2023

Pátio 320 - Marte, Lua e Plêiades Pátio 325 - Vénus e Urano
Pátio 321 - Cometa C/2022 E3 (ZTF) Pátio 326 - Vénus e Pleiades e Mercúrio
Pátio 322 - Cometa C/2022 E3 (ZTF) II Pátio 327 - Vénus e Mercúrio
Pátio 323 - Cometa C/2022 E3 (ZTF) III Pátio 328 - Júpiter e Lua
Sra. do Monte XVI - Cometa C/2022 E3 (ZTF) IV Pátio 329 - Supernova SN2023ixf na Messier 101
Pátio 324 - Vénus e Júpiter

Pátio 320 - Marte, Lua e Plêiades

2023.01.03
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

Depois da ocultação ocorrida no mês passado, a Lua continua ainda a passar razias a Marte, estando este último na companhia do popular e afamado asterismo/enxame Messier 45, também conhecido por Plêiades ou as "Sete Irmãs".

conjuncao Marte Lua 20230103 1909
Marte, Lua e Plêiades 2023-01-03 19:09 UTC
Iphone 52mm f/1.8
exp: 1/2 seg. 1000 ISO

Pátio 321 - Cometa C/2022 E3 (ZTF)

2023.01.22
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

Fui reclamar os meus primeiros fotões provenientes do próximo cometa brilhante, quiçá candidato a ser notícia no final dos telejornais.

Nesta altura localiza-se na constelação do Dragão, fazendo a sua passagem entre as duas Ursas. Foi imediatamente visível no binóculo 16x70, estimando cerca de 6+ de magnitude comparando com estrelas por perto, mas sem grande certeza, porque a coma (cabeleira) é gigantesca.

No momento da imagem, encontrava-se a pouco mais 67 milhões de quilómetros da Terra, com a sua maior aproximação a acontecer a 1 de Fevereiro (pela tardinha), distando então apenas 42.47 milhões de quilómetros, passando perto da estrela polar a cerca de 15 graus (um palmo mal medido), ou por outras palavras, vai estar numa posição circumpolar.

cometa_c2022e3_orbita_20230201_400 cometa_c2022e3_path_20230201
Cometa C/2022 E3 (ZTF) a 1 de Fevereiro
SkySafari 7 Pro (iphone) e Guide 9.0 (clicar na imagem)

Julga-se que este cometa veio pela a primeira vez "cá abaixo", num mergulho quase a pique (109º), cruzando o plano do sistema solar a 12 de Fevereiro entre as órbitas da Terra e Marte, mas a viagem saiu-lhe cara, porque devido à perturbação causada pelos os planetas, a sua órbita foi afectada e provavelmente vai ser ejectado para fora do sistema solar, ou na melhor das hipóteses, só retornará daqui a milhões de anos.
Tem despertado algum interesse aos cientistas, por se tratar de um cometa com material "novinho em folha", nunca submetido à radiação solar, acabado de sair do reservatório de cometas, a nuvem de Oort.

cometa_c2022e3_20230122_0328_0334
Cometa C/2022 E3 (ZTF) - 03:28 UTC
Canon 6DMk2 200mm f/4 800 ISO
exp: 5 min. (20x15seg)

A página IAU Minor Planet & Comet Ephemeris Service retorna o seguinte para o CK22E030 (nome provisório do cometa):


C/2022 E3 (ZTF)

Epoch 2023 Feb. 25.0 TT = JDT 2460000.5
T 2023 Jan. 12.7851 TT                                  Rudenko
q   1.112249             (2000.0)            P               Q
z  -0.000294       Peri.  145.8156      -0.6006473      -0.0734065   T = 2459957.28511 JDT
 +/-0.0000004      Node   302.5557      +0.3375278      +0.8794080   q =     1.1122491
e   1.000327       Incl.  109.1685      +0.7247743      -0.4703754
1/a(orig) = +0.000764 AU**-1, 1/a(fut) = -0.000025 AU**-1.

Perturbed ephemeris below based on elements from MPEC 2023-BF4.
CK22E030
Date       UT      R.A. (J2000) Decl.    Delta     r     El.    Ph.   m1     Sky Motion
            h m s                                                            "/min    P.A.
2023 01 22 000000 15 28 32.4 +53 33 47   0.454   1.122   95.5  60.8   6.3    6.42    344.5
2023 01 23 000000 15 23 16.1 +56 10 38   0.429   1.125   97.6  60.2   6.2    7.21    343.2
2023 01 24 000000 15 16 20.2 +59 05 34   0.405   1.127   99.9  59.3   6.1    8.11    341.5
2023 01 25 000000 15 06 53.5 +62 20 08   0.382   1.130  102.4  58.3   5.9    9.12    339.3
2023 01 26 000000 14 53 24.3 +65 54 57   0.361   1.133  105.0  57.1   5.8   10.24    336.0
2023 01 27 000000 14 32 54.5 +69 48 18   0.342   1.136  107.7  55.7   5.7   11.46    331.1
2023 01 28 000000 13 59 04.4 +73 52 24   0.325   1.139  110.5  54.1   5.6   12.73    322.9
2023 01 29 000000 12 57 41.9 +77 42 40   0.310   1.143  113.2  52.3   5.5   13.99    307.8
2023 01 30 000000 11 05 40.0 +80 09 13   0.298   1.147  115.9  50.6   5.5   15.13    280.2
2023 01 31 000000 08 44 28.4 +79 19 14   0.290   1.151  118.3  48.9   5.4   16.04    245.2
2023 02 01 000000 07 08 06.5 +75 19 56   0.285   1.155  120.2  47.5   5.4   16.60    221.5
2023 02 02 000000 06 16 27.7 +69 50 45   0.284   1.160  121.6  46.4   5.4   16.72    209.0
2023 02 03 000000 05 47 18.0 +63 50 49   0.287   1.164  122.3  45.7   5.5   16.39    202.1
2023 02 04 000000 05 29 12.6 +57 48 35   0.294   1.169  122.3  45.4   5.5   15.66    198.0
2023 02 05 000000 05 17 06.2 +51 59 46   0.304   1.174  121.7  45.6   5.6   14.63    195.3
2023 02 06 000000 05 08 31.6 +46 33 26   0.317   1.180  120.6  46.0   5.7   13.42    193.5
2023 02 07 000000 05 02 11.5 +41 34 11   0.333   1.185  119.2  46.6   5.9   12.15    192.2
2023 02 08 000000 04 57 21.7 +37 03 29   0.352   1.191  117.6  47.2   6.0   10.90    191.2
2023 02 09 000000 04 53 35.5 +33 00 42   0.372   1.197  115.8  47.9   6.1    9.72    190.4
2023 02 10 000000 04 50 35.4 +29 24 03   0.395   1.203  114.0  48.6   6.3    8.64    189.7
2023 02 11 000000 04 48 10.2 +26 11 07   0.419   1.209  112.2  49.1   6.4    7.68    189.2
2023 02 12 000000 04 46 11.8 +23 19 22   0.443   1.215  110.4  49.6   6.6    6.83    188.6
2023 02 13 000000 04 44 34.6 +20 46 15   0.469   1.222  108.7  49.9   6.7    6.08    188.1
2023 02 14 000000 04 43 14.3 +18 29 30   0.496   1.228  107.1  50.2   6.9    5.44    187.6
2023 02 15 000000 04 42 08.0 +16 26 59   0.523   1.235  105.5  50.4   7.0    4.87    187.1
2023 02 16 000000 04 41 13.1 +14 36 55   0.551   1.242  104.0  50.5   7.1    4.38    186.6
2023 02 17 000000 04 40 27.8 +12 57 42   0.580   1.249  102.5  50.6   7.3    3.95    186.0
2023 02 18 000000 04 39 50.8 +11 27 58   0.609   1.256  101.1  50.5   7.4    3.57    185.5
2023 02 19 000000 04 39 20.7 +10 06 32   0.638   1.264   99.7  50.4   7.5    3.25    184.9
2023 02 20 000000 04 38 56.8 +08 52 24   0.667   1.271   98.4  50.3   7.7    2.96    184.2
		
Date and time in YYYY MM DD hhmmss form.
• J2000.0 R.A. and Decl.
• Delta, the distance from the observer to the object (in AU)
• r, the distance from the sun to the object (in AU)
• El., the solar elongation of the object (in °)
• Ph., the phase angle of the object (in °)
• Predicted magnitude. For minor planets this is the visual magnitude and is labelled V.
  For comets, it is labelled either m1 (total magnitude) or m2 (nuclear magnitude).
• The on-sky motion of the object (format depends on user options).
		
	

Na área existem algumas galáxias relativamente brilhantes, que por milagre escaparam à poluição luminosa, tendo em conta que estava rodeado de 3 postes de iluminação pública...

ngc5907_20230122
Galáxias NGC 5907/5905/5908
Canon 6DMk2 200mm f/4 800 ISO
exp: 5 min. (20x15seg.)

Pátio 322 - Cometa C/2022 E3 (ZTF) II

2023.01.26
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

Tenho acompanhado o cometa durante os últimos dias. Em céus urbanos, é difícil resgatá-lo da poluição luminosa com o binóculo 7x50, precisando do 16x70 para se revelar um pouco mais notório.

Apesar de se encontrar mais perto, não me pareceu ser mais brilhante do que há alguns dias atrás, talvez devido ao facto de que se está a afastar do Sol (o periélio foi no dia 12), causando talvez a diminuição da actividade. De qualquer modo, não me está a parecer que será um sucesso de bilheteira a olho nu, excepto talvez em céus muito escuros, um pouco à semelhança do cometa NEOWISE em 2020.

Na altura da imagem, o cometa encontrava-se a 54 milhões de quilómetros (menos 13 milhões que na imagem da observação anterior), e nota-se realmente maior. Mas a cauda e a anti-cauda (anti-solar) ficaram completamente afogadas na poluição luminosa. À medida que se vai aproximando da Terra, a sua velocidade aparente também aumenta, 10.357 minutos de arco/hora nesta altura, contra 6.600 minutos de arco/hora no dia 22. No dia 1 de Fevereiro, no ponto mais próximo, será de 16.703 minutos de arco/hora.

Como foi a imagem produzida:

cometa c2022e3 20230126 0002
Cometa C/2022 E3 (ZTF) - 00:02 UTC
Canon 6DMk2 200mm f/4 1600 ISO
exp: 5 min. (20x15seg.)

Pátio 323 - Cometa C/2022 E3 (ZTF) III

2023.01.27
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

O cometa vai-se aproximando na sua passagem pelo o nosso pólo celeste, estando nesta altura a 51 milhões de quilómetros e, consequentemente maior e ligeiramente mais brilhante. Facilmente visível com qualquer binóculo. Espero que o "bom tempo astronómico" continue, apesar do frio.

cometa_c2022e3_20230127_0054
Cometa C/2022 E3 (ZTF) - 00:54 UTC
Canon 6DMk2 200mm f/4 1600 ISO
exp: 5 min. (20x15seg)

Sra. do Monte XVI - Cometa C/2022 E3 (ZTF) IV

2023.01.28
Sra do Monte - Cortes (39.68N 8.75W alt:395m)

Apesar do local ser mais elevado, com menos poluição luminosa, a Lua estava no quarto crescente (50% iluminada), com o céu a não passar a magnitude 4, brilho que era superior ao do cometa. Por muito que tentasse, não foi possível vislumbra-lo a olho nu.

Levei comigo o telescópio para lhe fazer um retrato mais digno. Foram 6 horas de "vita contemplativa" passadas a 5 graus celsius na sombra de uma eólica.

cometa c2022e3 20230128 orion
Constelação de Orionte
Iphone
Cometa C/2012 S1 (ISON)

O cometa está aparentemente a mover-se cada vez mais rápido em relação às estrelas, resultado de estar a aproximar-se da Terra (no momento da imagem 46.5 milhões de quilómetros), culminando esta aceleração aparente no dia 1 de Fevereiro, dia após o qual, começará a afastar-se e no caminho de retorno para a remota nuvem de Oort, que rodeia (presumivelmente) o nosso Sistema Solar.

Na imagem abaixo, a soma de 30 imagens centrada na coma do cometa, tornando notório o movimento em relação às estrelas.

cometa_c2022e3_20230128_2123
Cometa C/2022 E3 (ZTF) - 21:23 UTC
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Canon 6DMk2
exp: 15 min. (30x30seg.) 800 ISO

Filme produzido com as imagens acima, mas desta com as estrelas fixas.

Notas de processamento do video para memória futura:



Cometa C/2022 E3 (ZTF) - 21:23 UTC
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Canon 6DMk2
exp: 15 min. (30x30seg.) 800 ISO

Outros cometas aqui no Pátio

Pátio 324 - Vénus e Júpiter

2023.03.01
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

Hoje, ao fim do dia. Um notório par bem próximo das duas maiores luminárias planetárias do nosso Sistema Solar.

Amanhã pelas 10:40, esta conjunção estará na sua menor separação, distando apenas meio grau (32'), mas não será visível devido a estar abaixo do horizonte. Mas no fim do dia, valerá a pena comparar com a estrela mais brilhante do céu nocturno, Sírio (-1.4 mag), a brilhar a Sul, e comparar com Júpiter (-2.1 mag) e Vénus (-4.0 mag). Por alguma razão estes últimos eram deuses na antiguidade...

Também amanhã, mas no inicio do dia, Mercúrio (-0.6 mag) e Saturno (0.9 mag) vão estar emparelhados, distando quase um grau (56') pelas 9:35, mas estarão acima do horizonte já com muita luminosidade do Sol.

conjuncao Vénus e Júpitr 20230301
Júpiter e Vénus 2023-03-01 19:48 UTC
Canon 6DMk2 200mm f/4 1600 ISO
exp: 1/2 seg.

Pátio 325 - Vénus e Urano

2023.03.26
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

Hoje, ao fim do dia, um bem menos notório par de planetas. Curiosamente à mesma hora, 25 dias após a observação anterior.

Durante esta semana, ao fim da tarde vão estar alinhados cinco planetas. A contar a partir do Sol - Mercúrio, Júpiter, Vénus, Urano e Marte. O par que também pretendia ter feito uma imagem, Mercúrio e Júpiter, está muito perto do Sol, que apesar de brilhantes, é difícil visualizá-los, ainda menos com as insistentes nuvens no baixo horizonte.

conjuncao Vénus e Júpitr 20230301
Júpiter e Urano 2023-03-26 19:48 UTC
Canon 6DMk2 200mm f/4 1600 ISO
exp: 1.5 seg.

Pátio 326 - Vénus e Pleiades e Mercúrio

2023.04.09
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

O planeta Vénus continua a brilhar fulgurante com -4.1 de magnitude, e desta vez está na companhia das 7 irmãs, as conhecidas e notórias Plêiades, o mais brilhante do catálogo de falsos cometas de Messier. Foi bastante interessante observar no binóculo 16x70 (que tem um campo circular de 4 graus), distando um do outro cerca de 3 graus (3 dedos).

O planeta Mercúrio brilhava a -0.3 de magnitude, depois do máximo em 18 de março (-1.9), encontrando-se neste momento perto do seu elongamento máximo (distância angular do Sol), que ocorrerá em 11 de de abril, mas já está suficientemente afastado do Sol e ainda brilhante para ser observado, mesmo a olho nu, mas que devido às nuvens baixas no horizonte, não me foi possível observar. No binóculo foi óbvio.

Mercúrio
Mercúrio 2023-04-09 19:48 UTC
Canon 6DMk2 200mm f/4 1600 ISO
exp: 5 seg (10x0.5 seg.)
Vénus e Pleiades
Vénus e Plêiades 2023-04-09 20:22 UTC
Canon 6DMk2 200mm f/4 3200 ISO
exp: 5 seg (10x0.5 seg.)

Pátio 327 - Vénus e Mercúrio

2023.04.13
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

Venus e MercurioDepois de alguns dias de chuva e/ou muito encobertos, tive nova oportunidade para tentar observar o planeta Mercúrio a olho nu, mas, mais uma vez, sem grande êxito. Na imagem ao lado, feita com um telemóvel, permitiu capturar o ar da sua modesta graça (sim, é aquele ténue pontinho acima da copa da árvore), numa conjunção distante (20 graus) com o planeta Vénus. Este último continuar a dominar a paisagem ao fim da tarde.

O cálculo das elongações permite saber qual a melhor altura para observar um planeta, ou qualquer outro corpo que orbite o Sol (como uma frota invasora alienígena), e é formado pelo ângulo Sol-Terra-objecto (também pode ser formado pelo ângulo Planeta-Terra-satélite para observação de satélite naturais ou artificiais). Este valor é medido em graus Este ou Oeste, e define-se que, com elongação de 0 graus, se está em conjunção, a 90 graus na quadratura, e a 180 graus na oposição.

Para os planetas exteriores, interessa particularmente a oposição, altura em que a Terra se encontra entre o Sol e o planeta, ficando este último mais próximo e 100% iluminado pelo o Sol. O planeta Marte é particularmente um bom exemplo.

As elongações dos planetas interiores podem ser descritas na prática da seguinte maneira:
Grande elongação Oeste é quando o planeta nasce antes do Sol e a Grande elongação Este, quando este se pôe após o Sol.

Mercúrio tem a maior variação de elongação, devido à sua órbita ser mais excêntrica (elipse mais alongada, ou plana), variando de 17 graus e 50 minutos no periélio (mais perto do Sol), e 27 graus e 50 minutos no afélio (mais afastado do Sol). Vénus apenas varia entre 45 e 47 graus nos mesmos pontos da sua órbita.

Mais particularmente, no momento da imagem, Vénus estava com uma elongação de 39.46 graus a 1.105 AU (165,425,348 km), e Mercúrio com 19.31 graus, a 0.828 AU (123,856,206 km).

Pátio 328 - Júpiter e Lua

2023.05.17
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

O planeta Júpiter e a Lua em "rota de ocultação". A ocultação de Júpiter apenas ocorrerá na Europa em latitudes mais altas. Por cá, passa muito próximo, a cerca de um quarto de grau, lá para as três da tarde. As ocultações, razias e conjunções próximas podem ser dramáticas como esta de Júpiter em 2002 ou esta de Saturno em 2007, e ainda esta de Vénus em 2008.

Foi bastante notória a luz da Terra reflectida na parte não iluminada pelo Sol, isto é, onde é noite na Lua. Quando a Lua está na fase minguante (ou crescente) fino, a Terra quando observada por alguém que esteja na Lua, encontra-se "quase cheia".

Na altura da imagem abaixo, a Terra apresentava uma fase com cerca de 93%. A Terra é bastante mais reflectiva (36,7% de albedo) que a Lua (12%), os oceanos, e principalmente as nuvens brancas contribuem em muito para o brilho reflectido

Também o tamanho aparente da Terra, é 4 vezes maior (cerca de 2 graus), dando para imaginar um fabuloso "terrar", neste caso, cerca de 75 vezes mais brilhante, quando comparado com o luar da Lua com a mesma fase. (A Terra com uma fase de 93% tem uma magnitude estimada de -16,7 quando comparado -12,0 para a Lua nessa mesma fase).

Ver a icónica fotografia da Apollo 8, onde três humanos puderam presenciar pela a primeira vez o "nascer" da Terra

A razão porque esta reflexão se vai perdendo à medida que a fase da Lua vai crescendo, é que a fase da Terra vai por sua vez diminuindo, reflectindo assim cada vez menos luz, e por consequência, chega a um ponto em que a luz reflectida pela parte escura também diminui até ficar quase imperceptível, o que acontece a partir do quarto crescente.
De notar que a luz que observamos da parte escura, foi reflectida duas vezes: Sol->Terra, Terra->Lua e Lua->Terra. Este ténue brilho foi basicamente explicado há mais de 500 anos por Leonardo da Vinci.

Aqui está um belo exemplo registado em 2006 na Atalaia

Jupiter e Lua
Júpiter e Lua 2023-05-17 04:31 UTC
Canon 6DMk2 200mm f/4 800 ISO
exp: 1 seg.
		

Uma seleção de ocultações para os próximos 10 anos, que se podem ver de Leiria e arredores (Ephemeris Tool 4.6):

Planeta Data inicio fim Alt. Planeta Alt. Sol
Marte 16-09-2023 20:32:23 20:54:06 -13,0° -17,1° -21,7° -25,5°
Vénus 07-04-2024 17:38:42 18:24:33 1,0° -8,3° 15,7° 6,9°
Saturno 21-08-2024 03:12:58 04:20:00 39,9° 32,3° -27,2° -17,2°
Saturno 17-09-2024 10:30:52 11:08:51 -53,1° -56,7° 44,0° 48,4°
Saturno 11-11-2024 02:49:27 03:34:50 -13,1° -21,8° -50,6° -42,2°
Marte 18-12-2024 09:47:34 10:36:03 8,6° 0,5° 16,6° 21,8°
Saturno 04-01-2025 17:04:28 18:18:06 42,6° 37,9° 2,7° -10,3°
Vénus 19-09-2025 12:20:01 13:23:51 56,3° 46,4° 51,8° 49,8°
Júpiter 08-09-2026 18:51:43 19:30:49 -13,6° -19,5° 0,1° -7,9°
Vénus 14-09-2026 09:30:28 10:16:05 -3,9° 4,2° 35,8° 42,9°
Úrano 11-03-2030 18:21:08 18:55:31 72,9° 70,4° 2,5° -4,3°
Júpiter 20-01-2031 04:56:18 05:55:47 -1,5° 7,6° -33,3° -21,9°
Vénus 13-09-2031 09:38:25 11:09:36 62,1° 58,3° 37,4° 50,0°
Mercúrio 28-04-2033 07:41:14 08:40:37 26,6° 37,6° 22,4° 33,8°

Para os próximos 10 anos os eventos com separação máxima até 1 grau que se podem ver de Leiria e arredores (Ephemeris Tool 4.6):

Planeta Data/hora Separação Alt. Sol Alt. planeta Elong. planeta Mag. planeta
Mercúrio 19-02-2026 00:17:46 0°29' -61,1° -48,1° 18,1° este -0,5
Mercúrio 28-12-2027 18:05:46 0°17' -9,3° -2,0° 9,9° este -0,8
Mercúrio 11-02-2029 03:41:46 0°22' -44,2° -28,5° 25,7° oeste -0,0
Mercúrio 04-04-2030 16:05:46 0°37' 32,4° 50,9° 19,1° este 0,1
Mercúrio 24-03-2031 10:23:46 0°33' 40,9° 38,8° 16,3° este 1,1
Mercúrio 01-03-2033 03:41:46 0°50' -39,4° -35,1° 4,4° oeste 4,6
Mercúrio 28-04-2033 07:59:46 0°11' 26,0° 30,1° 10,5° oeste -1,1
Mercúrio 20-11-2033 10:53:46 0°08' 27,4° 37,1° 17,6° oeste -0,7
Vénus 09-11-2023 10:17:46 0°19' 27,1° 49,5° 45,6° oeste -4,3
Vénus 07-04-2024 17:59:46 0°10' 11,6° -3,1° 15,3° oeste -3,9
Vénus 19-09-2025 12:41:46 0°11' 51,6° 53,2° 26,9° oeste -3,9
Vénus 18-02-2026 06:53:46 0°41' -6,3° -12,7° 10,3° este -3,9
Vénus 14-09-2026 09:41:46 0°12' 37,6° -1,4° 41,2° este -4,5
Vénus 30-03-2028 04:23:46 0°09' -22,5° -26,7° 45,9° este -4,4
Vénus 25-11-2030 22:35:46 0°24' -60,8° -55,1° 9,1° este -3,9
Vénus 13-09-2031 10:29:46 0°04' 45,1° 61,5° 38,3° oeste -4,5
Vénus 10-01-2032 06:41:46 0°02' -13,8° 12,5° 35,1° oeste -4,0
Vénus 26-04-2033 05:47:46 0°22' 0,8° 20,5° 39,7° oeste -4,5
Vénus 23-06-2033 12:05:46 0°12' 72,7° 48,3° 44,2° oeste -4,1
Marte 05-05-2024 1:41:46 0°42' -31,8° -24,9° 41,7° oeste 1,1
Marte 18-12-2024 10:17:46 0°06' 19,9° 3,4° 141,6° oeste -0,9
Marte 14-01-2025 04:35:46 0°17' -37,6° 42,5° 174,9° oeste -1,4
Marte 29-12-2027 11:11:46 0°20' 24,3° 17,6° 18,5° este 1,2
Marte 11-10-2029 16:29:46 0°57' 16,0° 26,5° 54,3° este 1,0
Marte 28-07-2031 06:23:46 0°41' 8,9° -67,4° 100,5° este -0,3
Marte 25-01-2033 05:29:46 0°44' -26,5° 25,6° 72,6° oeste 1,1
Júpiter 17-05-2023 14:05:46 0°31' 61,3° 37,6° 26,3° oeste -2,1
Júpiter 14-06-2023 04:29:46 0°36' -6,7° 21,0° 46,8° oeste -2,1
Júpiter 08-09-2026 19:23:46 0°12' -6,5° -18,4° 30,9° oeste -1,8
Júpiter 06-10-2026 10:17:46 0°20' 36,9° 61,1° 52,6° oeste -1,9
Júpiter 23-12-2030 10:47:46 0°53' 22,5° 28,3° 18,0° oeste -1,8
Saturno 31-05-2024 09:47:46 0°44' 51,1° 32,7° 81,7° oeste 1.1
Saturno 27-06-2024 15:59:46 0°17' 44,5° -50,4° 107,1° oeste 1.0
Saturno 11-11-2024 02:59:46 0°10' -48,7° -15,1° 113,5° este 0.8
Saturno 04-01-2025 17:53:46 0°06' -6,1° 39,9° 60,2° este 1.1
Saturno 16-07-2031 5:23:46 0°49' 0,3° 28,2° 35,8° oeste 0.1

Pátio 329 - Supernova SN2023ixf na Messier 101

2023.05.26
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt:130m)

Finalmente! as nuvens deram tréguas e apesar da Lua no quarto e a iluminação pública, consegui observar a recentemente descoberta supernova (dia 19), sendo a mais brilhante do momento (mag. 10.8), tendo como hospedeira a galáxia Messier 101, situada na Ursa Maior, distando megaparsecs (22.8 milhões anos-luz).
Tendo em consideração o tamanho do Universo, é muito próxima e mais brilhante que a maioria das supernovae que se descobrem atualmente. A sua magnitude actual requere um pequeno telescópio, e um céu mais escuro para a observar visualmente.

A última supernova observada nesta galáxia foi em 2011, a SN 2011fe (tipo Ia), chegando a alcançar a magnitude 9.9, uma das mais brilhantes em décadas. Pode-se seguir as supernovae correntemente ativas nesta vetusta e egrégia página da velha escola.

Entretanto, já foi analisado o espectro desta supernova, tendo sido classificada como tipo II - este tipo resulta de uma estrela supermassiva muito jovem, provavelmente com menos de um milhão de anos, que colapsou o seu núcleo de ferro, deixando uma nebulosa remanescente rica em metais pesados (ferro, ouro, urânio) e uma estrela neutrões ou um buraco negro. Um bom exemplo é a Messier 1, onde se encontra a estrela de neutrões da sua estrela hospedeira. O evento da supernova (neste caso bem mais perto, aqui na nossa Galáxia), foi observado por astrónomos chineses no ano 1054 - hoje, passados quase mil anos, é o que se observa da sua expansão.

As supernovae são eventos imprevisíveis e muitos raros de se observar na nossa galáxia, estimando-se uma por século, apesar de já terem passado 400 anos desde a última documentada. Não ajuda serem também eventos breves, com uma grande perda de luminosidade passado alguns meses após o pico de brilho. As últimas supernovae observadas e documentadas foram as SN1572 (Tycho) e a SN1604 (Kepler). A última visível a olho nu, foi a SN1987A que surgiu na Grande Nuvem de Magalhães, que é uma das galáxias anãs satélites da Via Láctea.

Supernova 2023ixf em M101
Supernova 2023ixf em M101 2023-05-26 21:50-22:25 UTC
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Canon 6DMk2
exp: 30 min. (60x30seg.) 1600 ISO

Procurei nos meus arquivos e encontrei uma imagem da M101 sem a fulgurante intrusa em Castelo de Vide em 2008.

A classificação de supernovae, á semelhança das estrelas, é determinada pelas as características do seu espectro.

As supernovae tipo Ib, Ic são de estrelas massivas com massa superior a 8x a do Sol (supergigantes) que já perderam as camadas superiores antes do núcleo colapsar, a de hidrogénio no caso da Ib, e as na Ic também a de hélio. As tipo II não perderam nenhuma camada, daí ter a linha de absorção de hidrogénio.

As tipo Ib, Ic e II, são basicamente iguais, e todas resultam do colapso gravitacional do seu núcleo, deixando sempre uma estrela de neutrões ou um buraco negro, e ejecta para o meio interstelar, além do ferro, ouro, chumbo, urânio.

As supernovae tipo Ia são fenómenos muito diferentes, pois julga-se resultar da explosão de estrelas anãs brancas, que são estrelas que se encontram no último estágio de vida com uma massa menor que 1.4x massas solares (limite de Chandrasekhar), tendo nascido com uma massa inicial entre 0.4x - 4x massas solares. Estas estrelas, nesta fase fundem carbono e oxigénio, e quando isoladas são estáveis.

Mas, pode acontecer ter uma estrela companheira (mesmo) muito próxima de sequência normal, como por exemplo, uma estrela do mesmo tipo do nosso Sol, que em determinada altura da sua vida, começa a expandir para gigante ou supergigante, libertando grandes quantidades de gás, adicionando assim, massa à sua vizinha anã branca, fazendo-a ultrapassar a sua massa para mais de 1.4x, fazendo o seu raio diminuir, e a densidade e temperatura aumentar... receita para uma catástrofe, pois transforma a estrela numa bomba de fusão nuclear. Um outro mecanismo plausível pode ser a fusão de duas anãs brancas - se a massa resultante ultrapassar o limite de Chandrasekhar.

No momento da explosão, a estrela irradia tanta luz como o Sol em toda a sua vida, produzindo e ejectando 1 massa solar do elemento ferro para o meio interstelar. Matéria prima suficiente para (ajudar a) formar 1 milhão de Terras! (a Terra é constituída por 32% de ferro, e a massa solar é 333000x a da Terra - é só fazer as contas...)

Pelo facto de estas estrelas terem aproximadamente todas a mesma massa (1.4x solar), quando explodem têm aproximadamente o mesmo brilho absoluto, sendo usadas como "velas" padrão para determinar a que distância estão - mais longe, parecem menos brilhantes, e mais perto, parecem mais brilhantes.

Antares A e B

Das estrelas brilhantes que são prováveis candidatas a supernova (mais de 8x-10x a do Sol) e que podemos observar a olho nu do nosso hemisfério, podem-se contar praticamente todas as estrelas mais brilhantes da constelação de Orionte, com destaque para a Betelgeuse (α Orionis) no ombro esquerdo do guerreiro, que é uma supergigante vermelha, encontrado-se a 600+-147 anos-luz e tem entre 12x-18x a massa do Sol, e durante o Verão, a estrelas da constelação de Escorpião que inclui a Antares (α Scorpii) a 555+-100 anos-luz e massa entre 13x-16x.

Na imagem ao lado, Antares (A) na companhia da estrela da sua pequena companheira anã azul, Antares (B) que é 70x mais ténue. Muito complicado de observar visualmente, mas possível.

Qualquer destas estrelas supergigantes estão na última etapa da sua evolução, mas encontram-se muito afastadas (mais de 30-60 anos-luz) para nos afectar de algum modo se detonarem - isto é, se é que já não aconteceu - a notícia demora séculos a cá chegar...