ?
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Proeminências solares imediatamente antes de contacto II 8:52 UTC
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Proeminências solares imediatamente após o contacto III 8:57 UTC
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Proeminências solares 9:34 UTC
Solar Proeminences
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Vistas do local e equipamento
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Circunstâncias locais - Valverde, Bragança, Portugal *
Posição
|
Duração
|
Máximo de Eclipse
|
Latitude
|
Longitude
|
|
UT
|
g
|
+41 42
|
+6 47
|
4' 5.7"
|
8 54 53.4
|
0.974
|
1ºContacto
|
2ºContacto
|
3ºContacto
|
4ºContacto
|
7 38 52.6
|
8 52 30.6
|
8 56 32.7
|
10 18 2.7
|
* fonte : Institut de Mécanique Céleste et de Calcul d'Éphémérides Observatoire de Paris - Bureau Des Longitudes
Equipamento utilizado:
- Takahashi Sky90 f/5.6 (500mm)Nikon D70 , filtro solar 1000 Oaks (1/1500s a 200 ISO)
- Coronado PST 40mm f/10 (400mm) h-alpha Canon Powershot G1
- Takahashi Sky Patrol II
AVISO IMPORTANTE
Nunca olhar para o Sol através de algum telescópio ou binóculo sem o filtro apropriado, pois pode causar instantaneamente danos graves e irreversíveis tais como a cegueira total ou parcial
|
Algumas ligações relacionadas
Luís Carreira, Outubro de 2005
Pátio 212 - Marte e sua prole►
2005.10.23
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Já se torna impossível não reparar naquela brilhante "estrela" laranja que surge a Leste nas horas decentes do serão . Marte faz mais uma aparição infelizmente não com a proximidade de Agosto de 2003 mas desta bem mais altaneiro, sendo a luminária planetária mais em destaque nestas semanas que se aproximam.
A partir desta data o planeta terá um tamanho aparente maior que 20", permitindo observar visualmente um pouco mais que uma pequena bola com algumas marcas de albedo e polo esbranquiçado. Na altura da imagem Marte segundo o Guide8 apresentava um tamanho aparente de 19.98", uma fase de 98.53% e encontrava-se a 70,038,514 km aqui do Pátio. O meridiano central é 312.92 e o Norte é para cima e sentido F-P. A altura em que estará mais próximo da Terra será em 30 de Outubro às 3:24 UT distando 69,416,763 km. O seguinte momento alto será por ocasião da sua oposição a 8:00 UT de dia 7 de Novembro (70,315,737 km).
Apesar das condições atmosféricas com muita nebulosidade e quando limpo apresentava bastante dispersão atmosférica, houve cerca de uma hora e meia de grandes abertas e alguma calmia que felizmente coincidiu com a passagem do planeta pelo o meridiano local.
Por essas alturas empreendi na caça dos seus minúsculos e elusivos satélites, Phobos e Deimos, apesar de não ter bem a certeza de serem visíveis com apenas 90mm. Usando a magnificação de 270x (nagler zoom a 3mm) passei cerca de uma hora à procura daquilo que provavelmente não passaria de um breve pisco. E julgo ter tido sorte na observação de Phobos que me pareceu piscar cerca de 3, 4 vezes a cerca de um diâmetro marciano. Apesar de estar a apenas um diâmetro de Marte de distância, é seguramente positiva a sua observação, pois a pouca distância era possível observar sem grande dificuldade a TYC 1232 248 de igual magnitude 11. O Deimos não posso afirmar como observação positiva, este satélite tinha menos uma magnitude de brilho (12) sendo ligeiramente mais complicado de observar devido ao luar e por estar perto dos limites da abertura. Para melhor visibilidade é geralmente usada uma barra ou quadrado de obstrução aplicado na ocular para cobrir o planeta que já em médias abertura é insuportavelmente brilhante. Felizmente ambos os satélites se encontravam no mesmo lado do planeta, sendo possível por o planeta fora do campo retirando assim grande parte do brilho.
Os pequenos satélites de Marte Phobos e Deimos apenas foram descobertos em 1877 por Asaph Hall usando o refractor de 26" de US Naval Observatory em Washington DC. Na mitologia grega Phobos e Deimos são filhos de Ares (Marte) e Afrodite (Vénus) significando Medo e Pânico respectivamente.
Phobos tem 13.1 x 11.1 x 9.3 km de dimensão e um período orbital de 0.318910 dias (7 horas e 39 minutos) a uma distância média de 2.77 raios de Marte (9377.2 km), completando assim uma rotação em menos que um dia marciano (24 horas e 37minutos), nascendo assim 11 em onze 11 horas, mostrando pelo caminho mais de metade das suas "fases lunares". Deimos por outro lado apresenta as dimensões de 7.8 x 6.0 x 5.1 km e um período orbital de1.262441 d (30 horas e 18 minutos) a uma distância média de 6.92 raios de Marte ( 23463.2 km)). Ambos têm um formato bastante irregular e são mais "escuros" que a nossa Lua, muito semelhantes a asteróides e presume-se que tenham sido "capturados".

Marte 20051023 02:02 UTC
Takahashi Sky90 f/49 (4450mm)+Toucam 0.26"
|
Nesta longitude de Marte é possível observar a Syrtis Major, a grande cratera Hellas, estando a Meridiani Sinus a cruzar o meridiano.A norte observa-se nuvens, nevoeiros causados pelo derretimento da calote polar e a Sul a pequena calote polar a surgir.
Para determinar as efemérides (em especial as maiores elongações) destes satélites ver a página Ephemeris Generator do JPL - Nasa. No "body" escrever "phobos" e em "Output Quantities and Format" por um visto em "12. Angular separation/visibility". Abaixo ficam as elongações máximas de ambos satélites. oeste é no lado direito do planeta (em imagem não invertida). o valor dist" é a separação do centro de marte - subtrair 10 para distância do limbo. Em Phobos 10 minutos à volta do valor indicado é quase imperceptível.
Podem ver neste applet em java da Sky and Telescope
Phobos
Tempo UTC
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Mag
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Dist "
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Q
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2005-Oct-25 04:21
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10,94
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27,468
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o
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2005-Oct-25 19:39
|
10,94
|
27,494
|
o
|
2005-Oct-25 23:30
|
10,94
|
28,031
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e
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2005-Oct-26 03:18
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10,94
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27,507
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o
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2005-Oct-26 22:28
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10,94
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28,070
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e
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2005-Oct-27 02:16
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10,94
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27,537
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o
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2005-Oct-27 21:25
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10,94
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28,101
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e
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2005-Oct-28 01:13
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10,94
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27,558
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o
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2005-Oct-28 05:04
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10,94
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28,109
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e
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2005-Oct-28 20:22
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10,94
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28,122
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e
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2005-Oct-29 00:10
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10,94
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27,570
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o
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2005-Oct-29 04:01
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10,94
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28,128
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e
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2005-Oct-29 19:19
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10,94
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28,133
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e
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2005-Oct-29 23:07
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10,94
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27,572
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o
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2005-Oct-30 02:59
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10,94
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28,137
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e
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2005-Oct-30 22:05
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10,94
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27,566
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o
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2005-Oct-31 01:56
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10,94
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28,137
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e
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2005-Oct-31 21:02
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10,95
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27,549
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o
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2005-Nov-01 00:53
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10,95
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28,126
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e
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2005-Nov-01 04:49
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10,95
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27,396
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o
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2005-Nov-01 20:00
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10,95
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27,523
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2005-Nov-01 23:51
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10,95
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28,106
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e
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2005-Nov-02 03:39
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10,95
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27,513
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o
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2005-Nov-02 19:04
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10,95
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27,362
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o
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2005-Nov-02 22:47
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10,95
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28,073
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e
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2005-Nov-03 02:36
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10,95
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27,475
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o
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2005-Nov-03 21:45
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10,96
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28,035
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e
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2005-Nov-04 01:33
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10,96
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27,427
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2005-Nov-04 05:24
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10,96
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28,019
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2005-Nov-04 20:43
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10,96
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27,985
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10,97
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27,369
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2005-Nov-05 04:22
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10,97
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27,966
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2005-Nov-05 19:40
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10,97
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27,925
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2005-Nov-05 23:28
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10,97
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27,302
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o
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2005-Nov-06 03:19
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27,904
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e
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2005-Nov-06 22:25
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10,98
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27,225
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o
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2005-Nov-07 02:16
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10,98
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27,832
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e
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2005-Nov-07 21:23
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10,99
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27,140
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o
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2005-Nov-08 01:13
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10,99
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27,750
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e
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2005-Nov-08 05:02
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10,99
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27,109
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2005-Nov-08 20:20
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11,00
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27,046
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o
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Deimos
Tempo UTC
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Mag
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Dist "
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Q
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2005-Oct-25 00:03
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12,03
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2005-Oct-26 21:28
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12,03
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69,574
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2005-Oct-28 03:43
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12,03
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69,666
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e
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2005-Oct-30 01:08
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12,03
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69,689
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o
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2005-Oct-31 22:32
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12,04
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69,668
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e
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2005-Nov-02 04:48
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12,04
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69,592
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e
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2005-Nov-02 19:55
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12,04
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69,510
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2005-Nov-04 02:12
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12,05
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69,362
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o
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2005-Nov-05 23:35
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12,06
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69,096
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e
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Pátio 212 - Marte Próximo►
2005.10.30
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Hoje foi o dia em que Marte esteve mais próximo da Terra até 2018. A hora exacta foi 3:24 UT distando 69,416,763 km. A imagem abaixo foi registado menos de 20 horas depois já tendo se afastado para 69,425,326 km. Estava 99,65% iluminado e apresentava um tamanho de 20.16" com um brilho de -2.3 magnitudes.
Também desta vez tentei observar Phobos que distava 16" do limbo marciano pelas 22:05, mas sem sorte. Mesmo com a Toucam não descortinou sinal de nenhum dos satélites. Visualmente era aparente a forma geral das marcas de albedo como na imagem abaixo, mas nada mais. A turbulência esteve bastante alta nas duas horas de aberta . O SQM lia em média 19.0 .
Na imagem mostra no hemisfério Sul a grande faixa escura conhecida por mare Cimmerium e no hemisfério Norte uma zona mais clara na Elysium Mons correspondente a nevoeiro/neblina nesta área. O meridiano central era 206 graus. O Norte está para cima.
Ver o Mars Profiler da S&T

Marte 20051030 23:33 UTC
Takahashi Sky90 f/49 (4450mm)+Toucam 0.26"
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Vale da Lama IV►
2005.11.05
Alpiarça
Fim de semana de crescente lunar, que no final de dia aconteceu uma bela conjunção com Vénus, que também apresentava uma fase crescente, mas mais avançada, com um curioso efeito de fase cujo o brilho atenuava gradualmente até ao terminador da "noite" venusiana.
Quando cheguei ao local perto das 18 horas, já lá se encontravam vários companheiros da Atalaia com os telescópios montados e prontos para mais uma noite de observação. Entretanto já o Paulo Barros estava a fazer as brasas para mais uma petiscada com castanhas, febras, entremeadas e chouriça, tudo isto regado com uma água-pé da mesma cooperativa do famoso abafadinho olho-de-lebre, que escorregou como uma pomada, uma cortesia de Mário Santiago.
A noite começou com o céu completamente limpo, mas com bastante humidade que começou a sentir-se bem cedo. Sem dúvida uma das noites mais húmidas dos últimos meses, e se não fossem os Kendricks, não teria sequer tido hipótese de ter começado. Por estes aquecedores quase no máximo, fez infelizmente a bateria apenas durar até às duas e meia da madrugada, mas ainda chegou para meia dúzia de horas de observação e fazer alguns esboços.
O céu em termos de escuridão, esteve semelhante à última vez com uma média de leituras à volta de 20.80 mag/". A turbulência variou entre mediana e alta, e a temperatura chegou ao grau positivo no termómetro do SQM que não é muito de fiar.
Durante toda a noite, sucederam-se diversos "flashes" das Taurídias, presumivelmente provenientes de partículas do cometa periódico curto 2P/Encke. Foi um verdadeiro fogo de artifício, só que invertido, tendo algumas delas acabado com brilhantes explosões e originando por vezes longos e grossos rastos. Grande parte do pessoal andou todo o serão entretido a capturar imagens que se podem ver aqui.
Tendo ido de improviso, não tinha propriamente preparado uma lista de objectos a observar, estive essencialmente rondado objectos à volta do meridiano central, mas desta vez usei o Takahashi Sky90.
Os atlas utilizados foram o Sky Atlas 2000.0 (Tirion) e o Bright Star Atlas (Tirion, Skiff). As oculares utilizadas foram a panoptic 24mm (34x) e a nagler 9mm (91x).
A sessão começou por dar um pequeno toque na colimação do Takahashi Sky90, que estava ligeiramente fora (os anéis estavam mais brilhantes num dos lados), que foi coisa para 5 minutos, mas tendo aproveitado no processo para ver a linda e contrastante dupla amarelo-azul Almach (Gamma Andromedae) .
Depois de ter passado pelo globular Messier 15, e pela a planetária Helix, revisitei a constelação do Escultor para uma observação mais cuidada e para fazer um esboço da área desta grande e brilhante galáxia. Só quando passei para o objecto seguinte é que noite que a tinha esboçado com o filtro UHC colocado, que tinha sido usado para observar anteriormente a Helix. É perfeitamente normal as galáxias quando observadas através de pequenas aberturas sejam, bem, muito ténues, daí não ter estranhado muito, mas apesar de filtrada, a luz ainda foi suficiente para fazer o esboço abaixo.
Para além todos os esboços parecerem estar a precisar de um "flat", também precisa de mais jeitinho. O papel (mesmo o espesso) e a humidade não ligam muito bem, mas os próximos só podem ficar melhores. O acto de esboçar qualquer coisa faz meia hora passar-se num instante, mas uma coisa é certa, ficamos a conhecer o objecto de uma maneira bem mais aprofundada.

M15, NGC 253, M77
Takahashi Sky90 f/9 (800mm) Pan24 (34x), Nag9 (91x)
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A NGC 55 também teve uma visita sub-decimétrica, mas encontrava-se numa posição que já requeria alguma acrobacia, estando já na altura pouco acima da copa das árvores, de qualquer modo era ainda detectável grande parte do seu tamanho e forma, embora notoriamente mais ténue que a galáxia anterior. Também novamente ficou por ver a NGC 300.
O objecto seguinte tratou-se da pequena galáxia Seyfert (núcleo activo) Messier 77 em Baleia (Cetus). A sua descrição visual é bastante aproximada do esboço baixo. Núcleo muito brilhante e pontual com um ténue halo arredondado em volta. Um pouco mais acima encontra-se a verdadeira dor de cabeça da maratona de Messier - Messier 74 - Julguei que talvez não tivesse sorte com tão pouca abertura, pois tem 14 de brilho de superfície e uma magnitude total de 9.5, mas foi bem mais fácil do que estava à espera, embora não tivesse sido imediatamente detectada. Pode-se descrever como uma pequena e redonda e muito ténue, mas no entanto era óbvio um tamanho aparente maior que a galáxia anterior.
Ainda em Peixes tive oportunidade de observar no Obsession 15" polegadas um grupo NGC 507 de galáxias na parte mais a norte de Peixes já entre o Triângulo e a Andrómeda. Três foram facilmente visíveis.
O objecto seguinte é uma nebulosa planetária que me despertou a atenção depois de a ter primeiramente observado no Obsession, que diga-se, de ter sido uma das melhores imagens que tive de um objecto desta natureza. A NGC 1501 era praticamente redonda e de brilho muito uniforme (a cor não me recordo defini-la), mas ligeiramente menor no centro dando-lhe um aspecto anular mas não tão pronunciado como na Messier 57, no seu meio, brilha uma intensa e algo açambarcadora estrela central (do tipo WC estrelas gigantes quentes a perder massa vertiginosamente), que apesar de brilhar a apenas 14.4 de magnitude, esteve de facto incontornável. É um excelente objecto para grandes aberturas e não parece sequer precisar de filtro. Está a 4800 anos-luz. Não conhecia este objecto, e é seguramente mais um a revisitar apesar de apenas entrar no Herschel 400 e "Finest NGC" de Dyer.

M36, NGC 1501 ,NGC 1502
Takahashi Sky90 f/9 (800mm) Nag9 (91x)
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Também na despercebida constelação da Girafa (Camelopardalis), que curiosamente deve o nome não propriamente à figura do bicho, mas sim por esta zona ser um "deserto" de estrelas dai o "Camelo" segundo Bartschius que a delineou, fica a curiosa Cascata de Kemble (a primeira imagem), segundo o Padre franciscano Lucian Kemble, astrónomo amador e divulgador canadiano. Esta cadeia estende-se por quase 3 graus, sendo um interessante objecto binocular ou para telescópios com muito baixa magnificação . Esta cadeia termina no pequeno mas curioso enxame aberto NGC 1502, que é dominado por um par de estrelas gémeas muito brilhantes, rodeadas de outra dezena delas espalhadas aleatoriamente. Infelizmente este enxame não conseguiu ficar na imagem no início do relato, que foi registada em condições deploráveis daqui do pátio.
Para a memória futura, fica a Messier 42 e Messier 43 em technicolor no Obsession: verde e dourada respectivamente - o detalhe estava incrível.
Atalaia XXIV►
2005.12.10
Atalaia (Montijo 38º44N 8º48W)
Noite a pouco mais de uma semana do solstício de Inverno, que apesar de fria (perto dos 0 graus) foi seca. O SQM leu 20.30 após a Lua se pôr, com uma magnitude visual limite por volta de 5.5. Pouca transparência e algumas neblinas altas, mas praticamente apenas perceptíveis em alguns AVIs do pessoal que se entretinha a capturar imagens da Lua. A turbulência esteve geralmente alta.
A Lua já tinha passado o seu Quarto Crescente há dois dias, e apenas se encontraria abaixo no horizonte depois das 3 da manhã, tendo desse modo sido para mim uma noite essencialmente de confraternização na Atalaia-B. Apesar de pouco ter observado deu para matar saudades dos amigos e do céu que já por não aqui visitava há quase 3 meses.
Antes de ir para a Atalaia, passei pelo Toys'R'Us do Rui Tripa, para ir buscar a minha já saudosa Atik 1HS, e como é tradição não saí de lá sem me safar de comprar qualquer coisita, tendo desta vez adquirido uma fita aquecedora Kendrick para o Quickfinder que já por diversas vezes teria dado bastante jeito.
Estive algum tempo na companhia do Licínio e o seu Maksutov-Newton de 8" f/6. Fiquei bastante impressionado com a performance óptica deste telescópio, assim como do seu peso (com anéis e acessórios é coisa pra 20 kg!). Estéticamente as imagens em visual eram indistintas das de um refractor graças a uma minúscula obstrução de 20% sem aranha que em pouco afecta as imagens das estrelas, estando estas muito bem corrigidas até ao bordo com as mais diversas oculares, mas infelizmente o luar não permitiu revelar muito além disso. Ficaram as vistas de vários enxames, (Messier 37, Messier 38, Messier 35 entre outros) e da planetária NGC 2392 ("Esquimó").
Andei durante toda a noite saltitar de telescópio, onde vi um Saturno no Obsession 15", a Lua num Celestron C11 (a primeira vez que sequer vi um ao vivo) mas que ainda faltava estabilizar um bocado, as imagens planetárias a serem registadas e cozinhadas no local pelo Gregório e Mário, as imagens CCD Filipe e do Zé Ribeiro e dos infatigáveis ("a noite só acaba qunado nasce o Sol") Paulo Barros e João Nuno. Muitas e variadas actividades.
Por volta das 3 da manhã, já a Lua quase a desaparecer, fiz um périplo pela a constelação da Ursa Maior, seguindo as sugestões da carta N10 do Karkoschka : foram elas Messier 108, Messier 97, Messier 109, Messier 40 e Messier 101, com o par Messier 108/Messier 97 no mesmo campo mas algo ténues, assim como a galáxia barrada Messier 109 que é bastante incomodada pela gamma UMa. Também nesta carta está 78 UMa que se trata de uma binária (verdadeira) com apenas 1.4" de separação, que era o valor do ano 2000 (em 2015 terá apenas 1.1"). O derradeiro teste de poder separador para o Takahashi Sky90 , que infelizmente nesta noite não foi possível de conseguir.
De seguida passei para o meu par de galáxias preferido Messier 81 e Messier 82, do qual fiz uma demorada observação e um esforçado esboço.

Messier 81 & Messier 82
Takahashi Sky90 f/5.6 (500mm)nag9 (55x)
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Por esta altura mover o telescópio e mudar de oculares era uma operação dolorosa devido ao frio que se fazia sentir. O termómetro marcava 0 graus, mas felizmente não houve praticamente nenhuma humidade senão teria sido perto de insuportável.
Da carta E8 passei pelos enxames Messier 50 em Unicórnio (Monoceros) o impressionante Messier 47 e Messier 46 com a planetária contextual NGC 2438 que esteve bem visível com filtro UHC, sendo apenas detectável sem este.
Na carta E9 e continuando em Unicórnio, encontra-se a grandiosa nebulosa Rosette (NGC 2237-39, 2246) e o enxame que reside no seu interior NGC 2244. Com filtro UHC, a sua forma geral era notória, incluindo a parte central mais escura.
Saimos um pouco depois das 6:30 da manhã.
2005.12.17
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt:60m)
Noite de testes de "hardware"
Desta vez, fui experimentar se a Takahashi P2Z se aguentava com mais uns quilos em cima. Depois de muitos furos numa placa de alumínio, lá consegui arranjar uma configuração que ficasse razoavelmente equilibrada nos dois eixos. Também novo, é um contrapeso de 4 quilos em aço inoxidável para contrabalançar esta tralha toda. Esta peças foram feitas pelo o meu torneiro particular - o meu pai - que até lhes deu um acabamento todo profissional, o contrapeso é todo estriado para não escorregar das mãos resultando ainda num efeito estético todo catita. O pequeno FC-60 ficou montado numa versão despida da Teegul Space Patrol para servir de montagem de guiamento, que usando os seus manípulos de ajusto fino permite alinhar os dois telescópios sem qualquer dificuldade. Exceptuando o bloco do motor AR, é bastante semelhante em funcionalidade e aparência às montagens de guiamento da Takahashi TGM-1 e TGM-2.
Tudo isto somou pouco menos de 6 quilos em cima da montagem. Estava curioso de descobrir se a montagem aguentaria tanto peso, apesar do fabricante especificar que pode apenas carregar até 6 quilos de carga, mas provavelmente não se aplica a dois telescópios lado a lado. Infelizmente, esta configuração apenas ficava equilibrada em ascensão recta em nas posições +-30 graus em volta do meridiano central. Para além dessas inclinações, o conjunto caía desamparado, não muito seguro para o meu gosto tendo em conta o valor da carga que está em jogo. No entanto, nesse intervalo a montagem executava o seguimento sideral, sem aparentemente qualquer esforço e com a exactidão costumeira.< No eixo de declinação também havia algum desequilíbrio não se podendo soltar sem segurar primeiro, mas não sendo este eixo motorizado basta que fique bem fixo.
Abaixo fica uma "frame" de 2 minutos não guiada a 2.3" de resolução da Messier 42/Messier 43 que de resto era a única nebulosa capturável nas condições locais.

Messier 42/ Messier 43
Takahashi Sky-90 f/5.6 (500mm) + ATIK-1HS 2.3"
exp: 2' (1x120s) mag 3 h-alpha
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Pareceu-me resultar numa configuração possível mas demasiado esforçada para eclipses e observação solar.
Com a Lua quase cheia, a magnitude limite era 3 ou até pior, com muito fumo e ainda mais poluição luminosa do recém inaugurado supermercado a apenas 100 metros :((. A Atik saturava a branco com apenas 20 segundos de exposição não filtrada! com filtro h-alpha acima de 120 segundos já tinha perdido 1/3 da dinâmica da câmara. A turbulência local também esteve do pior, mas no entanto apanhei frio que me fartei :). Infelizmente o pátio está cada vez pior.
Abaixo fica uma péssima imagem de Saturno, só mesmo para ilustrar o esforço.

Saturno 20051218 02:06 UTC
Takahashi Sky-90 f/41 (3720mm) + Toucam 0.31"60%
exp: 2' (1/5"x600)
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