2009
Pátio 273 - Crónicas Astrofotográficas
2009.01.10
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Pode parecer coincidência, mas ter o céu limpo fim-de-semana, são quase invariavelmente de Lua Cheia... mas para o efeito, pouco interessava. Continuando com a aprendizagem com o novo equipamento, juntei uma câmara Atik 16IC e a roda filtros USB do mesmo fabricante. Esta câmara vai ser quase exclusivamente utilizada no telescópio guia para auto-guiamento. A roda de filtros será para esta câmara quando utilizada para imagem e para a ainda desconhecida futura câmara.
Desta vez usei o Maxim DL (em versão demonstração obviamente), com o qual fiz as sequências das imagens LRGB, e mais os flats para cada um dos filtros e para a luminância, assim como os respectivos conjuntos de darks e, por fim os bias. Fazer esta tarefa sem programar o sequenciador é aquilo que se pode chamar uma valente seca. Não usei auto-guiamento, apenas o Takahashi Sky-90 com conjunto câmara e roda de filtros USB da Atik. Configuração do mais simples possível, mas que já faz aumentar a quantidade de cabos a emanar do telescópio e da montagem, e ainda faltaram as fitas aquecedoras Kendrick. Pelo que prevejo o "cable management" é um assunto que vai dar que pensar.
Pretendia fazer tudo automaticamente, não fosse o pormenor de ter parar a sequência para focar cada um dos filtros. Os filtros são provavelmente parafocais, mas o Takahashi Sky-90 não é..., e claro, na cor azul como manda a regra nos dupletos de focal curta. Também não ajudou muito alguma descolimação, e o frio já estava a medir na escala negativa, causando algum stress nas ópticas.
Fiquei a considerar seriamente as virtudes de ter um gadget como o RoboFocus que provavelmente possuirá mais uma lombriga sedenta de amperes a juntar ao resto da parafernália (e já agora um também para o telescópio guia). É com alguma pena que chego à conclusão que demoro mais tempo a enrolar cabos, do que a desmontar todo o aparato da minha pequena Takahashi P2-Z. Embora nunca vá deixar de refilar com os cabos e baterias e todo o resto da tralha, vou-me convencendo que tudo isto terá provavelmente alguns frutos no futuro para objectivos difíceis de atingir com a minha montagem a pilhas.
O alvo foi o enxame aberto Messier 35 em Gémeos, perto do qual se encontrava também a Lua Cheia, por sinal a maior do ano 2009. Fiz 10 exposições de 30 segundos para cada letra do LRGB, 20 flats para cada cor, 8 bias, e 8 darks para cada tempo de exposição (só 8 porque o MaximDL ou a câmara começou a asneirar). Todas bin 1x1.
Messier 35 LRGB 5+5+5+5 minutos
|
O resultado foi a imagem acima. É certo que mais tempo de exposição até não seria nada despropositado, mas o exercício serviu para aprender (e relembrar) algumas coisas, tais como não ter grande pachorra para fazer imagens LRGB, e ainda menos de cocktails de filtros de banda estreita. Bem..., pelo menos aqui do Pátio.
Mas a lição mais importante é o flat. Li (várias vezes) no Handbook of CCD Astronomy, um excelente livro de Steve B. Howell (Cambridge University Press), que o flat dá arrepios na espinha mesmo nos mais experientes. Estes flats julgo que dariam para a partir. Tenho de fazer urgentemente uma caixa de luz para os fazer, já me basta o gradiente da poluição luminosa.
Reparar nas estrelas mais brilhantes com 6 raios, pequenos mas bem representativos do stress óptico nos 3 pontos de colimação. A imagem apenas calibrada e nivelada, sem "porrada".
O que correu bem:
-
software e plugins e o netbook, 5.5 horas a trabalhar a temperaturas de 1 dígito sem problemas de maior, o que é sempre de espantar na plataforma Windows. Dos programas que testei, o Maxim DL continua a ser o mais eficaz e completo, com a versão beta do Artemis fornecido com a Atik com alguns pormenores interessantes, como o controlo da roda de filtros e um sequenciador de exposições. A redução/calibração das imagens no Maxim DL é o cúmulo da simplicidade, especialmente com aquele "wizard" que poupa muito trabalho entediante. Desde que se façam as imagens de calibração requeridas o programa faz todo o resto - vai no entanto custar a engolir o preço dele, mas acho que merece.
-
Gotos da EM-200 e seguimento impecável (embora a imagem pareça vagamente arrastado talvez por alinhamento deficiente). A precisão do GOTO da Temma é bastante satisfatória com um alinhamento polar de um 1 minuto usando apenas o seu buscador. Nas primeiras movimentações o alvo ficava exactamente na "mouche", mas ao fim de meia dúzia o provável erro de alinhamento polar ia acumulando e colocando consequentemente os alvos cada vez mais fora do centro, mas pode-se aliviar o erro sincronizando em algumas estrelas brilhantes. O Goto torna tudo fácil demais.
O que correu mal:
-
flats um pouco desenrascados demais. Apontei o telescópio para uma chaminé branca, que diga-se, tão bem iluminada pela poluição luminosa e pela Lua que bastaram exposições de 8 segundos para os tirar. Provavelmente tenho que arranjar um t-shirt com melhor linhagem, ou menos surrenta para por à frente da objectiva, porque apesar de tirar muito pó da imagem adicionou outras que não existiam.
-
Atik16IC com condensação. Apenas afectou num canto do chip (não na janela óptica) mas pareciam duas colónias de fungos em alarmante expansão. Não há flat que tire esta coisa que por natureza varia de exposição para exposição. Para os curiosos, mexam nos níveis da imagem e reparem no canto superior esquerdo.
-
AVI de Saturno que me recuso terminantemente a publicar nesta página, apesar dos meus critérios algo pedestres. Mas que bonita está aquela lâmina a atravessar o disco.
Nas imagens abaixo é preciso ressalvar que o a bias e o dark estão esticadas para salientar o ruído, que na realidade é extremamente baixo.
Glossário para quem veio parar a esta página sem querer:
-
Bias - leitura do CCD sem qualquer exposição. Valores de cada um dos pixels, que não espantosamente nunca são iguais.
-
Bin - Termo curioso para dizer como são agrupados os pixels na leitura do CCD. 1x1 quer dizer que é leitura directa da matriz, 2x2 quer dizer que agrupa (soma) 4 pixels adjacentes e lê como se fosse 1 pixel, com efeito prático de o sinal ser 4 vezes maior e o tamanho da imagem 4 vezes menor, e demorando até 4 vezes menos tempo a descarregar. Este bin 2x2 ou até 3x3 é usado para focar e para exposições de filtros de cor para que é preguiçoso.
-
Dark - exposição em escuro. Para cada tempo de exposição é feito um conjunto destas imagens, que irá originar o "masterdark", sendo este subtraído (literalmente) de cada uma das imagens. Os flats precisam também do seu conjunto, pois tipicamente tem um tempo de exposição diferente. Normalmente convém ser um conjunto de 10 ou mais para cada "master".
-
Flat - Num mundo perfeito, os ccds tinham a mesma sensibilidade nos seus pixels, o pó e por vezes coisas bem piores não caíam nos espelhos, lentes e filtros, e as ópticas iluminavam correctamente todo o campo do sensor, mas como na realidade não é perfeito, é necessário tirar "flats". Os "flats" que são uma espécie tira-nódoas das imagens astronómicas, onde está escarrapachado quase tudo o que de mau pode acontecer aos fotões assim que entram no tubo. É preciso um conjunto de "flats" para cada filtro, pois cada um tem a porcaria disposta de maneira diferente, assim como a resposta do CCD em cada comprimento de onda (cor), com os quais se fazem os "masterflats" que são divididos (novamente literalmente) a cada uma das imagens.
-
Luminância - Exposição não filtrada ou apenas filtrada no espectro não visível (por ex, no infra-vermelho).
-
LRGB - Imagem a 3 cores (tricromia). vermelho, verde e azul respectivamente, e mais uma imagem sem filtro (ou com filtro IR que serve essencialmente para dar mais "sinal" à imagem.
-
Messier 35 - Messier 35, da famosa lista de falsos cometas do caçador de cometas Messier. Enxame aberto de estrelas nos pés da constelação Gémeos.
-
Porrada - Métodos de processamento gráfico para tornar uma imagem relativamente fiel à verdade, numa mais ao gosto do artista ou do gosto em vigência, em que inclui redução de ruído, redução de gradientes, redução de estrelas, endireitar estrelas, fazer desaparecer estrelas e voltar a fazê-las aparecer. Normalmente de pois de uma sessão de porrada, as imagens ficam mais agradáveis, mas notam-se as nódoas negras.
-
Takahashi Sky-90 - Telescópio apenas comparável a um Stradivarius, mal saem da fábrica são logo vintage, rigorosamente feitos à mão, com os mais precisos metais e ópticas de fluorite extraída numa câmara de vulcão numa ilha do Pacifico cuja localização é guardada em sigilo, a erupção só acontece de 500 em 500 anos, que apesar de tudo é menos tempo que a lista de espera de um refrator Astrophysics. Ok, carreguem aqui para saber toda a verdade.
Não resisti publicar esta imagem de Saturno (apenas 3 fotogramas decentes de um total de 1500!), pela simples razão que tem os anéis praticamente sem inclinação.
Saturno em 2009-01-11 02:25 UTC
|
Pátio 274 - Primeira luz do Takahashi CN-212
2009.02.18
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Chegou finalmente o eleito após vários anos a remoer telescópios.
O Takahashi CN-212 é um telescópio reflector que pode trabalhar em duas configurações nativas: reflector Newtoniano e um reflector Cassegrain clássico. Esta particularidade, que de algum modo influenciou a escolha, permite ter num só telescópio um grande comprimento focal na configuração Cassegrain (2630mm f/12.4) e, com uma simples troca de espelho secundário, ter um grande e brilhante campo na configuração newtoniana (855mm f/3.9).
O Cassegrain clássico pertence à família dos Dall-Kirkham e Ritchie-Chretien, usando, à semelhança deste último, um espelho secundário hiperbólico no modo Cassegrain. Pode-se considerar 212 mm de abertura, como simpática e portável (~8kg), mas talvez um pouco pequena para ser definitiva.
Para não variar, o céu esteve muito nublado, surgindo algumas pequenas abertas ocasionais, mas insisti em dar-lhe a primeira luz para verificar se a longa viagem desde o Japão via França pôs alguma coisa fora do sítio.
O primeiro alvo não poderia ter sido melhor, sendo ela a rainha das nebulosas do hemisfério Norte, a Messier 42 em Orion, na qual a poluição luminosa apenas permitia notar alguma nebulosidade central e alguma presença da Messier 43, com o trapézio bem forte e separado, mas sem conseguir aperceber-me da quinta estrela, devido à mais que provável turbulência das nuvens. A Panoptic de 24mm, é uma ocular bastante adequada para o tamanho, proporcionando 110x de magnificação (ideal para resolução máxima) em pouco mais de meio grau de campo.
:))))))
|
O segundo alvo foi a estrela Pollux, embora estivesse à procura da Castor, que é uma brilhante dupla de estrelas brancas quase gémeas. Desta vez usei a Nagler 9mm (292x), com que observei sem dificuldade o disco de airy perfeito e os anéis concêntricos de difração, mas a turbulência era demasiada para fazer um "star-test". O telescópio aparentou estar colimado. O céu de fundo era extraordinariamente escuro, prometendo um contraste fora de série.
O buscador 7x50, (6.3 graus) é simplesmente fantástico, permitindo apontar mais de 2 metros e meio de comprimento focal sem grandes dificuldades, apesar de quando apontei para o zénite (que foi o caso da Castor e da Pollux) o acesso ao buscador ter-me obrigado a sentar no chão, mas não será nada que um Quickfinder não possa resolver.
Campanha de Observação da estrela WR140 no periastro
2009.02.23-2009.03.10
Tenerife
Esta campanha teve como objectivo monitorizar as colisões dos ventos solares de um sistema binário de estrelas massivas e muito quentes. A campanha estendeu-se ao longo de quase quatro meses, com oito equipas formadas por astrónomos amadores e profissionais de Portugal, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Espanha, Reino Unido, Bélgica e Holanda. Eu, o Alberto Fernando, o Filipe Alves e o José Ribeiro formamos a penúltima equipa.
O objectivo principal era a captura de espectros da estrela WR140, no período anterior, durante, e posterior ao periastro, efeméride definida como o ponto mais próximo entre duas estrelas num sistema binário. Para aproveitar o tempo de observação disponível, foi definida uma lista adicional de estrelas quentes e massivas e dos tipos Oe e Be.
O Observatorio del Teide em Tenerife conjuntamente com o Observatorio del Roque de los Muchachos em La Palma formam o European Northern Observatory (ENO).
O MONS é um telescópio pertencente à universidade belga do mesmo nome, sendo este gerido pelo Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC), podendo ser utilizado por estudantes de astrofísica ou para campanhas como esta. No mundo da astrofísica profissional é muito raro poder "ter tempo de telescópio" de quase quatro meses de observação contínua num observatório desta dimensão.
Observatório visto do Pico do Teide
|
Mons
|
Casa Solar
|
Mons
|
O telescópio MONS é um Cassegrain Clássico de 50cm f/15 montado numa equatorial alemã.
Pode-se descrever o telescópio como mecanicamente básico, sem capacidade de apontamento robotizado, mas equipado com uns enormes círculos graduados para um apontamento manual e preciso do alvo, e podendo refinar com um buscador. Também não tem capacidade para auto-guiamento, tendo também este de ser feita manualmente através de uma consola que permite accionar os motores de AR e declinação. Felizmente, o seguimento era bastante preciso na maior parte das posições do telescópio, sendo necessárias poucas ou nenhumas correcções na maioria do tempo de exposição do objecto. Foi um interessante retorno ao básico, mas que no final acabou por produzir (por vezes suados) resultados.
A operação com o telescópio era em tudo semelhante aos mais pequenos usados por amadores, mas com o inconveniente de se ter que usar quase sempre um escadote para manobrar o telescópio num por vezes perigoso carrossel à volta da montagem, com o risco de tocar no espectroscópio. Em algumas situações foi mesmo necessário um pouco de acrobacia, com o buscador a ficar bem mais alto do que o escadote permitia chegar, como acontecia nos alvos de baixa altitude. Mas com um pouco de prática, bastavam 2 pessoas para uma operação confortável e sem grande dificuldades.
Numa boa sessão, chegavam a ser observadas até seis estrelas.
O planeamento da lista de alvos a observar era efectuado antes do Sol se pôr, por ordem de ascensão recta, de modo a optimizar os movimentos do tubo, agrupando-os também por altitude máxima, evitando assim a mudança da escotilha da abertura da cúpula (esta escotilha tinha que ser levantada para os alvos de baixa altitude).
Tipicamente, uma sessão era aberta com a captura de "flats" para os primeiros alvos, procedimento que demorava pouco mais de uma hora. Depois passávamos para os alvos fazendo três exposições de 20 minutos intercaladas por exposições de emissão de néon para posterior calibração. As exposições eram monitorizadas por uma câmara de guiamento que cuja imagem servia de guia visual para executarmos os movimentos de correcção do telescópio de modo a fazer entrar o máximo de luz na fenda do espectroscópio. Quando estava mau tempo de noite faziam-se "bias" e "darks" para redução de imagens e exposições de calibração. No caso da WR140, que era o último alvo da noite, foi necessário mudar a fenda, obrigando a um novo conjunto de "flats" no final da sessão. Uma noite bem passada acabava sempre com um magnífico crepúsculo acima das nuvens.
Este céu, ao contrário do da ilha de La Palma, não se encontra protegido por lei, com um baixo horizonte já bastante poluído pela a iluminação pública da costa, mas obviamente que não podíamos deixar escapar a oportunidade de explorar este ainda excelente céu por puro prazer.
Trouxemos um binóculo Fujinon 16x70, um refrator Takahashi Sky-90 em cima da Takahashi P2-Z , diversas objectivas, uma câmara refrigerada SBIG ST10 e a Canon 40D. O José Ribeiro trouxe ainda uma pequena estação de detecção e espectroscopia de meteoros. Sendo uma equipa de quatro elementos, permitia-nos revezar as responsabilidades, arranjando todos sempre tempo para a observação um pouco mais lúdica.
A montagem com a cúpula do 1.55m ao fundo
|
Mons at work
|
O observatório está situado na latitude de 26.5° N, valor pelo menos 10 graus abaixo da parte mais a Sul de Portugal Continental, permitindo observar regiões do céu e constelações parcialmente visíveis ou até invisíveis, tais como a Vela, Centauro, Carina, Crux, Antlia e Pyxis. Mas sem dúvida a vista mais impressionante, e para mim inédita, foi a região da Eta Carinae, que graças a encontrarmos a 2400 metros de altitude, se elevava quase 2 graus acima do horizonte que quando observada a nível do mar, e isto apesar da altitude na altura do trânsito do meridiano não chegar aos 6 graus de altitude, mas foi no entanto suficiente para observa-la no binóculo com grande nitidez e contraste em pelo menos em duas das noites.
A Alfa Centauri é o sistema triplo mais próximo do nosso Sol (4.4 anos-luz), onde está incluída a Proxima Centauri (2.2 anos-luz) que na realidade está distanciada da Alfa mais de 2 graus e muito pouco brilhante com magnitude 11 e que não consegui identificar no binóculo. O cometa Lulin esteve em grande na sua rápida passagem pela constelação do Leão.
Eu e o Filipe Alves encarregamo-nos de obter diversas imagens astronómicas usando uma objectiva de 50mm e o Takahashi Sky-90 .
Cometa C/2007 N3 Lulin
|
Omega Centauri - NGC 5139
|
Centaurus A - NGC 5128
|
Eta Carinae - NGC 3372
|
Praticamente todos os dias descíamos o Teide para visitar a ilha. A rede de estradas é muito boa, embora com troços muito sinuosos mas com igualmente gratificantes magníficas paisagens de montanha, com grandes escarpas e vales, tudo com intensa florestação (pinheiros) entre os 1000 e 2000 metros, bastando apenas meia hora de automóvel, para passarmos de alta montanha e molharmos os pés na costa atlântica. Tentamos evitar restaurantes turísticos e os locais de turismo em grande escala que se encontram em grande parte da costa e as praias, que de resto, são uma das razões principais do turismo de pacote em Tenerife, com todos os inconvenientes associados.
Fomos por diversas vezes à base do Teide e aos campos de lava circundantes, onde fizemos algumas caminhadas, tendo apenas conseguido subir ao pico no penúltimo dia de estadia, numa alucinante subida no teleférico, e uma vez chegados cume foi interessante saber que ainda foi agradável estar a 3550 metros de altitude.
Teide nevado
|
La Palma
|
Montanha
|
Sombra do Teide
|
Visitámos também o IAC em La Laguna, tendo como nosso anfitrião, Johan Knapen, um astrofísico especialista em galáxias e um dos responsáveis pela a aceitação da proposta de observação. Levou-nos a visitar os laboratórios e oficinas onde são desenhados e fabricados instrumentos para observatórios tanto terrenos (ex: GranTeCan) como para observatórios espaciais.
Foram quase 2 semanas a 2400 metros de altitude, a viver a vida de astrónomo num observatório profissional, praticamente regulada pelo o Sol e pelas as condições atmosféricas. Tivemos noites de mais de dez horas de observação ininterrupta, e outras de espera que as nuvens passassem. Tivemos ainda três dias de tempestade de neve que colocou o observatório em estado de emergência, altura em que o observatório nos recolheu para a residência/cantina "dos ricos", onde tínhamos quarto individuais, ao contrário do quarto com quatro beliches da Casa Solar onde ficámos instalados, que apesar de rapidamente nos termos habituado (mesmo com o barulho do motor do aquecimento central), não deixava de ter o conforto e a comodidade de uma pousada da juventude remediada. O pessoal do observatório foi cinco estrelas, simpáticos e prestáveis.
Um astrónomo a trabalhar no campo, seja este amador ou profissional, tem por vezes uma vida dura, não tanto pelo frio e vento mas porque em grande parte ser uma actividade solitária. Mas não estávamos isolados do mundo, os telemóveis e a Internet em todas as instalações ajudaram a suportar as inevitáveis saudades. Apesar de tudo, não se pode deixar de ficar maravilhado com a magnífica paisagem, o Sol a pôr-se atrás do cone do Teide e a sua sombra projectada nas nuvens, a sensação de viver acima destas últimas (bem, quase sempre), a leveza e pureza do ar de montanha, o acordar no meio de cúpulas de telescópios, ou então completamente rodeado de neve. Foi uma experiência única esta de viver e trabalhar "profissionalmente" num observatório a tempo inteiro, e ter tido oportunidade de apreciar pessoalmente o que é a vida de um astrónomo profissional.
|
Esta a campanha foi uma boa demonstração de como amadores podem colaborar ao mais alto nível em trabalhos profissionais. A operação correcta de instrumentos científicos e aquisição de dados de qualidade científica está perfeitamente ao alcance de quem se disponibiliza a aprender, e saliente-se, que muitos dos problemas que por vezes surgem são mesmo triviais, do género em que é só necessário um pouco de fita adesiva ou uma rolha de cortiça, ou que simplesmente sejam correntes na área profissional de um astrónomo amador. A muito portuguesa característica do "desenrasque" é, e neste caso também foi, uma mais-valia quando se opera instrumentos que tipicamente são peças únicas e em alguns aspectos até remediadas.
Algumas ligações :
Todas as imagens são da equipa
Fronteira II - 100 Horas de Astronomia
2009.04.04
Fronteira, Portalegre
No fim-de-semana de 4 para 5 de Abril, fui a Fronteira onde iria decorrer um evento no Observatório de Fronteira no âmbito das 100 Horas de Astronomia.
Estava a decorrer uma Feira medieval que ocupava todo o centro da vila de Fronteira, que provavelmente não ajudou muito a afluência de público ao Observatório, que teve as portas abertas para visita às instalações, onde se podia ver uma apresentação dos alvos a observar, e sua posterior observação directa no instrumento principal (um SCT 14"), ou através dos 5 dobsonianos do observatório e ainda os dois instrumentos particulares trazidos por mim e pelo o Alberto.
A atmosfera apesar das nuvens altas, esteve com uma turbulência muito baixa, proporcionando uma das melhores vistas da Lua e de Saturno nos últimos anos. Os anéis de Saturno já têm uma ligeira inclinação, permitindo ver a banda de Cassini. No 212mm conseguia-se discernir 6 satélites: Titan, Dione, Themis, Rhea, Enceladus, e Mimas, este último apenas suspeitado, o que no Obsession de 15" era mais que aparente. Saturno é sempre uma vista espectacular, mas a Lua que já se encontrava numa fase algo avançada é, e será sempre causa de muito assombro por quem nunca observou através de um telescópio, tendo portanto sido estes os principais alvos da noite.
Apesar do intenso luar que limitava a visibilidade de objectos mais difusos, como por exemplo galáxias e nebulosas, passamos por alguns objectos mais brilhantes como o enxame globular Messier 13 e a nebulosa planetária "Esquimó", entre outros.
Foi a primeira luz do CN-212 sob um céu relativamente escuro e com baixa turbulência, e sinceramente fiquei agradado com a performance, apesar de não apreciar muito o efeitod de difração do suporte do secundário na imagem.
Estiveram lá a ajudar o José Ribeiro, Alberto Fernando, Filipe Alves, e João Gregório, assim como as companheiras Fátima, Rute e Patrícia.
O Obsession 15" do Alberto e o meu CN-212
|
Pátio 275 - Lua, Mercúrio e Plêiades
2009.04.26
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Esta aparição do planeta Mercúrio, que neste dia se encontrava no seu máximo de elongação Este (20.6° do Sol) (um pouco confusa a pois é no horizonte Oeste que aparece), foi marcada pela a companhia da Lua e das Plêiades.
Os três objectos proporcionaram um belo espectáculo visual e binocular. A Lua apresentava uma fase de quase 4%, e mostrava com grande clareza as crateras na parte iluminada pela Terra (os restantes 96%), e à medida que escurecia, iam surgindo lentamente cada uma das Plêiades, que eventualmente seriam parcialmente ocultadas uma ou duas horas depois.
A melhor visão binocular foi através do Fujinon 7x50 que possui um generoso campo de 7.5° que enquadrava perfeitamente o conjunto. Mercúrio embora com fase (36%), não me foi possível discerni-la com o 16x70.
Lua, Plêiades e Mercúrio
|
Embora anualmente aconteçam várias aparições de Mercúrio, alternando nos horizontes Este e Oeste, apenas aquelas que se dão perto dos equinócios da Primavera e Outono respectivamente, é que resultam na possibilidade de observar Mercúrio mais alto no horizonte e simultaneamente com o céu mais escuro, daí a facilidade em o observar. A razão de tal acontecer é que a eclíptica (caminho aparente do Sol) nos equinócios se encontra "a pique", ou o Sol aparenta "pôr-se" mais rápido. A eclíptica está "a pique" a Oeste à volta do equinócio da Primavera (que é o caso de hoje) e a Este no equinócio do Outono. Tudo isto também se aplica ao outro planeta interior, Vénus.
Equipamento utilizado: Canon 40D e objectiva de 50mm num tripé fixo.
Concentração de Telescópios de Moimenta da Beira
2009.05.30
Moimenta da Beira
Um evento de divulgação de Astronomia como já há algum tempo não se via, organizado pelo Clube das Ciências da Escola EBS de Moimenta da Beira, coordenado pelo professor (e astrónomo amador) Paulo Sanches.
Chegamos para fazer a inscrição, e era-nos oferecido um saco com o programa, bloco de notas, papel, lápis e até uma lanterna vermelha para observação nocturna, assim como o cartão de participante.
Houve palestras do Coordenador Nacional do AIA2009, João Fernandes, do Presidente da APAA, Pedro Ré e do Coordenador Global do AIA2009, Pedro Russo. Um elenco palestrante de luxo, mas no entanto acessível a todos. A meio da tarde, houve observação do Sol e um lanche convívio. À saída houve um sorteio de livros e um telescópio e foram oferecidos a cada um dos participantes um saco de maçãs e um DVD.
O local de observação, Santuário de S. Torcato em Cabaços, situa-se a 12 km do local das palestras. Todo o caminho estava excelentemente sinalizado, não havendo margem para dúvidas. Existia um parque de estacionamento para visitantes (não participantes), estando a entrada no local condicionada para apenas participantes, de modo a evitar que os faróis dos automóveis incomodassem. Houve um jantar convívio com assados de frango e porco, caldo verde, pão e bebidas, as instalações de suporte (sanitários e bar) estavam devidamente iluminadas com luz vermelha.
O local é propício à prática de astronomia observacional, apesar do quarto crescente lunar, que nos acompanhou quase a noite toda. Estiveram montados dezenas de telescópios com as mais diversas aberturas, alguns dedicados à observação visual, outros à astrofotografia, mas foram no entanto, poucos para tantos visitantes, que não deixa de ser gratificante, tanto para a organização, como para os astrónomos amadores que se disponibilizam o seu tempo e equipamento para mostrar o céu a todos.
Tudo isto oferecido pela a organização, a que se pode chamar de verdadeiros anfitriões. São de muitos pequenos pormenores que se constroem grandes eventos. Parabéns pela organização exemplar, e obrigado pela a forma hospitaleira e confortável com que nos acolheram.
Teatro
|
Cadeira Binocular
|
Obsession 15"
|
Dobson 10"
|
Merak 12" / Newtoniano 6"
|
Pequenos refratores/ Atlas
|
Local de Observação - Santuário de S. Torcato, Cabaços
|
Local de Observação - Santuário de S. Torcato, Cabaços
|
Pulo do Lobo VIII
2009.06.27
Pulo do Lobo - Serpa
Mais uma ida a Serpa, com o Filipe Alves e a Rute, Luís Evangelista, Alberto Fernando, Alfonso Portela e José Ribeiro, onde almoçamos, e aproveitamos para visitar o interessante Museu do Relógio, onde se encontram cerca de 1900 destas máquinas, construídas desde o século XVII até à actualidade. A tarde quente foi passada na esplanada a matar a sede e a degustar puros (eu e o J.Ribeiro).
Depois de tratarmos das provisões para o tradicional petisco crepuscular, seguimos para o Pulo do Lobo no Parque Natural do Guadiana, que é uma das últimas fronteiras de céu escuro no nosso país. Cada vez mais se torna difícil encontrar um local onde não exista algum foco de poluição luminosa. O Pulo já não está absolutamente isento, mas por enquanto apenas se conseguem ver algumas (fracas) luzes das casas dos montes circundantes.
O Alberto chamou à atenção que a estrela companheira Antares (designada B) estava a observar-se perfeitamente destacada. Este sistema binário composto pela supergigante vermelha Antares (alfa (α) de escorpião) e uma estrela azul anã (Antares-B) é um desafio de observação tanto visual como fotográfico. A dificuldade não é a sua separação que é cerca de 2.5", não sendo esta sequer um desafio para um telescópio de 60mm, mas sim a grande diferença de brilho.
A Antares-B possui um brilho cerca de 400x inferior em relação à Antares-A, ficando tipicamente eclipsada no intenso brilho da supergigante vermelha. A Antares-A dista 600 ± 190 anos-luz e uma luminosidade de 10700 ± 6700 x a do Sol e 15-20x a massa solar. Esta estrela é gigantesca, tendo um diâmetro 800x o do nosso Sol, mais que suficiente para engolir a Terra, Marte e quase chegar à órbita de Júpiter.
A Antares-B (HD 148479) por seu lado, é uma jovem estrela quente branco-azulada de 8 massas solares, que muito provavelmente será destruída pela eminente supernova da sua gigantesca companheira, se é que tal já não sucedeu. Ambas rodam entre si num período de cerca de 850 anos. Para mais curiosidades ler livro de Kaler, James B., The Hundred Greatest Stars.
Com o sistema a transitar o meridiano (22:39 UTC) e as nuvens no horizonte a darem tréguas, foi possível observar a anã azul sem grande dificuldade em todos os telescópios: o Obsession 15", o Meade Lighbridge 10" e Takahashi CN-212. Neste último, foi visível com apenas 110x e a 292x , a Antares-B estava situada sobre um dos anéis de difração não tendo por isso observado o efeito de estrela "verde" que alguns observadores reportam.
Havia alguma turbulência, mas com algumas pausas, que tornaram até possível regista-la com a Canon 40D no foco Cassegrain (f/12.4 2630mm de focal). A imagem abaixo é uma única exposição de 1/50 de segundo onde se pode ver a Antares-B bem evidente na melhor das de mais 100 imagens que lhe fiz, seguida pela mediana de um conjunto de 40 imagens de 1/60 de segundo, que "apertou" mais a Antares-A - ambas estão multiplicadas por 2 para melhor evidenciar a separação. Curiosamente no "LiveView" da câmara, o par de estrelas foi consistentemente visível. Ver aqui as efemérides no Stelledople, de onde foram recolhidas os valores da tabela abaixo.
ANO THETA° RHO" ANO THETA° RHO" ANO THETA° RHO"
2000 276.0 2.738 2010 276.3 2.682 2020 276.6 2.623
2001 276.1 2.732 2011 276.4 2.677 2021 276.7 2.617
2002 276.1 2.727 2012 276.4 2.671 2022 276.7 2.611
2003 276.1 2.721 2013 276.4 2.665 2023 276.7 2.604
2004 276.1 2.716 2014 276.4 2.659 2024 276.8 2.598
2005 276.2 2.710 2015 276.5 2.653 2025 276.8 2.592
2006 276.2 2.705 2016 276.5 2.647 2026 276.8 2.585
2007 276.2 2.699 2017 276.5 2.641 2027 276.9 2.579
2008 276.3 2.694 2018 276.6 2.635 2028 276.9 2.572
2009 276.3 2.688 2019 276.6 2.629 2029 276.9 2.566
2030 277.0 2.559
Andei às voltas no alinhamento polar com a montagem Takahashi EM-200, até descobrir que estava a utilizar a escala da sigma Octantis que é a usada para alinhar no hemisfério Sul !! Serviu de lição, mas talvez distraído por ter descoberto um enorme fungo no buscador polar... Depois de resolvido o equivoco, andei a brincar com o GO-TO de um lado para o outro. Desde que não saltasse para extremos opostos do céu apontava com uma grande precisão.
O Takahashi CN-212 desenvolveu entretanto um "mirror-shift" acentuado em algumas posições do tubo, talvez provocado pelo o calor de todo o dia no carro ??. O conjunto com o tripé e montagem a funcionar a 2,63 metros não se pode considerar propriamente livre de vibrações, o subir e descer do espelho da máquina fotográfica fazia vibrar aquilo tudo, sendo obrigatório o uso do "mirror-up".
Com a Canon 40D, a resolução obtida é de 0.45" (muito alta) com um campo de 19.3 x 28.9 minutos de arco, não sendo de estranhar que qualquer vibração se notasse na imagem. O telescópio pareceu-me estabilizar em tempo útil com a temperatura ambiente. As estrelas são extremamente pontuais, tipo "buraco de agulha", com discos e anéis de airy como mandam os manuais.
Alguns dos objectos visitados: Messier 8, Messier 20, Messier 22, Messier 13, Messier 11, Messier 7, NGC 7331, a "dupla-dupla" Epsilon Lyrae.
Outro ponto alto foi o planeta Júpiter, e também Neptuno que se encontrava lá perto, que já começam por esta a altura a ficar numa posição favorável de observação. Desta vez a Grande Mancha Vermelha estava visível assim como as perturbações (manchas escuras) no Cinturão Equatorial Norte (o Norte na imagem é para a 10 horas).
Os satélites da esquerda para a direita são: Ganimede, Io, Europa e Calisto. A imagem de Júpiter é o resultado de 20 imagens de 10 Mpixel 1/50s feitas com a Canon 40D no foco primário do CN-212. Diga-se que nos tempos que correm fazer imagens planetárias com um DSRL é no mínimo patético (1 imagem em cada 5 segundos para minimizar as vibrações), mas era o que havia à mão. Neptuno mostrava-se como uma característica bolinha azul, sem qualquer detalhe.
As noites perto do solstício de Verão são muito curtas e fomos todos para casa ao bater das 4 da madrugada.
Outro relato desta noitada no AstroPT escrito pelo Alberto - http://astropt.org/blog/2009/07/03/romagem-a-serpa-pulo-do-lobo/
Antares-A e Antares-B
Takahashi CN-212 f/12.8 (2705 mm) e Canon 40D
exp: 1x1/60s (x2)
|
Antares-A e Antares-B
Takahashi CN-212 f/12.8 (2705 mm) e Canon 40D
exp: 40x1/60s (mediana x2)
|
Júpiter 02:15 UTC
Takahashi CN-212 f/12.8 (2705 mm) e Canon 40D
exp: 20x1/50s
|
Outros relatos do Pulo do Lobo:
Sol
2009.07.09
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Finalmente apareceu esta semana uma região activa. O ciclo solar 24 demorou a arrancar (ou o ciclo 23 a acabar), mas lá apareceu um par de manchas solares relativamente fotogênico, apesar de hoje já estar a desaparecer no limbo Oeste.
Equipamento: Takahashi FC-60 60mm f/8.33 (500mm) + Baader visual, Radian 14mm, Barlow 2.4x, Canon G1 (34mm) - f/48.7 (2922mm) (86x 42')- a velhinha (já fez 8 anos) compacta Canon Powershot G1 ainda dá meias-solas.
Sol 12:38 UTC - região activa 1024, a primeira do novo Ciclo Solar 24
|
Astrovide 2009
2009.07.25
Castelo de Vide
Durante a tarde esteve em exposição pinturas com temas celestiais do Luís Carmo e houveram palestras do Alberto Fernando sobre a colaboração Pro/Am Periastro da WR140, João Fernandes sobre o Ano Internacional da Astronomia do qual é coordenador, e Rui Barbosa sobre a sua visita ao Cosmódromo de Baikonur.
Rui Barbosa - Visita a Baikonur
Lua a pôr-se
|
Alberto Fernando - Campanha de Tenerife
João Fernandes - Ano Internacional da Astronomia
Observação Solar
|
|
Já na barragem de Póvoa e Meadas, onde se pode encontrar um céu escuro (SQM 21.50) com uma magnitude superior a 6 e com uns braços da nossa Galáxia magnificamente rasgados, tive oportunidade de testar a nova objectiva Canon 20-700mm f/4 L IS. Para uma lente zoom revelou-se bastante aceitável para a astrofotografia mesmo quando completamente aberta. A aberração cromática é mesmo muito baixa estando opticamente corrigida em praticamente todo o campo, com apenas algum alongamento na extremidade esquerda devido provavelmente ao sensor não estar exactamente paralelo ao eixo óptico - é de qualquer forma notável para um sistema óptico com 20 elementos!, dos quais um deles é (ainda) de fluorite.
Estiveram diversos telescópios a obter imagens e outros em observação visual. Com o Obsession 15", o Alberto e o Zé Ribeiro foram os anfitriões para o céu em directo, incansáveis durante toda a noite a mostrá-lo ao todos os visitantes e companheiros.
Via Láctea - Sagitário e Escudo
Canon 40D e Canon 70-200 a 70mm f/4
exp: 50 min 10x300 seg ISO 400
|
Raios Crepusculares
2009.08.31
Parque Natural da Ria Formosa
Uma imagem feita com o Apple Iphone 3GS. A câmara deste telemóvel é muito ruidosa, pouco sensível e com um foco meio vesgo, sendo infelizmente também completamente automática, mas tem um campo notável.
Raios Crepusculares
Apple Iphone 3GS
|
Atalaia XXXII - Noite do telescópios gigantes
2009.09.19
Atalaia (Montijo 38°44N 8°48W)
Retorno após mais de um ano ao terreno sagrado da astronomia amadora portuguesa. As previsões para a noite não eram muito animadoras, mas com hipótese de haver algumas abertas.
Quem arriscou foi brindado com a oportunidade de espreitar através de vários telescópios de grande abertura, concentração que não me recordo de alguma vez ter presenciado. Estiveram presentes 3(!!!) telescópios de 18", um de 15", um de 12" e vários de 10" entre outros telescópios de aberturas mais pequenas.
Atalaia - panorama geral
|
Atalaia - bataria de "canhões"
|
Atalaia - bataria de "canhões"
|
Atalaia - Alberto e Anselmo
|
Pátio 277 - Conjunção Mercúrio Saturno
2009.10.08
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Hoje, pelas 6:42, Mercúrio e Saturno estiveram separados em 18 minutos de arco (1 terço de grau), tendo ainda a companhia a cerca de 1 grau da Beta (β) Virginis (também chamada Zavijah, magnitude 3.6) - tive a sorte de ter um buraco entre as nuvens.
A diferença de brilho era pouca, com Mercúrio a -0.7 e Saturno a 1.1, apesar de Saturno se encontrar 10 vezes mais distante. Infelizmente as nuvens não deixaram registar o conjunto com Vénus a brilhar efusivamente 6 graus mais acima na eclíptica. Curiosamente, a próxima será exactamente daqui a um ano.
Saturno e Mercúrio ( e Beta (β) Virginis)
Canon 40D e Canon 70-200 a 191mm f/4
exp: 1x1s ISO 400
|
Adega I - Estrelas Múltiplas
2009.10.10
Adega (Leiria 39.78N 8.83W alt. 60m)
Fui estrear um novo local de observação na adega dos meus avós paternos. Como está rodeado de casas, tem o horizonte muito limitado com algumas luzes de iluminação pública a estorvar. A magnitude limite no local dificilmente chegará aos 4, mas tem a vantagem de estar perto de uma boa garrafeira...
Montei o CN-212 na EM-200 e fui dar uma volta por alguns objectos brilhantes dos catálogos Messier e NGC : Messier 57, Messier 13, Messier 15, Messier 2, NGC 7331 entre outros, passando ainda pelos planetas Urano, Neptuno e Júpiter.
Devido a alguma turbulência atmosférica, e também alguma local causada pelos telhados vizinhos, não permitiu grandes magnificações nos planetas. As oculares utilizadas foram as televue Panoptic 24mm (113x, 0,57°) a Radian 14mm (194x 0,3ª) e a Nagler 9mm (302x 0,26°). A Canon 40D no foco Cassegrain tem um campo real 18,7x28 minutos de arco e uma resolução de 0.43" por pixel.
Polaris (α Ursae Minoris)
Takahashi CN-212 f/12.8 (2705 mm) e Canon 40D
exp: 1x10s 200 ISO
Dados fundamentais:
- Posição J2000.0: AR 02 31 47.08, DEC +89 15 50.9
- Magnitude: 1.97
- Classe espectral: F7:Ib-IIv SB
- Distância: 132.3 ± 8.4 parsecs (431 ± 27 anos-luz)
- Luminosidade: 2370 ± 300 a do Sol. Variável periódica tipo Delta Cep 2.093 - 2.124 magnitudes com período médio de 3.9707 dias
- Magnitude absoluta: -3.64 ± 0.14
- Outro nomes : POLARIS; Alruccabah; Cynosura; Phoenice; Lodestar; Pole Star; Tramontana; Angel Stern; Navigatoria; Star of Arcady; Yilduz; Mismar
- Estrela múltipla: B, 8.20 mag. F3V, C, 13 mag. a 43" e D, 14 mag. a
83" e binária espectroscopica
|
|
Albireo (β Cygni)
Takahashi CN-212 f/12.8 (2705 mm) e Canon 40D
exp: 1x10s 200 ISO
Dados fundamentais:
- Posição J2000.0: AR 19 30 43.29, DEC +27 57 34.9
- Magnitude: 3.05
- Classe espectral:K3II++
- Distância: 118.2 ± 8.1 parsec (386 ± 26 anos-luz)
- Luminosidade:700 ± 96 a do Sol.
- Magnitude absoluta: -2.31 ± 0.15
- Estrela múltipla: B, 5.17 mag. B8Vs a 62.9". Componente C, 11 mag. a 50".
|
|
Dupla-Dupla (Epsilon (ε) Lyrae 2 & 1 respectivamente)
Takahashi CN-212 f/12.8 (2705 mm) e Canon 40D
5x1/8s 200 ISO
Dados fundamentais (1):
- Posição J2000.0: AR 18 44 20.34, DEC +39 40 11.9°
- Magnitude: 4.67
- Classe espectral: A3
- Distância: 49.2 ± 1.9 parsec (160.4 ± 6.1 anos-luz)
- Luminosidade: 27.9 ± 2.1 a do Sol.
- Magnitude absoluta: 1.132 ± 0.082
- Estrela múltipla: B, 5.81 mag. A3 a 2.37"
|
Dados fundamentais (2):
- Posição J2000.0: AR 18 44 22.78, DEC: +39 36 45.3
- Magnitude: 4.59
- Classe espectral: A5
- Distância: 49.8 ± 1.9 parsecs (162.3 ± 6.1 anos-luz)
- Luminosidade: 29.3 ± 2.2 a do Sol.
- Magnitude absoluta: 1.186 ± 0.082
- Estrela múltipla: B, 4.80 mag. A5 a 2.51"
|
|
Takahashi CN-212 na montagem EM-200
Controlado por um netbook Asus
|
Adega II - O sistema newtoniano do CN-212
2009.10.17
Adega (Leiria 39.78N 8.83W alt. 60m)
O CN-212 pode ser convertido para um sistema newtoniano muito rápido (f/3.9 - comprimento focal 820mm), bastando apenas mudar o espelho secundário. O procedimento é muito simples, não sendo necessária qualquer ferramenta e em menos de 1 minuto - isto, claro, se não for necessária colimação.
Em utilização visual é perfeitamente aceitável, em particular com a Panoptic 24mm, que proporciona um generoso campo de 2 graus a 34x. O contraste não fica em segundo contra nenhum telescópio que tenha usado, a resolução por outro lado, não esteve tão bem , pois com a pressa de experimentar nem sequer colimei!! mas apesar disso, as estrelas tinham uma aparência saturada na cor e refinada no recorte, enfim, uma imagem de qualidade. Com a Nagler 9mm (54' a 91x) já era perceptível o coma nos 50% exteriores do campo devido em parte à maior magnificação, que de resto já se esperava para uma relação focal tão baixa.
Os primeiros testes fotográficos com a Canon 40D (sensor APS), não me parecem muito animadores, mesmo usando o corrector de coma do tipo Ross que faz parte do kit newtoniano. A distância do corrector Ross em relação ao plano focal é muito crítica (milimétrica), mas é algo injusto e precipitado chegar a conclusões por não estar perfeitamente colimado. Tenho que fazer mais testes com diferentes distâncias.
Os objectos observados foram os seguintes: Messier 31, Messier 32, Messier 110 (esta última quase imperceptível), Messier 29, Messier 15, NGC 7331, Messier 2, Messier 13, Messier 57, Messier 27, Messier 71. Cr399 ("Cabide"), NGC 7789 e o planeta Urano.
Sra. do Monte XI - Cascata de Luz
2009.11.22
Sra. do Monte - Cortes (39.68N 8.75W alt. 395m)
Um pôr de Sol com uma invulgar cascata de luz de raios crepusculares. Um espectáculo natural complementado pelo vento fresco daquela altitude e pela quase ausência de "vivalmas".
Raios Crepusculares
Canon 40D e Canon 70-200 a 127mm f/4
exp: 1x1/500s 200 ISO
|
Pátio 278 - Eclipse Lunar Parcial
2009.12.31
Pátio (Leiria 39.75N 8.82W alt. 60m)
Este foi o último evento astronómico do ano, tendo sido observado e registado da janela da cozinha, nada mais conveniente para mostrar à família este fenómeno relativamente raro. As nuvens durante grande parte do tempo taparam a Lua, mas por volta do eclipse máximo, ás 19:10, surgiu a pródiga aberta de um quarto de hora, acompanhada com a transparência típica das abertas no meio de uma tempestade.
Para a população em geral, poderia passar por uma Lua gibosa "normal", mas poderiam suspeitar de algo de estranho naquela fase muito difusa. Estes eclipses não seguram sequer uma vela quando comparados com os eclipses totais, dos quais se podem ver alguns exemplos nas ligações mais abaixo, mas sempre servem de exemplo para explicar a mecânica do sistema Sol-Terra-Lua.
Eclipse Lunar Parcial 19:16
Canon 40D e Canon 70-200 a 200mm f/4
exp: 1x1/4000s 200 ISO
|
Tempos de Eclipse (Guide8):
- Entrada na Penumbra: 31 Dez 2009 17:16 GMT (UTC)
- Entrada na Umbra: 31 Dez 2009 18:50 GMT (UTC)
- Máximo de eclipse : 31 Dez 2009 19:23 GMT (UTC)
- Saída da Umbra: 31 Dez 2009 19:56 GMT (UTC)
- Saída da Penumbra: 31 Dez 2009 21:30 GMT (UTC)
Outros eclipses lunares aqui no Pátio