2003 (I)

Janeiro Julho
Pátio 99 - Júpiter Barragem da Póvoa - Castelo de Vide
Encontro de Observação Solar (EOS) Capuchos VIII - Conjunção de Marte e Lua
Capuchos III Atalaia III - mais uma sessão de fotos
Pátio 100 - Lua e gigantes gasosos S.Pedro de Moel VII - Ocaso e anel verde
Pátio 101 - Júpiter e duplo trânsito de Io e Europa Agosto
S.Pedro de Moel V - Cometa C/2002 V1 (NEAT) Pátio 121 - Raios Crepusculares
Capuchos IV - Cometa C/2002 V1 (NEAT) e ISS Pátio 122 - Lua Laranja e Marte afocal
Capuchos V - Cometa C/2002 V1 (NEAT) Pátio 123 - Marte
Fevereiro Pulo do Lobo II
Pátio 102 - Cometa C/2002 V1 Pátio 124 - Marte
Pátio 103 - Júpiter em oposição Capuchos IX - Pilar Solar e Falso Sol
Pátio 104 - Cometa C/2002 V1 (NEAT) Pátio 125 - Marte no Perigeu
Pátio 105 - NGC 3115 e o Fantasma de Júpiter Pátio 126 - Marte em Oposição
Cometa C/2002 V1 (NEAT) Barragem de Belver - Ocaso lunar
Pátio 106 - Trânsito de Ganimede Setembro
Pátio 107 - Conjunção Júpiter e Lua Pátio 127 - Marte
Pátio 108 - Lua no perigeu e cratera Jansen Pátio 128 - Marte
Pátio 109 - Júpiter e Messier 44 Pátio 129 - Marte
Março Atalaia IV - Marte
Pátio 110 - Enxames do Cocheiro, Àrvore de Natal Pátio 130 - Marte
ERAA 8 - Sol, Calisto, Marte, 1 Sgr e Vénus Sra. do Monte VII - Sol distorcido, Lua cheia
Pátio 111 - Conjunção de Júpiter-Lua e halo lunar Pátio 131 - Marte
Abril Pátio 132 - Marte
Capuchos VI - Conjunção de Mercúrio-Lua e luz da Terra Pátio 133 - Marte
Aeródromo XIV - Ocaso do Sol, Mercúrio e Lua Pátio 134 - Marte
Pátio 112 - Conjunção de Júpiter com o Messier 44 Pátio 135 - Marte
Pátio 113 - Mel 111 e Messier 3 Capuchos X - Ocaso solar
ENAA - Uma madrugada bem passada Astrofeira - Observatório Astronómico da U.Coimbra
Maio Visita ao Observatório del Roque de los Muchachos
Capuchos VII - Ocaso do Sol e Crescente Lunar Outubro
ENA - Uma noite nas trilhas dos dinossáurios Atalaia V - Marte
Aeródromo XV - Trânsito de Mercúrio Arco-íris completo e a ilha da Berlenga
Pátio 114 - Conjunção Lua Júpiter, M44 Novembro
Pátio 115 - Imagens com webcam Atalaia VI - Messier 42, Messier 35, Messier 36
Pátio 116 - Eclipse Lunar Total S.Pedro de Moel VIII - Eclipse lunar total
Pátio 117 - Mais algumas estrelas com a webcam Pátio 136 - Lua no perigeu e apogeu
Observatório do Pinhal do Rei XXVI Pátio 137 - Marte e Saturno
Junho Pátio 138 - Saturno
Pátio 118 - e ainda outros milhares de estrelas Dezembro
Aeródromo XVI - Sol - Variações Pátio 139 - Saturno a 12 dias da oposição
Pátio 119 - provavelmente uns milhões de estrelas Pátio 140 - A determinar a escala
Pátio 120 - Pilar Solar S.Pedro de Moel IX - Crepúsculo Natalício
S.Pedro de Moel VI - Sol - Variações II Aeródromo XVII - Conjunção Natalícia
Pulo do Lobo I

Pátio 99 - Júpiter

2003.01.09
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
10:30-00:30++ UTC
Magnitude ~4, Antoniadi III (instável)
Céu limpo, vento moderado. 2°C, 56% humidade rel.
Takahashi FC-60 60mm f/8.33, Barlow Ultima 2.4x (1200mm), webcam Toucam Pro

A Grande Mancha Vermelha, não é propriamente fácil de observar visualmente com um telescópio de 60mm, mas com uma imagem resultante de um AVI com centenas de "frames", das quais só aproveitei duas dezenas delas, dá para ter uma boa ideia daquilo que se pode observar. Na altura estava a decorrer o trânsito da GMV, que é a único detalhe que neste momento consigo fazer discernir, ou mais propriamente a sua localização geral. O céu estava limpo, mas no entanto muito instável.

Júpiter 09-Janeiro-2003 23:48 UTC
Júpiter 2003-01-09 23:48 UTC
Tak FC-60 com Barlow (2.4x)
e toucam pro (f/20)
1200 mm comprimento focal
20 fotogramas registados, alinhados e sobrepostos
pelo Registax 1.1

Encontro de Observação Solar (EOS)

2003.01.11
Parque Eduardo VII (Lisboa)
10:30-14:00 UTC
Céu limpo

Não é todos os dias que se tem a oportunidade de observar o Sol em H-alfa.

Parque Eduardo VII - Lisboa
Parque Eduardo VII - Lisboa
Um excelente dia, nem por encomenda
Parque Eduardo VII - Lisboa
O aparato instrumental
Marcaram presença 4 telescópios :
Takahashi FS102 com filtro h-alpha 60mm, FC-60 com folha baader, Meade ETX70 com 1000oaks e o pequeno Maxscope 40mm
Parque Eduardo VII - Lisboa
Um telescópio solar dedicado de bolso
Este Maxscope 40mm é realmente pequeno
Parque Eduardo VII - Lisboa
Tak FS 102 com um filtro Coronado H-alpha de 60mm
Este telescópio foi o rei da festa,tanto pelo o tamanho quer pela qualidade das imagens
Parque Eduardo VII - Lisboa
Adaptadores e o filtro H-alfa de 60mm
Custa uma pipa de massa, mas no entanto mostra-nos o Sol de um modo realmente espectacular
Parque Eduardo VII - Lisboa
Tak FC-60 com uma Nagler 12mm
Provavelmente alguns turistas eram capazes de ter dúvidas em que ponta do telescópio espreitar...
Parque Eduardo VII - Lisboa
José Ribeiro, Natália, Grom e Paulo BG
Parque Eduardo VII - Lisboa
Paulo
O Paulo tem a mesma "doença" que eu - não consegue estar perto de um telescópio sem tirar umas imagens
Parque Eduardo VII - Lisboa
Rui tripa em acção!
Reparar na pequenez do Maxscope 40mm
Parque Eduardo VII - Lisboa
Paulo, Rui, Alcino e Alfonso
Apesar do frio, o pessoal andou bastante entretido
Parque Eduardo VII - Lisboa
Alfonso e o ETX70 do Grom
Parque Eduardo VII - Lisboa
Alfonso a espreitar pelo o Takahashi FC-60+Coronado 60mm
Houve oportunidade de também experimentar o filtro h-alfa no meu telescópio e pareceu-me ter ficado muito bom.
Maxscope 40mm
Maxscope 40mm
filtro H-alpha
Proeminências solares
Proeminências solares
filtro H-alpha

Ver também a reportagem do Paulo Guedes em http://astrosurf.com/paulobg/EOS.htm


Capuchos III

2003.01.15
Capuchos - Leiria
18:00-19:30 UTC
Magnitude ~3, Antoniadi III (instável)
Pouco nublado, nevoeiro
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm), plossl Televue 32mm (16x 192') e Canon G1

Cometa C/2002 V1 (NEAT)

Depois de ter procurado, mas com pouca esperança, o cometa C/2002 X5 Kudo-Fujikawa, que neste momento está com uma elongação baixa, mas no entanto observável, e fácil de encontrar (hoje estava relativamente perto da Altair), isto se as nuvens do horizonte assim o permitirem.

Voltei-me então para o C/2002 V1 NEAT, que se encontra bem mais visível na constelação de Pégaso.
Apesar da Lua praticamente cheia, foi possível observá-lo sem grandes dificuldades, isto depois das 19:00 (anoitecer astronómico), e até deu para fazer uma estimativa (pouco fidedigna) do seu brilho, devido ao facto de estar localizado na vizinhança de meia dúzia de estrelas. A pouca abertura e o intenso luar e algum nevoeiro que se estava a formar não permitiu discernir alguma forma ou cauda, sendo circular com evidente condensação no núcleo. Cometa a acompanhar.

Um esboço feito na altura com um Palm (tungsten), em que está anotada a estrela que desfocada me pareceu equivalente ao brilho do cometa.

Cometa C/2002 V1 (NEAT)
Cometa C/2002 V1 (NEAT)

Saturno e a Lua

Também a Lua se aproximou razoavelmente de Saturno, pouco mais de 2 graus os separava.

Saturno, Lua e Orion 19:35 UTC
Saturno, Lua e Orion 19:35 UTC
Apesar do intenso luar ainda se consegue ver bem as estrelas mais brilhantes da constelação de Orion.
Saturno e a Lua 19:24 UTC
Saturno e a Lua 19:24 UTC
A apenas 16x.
Saturno é aquele ponto elongado à esquerda...

Pátio 100 - Lua e gigantes gasosos

2003.01.22
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
23:30-02:00++ UTC
Magnitude ~4, Antoniadi III (instável). Pouco nublado, nevoeiro, 8°C
Dobson Brightstar Spacewalker 200mm f/6
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm)
powermate 2.5x, Nagler 9mm tipo6 (133x, 37'), Radian 14mm (86x, 42') e Canon G1

Lua e gigantes gasosos

Nesta sessão, comecei por colimar o reflector de 20cm com cheshire e depois nas estrelas, meia hora a rodar parafusos e lá me pareceu ter ficado bastante melhor. É pena o moderado astigmatismo (do espelho ou da célula e também o meu próprio). De repente, o céu abriu-se completamente, mas só depois da Lua quase no Quarto Minguante ter já subido um bom bocado e ter feito desaparecer as nuvens. Depois de colimado, o reflector já dava imagens planetárias bastante mais satisfatórias, sendo mais fácil de focar e observar detalhe mais fino em Júpiter e Saturno. Saturno esteve especialmente nítido, com a divisão de Cassini muito bem recortada, conseguia-se diferenciar algumas bandas no globo com facilidade. Ambos os planetas suportavam as 215x da Radian 14mm com a Powermate 2.5x, embora com poucos e e efémeros momentos de nitidez.

As condições não foram as mais propícias para tirar em projecção afocal, pois é necessário ter muita sorte para ter imagens que derrotem a turbulência ao contrário de webcams que podem fazer dezenas por segundo...

Júpiter em 23-Janeiro-2003 00:11 UTC
Júpiter em 2003-01-23 00:11 UTC

também fiz algumas imagens do nosso satélite que já se encontrava relativamente alto.

Lua em 23-Janeiro-2003 01:29 UTC
Lua em 2003-01-23 01:29 UTC
Área do Mar Vaporum, com a Rima Hyginus (220x4 km) e Rima Ariadaeus 220x7km
Lua em 23-Janeiro-2003 01:31 UTC
Lua em 2003-01-23 01:31 UTC
Área do Mar Imbrium e Plato

Pátio 101 - Júpiter e duplo trânsito de Io e Europa

2003.01.25
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
00:00-02:30 UTC
Magnitude ~3, Antoniadi II (estável). Nuvens altas e nevoeiro, 5°C
Dobson Brightstar Spacewalker 200mm f/6
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm),
Powermate 2.5x, Nagler 9mm tipo6 (133x, 37'), Radian 14mm (86x, 42') webcam Philips Toucam pro

Júpiter e duplo trânsito de Io e Europa

Depois na última sessão ter colimado decentemente o reflector dobsoniano, fui desta vez tentar registar o duplo trânsito dos satélites jovianos Io e Europa, e as suas respectivas sombras no globo de Júpiter usando uma webcam toucam. Fiz meia dúzia de AVIs para treinar a pontaria, que deram origem às bem modestas imagens abaixo, mas cedo cheguei à conclusão que apontar um telescópio de montagem dobsoniana com um comprimento focal de 3 metros e acertar no campo daquela amostra de CCD, é um verdadeiro teste à paciência - é como acertar num buraco de uma agulha, agravado ainda com a velocidade vertiginosa com que o planeta passa, tendo que colocar diversas vezes o disco no campo apenas para focar. A dificuldade de apontamento de f/6 em relação a f/15 aumenta exponencialmente, tornando-se quase impossível de se utilizar. Estive mais de uma hora para totalizar uns meros 33 segundos de AVIs...e ainda por cima começaram a vir as nuvens e a cair nevoeiro, enfim... A escala a f/6 dá uma bolinha de berlinde, mas a f/15 já tem um tamanho que já dá para engasgar se engolido :).

Júpiter em 25-Janeiro-2003 00:06 UTC
Júpiter em 2003-01-25 00:06 UTC
Dobson Brightstar Spacewalker 200mm f/6
Toucam pro f/6 (1200mm)
Júpiter em 25-Janeiro-2003 00:27 UTC
Júpiter em 2003-01-25 00:27 UTC
Dobson Brightstar Spacewalker 200mm f/6
com Powermate 2.5+Toucam pro f/15 (3000mm)

Resignado, lá arrumei o Dobson e o resto da tralha, julgando que não iria assistir aos trânsitos, mas no tempo em que tive com o Registax a ver e processar os AVIs, o Céu abriu um bocadito, e pus o Takahashi de 60mm ao serviço em "planetary/double star mode", ou seja, com Extender-Q e powermate 2.5x, ficando deste modo com mais de 2 metros de comprimento focal (f/34). Nunca pensei que pudesse ver as sombras de ambos os satélites com apenas 60mm - a sombra do Io era relativamente fácil, mas a do Europa que é bem mais pequena, e só me piscou apenas 2 ou 3 vezes quando o nevoeiro/nuvens deixavam, um desses piscos durou alguns segundos - era mesmo bastante difícil de observar. Os satélites propriamente ditos, passaram completamente despercebidos, mas ainda vi o Europa a entrar no disco. Isto tudo a <glup> 230x...

Cometa C/2002 V1 (NEAT)

Para o fim do dia, fui tentar fotografar/observar este cometa que neste momento está bem brilhante, mas apenas consegui ter uns breves instantes entre as nuvens. Era facilmente visível com o binóculo de 10x42, tinha uma tamanho considerável, com forma arredondada, e não apresentava nenhuma cauda. Estava localizado entre a constelação de Pégaso e Peixes, ligeiramente acima de um trapézio de estrelas de sexta magnitude.


S.Pedro de Moel V - Cometa C/2002 V1 (NEAT)

2003.01.26
S.Pedro de Moel
18:20-21:00 UTC
Magnitude ~4, Antoniadi II (estável)
Nuvens altas e muito vento
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm), Powermate 2.5x, Nagler 9mm tipo6 (133x, 37'), Radian 14mm (86x, 42')
Canon G1, Nikon FM2 c/35-80 f/4

Cometa C/2002 V1 (NEAT)

No dia anterior, não tive grande sorte com as condições meteorológicas, mas para esta sessão decidi apostar forte e ir até à praia de S.Pedro de Moel para maximizar o horizonte a Oeste e também apanhar um bocado de ar marinho (eu aprecio praias e o mar no Inverno). Quando lá cheguei, deparei com um espectacular crepúsculo, em que as não muito desejadas nuvens pareciam em muito contribuir.

Perto das 18:30, já S.Pedro se encontrava praticamente deserta, estando já o farol a rodopiar. De vez em quando apareciam alguns curiosos atraídos pelo o telescópio e câmara fotográfica para ver o que diabo estava eu ali a fazer com aquele vento e frio. Escusado será dizer que alguns deles viram pela a primeira vez um cometa (o meu principal objectivo da sessão), uma bola de fogo (pelo menos -4) que até fez um silvo, e notou-se a desfragmentar (talvez se possa classificar como um bólide), os planetas Saturno e Júpiter e até a cor das estrelas (Betelgeuse, Rigel e Sírio). Deu para apreciar as reacções de espanto e admiração no momento em que olharam pela a primeira vez para Saturno, ao vivo e a cores... enfim, parecia a Astronomia no Inverno. Dois deles até me acompanharam toda a sessão (mesmo sem roupa adequada), que durou mais de 2 horas e meia (nem notei pelo o tempo a passar), e ainda foram buscar pipocas quentinhas.

Sobre o cometa propriamente dito, apresentava-se bastante brilhante, com a forma arredondada e sem cauda. Tanto eu como os meus "assistentes", conseguiam observar sem dificuldade a coma com gradual condensação. Estimei a sua magnitude perto de 6, semelhante à magnitude de uma das estrelas do "trapézio" que estava mais a Oeste.

Pôr do Sol 18:22 UTC
Pôr do Sol 18:22 UTC
Pôr do Sol bastante colorido e bonito, mas com nuvens pouco animadoras.
Felizmente o vento estava forte e trouxe um grande aberta.
A foto ficou razoavelmente fiel à realidade

O cometa era imediatamente visível no binóculo 10x42 mesmo antes do crepúsculo astronómico que era às 19:21. É notório o arraste das estrelas com apenas 8 segundos de exposição, mas o que é importante é o cometa ter ficado registado usando apenas uma imagem destas, sinal de que está mesmo brilhante.
Visualmente o tamanho da coma era bem maior.

Cometa C/2002 V1 19:06-1908 UTC
Cometa C/2002 V1 19:06-19:08 UTC
Conjunto de 10 imagens de 8 segundos iso 400 com o zoom a 100mm

Capuchos IV - Cometa C/2002 V1 (NEAT) e ISS

2003.01.28
Capuchos - Leiria
19:00-20:00 UTC
Magnitude ~3, Antoniadi III (instável). Nuvens e vento
Binóculo Olympus 10x42, Canon G1

Continuação do acompanhamento a este cometa, mas numa zona bastante poluída, dentro da cidade de Leiria. No binóculo, ainda era possível observá-lo sem dificuldade quando as nuvens o permitiam.

Cometa C/2002 V1 19:20 UTC
Cometa C/2002 V1 19:20 UTC

Por acaso, surgiu um ponto de luz bem brilhante a Noroeste que depois de ter visto com o binóculo, vi que era a Estação Espacial Internacional. Abaixo estão o 8 segundos praticamente finais da passagem, entre a constelação de Cefeu e Dragão.

ISS 19:40 UTC
ISS 19:40 UTC

Capuchos V - Cometa C/2002 V1 (NEAT)

2003.01.29
Capuchos - Leiria
19:30-20:00 UTC
Magnitude ~3, Antoniadi III (instável). Algumas nuvens e vento
Binóculo Olympus 10x42, Canon G1

Cometa C/2002 V1 19:58 UTC
Cometa C/2002 V1 19:58 UTC
Neste momento aparenta estar mais brilhante e apresenta
na imagem existem traços de uma ténue e fina cauda.

Pátio 102 - Cometa C/2002 V1

2003.02.01
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
19:20-19:30 UTC
Magnitude ~3, Antoniadi III (instável). Algumas nuvens
Binóculo Olympus 10x42, Canon G1

Neste momento aparenta estar mais brilhante e apresenta (na imagem) traços de uma ténue e fina cauda.

Cometa C/2002 V1 19:26-27 UTC
Cometa C/2002 V1 19:26-27 UTC

Pátio 103 - Júpiter em oposição

2003.02.05
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
00:30-01:00 UTC
Magnitude ~5, Antoniadi III (estável-). Nublado. 10°C
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm), Radian 14mm (36x 101'), Nagler 9mm type6 (56x 89'), Televue Powermate 2.5x

Tenho vindo a observar o planeta Júpiter nos últimos dias, quando as condições meteorológicas o permitem, e após os dias de céu nublado, veio esta inesperada aberta que proporcionou alguns momentos de grande estabilidade e transparência. A oposição já aconteceu há alguns dias, mas ainda se está bem a tempo de conseguir boas imagens deste planeta, mesmo com instrumentos de modesta abertura. Como tenho o hábito de antes de deitar dar uma olhadela ao céu, deparei com um céu completamente limpo e cheio de estrelas (ao contrário do dia anterior). Levei logo o 60mm para o meio do pátio e apontei-o para Júpiter que estava perto de transitar o meridiano.

Realmente, a conjungação de algumas condições tais como: oposição, trânsito do meridiano, boa transparência e turbulência moderada, permitem observar detalhes que acharia impossível com apenas 60mm.

A Grande Mancha Vermelha (GMV) que já se espreitava, observava-se como raramente é possível, mesmo em aberturas maiores - que ao invés de usual aparência de apenas um nódulo oval, notava-se em breves momentos, melhor a fronteira com o cinturão, e também que a parte central não era completamente uniforme. As zonas polares apresentavam-se bem destacadas, e com uma apreciável quantidade de detalhes, mas no entanto pouco definidos - mas definitivamente bastante texturada.

Também os cinturões equatoriais se apresentavam com bastante detalhe, sendo ainda perceptível um nódulo escuro no Norte (NEB). Fui alternando a Nagler (139x), que está perto da magnificação útil com a radian (89x), mais brilhante e agradável.

Com os satélites não se passava nada de realmente interessante, apenas se via discos (de Airy não do satélite), havendo apenas uma estrela consideravelmente menos brilhante a querer fazer-se passar por um deles, isto por aparentar estar no mesmo plano orbital.

Ficaria até a mancha transitar, mas vieram a nuvens e alguns pingos e arrumei.


Pátio 104 - Cometa C/2002 V1 (NEAT)

2003.02.06
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
19:15-19:30 UTC
Magnitude ~3, Antoniadi IV (instável). Muito nublado
Binóculo Olympus 10x42, Canon G1

Cada vez mais baixo no horizonte, mas mais brilhante (deve rondar a magnitude 4), pois captura com facilidade a cauda com apenas uma imagem, mas as nuvens e neblina não ajudaram muito à causa.

Cometa C/2002 V1 19:22-25 UTC
Cometa C/2002 V1 19:22-25 UTC
Conjunto de 6 imagens de 8 segundos iso 200 com o zoom a 100mm (Canon G1 em tripé fixo)

Pátio 105 - NGC 3115 e o Fantasma de Júpiter

2003.02.08
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
23:30-01:30 UTC
Magnitude ~4, Antoniadi III (estável-). Neblina. 6°C
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm), Radian 14mm (36x 101'), Nagler 9mm type6 (56x 89'), Televue Powermate 2.5x
Dobson Brightstar de 20cm f/6, Radian (86x 42'), Nagler 9mm type6 (133x 37')

Júpiter

Mais uma observação do planeta Júpiter, desta vez com a GMV já bem depois de ter passado o meridiano central. A ligeira neblina ajudou bastante no detalhe observado, havendo momentos em se destacavam bem as "estrias" tanto nos cinturões equatoriais, como nas zonas polares, com zonas notoriamente mais escuras. A GMV também mostrou alguma diferenciação no seu interior - tanto no 6cm como no 20cm. Fazia por vezes lembrar algumas imagens. A atmosfera permitiu (com alguma paciência), ter magnificações de 140x no 6cm e 214x no 20cm ao longo da quase 1 hora que lhe dediquei.

O brilho intenso no 20cm fez-me lembrar ir buscar os filtros coloridos da Baader que recentemente adquiri. Praticamente nenhum me agradou, mas contudo, o filtro amarelo conseguia dar mais algum contraste devido ao corte da luz, e o filtro azul fez salientar um pouco melhor as estruturas mais escuras dos cinturões - decididamente prefiro o planeta "ao natural". Também dei uma olhada rápida a Saturno, que já estava a desaparecer atrás duma casa vizinha, que me pareceu com excelente nitidez e contrastado.

A neblina ajudava nos planetas, mas escondia grande parte das estrelas e objectos de céu profundo. Mas não deixei de observar estes dois objectos que se preparavam para transitar.

Sextante (Sextans)

Galáxia NGC 3115 (D49, C53, H 149) "Spindle Galaxy" mag. 9.1 dim. 8 x 3 classe E6

Apesar de um objecto com baixa declinação (-7°), faz com que fique algo mergulhado na poluição luminosa da cidade de Leiria, mas no entanto, não foi difícil de encontrar, apresentando-se notoriamente alongado no 20cm com núcleo pequeno mas bem demarcado. Fazia um triângulo com duas estrelas de magnitude 9. No 6cm foi um desafio bem maior, mas foi possível observar o pequeno núcleo com alguma nebulosidade mas sem forma definida. Curiosamente esta galáxia faz vértice no triângulo formado por duas estrela alfa - a do Sextante e a de Hidra (Alphard) que em muito ajudou a sua rápida localização.

Hidra (Hydra)

Nebulosa planetária NGC 3242 (D50, C 59, H 159) "Ghost of Jupiter". mag. 7.8 dim. 21 classe 4(3b)

Já não me lembrava do intenso brilho, de tal maneira que até apanhei um susto quando me apareceu no campo de visão do Dobson 20cm. É sinceramente brilhante, parece um imensa bola cinzento-azulada e aparentava ser imune à poluição luminosa na zona, pois está bem mais baixo que a galáxia anterior (-18°). O filtro UHC funciona realmente bem, escurecendo o céu mas contudo, mantendo o brilho desta planetária. O brilho pareceu-me uniforme em toda a sua área que tem uma forma quase circular. O nome quase que faz jus, mas pareceu-me menor que Júpiter, cuja a escala ainda estava fresca na minha memória. Suporta qualquer magnificação.

No 6cm também é fácil de encontrar partido da estrela de magnitude 4 Mu Hydrae. Mesmo com apenas 36x a sua aparência difusa é facilmente notada, mas a pouca abertura faz perder bastante o seu fulgurante brilho, no entanto ainda é gratificante. O filtro UHC também resulta bem, mas tira demasiadas estrelas, e eu aprecio também o contexto...


Cometa C/2002 V1 (NEAT)

2003.02.08
Algures entre Vieira e Marinha Grande
19:00-19:30 UTC
Magnitude ~4, Antoniadi II (instável). Muito nublado.
Binóculo Olympus 10x42, Canon G1

Reparar no grande brilho do coma. No binóculo era bastante evidente a cauda.

Cometa C/2002 V1 19:19 UTC
Cometa C/2002 V1 19:19 UTC

Pátio 106 - Trânsito de Ganimede

2003.02.13
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
11:30-00:00 UTC
Magnitude ~2, Antoniadi III (estável-). Nublado. 8°C
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm)
Radian 14mm (36x 101'), Nagler 9mm type6 (56x 89'), Televue Powermate 2.5x
Canon G1

Continuação da observação de Júpiter em oposição, desta vez, com o trânsito do maior sistema satélite do sistema solar à frente do maior planeta. A sombra apresentava-se bastante destacada, apesar de não ter conseguido discernir o satélite do disco do planeta enquanto transitava. Quando finalmente o Ganimede saiu do disco, a cena do planeta/eclipse deu para apreciar um notável efeito 3d, que tentei registar na imagem abaixo.

Trânsito de Ganimede 23:57 UTC
Trânsito de Ganimede 23:57 UTC
4 imagens de 1/25s 100 ISO feitas à mão a 150x no Takahashi 60mm

Antes tinha andado a observar e a fazer imagens da Lua

Lua 23:33 UTC (libração -6.7)
Lua 23:33 UTC (libração -6.7)
área da Clavius, Tycho e Schiller

Pátio 107 - Conjunção Júpiter e Lua

2003.02.15
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
11:30-00:00 UTC
Magnitude ~2, Antoniadi III (estável-). Céu limpo. 9°C
Canon G1

Conjunção Júpiter Lua 18:44 UTC
Conjunção Júpiter Lua 18:44 UTC
1 imagem ISO 50 1/2s f/2.5 a 100mm
Conjunção Júpiter Lua 19:04 UTC
Conjunção Júpiter Lua 19:04 UTC
1 imagem ISO 50 1/250s f/4.5 a 150mm

Sra. do Monte VI - Ocaso do Sol e Nascer da Lua

2003.02.16
Sra. do Monte - Cortes (39.68N 8.75W alt. 395m)
17:00-18:15 UTC
Céu nublado, neblinas baixas e muito vento. 8°C
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm)
Radian 14mm (36x 101'), Nagler 9mm type6 (56x 89'), Televue Powermate 2.5x
Canon G1

Lua 18:01 UTC
Lua 18:01 UTC
1 imagem ISO 50 1/125s f/3.5 a 100mm
Sol 18:10 UTC
Sol 18:10 UTC
1 imagem ISO 50 1/50s f/5 a 100mm

Lua Cheia e Tycho

Lua 23:51 UTC
Lua 23:51 UTC
1 imagem ISO 50 1/400s f/2 a 34mm

Pátio 108 - Lua no perigeu e cratera Jansen

2003.02.20
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
00:00-00:30 UTC
Céu nublado, chuva e vento. 9°C
Takahashi FC-60 60mm+Extender-Q f/13.3 (800mm), Televue Radian 14mm (57x 65') e Canon G1

Lua 00:08 UTC
Lua 00:08 UTC
1 imagem ISO 50 1/125s f/2 a 34mm
Lua 00:11 UTC
Lua 00:11 UTC
1 imagem ISO 50 1/60s f/2 a 34mm

Pátio 109 - Júpiter e Messier 44

2003.02.25
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
23:30-01:00 UTC
Magnitude ~4, Antoniadi III (estável-). 12°C
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm)
Radian 14mm (36x 101'), Nagler 9mm type6 (56x 89'), Televue Powermate 2.5x

Júpiter esteve a menos de 3 graus do gigantesco enxame aberto Messier 44, também conhecido pelo nome de enxame do Presépio. A 16x (plossl 32mm), era ainda possível ver cerca de metade do enxame. A acompanhar nos dias seguintes este curioso par. Em Júpiter ainda acompanhei o início do trânsito do Europa até o finalmente perder no brilho do globo.

Caranguejo (Cancer)

Enxame aberto Messier 44 (NGC 2632) "Presépio" mag. 3.1 dim. 95.0 classe II2m

Enxame aberto de grandes dimensões facilmente visível à vista desarmada. A 16x enche a ocular de algumas dúzias de estrelas de brilho moderado mas algo dispersas, fazendo lembrar vagamente uma colmeia, que também é um nome popular, embora para mim, se assemelhe mais a um enxame de pirilampos. As estrelas formam por em alguns alguns conjuntos triangulares ou o quer que se imagine na altura. É um óptimo alvo binocular.

Enxame aberto Messier 67 (NGC 2682) mag. 6.9 dim. 30.0 classe II2m

A 16x consegue-se resolver meia dúzia de estrelas envoltas numa pequena nebulosidade. Aumentando para 36x (Radian), já era possível resolver mais outra meia dúzia de estrelas mais ténues, mais ainda persistia grande parte da nebulosidade por resolver. Pode-se considerar interessante com um telescópio de 60mm. É fácil de encontrar visto estar perto da estrela alfa (Acubens).


Pátio 110 - Os enxames do Cocheiro, a Esquimó e a Àrvore de Natal

2003.03.03
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
22:00-23:00 UTC
Magnitude ~4, Antoniadi III (estável-). 11°C
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm), Radian 14mm (36x 101'), Nagler 9mm type6 (56x 89'), Televue Powermate 2.5x

Depois de observar o trânsito da GMV pela enésima vez nesta temporada, apontei para o 60mm para os br enxames da constelação do Cocheiro e Unicórnio (Monoceros) e para a planetária de Gémeos.

Cocheiro (Auriga)

Enxame aberto Messier 37 (NGC 2099 mag. 5.6 dim. 24.0' classe II 1 r

A 56x, várias dezenas de estrelas mais ou menos distribuídas, com um dezena delas bem destacadas, todas elas envoltas por nebulosidade de estrelas não resolvidas..

Enxame aberto Messier 38 (NGC 1912 mag. 6.4 dim. 21.0' classe III 3 m

Este enxame é constituído por mais estrelas brilhantes que o anterior, que faz isso aparentar ser maior. A pouca abertura faz o enxame parecer raiado, desenhando braços como uma a estrela do mar. Também esta envolto de alguma nebulosidade de estrelas não resolvidas ou no limite da magnitude.

Enxame aberto Messier 36 (NGC 2099 mag. 6.0 dim. 12.0' classe II 3 m

O mais pequeno deste trio, com um meia dúzia de estrelas brilhantes espalhadas pela sua área máxima. Com um pouco de imaginação, fez-me parecer uma nave de um velho jogo de "arcade".

Gémeos (Gemini)

Nebulosa planetária NGC 2392 (H97, C39, D31) "Eskimo Nebula" mag. 9.2 dim. 47'x43' classe 3b(3b)

A forma redonda desta planetária deve ter sido a razão de Messier a não colocar na sua lista de falsos cometas, pois é tão fácil de encontrar e observar que, obviamente não é cometa. Mesmo a 36x, a sua natureza difusa é imediatamente notada, por mais que não seja, por ter uma estrela de mag. 8.2 como companheira em que a diferença é realmente óbvia. Não notei qualquer detalhe, para além da sua cor cinzenta com ligeira concentração central.

Unicórnio (Monoceros)

Enxame aberto NGC 2264 (H80) mag. 4.0 dim. 20.0' classe IV 3 p n

Este Enxame grande é muito fácil de encontrar, devido em parte à estrela 15 monocerotis de magnitude 4.6, que também serve de base do "tronco" numa configuração de estrelas de cor branco azulado relativamente menos brilhantes, assemelhando-se a uma àrvore de Natal. A magnitude integrada de 4, torna-o visível mesmo com à vista desarmada, sendo também um bom alvo binocular (a 10x). Curiosamente este enxame transita o meridiano um hora depois das 12 badaladas no dia de Natal, sendo conveniente usar um reflector para que não fique de pernas para o ar...


ERAA 8 - Sol, Calisto, Marte, 1 Sgr e Vénus

2003.03.08
Santa Comba Dão
15:00-07:00++ UTC
Magnitude ~4, Antoniadi III (instável). Neblina e poluição luminosa em algumas direcções. Temperatura mínima 3°C

Mais um ERAA (Encontro Regional de Astrónomos Amadores) organizado pela a ANOA, que desta vez foi realizado nma Escola Secundária em Santa Comba Dão.

Durante a tarde e até depois do Sol se pôr, foram feitas palestras sobre os mais variados temas, tais como a astrofotografia, equipamento, estrelas, astronomia planetária e cosmologia. Simultaneamente, foram feitas sessões de observação solar, tanto em luz branca com os filtros Baader e 1000Oaks, como com os sempre espectaculares filtros, h-alfa da Coronado. Também estiveram em exposição vários stands de vendedores de equipamento para a Astronomia da nossa praça.

Observação Solar
Observação Solar
Dois dos telescópios utilizados na observação solar.
O Takahashi FC-60 (em primeiro plano) estava equipado com filtro Baader e Takahashi FS102 (ao fundo) com um filtro H-alfa de 60mm.
O Sol em h-alfa
O Sol em h-alfa
Realmente tem muito para ver...
mas ligeiramente mais focado
O pôr do Sol
O pôr do Sol
O sempre bonito evento diário.
Imagem com filtro 1000Oaks estando o Sol a pouco de mais de dois graus de altitude.
Ainda é visível uma das duas enormes manchas que neste momento estão exibição.

Calisto

O satélite joviano Calisto esteve em grande a partir do fim do dia, e durante toda a madrugada do dia 9. Pouco tempo após o pôr do Sol, ainda com bastante luminosidade, apontou-se os telescópios para Júpiter, que já se fazia notar bem, em que se deparou com o relativamente raro evento de duplo trânsito da sombra do Europa e do satélite Calisto.

Calisto é um satélite cujos eventos são raros, devido à sua grande distância de Júpiter, tendo em cada doze anos períodos de três anos em que não é observável qualquer eclipse, trânsito ou ocultação, em parte causado pela inclinação de Júpiter em relação à Terra. Calisto é o terceiro maior satélite do sistema solar, e também um dos mais "escuros" dos grandes satélites, tendo um albedo de 0.20 (reflecte 20% da luz do Sol). Este baixo albedo faz com que o seu trânsito pelo globo de Júpiter se assemelhe bastante com o trânsito de uma sombra, que de resto foi mesmo o que aconteceu. Pareciam realmente duas sombras, em que a maior (Calisto) foi durante um período precedido pela a sombra do Europa, mas como o Europa é mais rápido, a sua sombra logo alcançou o bem mais lento Calisto que demora 4 a 5 horas a passar o disco, tendo sido parcialmente ocultada por volta das 20 horas, embora tenha sido mais a sombra a colocar-se atrás do satélite. Realmente invulgar e inesperado.

Depois das 23 horas foi a vez da sombra de Calisto transitar que durou até perto das 4 da manhã, sendo um fenómeno facilmente observável mesmo com os mais pequenos telescópios e por pessoas que praticamente nunca olharam através de um.

Sessão nocturna

Após o jantar na cantina da escola, foi realizada a tradicional sessão de observação nocturna, na qual chegaram a estar bastantes telescópios e binóculos de todos os tamanhos, formas e feitios, todos eles bastante procurados pelo bem composto número visitantes, que até chegaram a formar filas em alguns deles. A neblina que foi subindo ao longo da noite, e alguns candeeiros de iluminação pública não deixaram infelizmente visitar convenientemente muitos dos objectos de céu profundo que são interessantes nesta altura do ano, mas sempre foi possível observar os grandes planetas e a Lua com alguma qualidade, assim como os enxames globulares e abertos nos telescópios de grandes aberturas. As galáxias é que foram as maiores vítimas, mas o par Messier 81/Messier 82 na Ursa Maior como sempre, é bastante resistente.

Também no decorrer da observação nocturna, houveram várias actividades como astrofotografia com webcam e um passeio guiado pelos os Céus, e claro, muitas e animadas conversas.

Marte, 1 Sgr e Vénus

Devido essencialmente às condições de observação, depois das 5 da manhã já só sobrava eu :( e as aves canoras locais...

Tudo isto, porque desejava observar e registar o planeta Marte, que se encontrava bastante perto de uma estrela relativamente brilhante - a 1 Sagitário. O planeta Vénus que apresentava uma fase com quase 3 quartos cheia foi o último objecto observado, estando já praticamente de dia. Também aproveitei para visitar pela a primeira vez este ano a Messier 57 e a dupla Albireo, que são dois dos meus favoritos.

Marte e 1 sgr
Marte e 1 sgr
Nesta altura estavam a apenas 9 minutos de arco separados
A cor ocre de Marte e o laranja pálido da 1 sgr dava um par colorido notar a fase de Marte.
Imagem com o Takahashi F-C60 e Nagler 9mm

Por fim, o dia amanheceu suavemente e com a habitual calma crepuscular que foi bastante relaxante - espantosamente, mesmo nos arredores da cidade de Sta. Comba Dão fez-me lembrar sinceramente um aldeia - com galos a cacarejar e tudo. O crepúsculo é sempre um dos melhores momentos em qualquer observação astronómica.

O Nascer-do-Sol
O Nascer do Sol
Esta zona tem bastantes e bonitos nevoeiros devido ao rio Mondego, e eram tão espessas que até deram para filtrar convenientemente o próprio Sol. Pena foi as duas enormes manchas estarem perto do limbo

Pátio 111 - Conjunção de Júpiter com a Lua e halo lunar

2003.03.14
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
23:30-00:00++ UTC
Nublado. 11.5°C
Canon G1 num tripé

Estas condições de pouco servem para observação astronómica, exceptuando fenómenos relacionados com a luz e cristais de água - coronas, halos entre outros.

Os halos lunares são bastante grandes, tendo 44 graus de (3 palmos com o braço esticado).Esta imagem capturou parcialmente um deles apesar das muitas nuvens.

Halo lunar
Halo lunar

Esta foi um conjunção bastante afastada, sendo a separação pouco mais de 3 graus, mas pode servir para dar uma noção da escala do halo lunar acima feito.

Conjunção de Júpiter com a Lua
Conjunção de Júpiter com a Lua 23:48 UTC
Lua
Lua
Imagem com o Takahashi FC-60 e Radian 14mm

Capuchos VI - Conjunção de Mercúrio com a Lua e luz da Terra

2003.04.03
Capuchos - Leiria
19:00-20:00 UTC
Céu limpo
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm)
Radian 14mm (36x 101'), Nagler 9mm type6 (56x 89'), Televue Powermate 2.5x
Canon G1 num tripé

Foi uma conjunção bastante afastada, mas serviu de algum consolo por no dia anterior ter estado nublado, não permitindo observar e fotografar a Lua com menos de 24 horas. Aqui a Lua já tinha mais de 3% de fase e Mercúrio que brilhava a -1.3 de magnitude, afastado mais de 8 graus.

Mercúrio e Lua às 19:42
Mercúrio e Lua às 19:42
Luz da Terra reflectida na parte não iluminada da Lua
Luz da Terra reflectida na parte não iluminada da Lua

Aeródromo XIV - Ocaso do Sol, Mercúrio e Lua

2003.04.15
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt. 52m)
18:00-20:00 UTC
s Céu pouco nublado
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm)
Radian 14mm (36x 101'), Nagler 9mm type6 (56x 89'), Televue Powermate 2.5x

Sol às 19:04
Sol às 19:04
Imagem do ocaso do Sol com céu muito nublado
É curioso ver o filtro Baader a dar imagens as cores

Mercúrio

planeta Mercurio
Mercúrio às 19:48
A poucas horas do seu maior Elongação Este
Apresentava uma fase de 41,8% e estava a pouco menos de 12 graus de altitude
Daí a imagem não ser lá muito famosa...
Lua a nascer às 19:11
Lua a nascer às 19:11

Pátio 112 - Conjunção de Júpiter com enxame aberto Messier 44

2003.04.18
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
22:00-23:00++ UTC
Nublado. 12.0°C
Canon G1

Pequena sessão fotográfica com a Canon G1 em "piggy-back" na pequena mas esforçada montagem SkyPatrol II da Takahashi. Foi pena estar bastante nublado, mas numa das raras abertas saiu a imagem abaixo.

Júpiter e Messier 44
Júpiter e Messier 44
Esta conjunção é ideal para binóculos
Nesta altura Júpiter está a pouco mais de um grau do centro do enxame aberto Messier 44.A magnitude limite da imagem chega perto de 9.
Imagem única de 8 segundos com focal ~150 mm a f/2.5

Pátio 113 - Enxame aberto Mel 111 e enxame globular Messier 3

2003.04.20
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Takahashi FC-60 60mm f/8.3 (500mm), Takahashi Sky Patrol II
Televue Radian 14mm (36x 101') e Canon G1

A Skypatrol 2 com a G1 em "piggyback"
A Skypatrol 2 com a G1 em "piggyback"
A Sky patrol está montada numa cabeça equatorial do tripé Meade #883 tendo esta sido adaptada (nova rosca) ao tripé berlebach.
Enxame aberto Mel 111
Enxame aberto Mel 11
Outro objecto ideal para binóculos
Este enxame na Cabeleira de Berenices é visível à vista desarmada como uma grande mancha difusa. A magnitude limite da imagem chega perto de 9
Imagem única de 8 segundos com focal ~150 mm a f/2.5
Enxame globular Messier 3
Enxame globular Messier 3
O enxame é o pequena mancha acinzentada e difusa no centro, e parece bastante equivalente ao que se pode observar com um binóculo 10x50
2x8 segundos com focal ~150 mm a f/2.5

ENAA - Uma madrugada bem passada

2003.04.26
Benavila (Avis)
11:00-05:00++ UTC
mag. ~6. Céu limpo

Depois das palestras do 4º Encontro de Astrónomos Amadores organizado pela a APAA em Avis, estava programado uma sessão de observação num campo de tiro desportivo perto de Benavila. Este local revelou-se uma agradável surpresa, sobretudo tendo em conta a mais ou menos inesperada sorte das diversas frentes com nuvens que embora longínquas se terem mantido felizmente bem ao largo.

A transparência esteve acima da média, sendo facilmente observável à vista desarmada a conjunção de Júpiter com o enxame aberto Messier 44, como também a imensa e farta Cabeleira de Berenices. A Via Láctea esteve em grande esplendor, extremamente distinta, rasgando o Céu de ponta a ponta, acompanhando a mim e ao João Montenegro até ao crepúsculo. Foi sinceramente impressionante a quantidade de objectos que era possível detectar com um pequeno binóculo de 10x42, muitos deles, são dificilmente observáveis em céus de menor transparência.

Entre as várias dezenas de objectos observados durante toda a noite, destaco a galáxia Messier 51 (ligeiramente alongada pela a NGC 5195) e o enxame globular Messier 3, a Messier 101 (apenas o núcleo), o par Messier 81 / Messier 82 na Ursa Maior, o par Messier 65 / Messier 66 e o trio Messier 95/ Messier 96/ Messier 105 (nebulosidade geral na área) em Leão, assim com um breve piscar da Messier 104 (Sombrero) na Virgem, os maiores e mais brilhantes globulares de Messier na gigantesca Ofiúco - Messier 10, Messier 12 e Messier 14, os costumeiros Messier 14 e Messier 92 em Hércules, e lá para o fim da noite a sempre espantosa área de Escudo, Sagitário e Escorpião que tem tantos objectos que nem sequer vou enumerar e ah! a primeira olhadela do ano à galáxia de Andrómeda que no final da noite já estava aceitávelmente alta. Também achei impressionante ver os três enxames abertos do Cocheiro no mesmo campo binocular (6.5° no caso dos meus binos) com uma pouco vulgar nitidez. Também foram observados cerca de meia dúzia de meteoros relativamente brilhantes tendo alguns deles deixado rasto.

Tive realmente muita pena de não ter levado material para capturar algumas imagens de longa exposição. Entretanto, já só restavam eu e o João, que de forma alguma, iríamos desperdiçar a ocasião de desfrutar de um céu daquele calibre. Seguindo os objectos sugeridos pelo inseparável Karkoschka, fizemos um pequeno tour pelas as constelações que se iam levantando.

Na Ursa Maior, o par de galáxias Messier 81/Messier 82, e a Messier 51/NGC4195 em Cães de Caça, são dos melhores exemplos do seu género e também a razão porque vale realmente a pena ficar toda a noite a observar num céu com esta transparência.

Afastando-nos do pólo celeste, começamos por Hércules com os seus habituais enxames globulares Messier 92 e Messier 13, passando por Lira na incondicional Messier 57, na qual testamos o filtro broadband da 1000Oaks e o UHC da Astronomik. A caminho do Cisne paramos por breves momento no pindérico do Messier 56, que mal se resolvia (no 15cm). Seguindo o corpo do Cisne, visitámos os enxames abertos Messier 29 (que mal se destacava) e o sinceramente grande enxame Messier 39, tentando ainda eu ver a "blinking nebula" (NGC 6826) sem sucesso, pois a estrela de magnitude 11 não esteve ao alcance do 60mm. Andando mais para esquerda, em Cefeu, observarmos a estrela vermelha (mais cor-de-laranja) mu cephei, e de seguida o enxame aberto Messier 52 em Cassiopeia. Ainda andamos pela pequena constelação do Lagarto (Lacerta), a tentar discernir alguns dos enxames abertos (NGC) no meio daquela bem populada zona, mas sem grande sucesso.

A Lua às 05:16 a apenas meio grau de altitude
A Lua às 05:16 a apenas meio grau de altitude
A atmosfera no seu efeito máximo
A Lua assemelhava-se a um asteróide. A cor parecia a de Marte

De seguida, voltamos-nos mais para Sul e explorámos a área de Escorpião e Ofiúco, onde visitámos o grande número de enxames globulares que lá se encontram. Os globulares Messier 4 e Messier 80 em Escorpião, o enorme enxame aberto Messier 7 e o menor mas no entanto interessante Messier 6 (ambos visível à vista desarmada). Em Ofiúco começamos por baixo nos quase iguais globulares Messier 19 e Messier 62, subindo até ao Messier 9 e para o bem mais ténue e pequeno Messier 107. No meio da constelação observou-se os mais compostos Messier 10 e Messier 12 e por fim o Messier 14. Também se deu uma olhadela ao IC4665 que foi mais interessante no buscador.

Começando em Escudo na descida final até Sagitário, visitámos o bem condensado enxame aberto Messier 11 e o não tão interessante Messier 26, passando pelo desafiante pequeno globular (para o 60mm) NGC 6712. Já descendo para Sagitário, passou-se pelas verdadeiras obras primas da nossa Galáxia Messier 16 e Messier 17, descendo até ao mais modesto Messier 18, passando pela nuvem de estrelas Messier 24, que é o Messier que representa a nossa própria Galáxia - visto serem apenas estrelas de fundo - passando de seguida aos também sempre espectaculares Messier 23, Messier 21, Messier 20 e Messier 8. Estivemos bastante tempo nos telescópios e nos binóculos a contemplar o espectáculo...

A esta hora (volta das 4), já Marte estava a mais de um palmo de altura, e apontámos para lá os telescópios para a primeira vista decente deste planeta - a 90x era perfeitamente visível a sua fase de 86%, sendo também notória uma área escura alongada no centro do globo - depois de ver no Planetary ephemerides, pareceu corresponder ao Mare Sirenum. Marte realmente promete (mesmo no 60mm). Estando nas imediações, aproveitámos para após algum trabalho, dar uma boa olhadela à pequena mas intensa nebulosa de Saturno (NGC 7009).

O "site" ao nascer do dia
O "site" ao nascer do dia
Fim de noite já com a Lua bem alta

Para o fim, a humidade do ar já causava bastante condensação nos telescópios e oculares, tendo de quarto em quarto de hora ir ao carro secá-los com ar quente, apesar disso, a nível de temperatura foi uma noite muito agradável, com pouco frio e nenhum vento. Depois de fazer a imagemdistorcida da Lua abaixo, arrumámos e por volta das 5:30, saímos do local plenamente satisfeitos.


Capuchos VII - Ocaso do Sol e Crescente Lunar

2003.05.02
Capuchos - Leiria
19:00-20:30 UTC
Céu pouco nublado
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm)
Radian 14mm (36x 101'), Nagler 9mm type6 (56x 89'), Televue Powermate 2.5x

Ocaso do Sol às 19:25 UTC
Ocaso do Sol às 19:25 UTC
Atmosfera no seu pior
1 imagem de meio segundo (Tak+ radian 14mm com filtro baader)
Crescente fino da Lua às 20:08 UTC
Crescente fino da Lua às 20:08 UTC
A Lua apresentava uma fase de apenas 1,41%, com 1,33 dias de idade, e pouco mais de 4,5 graus de altitude
1 imagem de 2 segundos (Tak+ radian 14mm)

ENA - Uma noite nas trilhas dos dinossáurios

2003.05.03
Pedreira do Galinha (Fátima)
14:00-06:00++ UTC
mag. ~5.Céu pouco nublado com poucos períodos de vento

De volta de mais um Encontro Nacional de Astronomia (ENA), organizado pelo Núcleo de Astronomia do Concelho de Ourém (NACO), que desta vez foi no Monumento Nacional da Pedreira da Galinha, onde se encontram algumas das maiores (e a maior) trilhas de dinossáurios do Mundo. O facto de não me lembrar de ter ainda observado algum objecto cuja a luz tenha viajado tanto tempo como a idade das trilhas, que se estimam ter sido feitas há 175 milhões de anos, diz-me que realmente foi há muito tempo.

Monumento Natural Pedreira do Galinha
Monumento Natural Pedreira do Galinha
Vista panorâmica e das principais trilhas feitas pelos bichos

Durante o dia, realizaram-se diversas palestras sobre diversos temas, tais como, buracos negros, Pedro Nunes, instrumentos de navegação, e sobre as distâncias có(s)micas com a introdução de uma pitoresca nova medida de distância (dias a pé). Houve inclusive, uma sobre o Monumento o Parque e os dinossáurios. Lá fora esteve um LX200 de serviço ao Sol, que fazia soltar as habituais exclamações do tipo "a lente está suja".

Também durante a tarde estiveram presentes dois "dealers", a Galáctica e a Perseu, com bancadas bem recheadas de "brinquedos".

Depois do jantar presenteado pela a organização, deu-se início à também tradicional sessão de observação, onde chegaram a estar montados uma dúzia de telescópios, havendo até que se tenha dedicado à astrofotografia com webcam.

As condições atmosféricas apesar de não terem sido do tipo "monte alentejano no meio de nada", foram no entanto, adequadas para o tipo de evento, havendo algumas áreas com focos de poluição que restringiram a visibilidade abaixo dos 15 graus do horizonte, mas tal não evitou, que muitos tenham ficado até bem tarde, e mesmo até depois do Sol nascer. Apesar de alguns períodos de vento, a noite passou-se de forma bastante agradável e com muito pouca humidade.

Uma altura interessante na sessão, foi a aparição de um satélite Iridium que surgiu com uma precisão suiça, na hora e local previsto pelo Heavens-Above (http://www.heavens-above.com/).
Ao fim da noite também foi possível observar outro de igual intensidade mas a Sul.

Iridum 17 às 21:59 UTC
Iridum 17 às 21:59 UTC
Um satélite iridium fez mais uma das suas espampanantes aparições logo abaixo da constelação de Hércules, sendo a estrelas mais brilhante da imagem a sua estrela pi.
A magnitude prevista pelo Heavens-Above era de -7, mas pareceu-nos um pouco menos brilhante.

Durante a sessão e até bem de tarde houve bastante azáfama na área de observação, onde várias dezenas de pessoas iam saltitando de telescópio em telescópio, havendo até algumas "horas-de-ponta" em alguns deles.

Da minha parte, em termos de observação astronómica, apenas revi muitos dos meus objectos favoritos da Primavera, como a Messier 27/Messier 57 e as nebulosas de Sagitário entre outros, saltitando de telescópio em telescópio durante grande parte da noite. Dos bastantes objectos observados, fiquei especialmente impressionado com a performance do filtro UHC nas nebulosas/enxames Messier 8 (Lagoa) na qual fez aumentar 500% a nebulosidade observada, na Messier 20 (Trífida), com os rasgos bem demarcados e na Messier 17 (Cisne) que para além do pássaro, notava-se que estava a largar penas por todo o lado :)).

Marte foi a partir das 4 da manhã o principal alvo, dando nalguns raros momentos de estabilidade, uma visão bem clara de alguns pormenores da superfície do seu disco com quase 10" - na área do Mare Erythraeum - e também, de uma bem notória calote polar no seu Sul, sendo até bem visível no 60mm (+200x).

Marte e o dinossáurio às 04:38 UTC
Marte e o dinossáurio às 04:38 UTC
Marte já tendo um magnitude negativa já o torna facilmente
"conjuncionável" até com dinossáurios

Já passado o crepúsculo astronómico, fechou-se a noite no psicadélico Vénus ainda muito baixo no horizonte. Isto é, fechou-se só mesmo o ciclo, pois já mal o Sol tinha despontado, já o LX200 estava para lá apontado, para quem desejasse dar uma espreitadela a seguir ao pequeno almoço ou antes de ir deitar, como foi o meu caso...


Aeródromo XV - Trânsito de Mercúrio

2003.05.07
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt. 52m)
06:00-11:00++ UTC
Céu pouco nublado
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm) + Baader visual
Radian 14mm, Barlow 2.4x, Canon G1 (34mm) - f/48.7 (2922mm) (86x 42')

Um evento deveras raro. Só vão acontecer 14 trânsitos de Mercúrio neste século, e 5 deles não vão ser observáveis em Portugal, sendo este o primeiro do século XXI. O próximo só para 9 de Maio de 2016 (14:57).

Tive pena não ter sido possível observar o seu início, e também de um pouco de turbulência atmosférica, mas tendo olhado para as imagens de satélite, foi uma sorte ter estado razoavelmente limpo, pois se estivesse 15 km mais para o interior estaria completamente tapado.

O equipamento
O equipamento
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm), Takahashi Sky Patrol II
Toda a sessão foi feita com uma magnificação de 86x
Mercúrio às 08:15 UTC
Mercúrio 08:15 UTC
Visualmente a sombra do planeta era um círculo negro perfeito
Também era aparente um efeito 3D
A turbulência foi por vezes muito forte sendo esta foi uma das melhores imagens
Mercúrio às 10:30 UTC
Mercúrio 10:30 UTC
Pequena dentada no limbo solar pouco após o contacto III (10:28:22seg UTC
precisão de 1 segundo)
Animação do Trânsito de Mercúrio
Animação do Trânsito de Mercúrio
Animação com 18 imagens com 15 minutos de intervalo 06:15-10:35 UTC
A animação não está muito perfeita porque as imagens foram feitas sem qualquer adaptador (à mão)

Outros trânsitos aqui no Pátio:


Pátio 114 - Conjunção Lua Júpiter Messier 44, estrelas duplas e Lua

2003.05.08
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
22:00-23:00++ UTC
mag. ~3.Céu pouco nublado. Turbulência
Takahashi FC-60 60mm f/8.3 (500mm), Takahashi Sky Patrol II, Televue Radian 14mm (36x 101') e Canon G1

Mais outra sessão astrofotográfica no Pátio, para testar as possibilidades de uma configuração afocal.Este tipo de configuração permite, usando o zoom da máquina, fotografar num comprimento focal efectivo que varia entre f/20 (1,2 metros) e f/60 (3,6 metros), tendo uma amostragem de 3"/pixel e 1"/pixel respectivamente. O facto da Canon G1 estar limitada a apenas 8 segundos de exposição máxima, cedo faz esgotar os objectos de céu profundo "fotografáveis".

"Queimar" a Lua é inevitável, mas contudo o enxame Messier 44 ainda dá para perceber e também alguns dos satélites de Júpiter.

3 em 1 - Lua, Júpiter e Messier 44 às 21:04 UTC
3 em 1 - Lua, Júpiter e Messier 44 às 21:04 UTC
exp: 8 seg. 150mm f/2.5 em "piggy-back"
Cor Caroli (alfa de Cães de Caça)
Cor Caroli (Alpha Canem Venaticorum)
Esta dupla está no meu "top10"
Tem uma separação de 19.3'' e a magnitude dos componentes são de 2.9 e 5.61
exp: 2x2 seg. f/60
Algieba (Gamma Leonis)
Algieba (Gamma Leonis)
Tem uma separação de 4.6"' e as magnitudes dos componentes são de 2.33 e 3.48
exp: 2x1 seg. f/60
Maurolycus
Maurolycus
exp: 1/10 seg. f/60
Montes Caucasus,Montes Apenninus, Cassini (57km)
Montes Caucasus,Montes Apenninus, Cassini (57km)
exp: 1/8 seg. f/60

Pátio 115 - Astrofotografia com webcam

2003.05.10
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
19:00-22:00++ UTC
mag. ~3.Céu pouco nublado. Alguma turbulência
Takahashi FC-60 60mm f/8.3 (500mm) com Extender-Q e Powermate 2.5x (f/34 2062mm), Takahashi Sky Patrol II

Desta vez andei às voltas com uma webcam. Ainda bem de dia comecei pelo o alvo mais fácil - a Lua. Depois de ter montado o aparato no pátio, experimentei diversas combinações, até que achei o melhor compromisso para o pequeno Takahashi - Extender-Q + a Powermate 2.5x, resultando num comprimento focal com mais de 2 metros com relação focal de f/34. Este comprimento focal, usado com a Toucam pro, proporciona uma amostragem de 0.56 segundos de arco por pixel, cerca de 3.5x menos que o limite de Dawes para 60mm que é 1.91 segundos de arco. Todas as imagens são "crops" do resultado automático do Registax 1.1, posteriormente nivelados e aplicados ligeiros "unsharps" no Photoshop.

Equipamento
Equipamento
Esta configuração faz mesmo lembrar um papa-formiga salienígena como já alguém engraçadamente o descreveu, mas o que interessa, é que o setup esteve à altura dos seus mais de 2 metros de comprimento focal, inclusive o pequeno mas preciso motor da Sky Patrol
que se portou às mil maravilhas.
Clavius, Tycho
Clavius, Tycho
Tendo em conta que nesta altura mal se via Júpiter, o contraste até nem ficou mau
Bons detalhes para apenas 60mm
Plato e Vallis Alpes às 19:38 UTC
Plato e Vallis Alpes
Não propriamente muito focada, mas ainda escapa
Copernicus, Eratosthenes,Stadius
Copernicus, Eratosthenes, Stadius
Ficou bem visível a cadeia de crateras que está norte da Stadium
Mare Nubium, Rupes Recta
Mare Nubium, Rupes Recta
a escarpa mais famosa
Júpiter às 20:01 UTC
Júpiter às 20:01 UTC
No planeta nota-se ainda algum detalhe e uma pequena concentração no NEB
Ganimede está direita à e Io à esquerda Não está muito notória mas a GMV ainda se nota
Júpiter às 21:52 UTC
Júpiter às 21:52 UTC
Quase duas horas depois com a sombra de Ganymede a transitar
Algieba (Gamma Leonis)
Algieba (Gamma Leonis)
Tem uma separação de 4.6"'e a magnitude
dos componentes são de 2.33 e 3.48

Pátio 116 - Eclipse Lunar Total

2003.05.16
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)e S.Pedro de Moel
00:00-05:00++ UTC
Céu muito nublado
Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm),Radian 14mm (36x 101'), barlow 2.4x (86x) e Canon G1

Este foi o primeiro dos dois eclipses totais da Lua, que poderão ser observados este ano em Portugal. Infelizmente as condições meteorológicas (nuvens) não permitiram observar o evento aqui do Pátio, tendo que me deslocar "in extremis" até à praia de S. Pedro de Moel, para conseguir observar/registar alguma parte do evento para mais tarde recordar.

Lua às 00:19 UTC
Lua 00:19 UTC
Imagem da Lua 40 minutos antes de entrar na penumbra mas no entanto já bem filtrda pelas nuvens. As minhas previsões locais/ satélite não davam grande esperança mas ainda fiquei pelo pátio até perto das 4 e meia...
Lua às 04:22 UTC
Lua 04:22 UTC
Imagem da Lua 14 minutos após o fim da totalidade. A imagem de consolo...
Lua às 04:51 UTC
Lua 04:51 UTC
Imagem da Lua 43 minutos após o fim da totalidade

Outros eclipses lunares aqui no Pátio


Pátio 117 - Mais algumas estrelas com a webcam

2003.05.20
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
10:00-00:00++ UTC
Céu limpo. Turbulência
Takahashi FC-60 60mm f/8.3 (500mm) Powermate 2.5x (f/20 1250mm), Takahashi Sky Patrol II

Mais uma sessão de aprendizagem e experimentação do setup de astrofotografia com webcam e "piggyback".
Serviu para ir ganhando experiência no alinhamento, apontamento, focagem, captura e processamento de imagens digitais.

Alcor e Mizar
Alcor e Mizar (80/Zeta Ursae Majoris)
Alcor está separada da Mizar em 12 minutos de arco, sendo um bom teste para a visão directa
A Mizar tem uma separação de 14.5"' e as magnitudes dos componentes são de 2.27 e 3.95
A Mizar também é ela própria uma dupla tendo sido a primeira a ser descoberta por espectroscopia
Cor Caroli
Cor Caroli (Alpha Canem Venaticorum)
Arcturus
Arcturus (Alpha Bootis)

Observatório do Pinhal do Rei XXVI - Mais uns milhares de estrelas

2003.05.21
Recinto Obs. Astronómico Pinhal do Rei (39.75N 9.00W alt. 93m)
09:00-00:00++ UTC
Magnitude ~5. Céu limpo mas com neblinas. Turbulência
Takahashi FC-60 60mm f/8.3 (500mm), Takahashi Sky Patrol II. Nikon FM2 50mm f/4 e Canon G1

Esta foi a minha primeira incursão na astrofotografia de longa exposição. Como iniciante comecei pela a tradicional lente de 50mm, e tirar algumas imagens de grande campo. Usei a câmara Nikon FM2 em "piggyback" na montagem Sky Patrol com uma lente de 50mm Nikon f/1.8D fechada a f/4, para ter estrelas pontuais até ao extremo do fotograma, o que se revelou ser verdade - Para a próxima, irei experimentar a f/2.8 para ver como sai. Também verifiquei com alívio, que a marca de infinito na objectiva é realmente infinito.

Foi a primeira vez que tentei fotografar com exposições maiores que 8 segundos, exceptuando as imagens em tripé fixo até 30 segundos, e verifiquei que a pequena montagem Takahashi não teve grandes problemas em carregar tudo (telescópio e câmara) convenientemente, não sendo necessário aplicar qualquer correcção.
De notar, que a montagem foi apenas alinhada com bússola magnética e altitude foi aproximada "a olho", mas no entanto, foi suficiente para um comprimento focal de 50mm - estrelas redondinhas como se pode confirmar nas imagens. Obviamente para distâncias focais maiores vou ter que garantir mais precisão no alinhamento.

Praticamente todas as imagens (16), têm exposições 8 minutos sobre filme Fuji Superia 400, que não me pareceu grande coisa sendo um bocado "deslavado", cobrindo uma área rectangular com perto de 45° de diagonal, chegando a registar estrelas com magnitude 10. Isto apesar das neblinas (altas e baixas) e da cada vez maior poluição luminosa nesta área que de resto está bem patente em praticamente todas as imagens, embora algo exacerbada pelas as neblinas. Com as condições deste local talvez pudesse fazer exposições um pouco maiores (10/12 minutos) antes da imagem ficar afogada no "sky fog".

As imagens foram então reveladas (é realmente escusado imprimir) e os negativos foram passados a digital (1200 DPI) com o remediado scanner HP5370C com adaptador de transparências, sendo as imagens cortadas por 1000x1600 dos negativos sem redimensionamento. Níveis e "Unsharps" ao gosto do momento, sendo o processamento bastante básico nesta altura. As imagens não são nenhumas "Akira Fuji" mas são um bom começo... penso eu...

Exposições de 8 minutos com as constelações ainda a nascer.

Hercules e Lira
Hércules
É possível ver o clarão de uns faróis de automóvel que entrou no recinto...
Hercules e Lira
Lira
A Via Láctea já dá o ar da sua graça, mas ainda está mergulhada na poluição luminosa da Marinha Grande
Leão, Virgem e Coroa Boreal
Leão
Leão, Virgem e Coroa Boreal
Corôa Boreal
Leão, Virgem e Coroa Boreal
Virgem
O Enxame da Cabeleira

O Enxame da Cabeleira
O Enxame da Cabeleira
Acima está uma imagem digital a 200 ISO e 8 segundos feita com a Canon G1, e abaixo uma imagem de 4 minutos com Nikon
Equipamento
Equipamento
Equipamento
A Nikon foi montada no eixo da montagem, servindo também ela de contra-peso (toque bem funcional na minha opinião)
A câmara era orientada usando um pequena bola Gitzo

Pátio 118 - ... e ainda outros milhares de estrelas

2003.06.06
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
10:00-00:00++ UTC
Magnitude ~4. Céu limpo mas com neblinas
Takahashi FC-60 60mm f/8.3 (500mm), Takahashi Sky Patrol II. Nikon FM2 50mm f/4 e 200mm f/5

Continuando na descoberta do astrofotografia, decidi aumentar a distância focal para 200mm e o tempo de exposição para 10 minutos. Isto , porque o meu "dealer" local me arranjou um telefoto de 200mm Zuiko para a minha Olympus OM-1 (também esta, uma estreia). Só tenho pena é que tenha lá residir uma considerável colónia de fungos.

À semelhança da primeira sessão usei a câmara em "piggyback" na montagem Sky Patrol, mas a objectiva de 200m já faz desequilibrar um bocado a montagem e fui obrigado a encontrar equilibro com uns contrapesos de ocasião - isto claro depois de ter estragado 1 ou dois fotogramas...

A película utilizada foi a Kodak Supra 400 professional, que me parece mais fiel às cores das estrelas que o Fuji superia 400 que tinha utilizado.

Estas sessões no aqui pátio são um bom treino para quando me apanhar em céus bem mais escuros e menos poluídos, mas de qualquer moo espanta-me conseguir capturar tanta estrela.

Lira
Lira (Lyra)
Exposição de 10 minutos na 200mm a f/5 com ligeiras correções devido a algum desequilíbrio no "setup"
Estrelas com magnitude inferior a 11 e também um objecto azulado muito conhecido - um rebuçado a quem o encontrar...
Messier 13
Messier 13
É escusado clicar na imagem para maior, este é o tamanho do "Grande Enxame de Hércules" só que fotografado com apenas 200mm
Os 40mm de abertura efectivos ainda fazem saltar umas estrelitas exteriores no enxame
Exposição de 5 minutos com 200mm f/5.

Aeródromo XVI - Sol - Variações

2003.06.10
Aeródromo da Gândara do Olivais (39.77N 8.82W alt. 52m)
19:30-20:30++ UTC Canon G1 em tripé com filtro 1000Oaks

Feriado nacional muito vagaroso... fiz estas imagens do nosso Sol ao fim do dia.

Sol Negro
Sol Negro
1/2 seg.
Sol Espelhado
Sol Espelhado
2 seg.
Sol Glorioso
Sol Glorioso
8 seg.

Pátio 119 - provavelmente uns milhões de estrelas e mais trocados

2003.06.18
Diversos locais
Magnitude ~6. Céu limpo mas com neblinas
Takahashi FC-60 60mm f/8.3, Takahashi Sky Patrol II. Nikon FM2 50mm f/4

Desta vez experimentei o filme Kodak Supra 800 professional, que já estava há algum tempo perdido na mala de fotografia. Como estava à espera, o grão é bastante maior, sendo tal facto bastante notório nas imagens, ficando notoriamente granuladas. No entanto, gostei das cores registadas.

Via Láctea na zona de Sagitário e Escudo
Via Láctea na zona de Sagitário e Escudo
Exposição de 6 minutos com objectiva de 50mm a f/4
A qualidade do céu ajuda muito neste género de imagens e em Santa Maria da Serra (Aveiro) às 4 da manhã estava assim
Via Láctea na zona de Cisne (Deneb)
Via Láctea na zona de Cisne (Deneb)
Exposição de 4 minutos com objectiva de 50mm a f/4

Depois do momento lúdico (quiçá até rara beleza), podem ver abaixo as primeiras imagens com a câmara no foco primário do Takahashi a trabalhar a f/6.33 (usando um redutor focal).

Com um comprimento focal de 380mm, a tolerância de erro (humano e de material) começa a diminuir drasticamente, resultando tipicamente em fotos estragadas, devido entre outros ao mau balanço da montagem ou pequenos toques. Curiosamente, todas as imagens sairam focadas! o que para mim foi um alívio, pois devido ao astigmatismo (dos olhos claro :)) as estrelas vistas através da câmara veem-se como longos traços, o que provavelmente até ajuda a focar a "olhómetro". Outra boa notícia, foi que as estrelas são pontuais em todo o fotograma (a Takahashi não brinca em serviço), embora não esteja uniformemente iluminado (centro mais exposto).

As imagens abaixo foram feitas no Pátio com céu medíocre e magnitude não superior a 4. Os negativos foram escanados a 1200 dpi e recortados e temperados ao gosto do chefe.

Arcturo
Arcturo
Exposição de 4 minutos no foco primário do Takahashi FC-60 380mm a f/6.3
A primeira imagem feita com o Takahashi sem qualquer correcção manual
É uma boa estrela para focar
Messier 57
Messier 57
Exposição de 4 minutos no foco primário
do Takahashi FC-60 380mm a f/6.3
Primeiro objecto de Messier a ser exposto com esta configuração, igualmente sem qualquer correcção manual.
Deve ser a imagem da Messier 57 (com o buraco no meio e tudo) mais pequena da Internet...

Pátio 120 - Pilar Solar

2003.06.18
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
20:31 UTC Nikon 950

Pilar Solar
Pilar Solar
Pilar solar (coluna de luz muito ténue), causado pela reflexão de partículas de gelo nos cirrus

S.Pedro de Moel VI - Sol - Variações II

2003.06.19
S.Pedro de Moel 19:30-21:00++ UTC
Takahashi FC-60 60mm f/8.3 (500mm), Takahashi Sky Patrol II, Televue Radian 14mm (36x 101') e Canon G1

Outro feriado nacional, e fui apanhar um bocado de ar marinho a S. Pedro de Moel

Sol - Variações II
Sol - Variações II
Sol - Variações II

Pulo do Lobo I

2003.06.28
Pulo do Lobo - Serpa
Magnitude ~6. Céu limpo mas com neblinas
Takahashi FC-60 60mm f/8.3, Takahashi Sky Patrol II. Nikon FM2 50mm f/4

Todas as fotos exposta em filme Kodak Supra 200 professional. O grão deste filme é quase imperceptível, mas a sensibilidade ao vermelho não me pareceu grande, ou precisa de mais exposição.

Ler aqui o relato deste fim-de-semana

Existem momentos que serão sempre lembrados. Esta ida a céus alentejanos, ficará sempre um desses momentos especiais que nos faz entender o Porquê de gostarmos tanto de observar o Céu. Pessoalmente, estas noites em Pulo do Lobo foram umas das melhores que tive, na minha ainda na minha curta experiência de observador. Embora sendo essenciais, não basta apenas o Céu e os instrumentos para garantir a completa satisfação, o sentimento de partilha, tanto material, como da emoção de ver pela a primeira vez alguma galáxia ou nebulosa, de uma forma nunca antes por nós observada, torna esses momentos verdadeiramente completos. Não interessa apenas ONDE ou COMO como os passamos mas sim também com QUEM.

1º dia

Eu cheguei ao local de observação perto das 21 horas de sexta-feira, pouco após do Sol se ter posto, já deparando com os telescópios do Zé Ribeiro (LXD), Alberto e Alfonso (Obsession 15") e do Anselmo (Merak 12") praticamente prontos para acção.

O Zé esteve entretido a fazer o seu tradicional "flat" antes de jantar, estando o Alberto e o Alfonso já a colimar os seus Obsession. Estes Obsession são verdadeiras obras de arte, com um requinte e qualidade de construção para lá de qualquer telescópio que tenha antes visto. Da minha parte, montei o Takito para fazer umas exposições de grande campo com a objectiva de 50mm e uns "star-trails" na polar e Cassiopeia com a OM1, e também o meu Dobson de 20cm para ir adiantando na minha lista de objectos a observar.

As nuvens acompanharam-me na viagem desde Leiria até Serpa, fazendo-me por vezes duvidar se teríamos sorte de uma noite limpa, mas o vento que por vezes até soprava com força, tratou de as fazer desaparecer na quase sua totalidade , havendo apenas nuvens no baixo horizonte. O céu por volta da meia-noite, ficou praticamente limpo e com uma boa transparência e pouca turbulência. A magnitude visual limite estava perto de 6.

Nesta altura do ano as noites são muito curtas começando por voltas das 23 horas e terminando logo após as 4 da manhã, mas tal não evitou a observação de uma grande quantidade de objectos, mesmo antes do crepúsculo astronómico (e do jantar). O jantar foi bem um petiscar à portuguesa com várias qualidades de queijo, presunto, paios sendo tudo regado com oculares fresquinhas, e com o engraçado relato das aventuras e desventuras passadas com a GNR local.

Escusado será dizer que as 15" dos Obsession praticamente eclipsaram os telescópios mais pequenos. A combinação da abertura com um céu de magnitude perto de 6 é realmente fatal. Fiquei completamente embasbacado com a(s) Veil quando vistas com o filtro OIII, a quantidade de detalhe era no mínimo enorme, comparável com as melhores astrofotografias, mas com um brilho e tridimensionalidade talvez impossível de captar em astrofotografia - e mais impressionante é que era ao vivo e em directo. Outro objecto deveras impressionante foi a Messier 51 e galáxia acompanhante que para além de imediatamente visíveis os braços era também visível e notória a ponte entre elas. Em Sagitário estiveram também indescritíveis as Messier 8, Messier 20, Messier 21, Messier 17 entre outras nebulosidades. Mais para o fim da noite também a enorme planetária Hélix esteve memorável com o seu centro destacadamente mais escuro que a parte exterior. A planetária Fantasma de Saturno fazia bem jus ao seu nome notando-se bem as "orelhas".

Por volta das 3 da manhã, Marte já se encontrava a uma boa altitude, e nos momentos de menor turbulência era possível observar bom detalhe nas manchas de albedo, e usando um filtro azul escuro, era possível salientar bem as nuvens brancas nas regiões mais equatoriais - passei uma boa meia-hora a experimentar filtros neste planeta. Também tentei ver a estrela central da Messier 57 a cerca de 600x, mas não posso dar realmente como observada, embora tenha notada uns piscos muito breves.

Depois das 4:30 da manhã, já se notava o clarear da noite, começando-se a arrumar lentamente o equipamento. Ficamos todos até perto das 6 da manhã a apreciar aquela calma crepuscular, tendo como pano de fundo um fino crescente da Lua com Vénus a surgir logo após tendo aguardado pelo o ilusivo Mercúrio que não consegui escapar a tempo da crescente luminosidade. Fomos então todos tentar dormir um bocadinho.

Lua e Vénus
Lua e Vénus

2ª dia

Depois de todos termos dormido algumas horitas (os mais felizardos), fomos almoçar um frango caseiro guisado com batatas numa imapeável tasca perto de Alqueva, onde se vieram juntar o Alcino e o Paulo. Depois do almoço fomos para perto de uma das zonas inundadas pelas as águas da barragem do Alqueva, que cortou a meio uma das estradas.
Nas margens, o Alfonso montou o Takahashi 102 com filtro Ha na eq6 do Paulo, e eu montei o takito para a luz branca, ficando o resto da tarde a observar e a apanhar Sol, seguida por um paradisíaco banho de água doce que até o takito não escapou. Regressando, fomos todos novamente para o local de observação.

Apesar de ter estado praticamente limpo o dia todo, para o fim da tarde formaram-se algumas nuvens e alguma neblina alta, havendo também fumo de fogo, que felizmente se manteve ao largo. O frio chegou mais cedo, assim como a humidade foi maior que a da noite anterior, mas nada que obrigasse a utilização de aquecedores. A transparência também foi menor por culpa das neblinas altas, mas o céu ainda tinha uma magnitude perto de 6,

Depois de todos montarmos os telescópios, seguiu-se o tradicional petisco, desta vez com frango assado quentinho e tudo, claro que tudo regado com "oculares" fresquinhas.

Até às 2 das manhã, estive entretido a fotografar áreas de Cisne e Sagitário com a objectiva de 200mm da Olympus. Das 2 horas em diante, com takito, a ver as nebulosidade em Cisne, tais como as Veil e a "North America", esta última ficando muito bem enquadrada nos quase 3 graus e meio da pan24 com filtro UHC, tendo depois dado atenção ao meu desprezado dob, e observar objectos em Cassiopeia, Andrómeda, Cefeu e Pégaso, terminando a noite em Marte.

Arrumámos mais cedo, pois o cansaço acumulado já era grande e a noite também não estava excepcional. No seu conjunto, foram observações cheias tanto em quantidade como em qualidade, que faria o satisfazer por algum tempo o mais apaixonado observador visual. Valeram bem os dias mal dormidos e os quilómetros feitos.

E para terminar em grande, no dia seguinte fomos almoçar a Alcácer do Sal um fabuloso bife de javali.

Via Láctea em Escorpião
Via Láctea em Escorpião
Exposição de 12 minutos com objectiva de 50mm a f/4
A Antares e o enxame aberto Messier 7 dominam a paisagem
Via Láctea em Escorpião
Via Láctea em Escorpião
Exposição de 12 minutos com objectiva de 50mm a f/4
Via Láctea em Cisne
Via Láctea em Cisne
Exposição de 15 minutos com objectiva de 50mm a f/4
Messier 7 e Messier 6 em Escorpião
Messier 7 e Messier 6 em Escorpião
Exposição de 4 minutos com objectiva de 200mm a f/5
Realmente tem pouca exposição
Polar
Polar
Exposição de 93 minutos com objectiva de 50mm a f/5.6
Apesar de mais de uma hora meia de exposição não se pode dizer que tenha ficado muito queimada
Polar e Cassiopeia
Polar e Cassiopeia
Exposição de 60 minutos com objectiva de 50mm a f/4
A constelação de Cassiopeia a subir à direita